Capítulo 10

- Quem é Jenie? - Pergunto na esperança de ter repostas.

Susan se cala, abaixa a cabeça por um tempo, e quando olha para mim novamente fala:

- Não posso te contar Becca.

- Eu entendo. - Sorrio fraco.

- Eu não tenho o direito de falar sobre a vida privada do Izan. - Ela diz. - Provavelmente vai descobrir em breve, mas quando isso acontecer, será ele a pessoa que vai te contar.

Acho meio difícil Izan confiar em mim a ponto de falar sobre sua vida particular, mas a esperança é a última que morre.

Espero que ele possa enxergar em mim uma boa amiga, e para com essa guerra sem sentido.

- Me perdoe. - Susan pede.

- Pelo quê?

- Por não te contar...

- Não precisa pedir perdão por isso Susan. - Pego sua mão e aperta de leve. - Você está certa em se manter em silêncio.

Se Susan acabasse me contando sobre essa mulher, e Izan descobrisse, com toda certeza iria tratá-la mal novamente. Não posso prejudicá-la, apenas para matar minha curiosidade.

- Estou curiosa com algo. - Ela fala.

- Com o quê? - Pergunto.

- Como soube da Jenie? Onde ouviu esse nome?

- Izan chamou por ela enquanto dormia. - Explico.

- Izan deveria esquecer o passado... - Susan se cala quando percebe que começa a falar demais.

Pela cara de tristeza enquanto chamava por Jenie, e olhando para Susan nesse momento também triste, tenho ainda mais certeza que Izan deve ter sofrido com uma desilusão amorosa.

Apesar de estar extremamente curiosa, não irei perguntar para Susan novamente, e se por acaso eu descobrir enquanto estou na ilha, será porque Izan irá me contar, mesmo achando isso bem pouco provável.

- Obrigada por ter passado à noite toda ao lado dele. - Susan sorri abertamente.

- Mas... como...

- Sempre me levanto pelo menos umas duas vezes durante a noite para ver como Izan está, então vi vocês dormindo juntos. - Ela explica.

- Ele segurou minha mão. - Falo sem graça. - Não pense que...

- Não se preocupe. - Ela me corta. - Eu sei que você não teve segundas intenções.

- Izan acha que sim. - Cemicerro os olhos.

Cuidei dele na maior parte da noite, mas o mal agradecido só soube reclamar, e me ofender.

- Izan sabe ser um idiota às vezes.

- Não acredito. - Levo as mãos ao peito dramaticamente.

- Não acredita no quê? - Susan pergunta.

- Você chamou Izan de idiota ou eu ainda estou dormindo?

- Eu suporto suas grosserias porque me importo com ele, mas isso não quer dizer que eu não saiba que ele se tornou um imbecil. - Susan suspira alto. - Tenho medo que eu e Alvin estejamos tendo esperanças em vão, e Izan jamais volte a ser como antes.

Eu não acredito nessa mudança, mas não falo nada para Susan para não magoá-la ainda mais.

- Se você ainda acredita que isso possa acontecer algum dia não desista dele. - Falo. - Mas se perceber que ele jamais irá mudar, siga sua vida sem olhar para trás. Você não tem a obrigação de aguentar humilhações pelo resto da sua vida apenas porque ele te ajudou no passado, tenho certeza que você já trabalhou o suficiente para pagar pela ajuda de Izan.

Até mesmo agora quando nem sua família está por perto, Susan e Alvin continuam ao seu lado, mas Izan é cego demais para perceber isso. É tão mal agradecido, e mandão, e nem ao menos agradece os dois por permanecerem cuidando dele e continua maltratando-os.

- Obrigada por suas palavras de incentivo. - Susan pega minha mão e aperta de leve.

- Não precisa agradecer. - Sorrio abertamente. - Sempre que precisar conversar, é só me chamar.

- O mesmo serve para você. - Susan dá um tapinha na minha mão. - Não deve ter sido fácil para você largar sua vida em Nova York para ter que viver em uma ilha isolada.

