36. Raphael

Senhores leitores que amo padaná, para não atrasar ainda mais o capítulo, estou disponibilizando ele sem editar.

Espero que gostem. Boa leitura.

Enquanto olhava o guarda-roupas do sobrinho do professor, Raphael pensou em Mikael e a lembrança do beijo entre eles veio com força e junto da saudade que sentiu de Mikael, milhares de incertezas brotaram em sua mente.

_ Não sei porquê está preocupado com isso Rapha! _ Ele disse para si mesmo enquanto se olhava no espelho analisando o figurino que escolheu. _ E daí se tiver sido só um beijo, ou se o pai dele não vai te aceitar? Você já superou tanta coisa sendo apenas Raphael o órfão rejeitado, por que não superaria mais isso sendo Raphael o arcanjo que é indestrutível como o Deadpool?

_ Tenho certeza de que o senhor Ben vai adorar você! _ Raguel disse entrando no quarto. _ Desculpe se eu ouvi enquanto pensava alto, mas pode ficar tranquilo, o Mikael te ama e o senhor Ben vai apoiá-los nisso.

_ Você acha amiga? _ Ele disse, segurando as mãos dela enquanto ambos sentavam-se na beirada da cama. _ Eu geralmente uso minha ironia como mecanismo de defesa, mas o Mick se tornou meu ponto fraco.

_ E vamos combinar que é um belo ponto fraco! _ Ela disse sorrindo. _ Além de ser lindo, ele é um amor de pessoa.

_ É mesmo, nós somos privilegiadas amore! _ Raphael respondeu empolgado _ O mundo acabou mas sobraram uns boys lindos para a gente!

Eles saíram da casa conversando e rindo animadamente, o que provavelmente deixou Gabriel e o professor curiosos sobre qual assunto falavam. Gabriel segurava a placa, mantendo-a coberta para evitar que o poder dela ferisse o professor, uma vez que ela se intensificou com a proximidade dos três jovens, e eles viram o que o poder dela fez com o Ifrit de Abigor.

_ Nós precisamos nos apressar! _ Gabriel disse assim que eles se aproximaram. _ Você acha que consegue consegue voar, Raphael?

_ Acho que sim. _ Raphael disse, e indo junto com os outros jovens até o centro da rua, se concentrou e abriu as suas asas cor de anís, enquanto os outros faziam o mesmo. _ Não parece ser tão difícil.

_ Precisamos tomar um pouco de cuidado. _ Raguel disse. _ Eu percebi que a cada vez que usamos esse poder, nós passamos a conseguir mantê-lo por mais tempo. Mas não podemos esbanjar, senão corremos o risco de estarmos fracos quando o inimigo aparecer.

_ É realmente maravilhoso isso! _ O professor exclamou enquanto se aproximava, levando a mão na direção das chamas que envolviam o corpo de Raphael, mas recuando antes de tocá-la como que por receio. _ E pensar que as chamas do espírito realmente existem! Na faculdade sempre pensava nisso tudo isso como mitologia. Queria que os idiotas que foram levados vissem essas maravilhas.

_ Minha nossa, me perdoem! _ O professor continuou, olhando para a expressão triste dos jovens. _ Eu sinto muito pelo modo como me expressei, vocês devem ter perdido entes queridos, eu mesmo perdi a minha irmã.

_ Tudo bem professor! _ Raguel disse com um tom compreensivo. _ A minha mãe foi levada, e os pais de Gabriel também, mas nós sabemos que por mais diplomas e conhecimento que eles tivessem, eles foram tolos por não acreditarem nas questões espirituais. Nem nós acreditávamos!

_ Isso mesmo. _ Gabriel disse. _ E nós não podemos nos dar ao luxo de ficar tristes com as perdas. Precisamos permanecer firmes contra o mal que está solto na terra, e quem sabe possamos reconstruí-la.

_ Mesmo assim eu sinto muito, meninos! _ Vecchio se desculpou. _ Não reparem nesse velho idiota e insensível. Se não fosse aquela motoqueira eu estaria com eles seja lá onde estiverem.

_ Outra hora eu conto essa história da motoqueira gente! _ Raphael disse ansioso. _ Que tal irmos de uma vez?

