A Terceira Noite



– O que aconteceu? Quem fez isso com você? – Eu podia sentir a raiva tomando forma em sua voz.

Eu entrelacei meus braços no seu corpo, em busca de um pouco de calor. Estava extremamente aliviada por ele estar ali e por aquela tortura ter acabado.

– Sasuke... Me leva de volta... – Eu pedi, com a voz embargada em choro.

– Olha para mim, você está bem?

Eu levantei a cabeça para olhá-lo, e assim que ele viu as marcas de sangue seco e meu rosto ferido, ele cerrou os dentes.

– Não se preocupe, eu vou ficar bem. – Eu tentei tranquilizá-lo de alguma forma, mas ele parecia estar extremamente furioso. – Eu só não consigo andar muito bem... – Eu apontei para o machucado em minha perna.

– Vem, vou te levar para casa.

Ele me pegou no colo e me ajudou a montar no cavalo, subindo logo depois atrás de mim. Sasuke tirou o manto que ele estava usando e o colocou sobre o meu corpo, já que o meu vestido estava arruinado.

– Podemos ir pela entrada de trás? – Eu perguntei, enquanto ele conduzia o cavalo de volta ao castelo num rápido galope. – Não quero que as pessoas saibam disso...

– Tudo bem, mas temos que chamar o médico para ver você.

– Chame o médico e Shizune, já é o suficiente. Mas peça para o médico não contar a ninguém... – Eu fiquei com receio de me verem nessa situação, as pessoas já haviam ficado preocupadas demais só com o caso do escorpião, imagina se soubessem disso!

Ele concordou, e logo já estávamos na entrada posterior do castelo. Ele desceu do cavalo primeiro e me ajudou a descer em seguida. Sasuke se agachou e pediu para que eu subisse em suas costas, pois assim chegaríamos mais rápido em seu quarto. Tirei a capa que estava cobrindo a frente do meu corpo e a coloquei nas minhas costas, para não atrapalhar meus movimentos. Eu envolvi meus braços ao redor do seu pescoço e me inclinei em direção ao seu corpo. Ele segurou minhas pernas abaixo do joelho e se levantou, me ajeitando em suas costas antes de seguir rapidamente pela entrada. No meio do caminho, ele pediu a um dos guardas que chamasse o médico e Shizune, e que não comentasse nada a ninguém. Eu afundei meu rosto em sua nuca e fechei os olhos, inalando o cheiro amadeirado do seu perfume que fez com que meu coração palpitasse. Eu o apertei com força, e só aí eu me dei conta de que ele realmente foi atrás de mim, Sasuke me salvou. Eu fiquei extremamente esperançosa, afinal, isso significa que ele se importava comigo, certo? Mas e se eu ainda fosse a antiga Sakura? Ele ainda iria me salvar?

Ouvi o barulho de uma maçaneta girando, e assim que eu levantei os olhos vi que já havíamos chegado no quarto de Sasuke. Ele fechou a porta atrás de nós e delicadamente se agachou na beira da cama para que eu conseguisse me sentar nela. Eu me desvencilhei dele e sentei-me na cama, por cima do manto, fazendo uma careta de dor. Sasuke pegou uma toalha e cobriu o meu corpo, deixando apenas as pernas aparentes.

– O que aconteceu, Sakura? – Ele perguntou, estava agachado, olhando para mim e examinando os ferimentos em meu corpo.

– Isso foi apenas o meu passado acertando as contas comigo. – Eu estiquei um pouco a minha perna machucada com dificuldade.

– O que quer dizer? – Ele ficou confuso.

– Você sabe... que eu não tinha uma boa reputação quando era mais nova... – Fiz uma breve pausa. – Eu prejudiquei uma pessoa naquela época, e agora ela veio me cobrar.

– Me diga quem é, que eu vou atrás dessa pessoa.

– Não! Eu não quero que você se envolva com as coisas do meu passado, e nem quero ficar relembrando isso... – Eu abaixei os olhos. – Afinal das contas, isso foi algo que eu mereci... acho que agora me deixarão em paz.