- O problema aqui não é ficar em uma ilha, mas sim meu paciente. - Cochicho para ela.

Está certo que não estou acostumada com tanta tranquilidade, mas se Izan fosse um homem fácil de lidar, minha estadia seria prazerosa com toda certeza.

- Tenho certeza que você será capaz de mudá-lo com o tempo.

- Espero que você tenha razão. - Suspiro alto.

Ou eu serei capaz de mudar Izan para melhor, ou ele irá me mudar para pior, mas espero que no final das contas eu tenha um pouco de paz, e possa desfrutar da ilha pelo menos um pouco.

🌻

- Como está sendo sua estadia na ilha? Izan é realmente um paciente horrível? Você está sofrendo muito não está? Está se alimentando direito?

- Uma pergunta por vez Julia. - Sorrio abertamente.

- Ela está preocupada com você! - Escuto Angel gritar.

- Respondendo as perguntas me lembro... - Paro um pouco para pensar. -  Ainda não tive tempo de sair de casa, e Izan é muito pior do que nos falaram.

- Sério? - Julie pergunta.

- Seríssimo.

Ouvi alguns relatos dos outros enfermeiros, e eles não viram nem 1% do que Izan é capaz de fazer. Talvez ele me maltrade ainda mais do que os outros, porque tenho coragem de enfrentá-lo.

- Por que não desiste e vem embora? - Angel pergunta.

- De maneira alguma. - Digo com convicção. - Ele vai ter que me aguentar até estar totalmente curado.

- E se no final das contas você acabar com sua saúde mental...

- Não se preocupem comigo. - Corto Angel. - Até hoje nunca fugi de uma guerra, e dessa vez não vai ser diferente.

Eu estava decidida a aguentar Izan me humilhar porque sou apenas uma empregada, mas mudei de ideia depois de pensar um pouco.

Se eu deixar ele me maltratar, ele acabará se acostumando, então de agora em diante irei rebater todas suas grosserias.

Se ele quiser reclamar com Jamily e pedir para ela me demitir eu não me importo, mas eu não vou aguentar tudo calada como Susan e Alvin aguentam.

Izan irá me odiar ainda mais, mas não estou preocupada se ele vai gostar de mim ou não, e sim que seus ferimentos se curem o mais depressa possível.

- Me passe o telefone Julia. - Angel pede.

- Ok. - Julia diz apenas.

- Já estava me esquecendo de te falar que conversei com Heitor. - Angel fala. - Ele não sabia sobre os planos da Jamily, e pediu para eu te pedir perdão.

- Ele não tem culpa de ter filhos desprezíveis. - Faço uma careta.

- Ele me pediu para te falar que ele vai te apoiar em todas as decisões que tomar em relação ao filho, então pode usar a tática que quiser para ajudá-lo.

Fico feliz por saber que Heitor confia em mim, mas espero que eu seja capaz de retribuir essa confiança ajudando seu filho a se curar.

Heitor deve ter ficado bravo com Jamily, mas ao mesmo tempo deve ter ficado aliviado, porque ele me conhece bem o suficiente para saber que se for preciso irei obrigar Izan a receber o devido tratamento.

- Preciso desligar meninas. - Falo ao olhar o relógio sobre meu pulso. - Já está quase na hora de dar remédio para o ogrinho.

- Não se esqueça de nos dar notícias de vez em quando. - Angel pede.

- Ok. - Digo apenas.

- E não se esqueça, se for difícil de aguentar, venha embora. - Julia diz.

- Não se preocupem. - Peço. - Ligarei para vocês em breve.

Conversamos por mais alguns segundos, então finalizo a ligação e coloco o telefone no gancho novamente.

Me levanto da cama, caminho em direção a porta do quarto e a abro, e vou direto para o quarto de Izan.

- Você está louco?! - Pergunto assim que abro a porta.

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