_ Acho que sabemos quem é essa mulher, Rapha! _ Raguel disse após trocar um olhar de cumplicidade com Gabriel. _ Ela tem o poder de fazer algumas previsões, e esteve nos bastidores de alguns acontecimentos. Ela se feriu em uma batalha contra um demônio para salvar o senhor Ben. É ela que está precisando de seus dons de cura.

_ A deusa motoqueira tá precisando de mim! _ Raphael deu um grito de surpresa. _ Mais um motivo para irmos rápido!

_ Vamos logo então! _ Gabriel disse, caminhando na direção do professor. _ Eu o levo professor.

_ Não senhor! _ Raphael o interrompeu. _ Você e a Rag lutaram muito. Eu levo o professor, precisaremos de vocês caso os demônios apareçam novamente.

_ Você tem razão! _ Gabriel disse, colocando a placa em uma mochila que a jovem pegou na casa. _ Raguel, você vai na frente, precisamos observar bem o perímetro. Abigor pode estar esperando para atacar novamente.

_ Você leva o professor e a placa então! _ Ele continuou, entregando a mochila para Raphael que recolhendo as asas, a colocou nas costas. _ E eu serei sua escolta, vamos voar rápido. A Nick precisa de nós!

Raphael viu a jovem levantar vôo primeiro, e abrindo as suas asas novamente, segurou o professor, que ficou meio desconfortável em seus braços e arrancou risadas dos jovens, e começou a levitar lentamente conforme Gabriel o orientava telepaticamente.

Após alcançar certa altura, Gabriel que também já estava no alto, o disse para seguir Raguel, que já estava um pouco a frente, e focando nela ele iniciou um vôo decidido enquanto o professor com os olhos fechados se agarrava em seu pescoço.

_ Calma professor! _ Raphael disse enquanto voava. _ Eu não vou deixá-lo cair.

_ Eu confio em você, garoto! _ O professor gritou, sem afrouxar o aperto em volta do pescoço do jovem. _ Mas é involuntário. Não gosto de voar nem de avião.

Raphael soltou uma gargalhada, e seguiu voando em uma velocidade considerável, envolvendo o professor com seu espírito para protegê-lo do vento que cortavam na movimentação. Olhando para baixo, ele viu todo o estrago feito na cidade.

Miraculous Clearing que já fora um exemplo de organização e limpeza agora estava completamente destruída, e aquela cena o fez imaginar se algum dia poderiam superar tudo aquilo e reconstruir o mundo como Gabriel havia dito, mas independente de conseguirem ou não, ele estava disposto a tentar e usaria o seu poder para isso.

Pensou novamente em Mikael, e se não fosse o professor em seus braços, ele duplicaria a velocidade só pra chegar mais rápido e se jogar nos braços dele, mas a possibilidade de encontrar o amigo diferente agora que ele está junto do pai, gerou uma onda de insegurança que ficou estampada em seu rosto.

_ Não precisaria nem abrir os olhos para saber que está preocupado, Raphael. _ O professor falou, agora abrindo os olhos. A barreira espiritual que o jovem mantinha ao seu redor evitava que as palavras fossem arrastadas pelo vento, de modo que ele não precisou forçar a voz.

_ Eu estou doido para reencontrar o Mikael. _ Ele respondeu. _ Porém estou com medo do que o pastor vai pensar sobre nós!

_ Você pode ficar tranquilo rapaz! _ O mais velho disse. _ Eu convivi durante muito tempo com Ben Higgins. Nós éramos colegas de quarto na faculdade. Mesmo fazendo Teologia e se preparando para ser pastor, ele respeitava as diversidades de gênero.

_ Ainda assim, eu tenho medo. _ Disse novamente o jovem. _ Por mais que as pessoas se digam sem preconceito, a história costuma mudar quando é com um filho.

_ Vai por mim, Rapha! _ O professor insistiu, adotando um tom quase paternal com o jovem, que olhando em seus olhos, pode ver um traço de tristeza em recordar. _ Naquela época o preconceito reinava e as pessoas tratavam os homossexuais como se tivessem uma doença transmissível pelo toque. O Benny foi o único a aceitar dividir o dormitório com um gay, e suportou todo tipo de chacota que você pode imaginar.

_ Espera um pouco, professor! _ Raphael disse surpreso. _ O senhor é...

_ Rapazes, senti uma presença demoníaca mais a frente! _ Raguel disse aos dois telepaticamente, o interrompendo.