– Sakura... vai deixar saírem impune pelo o que fizeram com você? – Ele se levantou, andando de um lado para o outro com os braços cruzados, estava claramente irritado. – Não posso simplesmente deixar isso de lado, a partir do momento que você veio para cá é meu dever cuidar de você. Me diga exatamente o que aconteceu.

– Um rapaz... com roupas de criado me abordou, ele tinha o rosto coberto, mas vi que seus cabelos eram negros. Ele me apagou, e quando acordei já estava no meio da floresta com três garotas que escondiam o rosto com aquelas máscaras teatrais... Sasuke, eu não posso te dizer quem foi pois nem eu mesma tenho certeza! Nenhumas delas disse quem era!

– Você não tem nenhum palpite? – Ele perguntou, mas eu ainda estava insegura em dizer que provavelmente foi a Mei quem fez isso. Sasuke percebeu a minha hesitação. – Sakura, me dê apenas um nome, é tudo o que eu te peço. Deixe o resto comigo.

Eu brinquei com os dedos enquanto analisava se eu deveria realmente contar ou não. E sem olhar para ele, eu murmurei.

– Mei... Kajiwara.

– E as outras duas?

– Não faço ideia..., mas tem uma coisa... Mei disse que planejou isso com ajuda, ou seja, outra pessoa além dela estava envolvida...

– Eu vou descobrir quem foi. – Ele chiou.

– Sasuke, por favor! Vamos apenas dizer que eu caí em um barranco, sei lá! Eu não quero preocupar ninguém sem necessidade! – Eu tentei falar do jeito mais manso possível. – Já disse, foi só uma vingança do meu passado... Eu não sou mais assim, isso não vai acontecer novamente.

Eu tentei de todo o jeito deixá-lo mais calmo, mas não sei se fez algum efeito. Eu vi que ele estava preocupado e confesso que, no fundo, eu também estava. O que me perturbava era quem poderia estar por trás disso e se eles poderiam voltar a agir mais para frente. Se sim, isso significa que apenas usaram a Mei para me ferir de alguma forma. Sasuke veio até a minha direção e segurou o meu queixo com uma mão, levantando meu rosto para fitá-lo fixamente. Ele suspirou.

– Não se preocupe, apenas me promete que não vai mais andar sozinha. – Ele pediu, e eu concordei com a cabeça. – E a partir de agora, se alguém encostar sequer em um fio de cabelo seu, não posso garantir que essa pessoa sobreviva.

A sua última frase me pegou de surpresa. Eu pude sentir as borboletas no meu estômago e os batimentos acelerados do meu coração. Eu olhava profundamente em seus olhos, e ele devolvia o olhar com a mesma intensidade, me fazendo perceber que ele não estava mentindo. O som de uma batida na porta interrompeu o momento, e ele soltou meu queixo para abri-la. Os olhos de Shizune se arregalaram assim que ela me viu.

– Pelos deuses! Sakura, o que aconteceu com você? – Ela correu até mim, que ainda estava sentada na cama. Eu olhei de relance para Sasuke antes de responder, ele cochichava algo no ouvido do médico.

– E-Eu estava explorando o jardim quando tropecei e caí de um barranco. Foi uma queda e tanto! – Eu forcei uma risada. Estava realmente tudo bem se eu omitir o que aconteceu? Ao menos Sasuke parece ter aceitado deixar a verdadeira história apenas entre nós.

– Ora, garota... Você não pode andar sozinha assim! – Shizune me repreendeu, e vi Sasuke balançando a cabeça, concordando com ela.

– Me desculpe... – Eu falei baixinho.

– Senhorita Haruno. – O médico chamou minha atenção. – Vou examinar a sua perna, tudo bem? – Ele perguntou, e eu concordei.

O médico ergueu a minha perna, examinando o ferimento. Estava um pouco arroxeado e com um machucado na pele que já havia parado de sangrar. Ele movimentou o meu pé e constatou que estava normal. O meu problema era na panturrilha, onde a força dos golpes havia lesionado alguns músculos. No final, ele me indicou repouso por uns dias, e que assim eu me recuperaria normalmente. Quanto aos ferimentos na pele, era só passar uma pomada e enfaixar por um tempo. Por último, ele examinou o meu nariz, que felizmente não estava quebrado. O médico deixou com Shizune os remédios que ela deveria passar em todas as feridas e um rolo de bandagem. Logo, ele saiu do quarto, deixando apenas nós três ali.

