41 - Raphael
Amados leitores, mais uma vez peço perdão pela demora em postar o capítulo, mas o cuidado que estou tendo com a história nessa reta final tem dificultado um pouco o desenvolvimento da mesma, mas garanto que é tudo visando entregar um resultado satisfatório para vocês.
O capítulo não foi revisado, então peço desculpas por possíveis erros de escrita.
No mais, desejo a todos uma excelente leitura e obrigado por terem chegado até aqui.
Helder Jr Lopes
Enquanto seu espírito envolvia a jovem e cuidava dos ferimentos que surgiam à medida em que o espírito dela era sugado pela adaga, Raphael pensava no que Mick havia dito antes de partir para ajudar Gabriel. O que será que Mikael precisava lhe falar?
Voltando sua atenção para Nick, ele percebeu que ela já estava bem melhor. Minutos antes ele havia visto ela bem magra, principalmente no rosto, além de olheiras bem escuras ao redor dos olhos, e agora ele podia ver que seu rosto estava belo e corado, e que a sua respiração também havia voltado ao normal.
Raphael estranhou a impressão que teve de que já tinha visto o rosto dela em algum lugar, e tentou buscar na memória de onde a conhecia. O fato de trabalhar como enfermeiro em um hospital grande como aquele lhe dava muitas possibilidades de ela ter sido sua paciente, ou talvez tenha a conhecido no curso de enfermagem, mas mesmo sem se recordar de onde, a certeza de que a conhecia só aumentava.
Sentindo-se cansado após o uso contínuo de seus poderes, ele precisou recolher o seu espírito e pediu que Will cuidasse dela, enquanto ele tomaria um banho, comeria algo e dormiria um pouco, e o garoto aceitou prontamente com um grande sorriso. Will parecia estar muito feliz podendo ser útil, e Raphael deduziu que ele era uma alma altruísta e não se sentia assim no exército, então para a missão que assumiram de reconstruir a humanidade, ele seria perfeito.
_ Will! _ Raphael o chamou antes de sair, e o jovem que lavava as mãos, o olhou com seus característicos olhos de admiração. _ Você está fazendo um trabalho incrível aqui, continue assim!
_ Muito obrigado senhor! _ O jovem disse radiante.
_ Só me faz um favor Will, _ Raphael disse antes de sair da sala. _ Esquece esse "senhor". Aqui somos todos amigos.
_ Tudo bem. _ Will respondeu sorrindo. _ Obrigado Rapha!
Passando pelo almoxarifado ele pegou um uniforme de enfermeiro para vestir após tomar o banho, fez uma nota mental para conseguir roupas novas assim que possível, e convocaria uma expedição para isso assim que estivessem todos reunidos. Ainda incomodado com o fato de achar que conhece Nick de algum lugar e com a curiosidade sobre o que Mikael tinha para lhe falar, ele seguiu para o banho e após alguns minutos sob a água quente do chuveiro, ele se sentiu mais relaxado.
Saindo do banho ele seguiu para o refeitório no segundo andar, e comeu alguns sanduíches que o senhor Ben lhe serviu, enquanto lhes passava um relatório sobre a situação de Nick. O Pastor também estava curioso quanto ao conteúdo da placa, que o professor havia lhe mostrado, mas concordou quando Raphael preferiu contar tudo quando todos estiverem reunidos, assim precisaria falar uma vez só.
Após se alimentar, Raphael decidiu dormir um pouco e despedindo-se dos mais velhos seguiu para a sala de descanso que ficava ao lado da sala de monitoramento. Passando pelo CTI, ele viu que o ambiente estava totalmente diferente da última vez em que ele esteve ali. Tudo estava limpo e organizado, pronto para receber novos pacientes, e mais tarde ele faria o inventário dos equipamentos e medicamentos disponíveis, e uma listagem do que precisasse para que fosse feito o abastecimento.