_ Eu também sinto, e é poderoso como o Abigor! _ Gabriel respondeu também telepaticamente. _ Vamos diminuir a altura, e esperar um pouco no topo daquele edifício, para ver se temos visual do dono desse poder.

Eles se apressaram em pousar no topo do edifício que era mais alto que as demais construções, e Chegaram até a beirada a fim de observar o movimento das ruas. Concentrando-se na presença demoníaca que estava sentindo, Gabriel pode definir a direção de onde ela vinha e decidiu concentrar-se em tentar ampliar sua visão, uma vez que constatou que o dono desse poder estava há pelo menos um quilômetro dali.

_ Rapha! _ Gabriel o chamou. _ Eu sinto que tenho a habilidade de ampliar o alcance da minha visão, mas acho que por conta da miopia que tenho desde que nasci, eu não vou conseguir.

_ Você quer que eu cure sua miopia? _ Raphael perguntou, se aproximando. _ Mas ela não devia ter sido curada junto com seus ferimentos mais cedo?

_ Por enquanto é só uma suposição minha. _ Gabriel respondeu. _ Mas acredito que você poderá curá-la se você focar.

_ Eu gostaria de entender como você sabe qual habilidade que tem. _ Raguel disse aproximando-se deles. _ Até agora eu fiz tudo por impulso, de improviso.

_ Eu só presto atenção nos detalhes. _ Gabriel respondeu sorrindo. _ Eu não enxergava nada sem os óculos, até eles se quebrarem durante a batalha no cemitério, e quando eu forcei a enxergar para lutar, eu consegui. Então eu deduzi que o meu espírito tem a habilidade de ampliar o campo de visão.

_ Você quer dizer que cada espírito tem uma habilidade diferente? _ O professor perguntou. _ Isso explicaria porque as cores são diferentes, porque os espíritos têm poderes de naturezas diferentes.

_ Sim. _ Gabriel respondeu com um sorriso. _ Raguel demonstrou uma super velocidade em todas as batalhas, Mikael em nosso encontro me acertou um soco que ao meu ver demonstrou uma super força, A Nick possui poder de vidência e projeção espiritual.

_ Já você Raphael. _ O jovem continuou, voltando se diretamente para ele _ Enquanto me curava, eu senti que o seu espírito tratava de cada ferimento pontualmente, tratando os ferimentos visíveis e os imagináveis. Você não sabia da miopia, e eu não lembrava dela, dessa forma ela não foi curada.

_ Você é incrível em suas deduções, Rapaz! _ O professor elogiou, admirado com o raciocínio dele. _Se você não tivesse esse poder teria sido levado também.

_ Eu preciso focar em curar a miopia, então?_ Raphael perguntou, se aproximando e colocando as duas mãos na cabeça do amigo, de modo que com os seus polegares tocou sobre os olhos fechados dele. _ Se você acredita que eu posso, então eu posso!

Raphael fechou os olhos concentrando-se, e a luz azul-anil de seu espírito se concentrou em suas mãos. Por um instante pareceu escanear a cabeça do outro jovem, até que as órbitas de seus olhos foram tomadas também pelas chamas, e as informações sobre os olhos de Gabriel começaram a aparecer em sua mente. Vasculhou cada célula, e cada terminação nervosa com cuidado, até encontrar a origem da miopia, a retina de ambos os olhos tinham um formato bastante curvo, e de alguma forma sabia que as imagens não se formariam nelas com precisão, a menos que ele as moldasse e as deixasse planas como deveriam ser.

_ Aqui está o problema! _ O enfermeiro exclamou empolgado, e usando as chamas como um laser em uma cirurgia, ele começou a moldar as retinas com destreza até que as deixou perfeitas, e saindo do transe, retirou as mãos deixando Gabriel abrir os olhos. _ Basta saber se funcionou agora.

_ Vamos ver então, _ Gabriel disse, e aproximando-se do beiral do edifício onde estavam, fechou os olhos, se concentrou novamente e redefiniu a direção de onde vinha a presença demoníaca que sentiram. Abrindo os olhos ele começou e transmitir tudo o que via aos outros jovens telepaticamente, como se eles passassem a ver pelos seus olhos.

