— Cinquenta e três milhões? Porr* Alexandre foi para isso que eu te contratei?— Gritei com Alex, a pressão estava muita, depois de horas negociando foi o melhor que encontrou?

— Mackenzie, o advogado de Mathias estava resoluto, ele só ofereceu duas alternativas, o dinheiro ou tribunal.

— Pois então vamos a tribunal!

Alexandre me olhou como se eu fosse o homem mais idiota do mundo, esperei que continuasse.

— Se formos a tribunal e descobrirem...

O interrompi.

— Não tem nada para descobrir.

Não deixei tom para discussão e o encarei, impossível que ele...

— Meu querido amigo, só foi preciso uma semana avaliando seu caso para juntar certas coisas, como o fato de sua filha manusear o mesmo remédio, e a melhora significativa que ela desfrutou após o uso, assim também...

Interrompi-o novamente.

— O que você está insinuando? Eu nunca seria capaz disso, que merda! Estou lhe pagando para me defender!

— Não estou insinuando, meu trabalho é lhe dizer que vão usar contra você no tribunal, precisa estar ciente disso, qualquer juiz ficaria do lado de Segal com essas evidências, sem falar que mesmo que o improvável aconteça e ganhemos a causa, não fará bem, seu nome e o nome de sua empresa saírem assim na mídia, pode incitar outras pessoas a denunciarem, ou pior, pararem de comprar seus remédios, fazendo assim com que seja seu fim.

— Ora o fato de minha filha usar o remédio só prova como funciona, ela melhorou tanto, eu não seria louco de deixa-la ingerir um remédio que eu não possua plena confiança.

Alexandre não disse mais nada, e nem foi preciso, afinal ambos sabíamos que seria uma causa perdida, veio-me então o dia que tudo começou.

" — O meu remédio não tem nada a ver com isso, foram menos de 10% de pessoas que tiveram esse tipo de reação, pessoas doentes que usurpam inúmeros outros remédios, essa acusação é ridícula.

Meu sangue ferveu, isso não poderia estar acontecendo.

— Acontece que meu filho faz parte desses 10%, o garoto ficou retardado, mal consegue raciocinar e eu juro meu caro.

O maldito bilionário Segal me encarou, aquele olhar arrogante e superior que já era de costume fazê-lo, direcionou em minha direção, porem eu distingui algo mais, por um segundo, consegui contemplar sua ira, e percebi que aquele homem possuía sede de vingança, naquele mesmo momento eu entendi que ele era um pai, um pai que, assim como eu estava disposto a fazer qualquer coisa pela minha filha, ele estava disposto pelo dele.

— Não descansarei até lhe ver abaixo do pior nível de humilhação, até ver a maldita Mackenzie falir levando com ela a sua ominosa reputação.

Ele me deu um último olhar sanguinário e saiu batendo a porta, fechei minha mão em punho e percebi que estava suando frio, se eu tivesse um pingo de dignidade assumiria minha culpa e lidaria com as consequências, no entanto eu aprendi a muito tempo atrás que integridade e honestidade não serve no mundo em que eu vivo, não é satisfatório para a elite, que ser honesto e digno não era uma opção, era o fim de qualquer empresário bem sucedido, e minha filha precisava muito de mim para sequer cogitar a ideia de dar-me ao luxo de sentir culpa, eu sabia que precisava ser egoísta, aquele não era afinal o mundo dos individualistas? E com tal pensamento, sem pensar duas vezes, liguei para meu advogado."

Assim que me lembrei, outra coisa me veio à cabeça, Segal estava desesperado para ver meu nome sendo jogado no lixo, e sabendo que teria uma enorme vantagem no tribunal porque me ofereceu a opção do dinheiro? Ele é bilionário, meu dinheiro não faria diferença alguma para ele, e não traria seu filho de volta, então porquê...

Logo eu entendi.

— Se eu der a ele cinquenta e três milhões, irei falir, não é?

Alexandre não me encarou e foi o suficiente.

— De jeito nenhum!

— Theo, você irá perder o que tem agora mas seu nome continuará limpo, você pode começar de baixo como no início... fazer tudo de novo e...

Isso era o que ele pensava, Segal não iria parar até me ver nas piores das humilhações.

— NÃO POSSO!

Gritei, eu nunca poderia, Anelise precisava de mim, seu tratamento era caro eu não poderia, não poderia abandonar minha filha, eu precisava ajuda-la e se o preço a pagar era meu nome no lixo, eu ao menos tentaria.

— Você vai falir de qualquer forma! — Ele exclamou, mas eu ainda teria cinquenta e três milhões para viver por um tempo até arranjar outra forma.

— Temos uma chance de ganhar.

— Quase inexistente!

Os olhos de Alexandre mostravam sua perplexidade, mas ele não entendia, nunca entenderia.

— Mas é alguma coisa.

E naquele momento eu percebi, eu precisava de esperança, precisava de fé, irônico não?

— Pense em Anelise, o que ela vai pensar quando crescer e descobrir que seu pai fora capaz de algo assim? — Indagou Alexandre, meu corpo congelou e meu sangue ferveu, em quem ele acha que eu estou pensando?

— Eu estou pensando nela!
Aquele desgraçado queria jogar? Pois então que os jogos começassem, ele deveria saber que havia me subestimado, se ele quer mexer com a minha filha, creio que posso devolver o favor, e com tal pensamento, um plano surgiu em mente.

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Kisses Bela.