- Gostou do seu quarto Laila? - Izan pergunta.

- Eu amei. - Ela diz animada.

Depois de alguns dias de espera, enfim recebemos a notícia de que Laila agora é nossa filha. Fiquei tão agitada durante esse tempo, e com medo de que desse algo errado, mas graças a Deus tudo deu certo.

- Se quiser mudar alguma coisa é só falar. - Me sento na beirada da cama.

- Não precisa mudar nada, está lindo. - Ela continua olhando em volta.

- Vai usar esse quarto apenas quando virmos para Nova York. - Izan se senta ao meu lado.

Em breve voltaremos para o Havaí, mas Izan quis decorar o quarto da Laila mesmo que não vamos morar no apartamento, porque achou que ela ficaria feliz.

Olhando para sua animação e alegria nesse momento, acho que ele fez algo muito bom.

- Vamos embora? - Laila pergunta.

- Sim. - Confirmo com a cabeça.

- Mas eu gostei tanto desse quarto. - Ela olha em volta triste.

- Vai gostar ainda mais do que está te esperando na ilha. - Falo.

- Será mais bonito que esse?! Vamos morar em uma ilha?! - Agora ela parece animada de novo.

- Vai ser mais bonito querida. - Izan fala. - E sim, vamos morar em uma ilha.

Laila corre até nós, e quando se aproxima beija meu rosto e faz o mesmo com Izan logo em seguida.

- Obrigada por terem me adotado.

- Não precisa agradecer. - Passo a mão por seus cabelos.

- Na verdade eu tenho que te agradecer por ter me dado a chance de cuidar de você Laila. - Izan pega sua mão.

Ela parece triste de repente e abaixa a cabeça, então pergunto:

- Por que está triste?

- Ouvi dizer que o tio Izan se machucou enquanto tentava salvar minha mamãe.

- Onde ouviu isso? - Izan pergunta.

- Escutei algumas pessoas conversando no orfanato. - Ela fala. - Elas estavam falando a verdade?

Izan me olha assustado procurando por uma saída, mas acho que o melhor é ser sincero com Laila, ela é uma criança esperta, então não seria uma coisa boa começar nossa relação com mentiras.

- Conte a verdade Izan. - Falo.

- Ok. - Ele diz apenas.

Izan se distância um pouco de mim e coloca Laila sentado no meio de nós dois e segura sua mão entre as suas.

- Sobre o que você ouviu é verdade Laila. - Izan fala. - Naquele dia eu consegui salvar você, mas infelizmente não consegui salvar sua mãe. Me perdoe por não ter sido capaz de ajudá-la.

- Você tentou? - Ela pergunta.

- Sim. - Izan confirma com a cabeça.

- Então não tem nenhum motivo para me pedir perdão.

- Talvez se eu tivesse tentado mais...

- Não pense dessa forma Izan. - O corto. - Se tivesse a negligenciado poderia se sentir culpado, mas as marcas que carrega em seu corpo prova que fez tudo o que podia para salvá-la.

- Você não tem culpa tio Izan. - Laila fala.

- Obrigado pequena. - Ele sorri fraco.

Com toda certeza a mãe da Laila faria a mesma escolha novamente se pudesse manter a filha em segurança, então Izan nunca teve e não tem o porque se sentir culpado.

Acho que ela percebeu que ele não poderia salvar as duas de uma vez. Entre todos morrerem na casa em chamas, ela preferiu que Izan protegesse a filha ao invés dela.

Toda mãe que se preze faria a mesma escolha. Espero que eu nunca tenha que passar por isso, mas de uma coisa tenho total certeza, daria minha própria vida para proteger um filho meu sem pensar duas vezes.

- Eu sei que jamais poderemos preencher o vazio da perda da sua mãe, mas faremos o possível para que você tenha uma família e seja amada.

- Você promete? - Laila me olha com os olhos marejados de lágrimas. - Promete que não vai me devolver para o orfanato como aconteceu com outras crianças?

- Eu prometo. - A abraço. - De agora em diante espero que me aceite como sua mãe.

- Você sempre poderá contar com nós dois Laila. - Izan fala.

- E se me deixarem? - Ela pergunta. - E se morrerem igual minha mãe?

- Não podemos prever o que vai acontecer futuramente, mas enquanto eu tiver a chance de estar ao seu lado, te amarei e te protegerei. - Beijo o topo da sua cabeça.

É normal que Laila esteja apreensiva sobre o que poderá acontecer ou se vai ser devolvida para o orfanato, mas Izan e eu mostraremos para ela que de agora em diante seremos uma família, e não temos nenhuma intenção de abandoná-la.

Laila é uma garota corajosa, e apesar de ter pedido a mãe tão cedo, ela demonstra ser uma menina forte. A dor da perda de alguém que se ama é um sentimento que jamais poderá ser apagado, mas se ficar lembrando a ela sobre a morte da mãe só vai deixá-la ainda mais triste.

