Leitores queridos, mais um capítulo sem revisão.

Estamos chegando na fase final de revelações, agradeço a todos que chegaram até aqui.

Boa leitura a todos!

Nick abriu os olhos e se viu num corredor totalmente branco. Olhando para si mesma, viu que estava usando uma calça e uma camisa, ambos de uma cor branca impecável. Aquele corredor parecia não ter fim e olhando para frente ou para trás, não conseguia ver o seu final.

Após caminhar por um tempo sem ir a lugar algum, ela começou a correr e o desespero começou a dominá-la. Após um bom tempo correndo, ela se sentiu exausta e parou, se jogando no chão completamente vencida.

_ Confesso que me diverti um pouco com seu desespero, Nick! _ A voz de Ukobach ecoou no ambiente após uma gargalhada triunfante. _ Mas te ver derrotada não tem graça.

_ Aparece então para eu te mostrar como estou derrotada, seu verme! _ Ela gritou, sem saber para onde olhar, uma vez que a voz dele vinha de todo lugar e ao mesmo tempo de lugar nenhum.

_ Eu não vou aparecer agora, amiga! _ O demônio disse parecendo estar se divertindo. _ Mas já cansei desse cenário!

Olhando para a frente, uma porta surgiu em um final do corredor que não existia ali antes, e sem opção ela a abriu. Um novo e assustador cenário surgiu na sua frente, e ela logo viu que era  a cidade de Miraculous Clearing, mas estava completamente destruída. Prédios inteiros estavam em chamas, e pessoas gritavam por socorro enquanto sua carne era consumida pelas labaredas em um crepitar infinito.

Dentro dos carros revirados, haviam cadáveres, sendo que em alguns desses veículos tinham até cinco corpos, que Nick imaginou serem famílias inteiras, que provavelmente tentavam fugir do que causara suas mortes. Ela caminhou vendo todo aquele terror, sabendo que estava dentro de sua própria mente, e parou quando passou em frente ao vidro espelhado de um automóvel, e viu que além das roupas brancas, também tinha asas cinza-prateadas pendendo de suas costas, e um arrepio percorreu o seu corpo enquanto ela se lembrava do sonho que teve antes de receber a missão de salvar o professor Vecchio.

_ Então era sim uma profecia, e ela acabara se esquecendo completamente. _ Ela pensou, se lembrando de Mikael e dos momentos que passou com o ele, mesmo estando sempre sob perigo iminente. _ Teria ela perdido o foco depois de encontrá-lo?

_ Não, ela não podia se culpar! _ Tratou de afastar aquele pensamento. _ Profecias se cumprem sem direito de serem mudadas, e sonhos proféticos não eram como as previsões que ela podia manipular, então aquilo estava fadado a acontecer, mas pelo que ela se recordava do sonho, tudo ainda ia piorar.

Ela estava próxima ao hospital, e de alguma forma sabia que tinha que ir pra lá. Ukobach controlava aquela visão ou o que quer que aquilo fosse, e enquanto pensava num jeito de se livrar daquilo teria que jogar o jogo dele. 

Batendo as suas asas ela se elevou, e voou em direção ao hospital. De longe ela o avistou totalmente destruído como se fosse uma construção abandonada, e aproximando-se ela viu o Senhor Ben, e Will. Ambos estavam presos aos mastros cerimoniais, crucificados e hasteados como se fossem bandeiras.

_ O que você fez, Nick? _ O pastor perguntou com dificuldade, enquanto engasgava com o próprio sangue. _ Você matou todos nós!

Já Will, apenas a olhava com um olhar frio de medo que contrastava com o olhar de admiração que ele sempre lhes dirigia. Ela decidiu tirá-los de lá, mas quando os baixou até o chão, ambos estavam mortos. Sem conter as lágrimas, ela se levantou e foi para dentro do hospital, seguindo pelos corredores. Não fazia ideia de onde estava indo, sendo que o que ela mais queria era sair daquele pesadelo.

Chegando a um grande salão, que provavelmente era um CTI, porém sem os leitos e aparelhos, ela se deparou com um cena ainda mais assustadora. Ela viu a si mesma, sentada em uma espécie de trono, bem no centro do cômodo. Mas usava um vestido decotado preto. Aos seus pés Mikael estava deitado como se fosse um animal de estimação e estava sem camisa e com uma coleira ao redor do pescoço. O trono era grande e ela se recostava como uma rainha, em um encosto que se abria como um leque. No seu topo algumas cabeças estavam dispostas como troféus, sendo que as que estavam em destaque eram as de Gabriel e Raguel.

_ Terrível não é? _ A sua cópia lhe disse, usando a sua própria voz em um tom diferente, como que esbanjando maldade. _ Toda essa destruição e sofrimento, é o que se passa na mente de um demônio. O restante é um vislumbre do que você fará assim que acordar.

_ Eu nunca os machucaria! _ Nick gritou, fazendo sua voz ecoar no ambiente.

_ Eu sei que não. _ A cópia sombria disse, levantando-se e caminhando lentamente em sua direção. Asas negras se abriram imponentes de suas costas e seus olhos se tornaram completamente negros, a fazendo recordar-se mais uma vez daquele terrível sonho. _ Mas assim que o seu corpo físico entrar em colapso, e você morrer, eu irei assumir e como você pode ver, vou redecorar o lugar.