Instintivamente ele entrou na sala do Dr Abraham Hill e uma nostalgia tomou conta de si. Após sair do orfanato, o Dr Hill praticamente o adotou e lhe deu um emprego mesmo sendo recém-formado no curso de enfermagem e sendo ainda menor de idade, também lhe ofereceu um lugar para morar em um apartamento que ele havia comprado para sua filha, esperando que um dia ela retornasse para Miraculous Clearing.
Lembrar-se do doutor pareceu ter ativado algo na cabeça do jovem, e sem pensar duas vezes ele começou a procurar algo nas gavetas da mesa do doutor. Ao não encontrar nada, ele decidiu ligar o computador, mas o mesmo se encontrava protegido por senha, de modo que ele não conseguiu abrir a área de trabalho.
_ Merda de senha! _ Raphael gritou, enquanto tentava pensar em qual seria a senha.
Após tentar algumas senhas ele parou por um instante, e se lembrou de algo que poderia lhe ajudar. O Dr. Hill era apaixonado pela filha, e se tinha algo que ele usaria como senha eram as iniciais do nome dela e talvez a sua data de aniversário. Então indo até o lugar onde havia deixado o relógio que encontrou nas roupas dele no dia do arrebatamento, o pegou e o abriu.
No interior do relógio, havia uma foto do Dr Hill e da sua filha. Apesar de aquela criança ter apenas uns dez anos, as feições do rosto e o cabelo longo e negro eram inconfundíveis, e ele tinha certeza de que ela era a Nick. O único problema era que pelo que ele se lembrava, o nome da filha do doutor não era Nick e sim Muriel.
_ Cada vez mais confuso isso! _ Ele resmungou para si mesmo, enquanto retirava a foto do compartimento no relógio, para ler algumas palavras escritas em seu verso.
"Eu e minha filha Muriel D. Hill"
Voltando ao computador, o jovem digitou "Muriel D. H", mas não obteve sucesso. Tentou várias combinações desse nome mas nada conseguiu. Após quase desistir ele teve a ideia de fazer um paralelo da inicial do segundo nome da garota com o nome Nick, e após pensar em possíveis combinações, chegou a um nome com oito letras, exatamente o tanto de caracteres que a senha deveria ter, e então digitando o nome "Dominick", a área de trabalho se abriu, fazendo-o soltar um palavrão, comemorando o seu triunfo.
Digitando a palavra "família' na barra de pesquisas do menu iniciar, ele encontrou uma pasta, e junto com uma manchete de jornal mostrando o acidente de carro que vitimou a ex-mulher na França, haviam algumas fotos que confirmaram as suas suspeitas, Muriel Dominick Hill, era a jovem Nick que estava agora sob os seus cuidados.
_ Eu sinto muito por você não ter tido a oportunidade de reencontrá-la velho, _ Raphael disse com lágrimas nos olhos, olhando para a foto do doutor na tela do computador. _ Mas eu lhe prometo que vou cuidar dela como se ela fosse a minha irmã, porque o senhor foi como um pai para mim, e essa será a minha maneira de retribuir!
Levantando-se, Raphael passou na sala de monitoramento, verificou todo o hospital e os arredores constatando que estavam seguros. No momento ele era o único ali que tinha poderes e não estava em coma, então era a única salvação em caso de um ataque demoníaco. Porém se sentia fraco e sonolento, e não poderia lutar nesse estado.
Chamando o pastor e o professor pelo sistema de som, pediu que eles ficassem atentos ao movimento das câmeras externas, e qualquer movimentação suspeita deveriam acordá-lo imediatamente.
Sem aguentar mais, ele seguiu para a sala de descanso, e adormeceu ainda pensando no que o seu namorado tinha para lhe falar.
…
Acordando de sobressalto algumas horas depois, Raphael foi avisado de um movimento estranho nos arredores do hospital e indo até a sala de monitoramento, pode ver algumas pessoas se aproximando. Eram homens, mulheres e crianças que pareciam estar bastante debilitados.
_ Senhor Ben, Professor. _ Raphael chamou no sistema de comunicação. _ Me encontrem na entrada do hospital, e tragam água. Precisamos ajudá-los!
