34. Gabriel

A esperança parecia estar se esgotando assim como o seu sangue. Seus pulsos estavam destruídos e ele tinha sido pregado ao muro como se tivesse sido crucificado.

Das suas feridas, o sangue escorria como água de uma torneira mal fechada, e para completar, o demônio voltava na sua direção com mais uma barra incandescente como as que estavam em seus pulsos, e ele não queria nem imaginar onde ela seria pregada.

As chamas do seu espírito lutavam para conter as feridas, e pareciam ser o motivo de ele ainda estar vivo, mas caso o demônio acertasse algum ponto vital, provavelmente seu espírito também se extinguiria, e como o próprio Abigor disse, essa era sua intenção.

Raguel tinha sido arremessada contra aqueles carros, e mesmo não acreditando que aquela explosão poderia matá-la, ela provavelmente estava com dificuldades para se recuperar, senão já teria voltado, e se ela não voltasse antes que Abigor chegasse até ele, seria o seu fim.

Abigor andava bem devagar, visivelmente se deliciando com o desespero do jovem, tendo o prazer de torturar estampado em seu sorriso demoníaco.

Gabriel sabia que os poderes que eles tinham, por si só já eram milagrosos, mas agora ele precisava de um milagre que o tirasse daquela situação, ou ao menos lhe desse tempo até que Raguel se recuperasse e viesse ao seu auxílio.

_ Ei feioso, você está com algo que nos pertence! Um jovem gritou da varanda da casa do outro lado da rua, fazendo com que o demônio voltasse à atenção para ele, e Gabriel também olhou, mesmo se sentindo fraco.

Mesmo com a visão meio turva, ele pode ver que era Raphael, e o jovem tinha a camisa rasgada na altura do peito, o que provavelmente aconteceu no seu encontro com Abigor, mas adotava uma postura confiante frente ao gigantesco demônio, o que deixou Gabriel esperançoso quanto a sua intervenção.

_ Você deveria estar morto, seu verme! _ Abigor gritou surpreso ao vê-lo. _ E deve ser o que está querendo para me encarar ao invés de fugir.

_ Talvez você não bata tão forte quanto pensa. _ Raphael provocou com sua ironia. _ Você diz que foi o líder dos exércitos de Lúcifer, mas as escrituras falam que você foi derrotado. Acho que o grande Abigor, é na verdade uma fraude de elite!

_ Desgraçado, como ousa zombar de mim, vai morrer por sua insolência!_ O demônio gritou com uma voz poderosa e monstruosa, e tomado pela ira, arremessou a barra de ferro como uma lança em uma velocidade que Raphael não pode sequer esboçar uma esquiva, de modo que a barra atravessou totalmente o seu corpo na altura do peito e indo parar na parede da sala, deixando um buraco em seu corpo.

Gabriel observou tudo, e viu o milagre que precisava acontecendo quando o buraco no peito de Rafael começou a se fechar quase que instantâneamente. Sua capacidade de regeneração era incrível!

_ Até dói um pouco Aby, mas não mata! _ Raphael disse com um sorriso irônico triunfante, que fez o demônio se irar ainda mais. _ Quer tentar outra vez?

_ Que inferno, você é Raphael! _ Abigor disse espantado. _ Será que os sete cachorrinhos alados estão todos por aqui?

As palavras "sete" e "alados" ecoaram na mente de Gabriel, e enquanto o demônio e o outro jovem discutiam, ele se voltou para seus pensamentos. O ser resplandecente que aparecera em seus sonhos lhe dissera para liderá-los quando eles se reuníssem. Mas contando com Nick e Mikael, eles eram somente cinco, e nem sabia se Nick e Raphael também tinham asas.

Abigor havia reconhecido ele e Raguel assim que os viu, e agora falou como se conhecesse Raphael também, então quer dizer que ele já os enfrentou antes, mas a pergunta era: quando? E por que não se lembravam?

