Capítulo 11

- Você está louco?! - Pergunto assim que abro a porta.

Izan estava tentando se levantar sozinho, mas assim que escuta minha voz ele para.

Corro até ele e tento ajudá-lo pegando em sua mão, mas ele me empurra com força.

- Não toque em mim.

- Está louco Izan? Como pode tentar se levantar sozinho? Por quê não me chamou?

- Eu não preciso da já ajuda. - Ele retruca com irritação.

Me distancio um pouco, enquanto o observo tentando se levantar sozinho.

- Me deixe ajudá-lo. - Peço.

- Você é surda? Já falei que não preciso da sua ajuda, então saia do meu quarto.

Ele faz várias caretas de dor, mas mesmo assim é tão orgulhoso que não pede minha ajuda.

- Merda. - Ele pragueja.

Minha vontade é de ir até ele é ajudá-lo, mas Izan não iria permitir minha aproximação, então estou o observando de longe.

Depois de tentar por um tempo, parece que ele desistiu de se levantar sozinho, mas continua inquieto, então pergunto:

- Agora precisa da minha ajuda?

- Preciso ir ao banheiro. - Ele resmunga baixinho.

- O quê? - Finjo não entender. - Falo mais alto eu não ouvi o que disse.

- Eu... eu... - Ele bufa frustrado.

- Fale de uma vez Izan. - Reviro os olhos.

- Preciso ir ao banheiro. - Ele fala alto.

Caminho para mais perto da cama, pego o lençol que está sobre seu corpo, mas ele não deixa eu tirá-lo.

- Solte-o. - Peço.

- Não.

- Não me diga que está com vergonha? - Reviro os olhos. - Eu já te disse que sou uma profissional, então não precisa se sentir envergonhado, já estou acostumada ver pacientes nú...

- Eu já disse que não estou envergonhado. - Ele retruca com irritação.

- Não sei porque tanto drama. - Resmungo baixinho. - Já vi tudo, então não sei porque está...

- Eu posso ouvir tudo o que está resmungando Becca.

- Desculpe. - Peço.

Já vi tudo que tinha para ver quando limpei seu corpo antes, então não sei o porque ele está se fazendo de recatado nesse momento.

Tento puxar o lençol novamente, e dessa vez ele não me interrompe, mas não me olha em momento algum.

- Segure. - Estendo minha mão para ele.

Izan olha para mim, em seguida olha para minha mão, e repete isso diversas vezes. Depois de um tempo ele enfim pega minha mão, mas sua feição indica que ele não está nem um pouco feliz por estar recebendo minha ajuda.

- Consegue se sentar? - Pergunto.

- Acho que sim. - Ele fala.

Seus glúteos também foram feridos, mas já estão quase curados, então provavelmente Izan não sentirá dor ao se sentar.

- Com calma. - Peço. - Se sentir dor me diga.

- Espere um segundo. - Ele pede.

Izan faz uma careta de dor, em seguida suspira alto e recomeça a se levantar novamente.

- O que você quer fazer Izan? - Pergunto. - Quer urinar? Ou defecar?

- Urinar. - Ele responde entredentes.

- Se quiser posso pegar uma garrafinha ou algo para não precisar se esforçar muito.

- Eu não vou mijar em uma garrafinha! - Ele berra.

- Está bem, está bem. - Reviro os olhos.

Quem vai sentir dor vai ser ele, então faça o que quiser.

🌻

Depois de quase meia hora, enfim entramos no banheiro, então pergunto:

- Quer minha ajuda?

- Eu consigo fazer isso sozinho, não preciso da sua ajuda. - Izan retruca.

- Vou estar do lado de fora, qualquer coisa me chame.

Izan não diz nada, mas já sei que ele está irritado por estar dependendo de mim, então saio do banheiro e fecho a porta.

Ando em direção a cama e tiro os lençóis sujos para colocar outros limpos, em seguida caminho em direção a uma cômoda e pego tudo o que vou precisar.

Assim que termino de arrumar a cama, caminho até o banheiro novamente e abro a porta lentamente.