Pegando a maleta de primeiros socorros, Raphael se apressou até a entrada do hospital e correu até as primeiras que se aproximavam. O pastor e o professor trouxeram uma bolsa térmica com garrafas de água mineral e começaram a distribuir para as pessoas que pareciam sedentas.
Raphael reconheceu duas mulheres como sendo enfermeiras do hospital de um turno diferente do seu, elas estavam liderando e cuidando daquele grupo. Algumas apresentavam pequenos ferimentos como cortes e queimaduras, principalmente as crianças e ele tratou de fazer os curativos do modo tradicional, evitando usar seus poderes para não assustá-los.
_ Rapha! _ Uma voz familiar o chamou, e virando-se ele viu um rapaz de origem hispânica que ele conhecia muito bem. _ Que bom que você está bem!
_ Ramón! _ Raphael disse, feliz em ver o rapaz que trabalhava como enfermeiro no mesmo turno que ele. _ Pensé que no volvería a verte, maricón!
_ Ah Cabrón, florero malo no se rompe! _ Ramón disse vindo ao seu encontro e lhe dando um abraço apertado, enquanto lágrimas brotavam em seu rosto. _ Me perdoa por ter ido embora, eu precisava ver meu marido.
_ Espera um pouco. _ Raphael disse, olhando ao redor como se procurasse alguém. _ Dónde está Enrico?
_ Quando eu cheguei no meu bairro estava tudo em chamas. _ Ramón começou a contar em meio às lágrimas. _ Enrico estava ajudando essas pessoas, mas ficou preso dentro de uma das casas, e me pedir para ajudá-los foi o último pedido dele.
_ Eu sinto muito, hermano! _ Rapha disse e o envolveu em mais um abraço. _ Nós vamos cuidar deles.
_ Rapha! _ A voz de Mikael interrompeu o momento e desfazendo o abraço, Raphael viu o amado parado a alguns metros deles com uma cara de ciúmes que Raphael achou uma graça. _ O que está acontecendo aqui, e quem são essas pessoas?
_ Oi Meu amor! _ Raphael disse, tentando não rir dos ciúmes de Mikael. _ Vocês chegaram em um ótimo momento. Ajude seu pai a distribuir a água.
_ Mas… _ Mikael tentou argumentar, mas foi interrompido pelo enfermeiro.
_ Depois eu te explico tudo, Mick, agora a prioridade são os feridos. Gabe e Rag preciso que organizem leitos para eles descansarem e separem alas para crianças e adultos. Quem são esses? _ Ele perguntou percebendo a presença de três desconhecidos.
_ Esses são Uriel, Thalia e Balthazard! _ Gabriel os apresentou. _ E esse é nosso chefe da ala médica senhores. Raphael!
_ É um prazer conhecê-los! _ Acho que teremos tempo para nos apresentarmos melhor depois. _ A prioridade aqui são os feridos.
_ Está certo! _ O jovem apresentado como Uriel disse. _ Em quê nós podemos ajudar?
_ Nós temos uma cozinha no segundo andar, _ Raphael designou as tarefas. _ vocês poderiam organizar os lanches para distribuirmos.
Assentindo, todos seguiram para seus postos para realizarem suas tarefas e rapidamente as pessoas foram medicadas, alimentadas e alocadas nos locais onde iriam dormir. Ramón, Judite e Sophie eram os enfermeiros e ficaram encarregados de organizar e controlar as medicações enquanto Raphael, Raguel, Mick, Gabriel, Uriel e Balthazard foram até o leito onde estava Nick. Thalia disse que era cuidadora de crianças em sua cidade natal, e ficou responsável pelos pequenos, e Ben e o professor ficaram com o monitoramento, para o caso de aparecer mais alguém.
_ Eu consegui estabilizá-la e o seu espírito não está mais sendo sugado. _ Rapha disse, após fazer um breve exame em Nick usando seu poder. _ Mas o espírito dela não foi restaurado totalmente.