Um barulho de fios de eletricidade em curto o tirou de seus pensamentos, e voltando a prestar atenção em Abigor, ele o viu arrancar um poste de luz da calçada, e usá-lo como se fosse um bastão de baseball, golpeando a varanda onde Raphael estava com violência, partindo a estrutura e fazendo com que tudo desmoronasse, levando o jovem junto.

Mas durante a queda, o jovem abriu um par de asas azul-anís, e pairou no ar enquanto os destroços da varanda se chocaram ruidosamente contra a calçada. _ Vamos ver se você consegue se regenerar quando eu esmagar sua cabeça! _ Abigor gritou, balançando o poste na direção de Raphael, golpeando-o com uma velocidade tão absurda que seria impossível de se desviar, mas antes que pudesse atingí-lo, o próprio poste foi atingido por algo ainda mais veloz e poderoso, que veio do sentido contrário e o fez partir-se em mil pedaços fazendo também o próprio Abigor ser lançado ao chão de costas no asfalto.

Gabriel ouviu Raguel gritar seu nome, e olhou em sua direção para ver que foi ela quem atacou o poste, e salvou Raphael. Pelo som da voz dela, ele pôde perceber que ela estava em choque vendo a sua situação.

Imediatamente, ela tentou se aproximar voando, mas Abigor a atacou com aquela sombra demoníaca que emanava de seu corpo, fazendo com que ela precisasse recuar.

Quase sem forças e sentindo que iria morrer, Gabriel viu o monstro se levantar tomado pela ira e com um urro aterrorizante, começar uma espécie de transformação onde aquela sombra se desprendia de seu corpo e começava a tomar a forma de um gigantesco demônio que era ainda maior que o próprio Abigor, que agora parecia um pouco cansado, com se aquilo exigisse muito dele.

A grande sombra demoníaca agora tinha vida própria. Seu corpo parecia apenas uma densa fumaça, mas do lugar onde deveriam estar suas órbitas oculares e sua boca, uma chama tão poderosa como a lava de um vulcão dançava viva e feroz, parecendo faminta por consumir tudo o que tocasse. Do que pareciam ser suas mãos brotaram uma espécie de chicote que estalava como se fosse uma longa língua de fogo que parecia que derreteria qualquer coisa que atingisse.

_ Conheçam Ifrit, o meu mais formidável soldado! _ Abigor gritou, já parecendo totalmente recuperado da liberação do outro monstro, que parecia não ter consciência nenhuma, a não ser a de destruir tudo ao seu redor. _ Ele é a sombra do caos, a personificação das chamas infernais.

Enquanto Ifrit iniciava o ataque á Raguel, Abigor o observava como um pai orgulhoso de um filho que participa de uma competição esportiva. O demônio de elite parecia adorar uma batalha e mesmo em seus olhos negros e inexpressivos ficava nítida a sua empolgação.

Observando a cena sem poder fazer nada, Gabriel se sentiu estranhamente bem, e a dor em seus pulsos dilacerados pelas barras não o incomodava mais. Uma sensação de conforto e segurança se apossou de seu espírito, e olhando para os pulsos viu que uma luz de cor mais escura que a sua os envolvia, mesclando-se ao seu espírito, fortalecendo-o.

_ Você está bem ferido Gabe! _ A voz de Raphael invadiu seus pensamentos, exatamente como ele e Raguel fizeram mais cedo. _ Mais um pouco e você ia para o saco!

_ Então você também pode se comunicar telepaticamente? _ Gabriel perguntou, se divertindo com o tom casual de Raphael.

_ Deve ser uma espécie de Telegram dos Arcanjos, amore! _ Raphael disse em tom de brincadeira.

_ Que história é essa de Arcanjos, cara? _ Gabriel perguntou, e agora sequer sentia dor. O toque do espírito de Raphael lhe transmitia uma paz indescritível, como se tivesse recebido uma anestesia geral.