Raphael recebeu as imagens como se ele próprio estivesse vendo, e quando Gabriel forçou-se a ampliar o alcance de visão e as chamas de seu espírito brotaram e se intensificaram em seus olhos, passou a enxergar cada vez mais longe. Para sua surpresa, ele conseguiu ver também através de paredes, e após uma cadeia de prédios, ele avistou o demônio que fazia uma espécie de ritual. A figura estava em um corpo humano e usava um terno preto impecável, mas emanava uma aura demoníaca poderosa e sufocante.

Perto dali eles sentiram outra presença, igualmente forte mas não demoníaca, e quando Gabriel direcionou a visão para lá, eles viram um jovem alto e loiro e uma jovem com traços hispânicos, ambos aparentando terem vinte e poucos anos.

_ Eles são humanos. _ Gabriel disse, em um tom alarmado. _ E estão indo para onde o demônio está.

_ De quem é essa outra presença que sentimos próximo a ele? _ Raphael perguntou. _ É de um dos dois?

_ Eu não sei ao certo. _ Gabriel respondeu, saindo de sua visão enquanto se virava para os amigos. _ Mas eu sinto que devo ajudá-los. Não posso deixar aquele demônio matá-los.

_ Então vamo até lá! _ Raguel disse, abrindo suas asas.

_ Não Raguel! _ Gabriel disse, se aproximando dela, deixando-a sem entender. _ Eu vou sozinho, dessa vez!

_ Até parece que eu vou te deixar ir lá sozinho! _ Ela disse desafiando-o. _ Não vou arriscar perder você.

_ Meu amor. _ Ele disse se colocando a mão no rosto dela. _ Você tem lutado comigo e me protegido desde que nos conhecemos, mas neste momento a nossa prioridade é a Nick, e o Raphael não pode lutar e levar o professor. Preciso que você os leve em segurança até lá. Se eu demorar para voltar, eu quero que você vá até aquele local com o Mikael, não sabemos a extensão do poder desse demônio.

_ Por não saber nada desse demônio que eu não quero que vá sozinho! _ Raguel disse baixando os olhos com semblante triste. _ Eu já te vi quase morrendo várias vezes Gabriel, e em todas elas eu iria morrer junto porque não tem mais vida para mim sem você. Como você quer que eu te deixe ir assim?

_ Eu te amo, Raguel. _ Ele disse, fazendo ela olhar em seus olhos azuis. _ E posso te garantir que estou bem mais preparado para as batalhas do que jamais estive. Eu não queria liderar, e se eu puder passar o bastão para alguém eu o farei, mas por enquanto eu preciso tomar decisões difíceis, e essa é uma delas. Você pode confiar em mim dessa vez?

Sem responder a jovem se lançou nos braços do amado, em um abraço carregado de sentimentos. E eles se beijaram com paixão. Raphael podia ver que eles se amavam, e era inegável a química entre eles.

_ Amores! _ Raphael chamou, interrompendo o beijo dos dois. _ Desculpe interromper o momento do love, mas a deusa motoqueira está morrendo, e eu quero ter um momento desse com meu boy também, então decidam-se logo por favor!

_ Raphael está certo, amor! _ Raguel disse ainda ofegante pelo beijo. _ E você também. Vá ajudá-los, mas não enfrente o demônio se perceber que ele é mais forte que você, está bem?

_ Está bem! _ Gabriel disse, se afastando e abrindo as asas. _ Rapha, salva a Nick! Logo eu me junto a vocês!

_ Gabriel! _ Raguel gritou, antes que o jovem partisse. _ Eu também te amo!

Com um sorriso radiante, Gabriel partiu como uma bala na direção onde o demônio e aquelas pessoas estavam, e eles ficaram ali observando até que ele sumiu de vista.

_ Ah Rag, eu ainda morro com a fofura de vocês! _ Raphael disse, dando um suspiro e abrindo suas asas se aproximou do professor._ Teacher, nós temos que ir um pouco mais rápido. Tudo bem para o senhor?

_ Ah sim, claro! _ O mais velho respondeu deixando o jovem pegá-lo novamente nos braços. _ Só faz aquele negócio com seu espírito novamente e vai ficar tudo bem.

Ajeitando o professor em seus braços, e aguardando Raguel abrir as asas, ele levantou vôo, e eles voaram rápida e decididamente em direção ao hospital.

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