_ Se o demônio usou um instrumento para sugar o espírito dela e você reverteu a ação do mesmo, ela precisará trocá-lo com o objeto para recuperar seu espírito. _ Balthazard tomou a palavra. _ Porém se ele tem mais do que cinquenta por cento do controle espiritual, não será fácil para ela encontrá-lo na mente dela, já que ele comanda o local.
_ E como você sabe de tudo isso? _ Raphael perguntou.
_ Por que ele é um demônio. _ Gabriel explicou. _ Ele e Uriel tem uma ligação de familiaridade, que o impede de agir pelas costas dele.
_ Um demônio familiar que trai o seu mestre, é destruído imediatamente! _ Uriel completou.
_ E você tem um poder parecido com o nosso? _ Raphael perguntou á Uriel.
_ Não parecido com o seu. _ Uriel respondeu sorrindo. _ O meu poder só serve para destruir. O seu poder de cura é maravilhoso!
_ Seu poder de luta também pode ser maravilhoso se usado para a causa certa! _ Raphael respondeu, sorrindo de volta. _ Sejam bem-vindos!
_ O que você sugere que façamos, Balthazard? _ Gabriel perguntou. _ Você é o mais experiente dessa sala no quesito demônios.
_ Eu posso possuir o corpo dela, e tentar encontrar Ukobach. _ Balthazard respondeu. _ Se ela tem poder como vocês, o corpo dela há de aguentar.
_ Vocês não podem estar considerando deixar esse demônio possuir ela? _ Mikael gritou, interrompeu a conversa, e pegando todos de surpresa. _ Até ontem nós estávamos lutando contra eles e agora vamos nos aliar?
_ Cara. _ Gabriel disse tentando acalmá-lo. _ Nós já explicamos que Balthazard está ligado ao Uriel por um contrato de familiaridade, e…
_ E quem é o Uriel? _ Mikael o interrompeu, ainda mais irritado. _ O que sabemos sobre esse cara que tem poderes e anda com demônios? Não vou deixar que arrisquem a Nick assim. Ela fez muito por mim, e agora eu vou fazer por ela.
_ Mick, meu amor… _ Raphael tentou argumentar se aproximando, mas também foi repelido.
_ Você não entende Rapha, _ Mikael disse enquanto se retirava da sala _ Nenhum de vocês entende!
_ Peço que aguardem um momento, amigos. _ Raphael disse, enquanto se aproximava da porta. _ Eu vou conversar com ele.
Raphael seguiu Mikael até o estacionamento. Ele já vira o amigo em seus rompantes de proteção com o pai, mas aquela reação o pegou de surpresa. A atitude do namorado o fez se perguntar quanto ele tinha se aproximado da Nick enquanto esteve longe.
_ Mick, você pode me dizer o que foi aquilo lá dentro? _ Raphael perguntou, enquanto se aproximava. _ Você disse que eu não entendo, então me explica.
_ Olha Rapha, me desculpa. _ Mikael começou a se explicar, ainda sem olhar para ele. _ Você sabe que eu não lido bem com sentimentos, e ver a Nick naquele estado e outro demônio falar em possuí-la foi demais para mim.
_ Então você tem sentimentos por ela. É isso? _ Raphael franziu o cenho, começando a entender que não iria gostar do que estava prestes a ouvir. _ Se tem alguma coisa que ainda não me contou, Mikael Higgins, a hora é essa!
_ Eu fui surpreendido por um grupo de soldados que estavam atrás do meu pai, enquanto voltava para o hospital, e fui levado para um ferro velho onde fiquei em cativeiro. _ O jovem respirou fundo e começou a contar. _ A Nick apareceu e me ajudou com seus poderes de projeção astral, mas antes que eu pudesse completar a fuga, eles encontraram o corpo dela e eu tive que retribuir a ajuda, a salvei e ela… ela me beijou.
_ Como assim ela te beijou? _ Raphael perguntou, agora nitidamente aborrecido.
