🔥X: CAOS - O jantar da Rainha🔥

Nota inicial;

Boa leitura...♡

A música suave e humana começou a tocar, ecoar pelas paredes de pedra do castelo a poucos minutos para a hora do jantar. Um criado veio lhe ajudar a se vestir, e mesmo contra os protestos, ele puxou o manto que Caos deveria usar, e lhe ajudou. As roupas não eram exatamente do gosto e estilo de Caos, mas mesmo assim vestiu-as, agradecendo ao criado quando ficou pronto. O rei se olhou no imenso espelho redondo na parede e suspirou. Os cabelos dourados como o sol caíam, deslizavam, como cascata pelo manto de pele branco e preto que fora colocado sobre seus ombros. Abaixo do manto, Caos vestia um gibão de couro, pintado de azul e prateado – as cores de Marae, as cores dali, e ele as estava usando. Debruado de linhas de prata, o gibão vestia por cima de uma blusa de mangas compridas, simples. Calças de couro fervido, escuras como a noite, e um par de botas azul com fivelas de ouro. A barba, recém-aparada, brilhava banhada a óleo de macadâmia e o rosto dele parecia mais corado, resultado da viagem de barco até ali, e depois, de horas caminhando sob sol forte.

A coxa estava boa. Não parecia, nem de longe, que havia sido ferido a apenas um dia antes. A boca dele secou, não parou de pensar em o que Alyna lhe dera que o fez sarar tão rápido. Ele era forte, havia centenas de anos sobre seus ombros – anos estes visíveis em seu rosto, em sua barba que crescia dia após dia – e ferimentos, nele, saravam rápido. Mas apenas uma noite? Nem mesmo ele se recuperava tão depressa, nem mesmo com os emplastros e unguentos de Valfenda.

Tentou não pensar nisso, novamente. E uma batida soou em sua porta.

Caos abriu a mesma e viu o Lorde Stephane o aguardando. Agora, o irmão da rainha usava uma túnica vermelha escura, calças escuras e um cinto de couro e ouro prendia a túnica no lugar onde devia ficar. Não trazia nenhum adorno real na cabeça, apenas um medalhão de prata no peito.

— Boa noite, majestade — cumprimentou ele, fazendo reverência preguiçosa. Caos não se importou.

Atrás dele, Gael e Eivior, aguardavam; ambos usando roupas em tons de azul e prata.

— Vim buscá-lo para o jantar com a Família Real — disse o lorde, piscando.

Caos anuiu com a cabeça e olhou novamente para a faca que ele, rudemente, usava na cintura.

— Claro. Vamos.

O rei saiu do quarto e se juntou aos seus homens enquanto o lorde olhava para ele com firmeza.

— O jantar de seus homens será entregue nos aposentos deles, para os que ficaram, óbvio — então, sorriu de modo frio e estranho.

— Sim. Hantalë.

O príncipe começou a guiá-los pelos corredores, escadarias, salões até que a música que soava ficava mais alta e forte, e Caos visse, em sua frente, outra intrigante porta de cristal. Eivior e Gael soltaram grunhidos de espanto e incredulidade quando as viram. Menor do que as portas do Salão do Trono, mas ainda sim, enormes, essas eram de cristal cor de rosa, reluzentes, pareciam cheias de chama ao lado dos archortes de metal de cada lado. Também foram esculpidas, mas ao invés de abrigar o intrincado símbolo do reino, o desenhos destas portas eram de uma mulher, sobre uma montanha com três  picos. Envolta em seda esvoaçante, a mulher erguia para o alto uma longa espada que feria a lua e tocava em uma coroa.

Caos sentiu o estômago dar um nó enquanto olhava para as portas de três metros de altura. Tinha a sensação de que aquela devia ser a escultura da rainha, e não de uma divindade.