_ Você acha que eles vão deixar você fazer o que quiser, Ukobach? _ A jovem disse, sentindo o desespero lhe tomar. _ Mikael nunca lhe deixaria machucar o senhor Ben e os outros.

_ Eu confesso que o casalzinho angelical pode dar bastante trabalho para um demônio! _ O demônio respondeu com uma gargalhada irônica triunfal. _ Mas não para a amiga Nick, que sempre ajudou todo mundo. Já o boy ali, já estava meio na sua, e depois que os pombinhos voltaram dizendo que Abigor havia matado o Raphael, ele direcionou o coração dele inteirinho para você.

_ Raphael está morto? _ Ela perguntou, agora perdendo as esperanças e prostrando-se de joelhos. Ainda acreditava que Raphael poderia aparecer e usar seus poderes para curá-la, mas agora precisava enfrentar aquele demônio alí mesmo em sua mente, nem que ela morresse também. Não deixaria ele tomar o seu corpo e usá-lo para matar seus amigos.

_ Está sim! _ Ukobach disse sorrindo. _ E pelo visto a sua situação é grave mesmo, você sequer consegue saber o que está acontecendo lá fora. Acho que chegou o momento!

Tateando o chão, ela pegou um barra de ferro que havia visto ali antes de se abaixar, e em um movimento rápido, golpeou com força o rosto do demônio o fazendo recuar. Levantando-se, ela se aproximou e golpeou novamente aproveitando que o inimigo estava em desvantagem, fazendo-o se ajoelhar. Era estranho bater em Ukobach enquanto ele usava o seu rosto, mas mesmo assim ela não recuou e se lançou para mais um ataque, mas Mikael que até então estava perto do trono como um animal de estimação, segurou a barra e a olhou com um olhar cego de fúria.

_ Não machuque a minha Nick, demônio! _ Ele disse para ela já brotando suas chamas violetas em seus olhos. _ Vocês tiraram Raphael de mim, não vão tirá-la também!

Antes que pudesse responder, ela agarrou em seu braço e a arremessou contra a parede com violência, fazendo-a quase perder os sentidos. Ainda meio grogue da pancada, ela tentou se levantar, mas algo em sua perna não a deixou se mover e olhando para a coxa ela viu a adaga cravada ali.

_ Você pensou que poderia me enfrentar? _ Ukobach gritou, após soltar uma gargalhada infernal, e aplaudindo ironicamente. _ Muito bom mesmo!

_ Essa é a Nick que eu conheço! _ Ele continuou, se aproximando com uma expressão de triunfo. _ Sempre guerreira. Eu realmente vou adorar ser você! E tudo o que eu preciso agora é retirar essa adaga, você morre, e todo o seu espírito será meu!

Nick sentiu uma dor indescritível e a pele queimar onde a adaga estava enterrada, e o objeto adquiriu um brilho amarelo da cor do seu espírito. O demônio se abaixou e ficou cara a cara com ela enquanto levava a mão até a adaga, mas quando foi arrancá-la algo aconteceu, e a jovem sentiu algo renovando as suas forças ao mesmo tempo em que a dor e a queimação sumiam.

Ukobach foi pego de surpresa e por um instante aumentou a força puxando a adaga, mas só então percebeu que uma luz azul-anil envolvia todo o corpo de Nick e também a adaga, impedindo-o de retirá-la, ao mesmo tempo que sugava de volta o espírito que ele havia sugado dela. Num impulso o demônio tentou retirar a mão da adaga, mas foi impedido por Nick que segurou o seu braço, e conseguiu mantê-lo preso até que Mikael veio até eles e puxou o demônio para longe.

Aquela luz azul-anil era diferente do que ela tinha visto nos outros jovens, e era como se estivesse curando seu espírito, então só poderia ser de uma pessoa, e essa pessoa era Raphael!

_ Você quase conseguiu me convencer de que Raphael tinha morrido, Ukobach. _ Ela disse, ainda sentada no chão. _ Mas parece que ele chegou bem a tempo de me salvar.

_ Eu ainda tenho mais espírito do que você! _ O demônio gritou, agora parecendo estar assustado com a recuperação da jovem, e tocando no Mikael que o ajudou, o fez desaparecer como se ele fosse um fragmento do seu espírito. _ E a adaga ainda está no seu espírito.

_ Você está falando disso? _ Ela disse, e após se levantar, segurou a adaga e a arrancou de sua coxa, enquanto a luz do espírito que ela julgou ser de Raphael trabalhava para fechar a ferida. _ Agora eu vou pegar o restante do meu espírito de volta!

_ Vai ter que me encontrar primeiro! _ O demônio disse, enquanto desaparecia. _ Ainda sou eu que mando aqui.

Caminhando com dificuldade até o trono que agora era só uma poltrona de hospital, ela se sentou e observou o ferimento espiritual sendo tratado lentamente. Ela sabia o que precisava fazer. Tinha que enfiar aquela adaga no Ukobach e sugar seu espírito de volta, mas por hora iria descansar e deixar Raphael fazer o seu trabalho.

_ Obrigada Rapha! _ Ela disse para o nada, enquanto se deixava adormecer. _ sei que poderemos ser amigos.