_ Então viemos para o hospital. _ Mikael continuou. _ E no caminho nós encontramos o meu pai possuído, ela se ofereceu para salvá-lo e no calor da emoção eu a beijei…
_ Olha Rapha, eu entendo se você não quiser me perdoar. _ Ele disse após perceber que Raphael não diria nada. _ Mas foi o que o sentimento daquele momento me mandou fazer. Um misto de gratidão com carinho por tudo o que ela fez por mim gratuitamente. E eu gosto dela sim, ele é uma amiga muito querida para mim, e…
_ Mikael, cala a boca! _ Raphael o interrompeu, e se lançou na sua direção, tomando os lábios dele com os seus em um beijo quente e apaixonado que demorou longos minutos.
_ Eu sinto muito, Rapha, de verdade. _ Mikael disse ofegante, afastando-se do beijo e colando as testas. _ O que eu sinto por você é mais do que amor, e não entendo como posso ter vacilado beijando a Nick.
_ O seu beijo já me mostra o que sente por mim, Mick, _ Raphael respondeu, mantendo as testas coladas e segurando a nuca do namorado com firmeza. _ Eu acredito no seu amor por mim, e sinto o mesmo. Só não faça isso mais!
_ Nunca mais, meu amor! _ Mikael disse e eles voltaram a se beijar, e ficaram se beijando por alguns minutos até decidirem voltar ao hospital.
_ A propósito, Rapha, quem era aquele cara que estava te abraçando mais cedo?_ Mikael perguntou sem esconder o ciúme na sua voz.
_ É o Ramón _ Rapha disse, se divertindo com o ciúme do namorado. _ Nos conhecemos desde o curso de enfermagem, e eu arrumei trabalho para ele aqui no hospital.
_ Vocês eram namorados, ou coisa assim? _ Mikael perguntou, visivelmente temeroso quanto a resposta. _ Eu vi como vocês se abraçaram, e...
_ Você fica uma graça com ciúmes, sabia? _ Raphael disse, após dar uma gargalhada gostosa. _ Nós somos grandes amigos apenas. Ramón era casado, mas ao que parece Enrico morreu antes dele vir pra cá com aquelas pessoas.
_ Eu sinto muito! _ Mikael disse, envergonhado pela cena que fez. _ Se fosse com você, eu morreria junto.
_ Mas não vai acontecer com nenhum de nós! _ Raphael respondeu enquanto segue para a sala onde os outros os aguardavam. _ Agora temos que salvar a Nick.
_ Acho que podemos ter um modo de fazer isso, sim. _ O demônio disse, parecendo pensar em algo. _ Preciso confirmar, só um minuto por favor.
Fazendo um movimento com as mãos, Balthazard abriu um corte no ar, e enfiando a mão no que pareceu ser uma espécie de portal, retirou um livro grande e grosso, de capa negra com escritos dourados.
_ Você pegou o Grimório de Balaão? _ Uriel perguntou de sobressalto. _ Eles podem rastreá-lo até aqui.
_ Na verdade estou usando uma magia temporal. _ Balthazard respondeu, tranquilizando o jovem. _ No momento em que usei o Grimório na biblioteca da mansão, eu o marquei em sua linha temporal. E o tempo é feito em linhas de momentos, onde cada uma delas tem sua própria dimensão. Por isso magias de voltar no tempo são tão complexas. Se seguirmos uma linha de momento diferente, jamais voltaremos para o presente de onde viemos.
_ Então esse Grimório é só uma projeção da dimensão de momento onde você o marcou?_ Gabriel perguntou, parecendo ser o único que estava entendendo a conversa e depois se direcionou aos outros, como se tudo fosse óbvio demais. _ Desse modo, se ele devolvê-lo para a mesma linha de tempo, não haverá problema algum.
_ Que seja. _ Raphael interrompeu o papo Big Bang theory. _ Tem algo aí nesse livro que pode ajudar a Nick?
_ Aqui está! _ Balthazard vibrou, parecendo encontrar algo no livro. _ Magia de projeção espiritual. Esse ritual será capaz de projetar um de vocês em espírito, deixando-o capaz de entrar na mente da Nick como em uma possessão, mas…
_ Mas o quê, Balthazard? _ Uriel perguntou impaciente. _ Chega de enrolar!