As portas se abriram e a música atingiu os ouvidos já sensíveis de Caos por completo. A sinfonia de harpas, violinos, flautas e gaitas o atingiu, e a voz de uma jovem ululava, suave, com a melodia. Ele entrou em um salão amplo, largo e longo, e viu imensas janelas que iam do chão até o teto em catedral. Três lustres de cristal e vidro pediam do teto, que por sua vez era uma delicada pintura de anjos, nuvens, montanhas, rosas e donzelas; tudo folheado a ouro. Dourado, parecia que o sol reluzia através das velas dos lustres. O chão era de mármore cinza, simples, e a longa mesa de carvalho estava abarrotada de comida e luz.

Caos sentiu o estômago roncar. Não que os sanduiches de Alyna fossem ruins, mas não alimentavam como deviam um noldo. Sua boca salivou quando viu sopas das mais variadas, tortas salgadas de frango, carne; tortas de limão, tortas de maçã e mel. Grãos temperados, empadão de cordeiro, carnes e queijo, frutas, uvas. Grandes porções de feijão, caldo de batatas com pimenta, e então, seus olhos brilharam ao ver as carnes; um pequeno leitão tostado fumegava, uma imensa lagosta vermelha sob um mar de queijo e bacon, três frangos assados com farofa, um peru recheado, e uma bandeja com um pernil que brilhava, banhado em mel, limão e mostarda.

Eivior e Gael soltaram guinchos ao seu lado.

— Estou com fome. — resmungou Gael.

O príncipe Stephane se virou para eles de uma vez, e deu um sorriso solícito, indicando os criados com bandejas de cálices de vinho, passando pelo salão.

— Bebam um pouco de vinho, se quiserem, e podem se sentar nos bancos caso desejem. A rainha e o principe, e a princesa logo devem se juntar nós — disse e logo partiu, fugindo das possíveis perguntas.

Caos assentiu mesmo assim e pegou um cálice de vinho, e o bebeu. Era espesso e estalava em sua língua como se mil estrelas estivessem em sua boca. Assim que o colocou na boca, olhou para dentro do cálice, se surpreendendo.

— Nossa. — gemeu Eivior, ao seu lado, após tomar o vinho junto de Gael.

— Esse vinho é... — Gael se virou para uma jovem criada que passava e girou o conteúdo do cálice enquanto a olhava — Por favor, esse vinho, como se chama?

La'Crux — respondeu ela, suave e timidamente — Safra de quinze anos atrás. Branco. Rótulo de ouro, é um da adega particular da rainha.

A jovem fez reverência e saiu. Caos bebeu novamente e sentiu o corpo leve. Nem mesmo na Floresta das Trevas havia bebido algo parecido. Aquele vinho não parecia com os vinhos comuns, não parecia humano.

Eles se afastaram para perto de uma das janelas e enquanto Eivior e Gael estudavam o lado de fora, Caos estudava o lado de dentro. Havia cerca de trinta pessoas no salão, alguns dançando com belas senhoras em vestidos rodados, e outros apenas conversando entre si. Membros da corte, grandes senhores de terras, membros da nobreza. Caos viu os homens que estava na Sala do Trono e a jovem ruiva também, que trocara a túnica verde por uma de cetim rosa.

Lorde Stephane estava perto de uma das colossais lareiras de mármore, conversando com uma bela senhora de cabelos castanhos mais escuros. Ela usava um vestido verde, cor de esmeralda, e os cabelos estavam presos em uma trança que corria a lateral de seu busto. Luvas de renda e fitas sobre as mangas do vestido deixavam-na ainda mais chamativa. A tiara de esmeralda nos cabelos e os mesmos olhos, e o mesmo rosto de Stephane, levou Caos a conclusão de que aquela era uma irmã dele, e da rainha.

Ele levou a taça aos lábios.

— É a princesa Catherine — disse uma voz feminina, e mesmo sob o canto meloso e suave da jovem no canto com os menestréis, Caos jamais conseguiria confundiz aquela voz.