_ Longa história, querido. _ O enfermeiro disse. _ Outra hora eu te conto. Essas barras de ferro estão atrapalhando o tratamento.

_ Eu já sei o que fazer! _ Gabriel disse, como se os cuidados do amigo tivesse recuperado sua capacidade de raciocínio. _ Continue o tratamento, por favor, eu vou sair daqui!

Ao perceber que Raphael estava curando Gabriel á distância, Abigor voltou sua atenção para o jovem preso ao muro, e pegando outra barra de ferro, seguiu em sua direção.

_ Cansei de brincar com vocês Gabriel! _ O Monstro disse, agora se aproximando com passos decididos, posicionando a barra como uma lança na mão. _ Morra seu verme!

Gabriel focou no golpe, e viu a barra de ferro indo na direção de seus olhos, sendo impulsionada pela mão e pela ira do demônio de elite. E como se cronometrasse, aguardou o momento exato para ativar sua habilidade, e assim como no hospital quando atravessou o vidro para salvar o pastor, atravessou a barra e o corpo do demônio, indo parar do outro lado da rua onde estava Raphael.

Olhando para onde estava antes, ele viu que a surpresa de sua esquiva fez com que Abigor se desequilibrasse a ponto de cair sobre as barras que estavam cravadas no muro, fazendo com que uma delas atravessasse o peitoral de sua armadura, e por pouco não se enterrasse em seu peito, enquanto a outra atravessou o seu braço, fazendo o urrar de dor. O demônio agora estava a ponto de explodir, mas a barra em seu braço tinha entortado com seu peso e agora ele lutava para arrancá-la sem prejudicar ainda mais o membro.

Raguel havia se afastado um pouco deles enquanto lutava contra o Ifrit e olhando para onde ela estava eles viram um rastro de destruição. Árvores, postes e muros de casas estavam partidos ao meio ou derretidos pelos chicotes da criatura, e a garota contra-atacava arremessando objetos que eram engolidos pelo corpo do inimigo, como se ele fosse um burraco negro infinito.

_ Garotos, eu preciso de uma ajuda aqui! _ Raguel os chamou telepaticamente. _ Nada do que eu tente afeta ele!

_ O distraia um pouco mais! _ Gabriel disse _ Eu vou pensar em algo!

Enquanto Abigor sofria com a barra enterrada em seu braço, Gabriel começou a observá-lo com atenção, ao mesmo tempo que vasculhava em sua mente toda a batalha até ali. Listou mentalmente tudo o que sabia sobre o seu poder e o de Raguel, bem como todas as batalhas que tiveram contra demônios e como os venceram, para chegar á conclusão de que nada adiantaria contra um demônio de elite.

_ Aiai, eu não aguento mais ficar parado! _ Rafael disse, indo em direção a Abigor com pedaço de madeira na mão.

_ O que você vai fazer, Raphael? _ Gabriel perguntou.

_ Vou enfiar isso no peito dele ué! _ Ele respondeu _ Nos filmes de vampiro funciona!

_ Não cara, essa não é a solução! _ Gabriel disse, calmamente com tom sábio, ainda observando o demônio_ O meu pai costumava me dizer: "Se eu tivesse apenas uma hora para cortar uma árvore, passaria os primeiros quarenta e cinco minutos amolando o machado". Se temos tempo precisamos analisar todos os fatores.

_ Pensar nunca foi o meu forte, Man. _ Raphael disse bufando de impaciência.

_ Vamos Gabriel, você está negligenciando algo. _ Ele disse para si mesmo, pensativo. _ É Isso! Raphael eu quero que me diga tudo o que sabe sobre a placa. Desde o primeiro contato que teve com ela até quando Abigor a pegou.

_ Agora, amore? _ Raphael perguntou, sem entender o porquê de contar essa história em um momento tão tenso. _ Acho que...