– Alteza, se importa se usarmos o banheiro agora? Vou ajudá-la a tomar um banho. – Shizune perguntou.

– Não, fiquem à vontade. Eu vou falar com meu irmão enquanto isso. – Ele respondeu. Sasuke olhou de mim para Shizune, antes de sair do quarto em seguida. E eu tinha a certeza de que ele estava indo contar o que aconteceu comigo a Itachi. Suspirei, parece que minha tentativa de deixar isso passar foi em vão, e algo me dizia que Sasuke não iria pegar leve com Mei. Mas quer saber? Que se dane, eu não deveria me importar com ela, Mei fez sua escolha e ela sabia que teria consequências. Shizune foi até o banheiro preparar o meu banho e levar algumas roupas limpas para me trocar. Eu me levantei tirando o manto e a toalha do meu corpo e comecei a mancar até o banheiro, até que ela me viu.

– Deixa eu te ajudar. – Ela ficou do meu lado, eu joguei meu braço por cima da sua nuca e ela me segurou pela cintura, me levando até a banheira. Tirei minhas roupas íntimas e lentamente entrei na água morna, reclamando de dor assim que a água com sabão encostou em minhas feridas. Shizune esfregou meu corpo, tirando todo o barro e sangue que havia grudado em minha pele. O cabelo foi a parte mais difícil, estava completamente embolado e sujo. Tive que tomar banho duas vezes até ficar totalmente limpa. Após sair da banheira e me secar, Shizune pegou os remédios que o médico indicou e passou em todos os meus machucados. Eu me queixava toda a vez que sentia uma ardência causada pela pomada na minha pele. Tinha ferimentos espalhados nas duas pernas e nos dois braços, mas principalmente nos cotovelos e na lateral das coxas, por ter sido jogada diversas vezes no chão. Ela enfaixou cuidadosamente meus braços até o cotovelo, e as duas coxas e minha perna direita até o calcanhar. Eu estava me sentindo uma múmia da antiguidade.

Vesti minha camisola branca de manga curta e Shizune levou um tempo para desembaraçar os meus longos cabelos agora limpos. Eu me olhei no espelho, minha dignidade havia sido recuperada novamente. No meu rosto ainda havia uma marca levemente avermelhada e meu lábio inferior estava com um pequeno corte, mas nada que não fosse melhorar depois de uns dias. Shizune se pôs na minha frente, me avaliando, quando percebeu algo em mim.

– Sakura, o que é isso no seu pescoço? – Eu olhei pelo reflexo do espelho para onde ela estava apontando, havia me esquecido completamente da marca que Sasuke havia deixado em mim. Eu corei antes de responder.

– I-Isso foi... Sasuke fez isso em mim hoje de manhã... Saori disse que é uma marca de amor.

Shizune ficou estupefata.

– E você não me disse nada?! Marca de amor uma ova, isso é a marca da luxúria pura! – Ela olhava de mim para o meu pescoço.

– Eu ia contar! Mas acabou acontecendo isso tudo... – Eu segurei suas mãos, um pouco nervosa. – Eu acho que ele pode acabar fazendo isso de novo. O que eu faço, Shizune? E se ele quiser algo mais?

– Vocês vão casar daqui alguns meses, certo? Se ele quiser algo mais, recuse! Diz que a tradição é esperar até que estejam casados!

– Shizune, não era você quem estava super a favor de que eu dormisse aqui com o príncipe?

– Mas eu não achei que ele faria isso! Eu pensava que o príncipe fosse um homem tímido que não teria coragem de te tocar! – Ela começou a ficar ansiosa.

– Está mais para um lobo faminto em pele de cordeiro. – Eu disse, e Shizune arregalou os olhos mais ainda.

– Você não pode ficar sozinha com ele, Sakura! Venha dormir comigo hoje!

Eu comecei a rir da reação dela.

– Calma, Shizune, estou brincando! Sasuke sabe dos limites. Ele fez isso apenas para me provocar.

– Mas... mas... – Ela começou a se perder nas palavras.

– Fica tranquila, eu não vou fazer besteira.