Eivior e Gael soltaram, cada qual, um xingamento, quando pularam ao ouvir a voz dela também.

Caos sentiu a boca secar. Ele não ouviu... não a ouviu... como poderia não ouvir o som característico de salto no mármore? Clack, clack, clack. Não! Ela, apenas, chegou perto demais... ela apenas me encontrou, novamente...

O rei girou nos calcanhares e se virou para ela, então, foi como se ele levasse outro soco dela. A comandante Alyna estava usando um vestido simples, negro como a noite, com alças finas, decote profundo, e tão suave e levemente justo, com uma fenda expondo uma perna firme e gloriosa, seu corpo que Caos sentiu um frio percorrendo sua espinha. Seu coração disparou. O corpo nu que ele havia contemplado em segredo, o corpo coberto de aço e cristal que havia visto, agora, apenas feminino.  Ela usava saltos e Caos sentiu o cheiro quente de sua pele, macadâmia e rosas silvestres, que exalava se sua pele como fuligem escapa do fogo. Os cabelos negros como a noite sem estrelas de Alyna caíam livres pelos ombros, ondulados de modo suave, quase que esculpidos pelas mesmas mãos habilidosas que esculpiram as portas, brilhantes. Os olhos violetas dela estavam atentos, os lábios semicerrados em uma linha fina e seu rosto ainda era duro, como mármore, e... belo, como o sol.

O rei pigarreou, suavemente, antes de menear a cabeça em um cumprimento informal.

— Comandante — disse.

Alyna bebeu de seu próprio cálice e olhou dele para Eivior e Gael, e novamente para ele. Seus olhos púrpuros analisaram Caos, deslizando, lentamente, de seus olhos até seus pés, e novamente, na direção de seu rosto.

— O quarto em que foi colocado — Alyna pigarreou —, é adequado?

— Confortável — Caos respondeu, tentando ignorar a violência com que seu coração socava seu peito. Não queria que ela percebesse o quão bela, ela parecia para ele. — Um bom quarto.

— Muito bom — disse, bebendo mais de seu cálice. Os olhos violetas dela refletiam na prata polida do cálice. — Sinal que de o Lorde Stephane ainda conhece o castelo.

Caos franziu. — Como assim?

Alyna abaixou o cálice e suspirou, olhando para além dele, para onde a princesa e o príncipe conversavam.

— Lorde Stephane não mora aqui, na capital — explicou ela —, ele mora em Western, nos penhascos de sal onde é seu castelo, mas gosta de passar alguns dias por aqui de vez em quando.

O rei olhou para ambos e depois para a comandante. A voz dela reduzida a um sussurro sensual e frio, e perigoso.

— A princesa é...?

— Irmã caçula da Rainha — respondeu, interrompendo-o —, Lady Catherine. Senhora de Dracog. Veio para o Festival de Primavera.

O rei piscou e Alyna franziu o nariz, fazendo os joelhos dele estremecerem. Aquele simples ato a deixava tão sexy e...  engraçada, infantil, delicada.

— É primavera em Marae, majestade — disse ela, inclinando, levemente, a cabeça.

— Majes... Majestade?! — grunhiu Eivior ao seu lado, e Caos olhou para seu comandante imediatamente. Os olhos azuis de Eivior ficaram escuros como a noite — Majestade?! Agora o reconhece como Rei?

O olhar frio e duro dela estava lá novamente. O rosto, inexpressivo, liso como uma pedra de mármore, virou-se para Eivior.

— Pelos Valar, por horas ele gritou isso a você, você viu a identificação, mas ainda o continuou a chamar de forasteiro. — grunhiu Eivior, baixo o bastante para apenas eles ouvirem.

Eram elfos e ela também, e não havia mais nenhum elfo por ali, então, a voz da cantora faria o trabalho de abafar os insultos.