_ Só confie em mim, cara! _ Gabriel respondeu, colocando a mão no ombro do outro jovem. _ Eu quero ouvir até os detalhes que parecerem irrelevantes, só tente ser rápido.

_ Rapha, querido. _ Eles ouviram a voz de Raguel suas mentes novamente, ela parecia bem cansada da batalha. _ Não dá pra matar essa coisa aqui, então se o Gabriel disse que tem um plano, confie nele, por favor. E Gabriel, independente do que acontecer, você pode ser sim um grande líder, só confie sempre em sua capacidade, e nós estaremos sempre ao seu lado. E... eu te amo.

_ Aí meu Deus, Rag e Gabe. Eu já tava shippando vocês dois desde que os vi lutar! _ Raphael gritou telepaticamente, arrancando sorrisos dos dois. _ Você precisa saber sobre o que está escrito nela.

_ Preciso de tudo o que puder me contar. _ Gabriel responder, vendo que Abigor havia retirado a barra. _ Mantenha a conexão telepática, eu vou ganhar tempo com Abigor.

Gabriel partiu num salto decidido na direção do demônio, que assumiu uma postura de batalha esperando o impacto. O jovem se sentia melhor do que nunca, após ser tratado por Raphael, e suas feridas tinham desaparecido sem deixar sequer cicatrizes.

Abigor defendeu o seu primeiro golpe mesmo com o braço ferido, o que provava que não seria uma desvantagem, e contra-atacou com um golpe poderoso com o outro punho, carregado com toda sua fúria. Gabriel imediatamente ativou sua habilidade, fazendo com que o braço do demônio transpassasse seu corpo como se ele fosse apenas uma névoa, e tamanha foi a força que tinha sido empregada no golpe, que o corpo gigantesco dele também se precipitou a frente, de modo o ficasse de costas um para o outro.

Com incrível velocidade, Gabriel se tornou sólido novamente e girou, golpeando com um chute potente que acertou em cheio o lado rosto do demônio, próximo á seu ouvido, lançando-o violentamente contra a fachada de uma loja, causando mais destruição.

_ Eu cheguei na sala e o professor estava com a placa na mão. _ Raphael começou a narrar os fatos telepaticamente, enquanto Gabriel lutava. _ Eu consegui ler em enoquiano e ele se espantou com isso. Quando eu me aproximei a placa começou a brilhar, e a repelir o toque do professor.

_ O professor cobriu a placa e a levou para o escritório para eu começar a tradução... _ Ele continuou o relato, mas fez uma pausa quando Gabriel caiu próximo a ele após ser atingido por Abigor.

_ É isso, cara! _ Gabriel disse levantando-se.

_ Isso o quê? _ Raphael perguntou sem entender nada.

_ Não dá tempo de explicar. _ Gabriel respondeu. _ Ajude Raguel a trazer o Ifrit para cá. E deixa o resto comigo, esse plano deve dar certo!

_ O que você quer dizer com deve? _ Raphael se espantou com a expressão de incerteza. _ Quer dizer que pode não dar certo?

_ Planos sempre tem pelo menos um por cento de chance de fracassar. _ Gabriel disse, confiante. _ Mas tendo o mínimo de chance de dar certo, um plano é sempre uma esperança, e esperanças vencem guerras!

Sem questionar, Raphael partiu para onde estava Raguel, e contando a ela o plano, começaram a atrair o Ifrit, que inconscientemente os seguiu, apenas destruindo tudo ao seu redor.

Gabriel continuou trocando golpes com Abigor, e vendo que Raphael e Raguel se aproximaram, tendo Ifrit os seguindo mais afastado, ela focou o golpe no peito do demônio, terminando de quebrar o compartimento onde estava a placa, pegando-a antes que ela caísse no chão, e com incrível destreza se afastou, indo de encontro aos companheiros no centro da rua.