Shizune me segurou pelos ombros, me fazendo olhar diretamente para ela.

– Sakura, nós descobrimos que ele te deseja de corpo, agora, será que ele te deseja de coração também? Você não pode se entregar antes de ter certeza disso, se por algum motivo ele pedir para o casamento ser anulado, como você ficaria, ein? Posso confiar na sua palavra?

Eu encarei o seu rosto e fiquei em silêncio por alguns segundos. Shizune tinha razão, mesmo que eu o amasse, eu tinha que ter certeza de que ele me amava da mesma forma, ou que ao menos não tem intenção de me descartar mais pra frente, isso pode ser ruim para mim no futuro. Eu tinha que me dar pelo menos um pouco de valor, e foi nesse momento que decidi que só iria me deitar com Sasuke Uchiha se ele disser que me ama.

– Pode confiar.

– Ótimo, assim fico um pouco mais tranquila. – Ela soltou o ar. – Agora vamos, vou te levar até a cama.

Eu lhe dei um sorriso fraco, e Shizune me ajudou a andar até a cama, onde acabei me sentando.

– Precisa de mais algo, Sakura? – Ela me perguntou.

– Não, pode ir descansar. Muito obrigada, Shizune.

Shizune se despediu com uma breve reverência e saiu do quarto. Eu fiquei ali, sozinha. Mas não por muito tempo, pois logo Sasuke voltou para o quarto novamente. Ele fixou os olhos nos meus membros enfaixados.

– Como está se sentindo? – Sua voz demonstrava uma certa preocupação.

– Bem melhor, agora que estou limpa. – Eu sorri, para descontrair um pouco. Ele parecia incrédulo que eu esteja sorrindo mesmo nessa situação.

– Eu vou tomar um banho, pode se deitar primeiro para descansar melhor, se quiser.

– Tudo bem, obrigada.

Sasuke deu um leve sorriso antes de ir em direção ao banheiro. Ouvi o som da água saindo da torneira. Eu não estava com muito sono, então decidi esperar que ele terminasse o banho dele para agradecê-lo apropriadamente por ter me tirado daquela situação. Me levantei da cama, e com muito esforço consegui ir sozinha até o parapeito da varanda. O frio não incomodava tanto, já que ali não estava batendo muito vento. Olhei para a lua que iluminava o céu e fiquei pensando sobre o dia de hoje. E se todas as pessoas que tivessem algo contra mim no passado resolvessem devolver na mesma moeda? Seria improvável de acontecer, mas se acontecesse eu estaria muito ferrada. Eu comecei a rir de mim mesma. Parabéns Sakura, é isso que dá você ser uma adolescente estúpida e escrota, acho que é isso que as pessoas querem dizer quando falam que uma hora o karma vem para todos. Eu fiquei um tempo perdida nos meus pensamentos, quando senti alguém me abraçar delicadamente por trás. Ele inspirou o aroma que vinha dos meus cabelos e meu corpo estremeceu, senti minhas bochechas esquentarem na mesma hora. Muito perto!

Eu me virei de frente para ele, Sasuke continuava me abraçando pela cintura. Seu rosto estava ruborizado e ele exalava um cheiro que eu conhecia bem: vinho. Sasuke andou bebendo de novo? O que está acontecendo para ele beber assim, toda noite? Ele afastou o meu cabelo do pescoço, fazendo uma careta logo em seguida.

– O que é isso? – Ele passou a ponta do dedo delicadamente na pequena marca arroxeada. Será que todo mundo vai me perguntar isso agora?

– Isso, Alteza, foi culpa sua.

– Minha?! – Ele abriu os olhos, parecendo perplexo, e eu tive que me segurar para não cair na risada.

– Exatamente, você fez isso hoje de manhã. Por sua causa tive que usar maquiagem e esconder o pescoço. – Eu tentei parecer o mais aborrecida possível.

Inesperadamente, ele fez uma cara de choro.

– S-Sakura... me perdoe, eu falhei com você... eu sou péssimo... – Sasuke cobriu parcialmente seu rosto com uma de suas mãos. - Eu... eu realmente não mereço ficar ao seu lado.

Espera aí, ele realmente quer chorar por isso? Eu comecei a rir baixinho.