— E eu menti? — Alyna ergueu um pouco o queixo. Eivior a encarava com uma destreza fria. Comandante contra comandante. — Rei Caos Fingolfin I pode ser um rei, mas ainda é um forasteiro e vocês ainda são invasores em Marae. E mesmo que eu acreditasse em cada palavra que me disseram, eu não faria diferente.

— Por que não foi isso que foi treinada para fazer, não é? — Caos incitou, conseguido a atenção da comandante novamente.

Apesar do rosto estar como um véu, encoberto por uma dureza inquebrável,   Caos viu um brilho de ódio cruzar os olhos purpuros da comandante.

— Ouviu bem no Salão, majestade — ela grunhiu, rosnando friamente, enquando dava um passo na direção dele. Alyna se aproximou, encarando-o tão fixamente que a garganta dele se fechou. Seu perfume feminino e fatal o atingiu ferozmente. — Sou a máquina de guerra deste reino, a mesmo sob as ordens de minha rainha, ainda posso te  prender... — sua voz, apesar de sombria, não chegava a ser um sibilo de cobra como a voz de Corinne.

— Você é apenas a comandante — grunhiu Eivior, ao lado deles.

O olhar gelado e sem emoção de Alyna ainda estava sobre Caos quando ela respondeu;

— Eu sou comandante — e um sorriso cruel se formou em seus lábios.

— E o que isso significa, comandante Alyna? — A voz de Caos saiu firme, mesmo quando ela pareceu que iria tremer.

Alyna lançou a ele um olhar antigo, animalesco, que o fez engolir em seco.

— Significa, majestade, o que a rainha lhe disse; eu sou a joia da coroa. — então, Alyna piscou e se afastou, dando espaço para Caos respirar.

— Desculpe — disse Gael, tomando a palavra e Alyna o olhou, por cima dos ombros — É isso que deseja ouvir? Desculpe por invadir suas terras. Não sabíamos que estavam ocupadas.

A comandante deu um sorriso cortante e frio.

— Forasteiros nunca sabem.

Ela girou e partiu, para perto dos príncipes Stephane e Catherine.

Quando Alyna se afastou, Caos pôde soltar o ar que estava preso em seus pulmões, e olhar para seus homens. Tentar recuperar a saliva da boca.

— Se a contrariarmos, pode ser que ela faça a cabeça da rainha contra nós — declarou Gael, centrado — Melhor não a irritar.

Eivior franziu, olhando para o irmão.

Toron, ela é apenas uma comandante. Acha mesmo que tem tanto poder assim na Corte, sobre a Família Real?

Gael olhou para Eivior, levantando as sobrancelhas.

— Você a viu? Viu ela na floresta? Viu ela ordenando que nos soltassem? Você prestou atenção no que aconteceu aqui? — A voz firme de Gael estava límpida como água. Ele olhou para a comandante e depois para Caos — Posso estar errado, mas ela tem poder aqui. Um poder grande demais. Um poder raro...

Caos olhou para ela, e murmurou;

Como uma joia....

Gael suspirou atrás dele.

— Sim, como uma joia. Como uma arma.

Passaram-se apenas alguns minutos até  que a rainha finalmente adentrasse o salão. Ela estava usando um vestido cor de chumbo, brilhante como mil estrelas, com uma gola de pele vermelha cintilante. Os dedos reluziam com os vários anéis de pedras preciosas. Os cabelos castanhos-dourados estavam presos e o rosto etéreo estava neutro, os olhos castanhos com um brilho contido. Sobre a cabeça, uma sigela tiara de rubis brilhava. Ao seu lado, segurando sua mão formalmente, estava um homem alto, com barba aparada e cabelos curtos, castanhos escuros, e seus olhos negros pareciam um poço de escuridão. Caos deduziu ser o Príncipe Consorte. Ele usava um gibão cinza e dourado e carregava uma longa espada presa cintura.