_ Que lindo esse cena de vocês três juntinho! _ Abigor gritou vendo que Ifrit se aproximava, deixando-os encurralados entre os dois demônios. _ Será ótimo matar os três ao mesmo tempo, e o que eu preciso, é só esperar Ifrit envolvê-los. Vocês criaram e caíram na própria ratoeira! Abigor, o mestre das estratégias de guerra, vence mais uma vez!

Gabriel nada fez, apenas permaneceu imóvel enquanto esperava os demônios se aproximarem. Abigor ria presunçosamente a cada passo que dava e Ifrit urrava e chicoteava tudo por onde passava, até pararem a mais ou menos três metros de onde os três estavam agrupados.

_ Pronto para morrer Gabriel? _ Abigor perguntou com sua gargalhada arrogante.

_ Só quem está sempre pronto para morrer, consegue ter êxito na batalha, Abigor! _ Gabriel disse demonstrando uma confiança digna de um grande líder.

_ Então morram, seus vermes! _ Abigor gritou, irritado com a postura do jovem.

Abigor e Ifrit atacaram ao mesmo tempo, mas Gabriel tinha um plano, e retirando o pano que cobria a placa, liberou uma luz tão poderosa e intensa, que eles mesmos quase não puderam olhar, mas conseguiram ver a luz consumindo Ifrit completamente, como se repelisse toda escuridão ao seu redor.

Abigor, vendo incrédulo o poder que o objeto tinha nas mãos de Gabriel e o que aquela luz poderosa fez com seu soldado, não pensou duas vezes, e fugiu, abrindo uma espécie de portal no muro perto de onde estava.

Cobrindo novamente a placa, Gabriel se certificou de que Abigor tinha realmente fugido, e só então desarmou sua postura. Os outros jovens olhavam para ele com olhares de completo orgulho, deixando-o meio corado e sem jeito.

_ Puta que pariu! _ Raphael foi o primeiro a quebrar o silêncio! _ Em que parte do " Caralho, nós vamos morrer aqui" você pensou nisso tudo?

_ Eu não sei, cara! _ Gabriel respondeu, se divertindo com o jeito do rapaz. _ Eu realmente não sei.

_ O que importa é que deu certo! _ Raguel disse, jogando-se na direção dele em um abraço. _ Você é incrível, meu amor!

_ Vocês venceram! _ O professor disse, aproximando-se deles. _ Os três são formidáveis!

_ Gente, esse é o profi Jeremias Vecchio! _ Raphael disse, colocando as mãos no ombro do professor, assim que o mesmo se aproximou. _ Foi ele quem encontrou a placa.

_ É um grande prazer professor! _ Gabriel disse apertando a mão de Vecchio. _ Mas nós devemos nos apressar em voltar ao hospital. Uma amiga precisa dos poderes de cura de Raphael.

_ Ai meu Deus! _ Raphael soltou um grito de surpresa. _ Vamos logo então. Só vou trocar essa camisa, porque que estou parecendo um mendigo, e volto voando.

Aliviados depois da intensa batalha, eles apenas riram enquanto o jovem se apressava até a casa do professor para trocar de roupas!



Notas do autor:

Meu Deus que capítulo difícil de sair! Kkkkk

Caros leitores, quero pedir desculpas a todos pela demora na postagem desse capítulo e possivelmente nos demais.

Estou envolvido em outros projetos importantes que requerem minha atenção e compromisso também, além de que está cada vez mais difícil escrever a história.

Eu agradeço a todos que estão lendo, mas em especial, quero agradecer a três leitoras que estão me acompanhando desde o início e estão mais adiantadas que eu na história kkkk.

Marylari23 minha primeira leitora e razão principal de eu continuar no Wattpad, PriscillaPimenta8 que deve estar puta de raiva com minha demora, e Arielzinhaxx, que tá devorando a história.

Vocês três não fazem idéia da importância que têm na realização desse sonho. E a vocês eu peço muita paciência com a minha demora e falta de compromisso com prazos.

Eterna gratidão!

Helder Jr Lopes

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