– Do que está rindo, Sakura? Isso é sério!

Eu tentei ao máximo parar de rir, mas essa cena dele estava sendo muito engraçada. Desde quando ele fica tão dramático quando bebe? Eu limpei a garganta antes de falar.

– Mas que ideia é essa? – Eu peguei em sua mão, tirando-a delicadamente do seu rosto, ele estava com os olhos marejados. – Você não é péssimo!

– Eu sou sim... – Ele fungou. – Eu te machuquei... e se eu tivesse te encontrando um pouco mais cedo... – Sasuke tocou com cuidado o corte em meus lábios. – ... Isso não teria acontecido.

Então não é só pela marca que ele se sente mal... Até sendo dramático ele consegue ser fofo!

– Sasuke... – O toque da sua pele em meus lábios me deixou desconcertada por um momento, eu senti minhas pernas ficarem fracas. – Primeiro que você não me machucou... e segundo que você me salvou, se não fosse por você só os deuses sabem quando elas iriam me deixar ir... muito obrigada. – Eu acariciei o seu rosto, e ele fechou os olhos, deitando ligeiramente a cabeça sobre minha mão, como um filhotinho em busca de um afago. Eu sorri.

– E sabe... – Eu continuei. – No fundo, eu meio que... gostei da marca que você deixou... Saori me disse que isso significa que eu sou sua... – Desviei meu olhar, um pouco sem graça de ter falado isso.

Ele abriu os olhos, sua expressão agora já não era mais de choro. Ele segurou novamente a minha cintura com força, me pressionando contra o parapeito da varanda. Minha mão que estava em seu rosto agora segurava seu ombro.

– E ela tem razão... – Ele respondeu, com uma voz incrivelmente sedutora, fazendo meu coração acelerar. – Devo marcar o outro lado também?

Eu não consegui protestar contra, pois logo em seguida, ele se aproximou lentamente do meu pescoço, dando um beijo bem em cima da marca que ele havia deixado. Depois, ele foi em direção ao lado oposto, dando uma atenção maior daquele lado. Apesar de ele acabar de me dizer sobre a sua vontade de me marcar novamente, percebi que ele estava se contendo. Eram beijos bem suaves e delicados, bem diferentes dos que ele havia dado hoje pela manhã, ele estava sendo cuidadoso para não deixar outra marca, ao menos não agora. Uma de suas mãos subiu para a minha nuca, enquanto a outra apertava minha cintura. Eu comecei a sentir um calor inexplicável subindo pelo meu corpo. Minhas mãos agora estavam contra o seu peito, e meu rosto estava virado para o lado oposto de onde ele estava me beijando, minha expressão era de completa vergonha, mas eu não conseguia mexer um músculo para sair daquela situação. Sasuke tinha um poder muito grande e inexplicável sobre mim.

– S-Sasuke, p-por que está fazendo isso? – Eu consegui perguntar, com o pouco de forças que eu ainda tinha. Ele cessou os beijos e sussurrou no meu ouvido.

– Eu já não te disse que você fica linda quando está envergonhada? – Ele sorriu com o canto dos lábios, voltando sua atenção para o meu pescoço novamente.

E agora? Como vou sair dessa situação? Eu não sei se vou conseguir resistir muito tempo se ele continuar com isso. Por que eu não consigo reagir? Talvez seja porque eu não quero reagir? Vamos, Sakura! Lembre-se do que Shizune te falou mais cedo!

Só tinha uma coisa que eu poderia fazer naquele momento.

– E-Espera! Olhe para mim. – Eu pedi, e com certa relutância ele se afastou um pouco e me olhou nos olhos. Estávamos próximos demais, seus olhos negros mostraram o quanto ele estava sendo intenso.

Eu respirei fundo, criando coragem para realizar meu próximo movimento. E então eu fiz a primeira coisa que me veio na mente, eu segurei seu rosto e o puxei de uma vez para mim, fechando os olhos segundos antes de nossos lábios se unirem em um beijo, um selinho, que durou longos segundos.

Quando nossos lábios se afastaram, eu percebi que meu plano havia dado certo. Sasuke estava imóvel, com os olhos arregalados e seu rosto mais vermelho do que nunca. Ele gostava de me provocar, então eu iria provocá-lo de volta, mas eu sabia que ele acabaria ficando tímido demais para reagir, e só assim eu conseguiria pará-lo.