Atrás deles, adentrava uma jovem. A pele parecendo ser mais suave que uma seda realçava sob o vestido cinza e azul. Os cabelos escuros caíam pelos ombros, enfeitados por uma tiara de prata. Apesar do belo rosto, dos lábios carnudos e rosados, e do sorriso que dirigia aos convidados, o estômago de Caos se apertou ao olhar nos olhos dela.  Sombrios, etéreos, felinos e que pareciam guardar uma ânsia avassaladora e perigosa. O rei não se sentiu a vontade ao olhar para ela.

A rainha logo se aproximou com eles e lhe dirigiu um sorriso... estranho.

— Majestade — ela o cumprimentou e Caos fez uma reverência formal — Vejo que já está acompanhado de seus homens.

— Eivior Monfins, meu Senhor Comandante, e Gael Monfins, capitão da minha Guarda — apresentou Caos, gesticulando.

Apesar dos olhares sem expressão dos irmãos, ambos fizeram uma profunda mesura.

— Adoráveis — O tom da rainha parecia mais com o gizo de uma cascavel — Este é meu marido, o Principe Consorte Eldest, e esta é nossa filha, a princesa real Catarina Numenórë, futura rainha de Marae.

Caos viu a comandante Alyna passar pela outra ponta do salão, bebendo de seu cálice e lançando um olhar gelado a ele também. Uma unha afiada pareceu arranhar sua espinha, mas o rei colocou um sorriso cordial nos lábios e olhou para os três em sua frente.

— Altezas — cumprimentou.

— Então, é o senhor o Rei Caos Fingolfin I — O príncipe Eldest lhe dirigiu as palavras, frias e sem emoção —, o rei que aportou em nossas praias.

— Se eu soubesse que eram habitadas, não teria o feito. — declarou Caos.

Um sorriso se abriu nos lábios de Eldest; um sorriso que não chegou nos olhos.

— Certamente que não — disse —, mas então, não teria conhecido nossa preciosa Alyna. Como ela lhe tratou?

— Como um invasor — declarou Caos, secamente.

Uma risada gelada. — Sim, mas é assim que invasores devem ser tratados, não acha?

Caos meneou a cabeça. — Certamente. — ele procurou por Alyna, mas não a encontrou. Voltou-se para Eldest e Corinne, e deu o mesmo sorriso gelado — Eu não teria tratado de modo diferente.

Eldest balançou a cabeça, dobrando os lábios. Corinne sorriu.

— Bem, vamos nos sentar e comer — disse a rainha — Os senhores devem estar com fome.

Eles assentiram.

A rainha e seu marido se afastaram. A princesa olhou Caos de cima a baixo e deu um sorriso malicioso. Os olhos brilhavam de modo incomum.

— Não é incrível o que Alyna consegue fazer? — ela disse, entre risos.

Caos franziu. — Perdão, alteza?

— Um rei. Um elfo?

— Sim.

— De barba?

Ele engoliu em seco, suspirando profundamente.

— É que sou muito antigo.

A princesa Catarina sorriu, mordendo suavemente o lábio inferior.

— Bem, então, bem-vindo a Marae. — ela fez uma reverência e se afastou.

Rainha Corinne

Príncipe Consorte Eldest

Princesa real Catarina

Caos se sentou em seu lugar marcado na mesa, Eivior ao seu lado e Gael ao lado dele. O cheiro quente estava fazendo seu estômago se retorcer, mas sua boca secou quando ela sentou-se ao seu lado.

O perfume de rosas e macadâmia de Alyna o atingiu com força e sua pele, apesar do leve distanciamento, ele sentia-se quente e voluptuosa. O tom bronzeado era suave, brilhante, e ela ergueu o queixo quando ele virou o rosto para olhá-la.

— Ao meu lado? — questionou Caos, baixo.

— Até que parta, majestade, não vou tirar meus olhos de você — balbuciou, enquanto arrumava o guardanapo sobre o colo, com uma etiqueta impecável. Ela parecia tanto forjada para a batalha, quanto para a corte, os grandes bailes.