_ Perdão, senhor! _ O demônio se desculpou. _ Essa é uma magia negra de alta complexidade, e de todos aqui apenas o senhor tem treinamento para suportá-la sem efeitos negativos.
_ Eu irei então! _ Uriel disse fazendo todos olharem em sua direção. _ Isso se vocês concordarem.
_ Só traz ela pra gente. _ Mikael disse, estendendo a mão em cumprimento para Uriel.
_ Eu prometo! _ Uriel respondeu, apertando a mão do outro jovem.
Balthazard preparou o ritual com alguns produtos químicos do hospital, e dessa vez uma bolsa do banco de sangue foi o suficiente. Uriel se posicionou sem camisa deitado em uma maca, enquanto o demônio desenhava runas em pontos específicos do seu corpo utilizando um pincel e a solução feita com os produtos e com o sangue.
Após fazer todo o preparo dos desenhos no corpo do jovem, Balthazard começou a entoar um cântico em uma linguagem estranha e aparentemente profana até que uma luz deixou o corpo de Uriel, no momento em que o mesmo ficou inerte e sem vida.
_ Parece que funcionou! _ A voz de Uriel surgiu á alguns metros de onde estava seu corpo, fazendo todos se voltarem na sua direção, e todos com exceção de Mikael se assustaram quando ele apareceu assim que tocou o leito de Nick. _ Acho que podemos prosseguir com o plano então.
_ Espera um pouco Balthazard _ Raphael disse. _ Uriel conseguiria transportar objetos ou alguma projeção dele para mostrar para Nick?
_ Deixe-me ver. _ O demônio consultou o Grimório por um instante. _ Se o cobrirmos com a solução do ritual e ligarmos ao corpo de Uriel, sim.
_ Ótimo! _ Raphael disse, tirando o relógio do Dr Hill do bolso do jaleco, e levando até Balthazard que fez o procedimento. _ Uriel, se a Nick não acreditar em você de primeira, dê o relógio á ela. Atrás da foto que está dentro dele, tem algo que fará ela acreditar em você.
Uriel vasculhou o seu bolso, e a projeção do relógio estava lá, e então concentrando-se ele se lançou sobre o corpo de Nick, assimilando-se à ela.
_ O que faremos agora? _ Perguntou Raguel, quebrando o silêncio após a incorporação.
_ Faremos turnos para cuidar da Nick. _ Gabriel disse com seu tom firme de liderança. _ Raphael, o primeiro turno de descanso é seu. Daqui a quatro horas nós te acordamos para voltar a cuidar dela. Precisamos do seu poder totalmente recuperado, para o caso de uma batalha espiritual reflita no corpo dela e de Uriel. Raguel e eu faremos a primeira guarda. O restante de vocês está livre para fazer o que quiserem.
_ Se não se importa, mestre Gabriel. _ Balthazard disse. _ Eu ficarei ao lado do meu mestre.
_ Como quiser Balthazard. _ Gabriel respondeu.
Raphael saiu da sala acompanhando de Mikael e do senhor Ben, e se dirigiram-se até o corredor onde os jovens se despediram do pastor que disse que ia dormir. Raphael sabia que devia descansar, mas se tinha uma coisa que ele precisava naquele momento era se perder nos braços do seu namorado.
_ Mick, tem um lugar nesse hospital que eu gostaria de te mostrar. _ Raphael disse com um olhar malicioso, aproximando-se e passando os braços em torno do pescoço do namorado. _ Se chama Sala de Espera, fica meio isolado e tem um sofá confortabilíssimo só para nós dois, o que acha de irmos pra lá?
_ Eu acho ótimo, meu amor! _ Mikael respondeu passando os braços pela cintura de Raphael e dando um selinho carinhoso em seus lábios.
Desfazendo o abraço, Raphael puxou o namorado pelas mãos, e o guiou até a sala de espera com os passos apressados de quem anseia muito pelo que está por vir.
Mais uma vez, muito obrigado à todos, pelos votos e comentários no decorrer do livro, essa interação é muito importante para mim!
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