Ele piscou várias vezes, estático, como se não soubesse o que tinha acabado de acontecer e nem o que fazer em seguida. Será que eu exagerei um pouco? Foi só quando eu chamei seu nome, que ele acordou do transe. Ele deu um passo para trás e imediatamente virou-se de costas para mim, para que eu não visse sua expressão enrubescida. Ele realmente fica tão envergonhado assim quando eu tomo a iniciativa?

– E-E-Eu preciso dormir, j-já está tarde. – Foi só o que ele disse, antes de sair correndo para dentro do quarto, apagar as luzes e se enfiar em baixo das cobertas no seu fino colchão. Eu comecei a rir da sua reação exagerada. Se continuar assim, eu nunca poderei lhe dar um beijo sem que ele tenha um colapso!

Eu voltei para a cama, os remédios para dor já estavam fazendo um bom efeito e consegui andar sem muita dificuldade. Eu não conseguia parar de sorrir em baixo dos lençóis, e toda a euforia que eu sentia no meu peito não me deixava pregar os olhos. Eu não acredito que eu realmente o beijei! Quer dizer, foi mais um selinho, mas posso considerar esse como o nosso primeiro beijo? Ahh eu estou tão radiante que eu poderia gritar de emoção aqui mesmo!

Algum tempo se passou, e eu ainda não tinha nem um pingo de sono, pois ficava repassando as imagens na minha cabeça. Virei de um lado para o outro, mas nenhuma posição era boa o bastante. Levantei a cabeça rapidamente para espiá-lo, ele ainda estava completamente coberto e na mesma posição, de costas para mim. Será que ele dormiu? Eu me perguntei. Me dei conta de que não iria conseguir dormir bem essa noite, não somente por causa do que aconteceu, mas porque algo ali estava faltando. Ele estava faltando, e o medo de dormir sozinha e ter outro pesadelo me assombrou novamente.

Levantei-me, tentando não fazer barulho. Fui andando devagar até onde ele estava e lentamente, me deitei atrás dele, abraçando-o por trás. Sasuke levou um pequeno susto quando se deu conta de que eu estava ali. Ele tirou a coberta do seu rosto e se virou, ficando de frente para mim.

– Sakura, o que está fazendo aqui? – Ele perguntou em voz baixa, um pouco surpreso.

– Não consigo dormir... – Eu respondi, no mesmo tom.

– O que houve? Está com medo?

– Sim...

– Vem, não é bom para você dormir no chão. – Sasuke se levantou, e eu fui fazer o mesmo, colocando força na minha perna que estava boa. Antes que eu me levantasse por completo, ele me pegou no colo, me colocando suavemente sobre a cama.

– Mas... eu não estou conseguindo dormir aqui... – Eu murmurei baixinho.

– Eu vou dormir com você, tudo bem? – Ele pediu minha permissão.

Eu assenti com a cabeça e ele se deitou ao meu lado, eu instintivamente me aninhei em seu peito e o abracei. Ele me abraçou de volta, passando uma mão pelos meus cabelos enquanto a outra me segurava firmemente. Sasuke me deu um beijo na cabeça, e percebi que aquele era um dos melhores momento de toda a minha vida. Eu me sentia quentinha e protegida. Não sei quantas vezes me imaginei desse mesmo jeito, dormindo abraçada com ele todas as noites. E felizmente, isso se concretizou por duas noites seguidas. Eu queria que fosse assim para sempre, mas apenas duas noites já me deixaram transbordando de alegria. Eu só queria saber como vou fazer para voltar a dormir outra vez no meu quarto, sem a companhia dele, mas isso é algo para se pensar depois. No momento, tudo o que eu quero é aproveitar estar com ele.

E como se fosse mágica, ele conseguiu anular tudo de ruim que aconteceu comigo durante o dia, e não demorou muito para que eu logo caísse no sono, dormindo feito um anjo. 

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Um capítulo mais fofinho pra aquecer o coração 💖
Mas prevejo que logo as coisas entre os dois vão esquentar 🔥🔥

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