- Tudo o que precisa saber é que de agora em diante seremos uma família, e faremos o possível para que seja feliz ok? - Izan aperta sua bochecha.

- Ok tio Izan.

- Quando se sentir confortável me chame de pai. - Ele sorri abertamente. - Mas não se sinta precionada, faça isso apenas quando quiser.

- Está bem. - Ela também sorri.

Tudo está muito recente, então é aceitável que Laila ainda não esteja pronta para me chamar de mãe ou Izan de pai.

Se passar algum tempo e ela nunca se acostumar com isso por mim não tem problema algum, o mais importante é que podemos fazê-la feliz, e para mim isso é o que realmente importa tanto agora como no futuro.

- Quer me ajudar a fazer alguns Cookies? - Mudo de assunto.

- Posso? - Laila pergunta animada.

- Claro que sim. - Bagunço seus cabelos.

- Então eu quero. - Ela se levanta rapidamente.

Laila pega minha mão, e a mão e Izan e nos puxa em direção à porta assim que levantamos.

Izan olha para mim com um sorriso feliz nos lábios enquanto caminhamos juntos até a cozinha. Estou tão feliz quanto ele, e é bem visível para qualquer um.

Depois de muito tempo esperando enfim tenho a família que tanto desejava, mas ainda é apenas o começo, ainda quero ter uma casa cheia e barulhenta, e então meu sonho estará realizado completamente.

- Quer nos ajudar tio? - Laila pergunta para Izan.

- Eu prefiro comer os que vocês preparem, não sou muito bom cozinheiro.

Eu também não sou, mas tive algumas aulas com Susan. Só espero não ser uma péssima aluna para não decepcioná-la.

- Pegue os aventais enquanto eu pego os ingredientes. - Peço para Izan.

- Sim senhora.

Abro o armário e pego tudo o que vou precisar e coloco sobre a bancada, enquanto Izan coloca o avental em Laila. Ele se volta para mim, e também coloca-o em mim, em seguida me dá um rápido beijo nos lábios.

- Obrigada amor. - Agradeço.

- Pague o favor fazendo cookies deliciosos. - Ele pisca para mim.

- Prometo que vou tentar. - Também pisco para ele.

Izan caminha até a mesa e puxa uma das cadeiras, se senta e fica nos observando em silêncio.

- Pronta? - Pergunto para Laila.

- Sim. - Ela acena com a cabeça em concordância.

Laila parece tão feliz, que me sinto orgulhosa de mim mesma por estar colocando um sorriso no seu rosto com algo tão simples como cozinhar juntas.

🌻

- Esse filme é de criança. - Laila reclama.

- Você é criança. - Izan retruca.

- Sim, mas não precisa colocar um filme tão infantil.

- Laila tem razão, esse filme é para bebê. - Começo a rir.

Izan ficou incumbido de escolher um filme para assistirmos enquanto assam os Cookies que eu e Laila fizemos, mas ele está enrolando faz tempo e até agora não escolheu nenhum filme que vale a pena assistir.

- Vocês duas não entendem de filmes.

- E você entende Izan? - Pergunto.

- Mas é claro. - Ele fala todo orgulhoso de si.

Laila se levanta, em seguida olha para mim e pergunta:

- Não está sentido cheiro de queimado?

- Os cookies! - Grito.

Me levanto rapidamente e corro em direção a cozinha, e assim que paro em frente ao forno o abro, e uma nuvem de fumaça invade a cozinha.

- Eu acho que dessa vez não vamos comer cookies. - Izan começa a rir.

- Por que não me lembrou? - Lhe dou um tapa no braço.

- Eu também não me lembrei.

- Que droga. - Murmuro baixinho.

Estão todos queimados, e se alguém for corajoso o suficiente para comer algum é perigo ir parar no hospital.

- Sinto tanta falta da Susan. - Suspiro alto.

- Eu também. - Izan também suspira.

- Está tentando dizer que minha comida é ruim Izan? - Semicerro os olhos.

- Bem... não estou dizendo que é ruim, mas também não é das melhores.

- Só vai se livrar de levar uns tapas porque tem toda razão. - Aponto o dedo em sua direção.

Izan caminha para mais perto da Laila, se abaixa ao seu lado e pergunta:

- Que tal pedirmos Pizza antes que Becca coloque fogo no apartamento?

- Ei! - Corro em sua direção.

Izan se levanta rapidamente, pega a mão da Laila e começa a correr em volta da mesa com ela ao seu lado.

- Está morto se eu te pagar Izan! - Continuo correndo atrás deles.

- Pare Becca, já estamos cansados. - Izan começa a rir ofegante.

- Não fique brava com o tio. - Laila pede.

- Se é o que deseja então não ficarei. - Sorrio abertamente.

Caminho até eles e pego sua mão, em seguida caminhamos lado a lado em direção a sala como uma família feliz.

- Vamos pedir uma Pizza antes que eu coloque fogo no apartamento. - Sorrio abertamente.