Caos se limitou a dar um risinho. — Bem, talvez eu goste disso. De você de olho em mim.

Os olhos violetas de Alyna o encararam de uma vez, violentos e frios. Os lábios formavam uma linha fina no rosto, e Caos sentiu uma leve pressão nos ouvidos, e fechou os olhos, abrindo e mexendo o maxilar. Então, de repente, a pressão sumiu e ele a olhou. Ela sorria de modo animalesco, primitivo.

— Sugiro que coma — disse, suavemente, como se sua voz não passasse de um sopro de vento.

Caos olhou para as comidas fumegantes e seu estômago se retorceu novamente, então, ele pegou uma coxa de galinha.

O jantar foi uma infinidade de vozes falando sobre política, arado, política, como a bela Catarina estava magnífica aquela noite, política, felicitações por Alyna ter feito um ótimo trabalho nas fronteiras a algumas semanas – felicitações respondidas de modo vago –, política, e então, quando Caos saboreava uma suculenta e gelada torta de limão com mel, um dos homens da rainha, o Senhor Chanceler, se inclinou na direção de Corinne e perguntou em tom ameno;

— Alguma notícia de Nym, em Ardil?

Caos não devia estar ouvindo, mas não pôde deixar de prestar atenção. Com os olhos sobre a torta verde, ele ouviu enquanto Corinne se inclinava na direção de seu chanceler e respondia ao pé do ouvido.

— Chegou uma carta hoje. O rei apoiará com seu exército.

Um riso suave escapou dos lábios do homem.

— Formidável — anuiu o chanceler — O rei Adanthas não será tão ousado em entrar em guerra declarada contra os anões de Ardil.

— Eu não veria por esse lado — Corinne comeu um pedaço de sua torta — Adanthas pode ser um tirano ordinário, mas ainda é ambicioso.

O chanceler mexeu a cabeça.

— Certamente, espero eu que ele tenha bons conselheiros.

— Isso ou vai precisar de um exército avançado — Ela riu —, nunca passará por Alyna se for fazer frente de batalha.

— Se Eru permitir. — balbuciou o chanceler.

Caos não levantou a cabeça durante todo o jantar, e ninguém lhe dirigiu a palavra, exceto Alyna, para falar sobre os pratos, e não levatara agora, tampouco.

Ele estava certo. Uma guerra estava prestes a estourar, os ânimos de reis sempre ficam mais exaltados durante os jogos de batalha e sangue, e para Corinne confiar tanto assim em seu exército, em sua comandante, então Alyna, definitivamente, não era apenas intrigante. Lembrou-se das palavras de Gael alguns minutos antes, refletindo sobre a “joia da coroa”, e limitou a deslizar seu olhar para os dedos delegados da mulher ao seu lado, a pele quente suave e macia, as unhas limpas, mas que segurava os talheres de prata com destreza e suavemente. Se Alyna era assim tão influente, se era tão mortal nos campos de batalha, então, talvez, só talvez, seu maior obstáculo para voltar para casa não fosse a rainha, e sim, a mulher ao seu lado. Aquela Alyna de Marae.

A rainha afastou o prato de torta e suspirou.

— Estou satisfeita.

Como mandava a tradição, todos que estavam na mesa pararam de comer no mesmo instante. Mesmo ainda faminto,  e querendo um segundo pedaço de torta, Caos tirou as mãos dos talheres e engoliu a torta de limão que estava em sua boca.

Alyna o olhou por um momento. Os olhos violetas fazendo um calafrio correr sua espinha. Caos soube, ali, que muitas outras coisas o esperavam ali...

Tão longe de casa...

E tão perto dela...

Vestido de Alyna (jantar)

Nota final; Logo as coisas vão começar a pegar fogo....não me abandone.

Beijinhos...

Tenn'enomentielva...

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