Izan está parado observando seu reflexo em frente ao espelho. Ele parece abalado com o que vê, e tenho que assumir que começo a sentir pena dele novamente.

- Izan...

- Me deixe sozinho. - Ele pede.

Dessa vez ele não tenta me expulsar aos gritos, mas sim me pede com a voz embargada.

- Vamos voltar para a cama. - Pego sua mão.

Izan se liberta do meu toque, em seguida começa a passar a mão por seus ferimentos lentamente.

- Você acha que me pareço com um monstro Becca? - Izan pergunta.

- Como pode dizer isso? É claro que eu não penso dessa forma.

- Mas na verdade é o que me tornei. - Ele sorri triste.

- Vamos voltar para a cama Izan. - Peço novamente.

- Não. - Ele nega com a cabeça. - Preciso me acostumar com o meu novo eu.

- Não precisa. - Digo. - Existem cirurgias plásticas que ajudam...

- Acha que algumas cirurgias fará eu parecer com o antigo Izan? - Ele pergunta.

Com toda certeza Izan não terá a aparência do passado nunca mais, mas pode amenizar um pouco suas cicatrizes.

- Não pense nisso agora. - Falo. - Foque na sua recuperação, então depois pense...

- Quem em sã consciência ficaria ao meu lado com essa aparência? - Izan continua se olhando e me ignora.

- A mulher que te amar verdadeiramente não vai se importar com isso Izan.

Ele é mais assustador na sua forma de agir e de falar, do que sua aparência.  Izan nem ao menos muda seu comportamento, então com toda certeza assustaria qualquer um que chegar perto.

- Essa mulher não existe.

- É claro que sim. - Digo. - Óbvio que tem mulheres que só se importa com a aparência física, mas ainda existe excessões.

- Você acredita demais na moral das pessoas. - Ele sorri irônico. - Provavelmente é porque nunca foi decepcionada.

- Está enganando. - Nego com a cabeça. - Eu fui enganada uma vez, mas isso não me fez desacreditar das pessoas.

Estava prestes a me casar e descobri que meu noivo estava me traindo. Óbvio que fiquei extremamente abalada, mas não coloquei a culpa em todas as pessoas apenas porque ele me magoou.

Meu ex-noivo não prestava, mas isso não quer dizer que todos os homens são iguais ele. Sempre haverá pessoas boas e pessoas ruins, isso é um fato.

Existem mulheres e homens bons, mas também os desprezíveis, então não posso achar que todos são assim apenas porque tive uma decepção na minha vida por causa de apenas uma pessoa.

Apesar de ser traída, ainda acredito que algum dia irei encontrar um homem que vai me valorizar e me amar como eu mereço. Enquanto sofria, decidi não perder as esperanças na humanidade, e com toda certeza foi a melhor escolha que fiz na minha vida.

- Algum dia aparecerá a mulher que vai se importar com o que está aqui. - Coloco a mão no seu peito. - E não vai ligar se seu corpo carrega algumas cicatrizes.

Provavelmente haverá mulheres que vai olhar para sua aparência no momento, mas também haverá aquela que vai amá-lo com deformidade em seu corpo.

- Você é mais idiota do que eu pensei. - Ele fala. - Ou talvez seja inocente demais.

- Por que pensa dessa forma?

- Porque não existe uma mulher tão compreensível como está dizendo.

- Você escutou o que eu te falei Izan? - Pergunto. - Vai julgar o resto das pessoas apenas porque uma te decepcionou?

- Você não vai me fazer mudar de ideia. - Ele fala. - Então pare de perder seu tempo.

Izan está tão desacreditado no amor e na vida, e provavelmente isso tem haver com a tal de Jenie. Ela deve ter o magoado demais, para ele ficar dessa forma.

Susan fala que Izan era um homem incrível no passado, então ele começou a ficar rabugento depois do acidente. Posso estar enganada, mas Jenie deve ter o largado, e esse foi um dos motivos para sua mudança para pior

- Se você fosse meu namorado eu não me importaria nem um pouco com sua aparência atual. - Tapo minha boca quando percebo o que acabei de dizer.

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