Capítulo XXIX

Sofia Narrando:

- Desculpa por não ter te contado antes. - Minha mãe fala Desfazendo o abraço. - Eu não podia contar isso tudo quando você era criança e assim que você cresceu várias coisas foram acontecendo tanto na sua vida quanto na minha. Eu tinha medo que te contando isso você se fechasse mais ainda pro mundo. - Ela fala e abaixa a cabeça. - Me perdoe por te escondido isso por tanto tempo e por não poder te dar a família que você merecia.

- Você escutou o que acabou de falar? - Pergunto levantando seu queixo. - Eu nunca precisei ter um pai porque você sempre conseguiu fazer o papel de mãe e pai perfeitamente na minha vida, você é a minha família e jamais conseguiria pensar em ter uma melhor. - Falo e passo a mão em seu rosto limpando as lágrimas que caiam. - Se alguém têm que pedir desculpa aqui, esse alguém sou eu.Por minha causa você teve que largar sua vida, sua casa e sua família, teve que fugir pra um país que nem sequer conhecia e trabalhar duro por muito tempo pra que um dia eu pudesse ter um futuro. Você sempre esteve ao meu lado, me dando forças e tentando me mostrar o lado bom da vida, durante minhas crises de ansiedade você me abraçava e passava horas alisando o meu cabelo pra que viesse ter certeza que jamais estaria sozinha. Você abriu mão da sua vida pela minha. - Falo e sorrio para mesma. - Enquanto eu antes mesmo de nascer já era um fardo. - Falo e abaixo a cabeça. Como se não bastasse acabar com a vida do Léo também tive que fazer o mesmo com a minha mãe.

- Nunca mais repita isso Sofia. - Minha mãe fala e segura meus ombros. - Sabe por que eu não te abortei? - Ela pergunta e eu nego com a cabeça. - Porque antes mesmo de você nascer eu já te amava, mesmo com toda aquela situação traumática eu sorri ao me dar conta que depois de alguns meses eu poderia ver seu rosto, te pegar no colo e brincar com você. Eu sei que nesse momento você deve estar se corroendo por dentro, pensando que estragou minha vida, mas não Sofia muito pelo contrário, você me salvou. - Levanto minha cabeça e a encaro confusa. - Eu sempre fui uma prisioneira das vontades do meu pai e da corte inglesa, nunca podia fazer o que eu queria e sempre tinha que abaixar minha cabeça e obedece todas as regras. Quando descobri que estava grávida e tomei coragem para fugi, pude conhecer a liberdade, tive a oportunidade de trabalhar e construir algo com o meu próprio suor, pela primeira vez eu vive a vida como ela deve ser vivida. Sei que você não foi concebida na melhor das situações, mas posso te garantir que nunca senti uma alegria tamanha ao dia que te peguei no colo e vê esses olhinhos pela primeira vez. - Ela fala sorrindo e passa a mão pelo meu rosto. - Você nunca foi um fardo minha querida, muito pelo contrário você sempre foi um presente, o melhor presente que já recebi em toda minha vida.

Abraço minha mãe mais uma vez e me permito chorar mais um pouco em seus abraços, nunca tive dúvidas que esse é o melhor lugar do mundo e tenho certeza que ele sempre estará aberto para me receber, assim também como tenho certeza que mesmo que eu rode o mundo tenho sempre pra onde voltar. Toda essa história só me vez admirar mais ainda a dona Helena e amá-la mais do que achei possível.

- Filha, seus avós querem te conhecer. - Ela fala aparentemente bem calma. Me afasto e levanto uma sombrancelha. - Sei que depois de tudo isso que lhe contei você não deve estar animada pra esse encontro e não a culpo, assim também como não irei obriga-lá a fazer nada que não queira. 

- Você os perdoou? - Pergunto tentando não mostrar meu espanto.

- Sim, na verdade fiz isso a bastante tempo. Todos nós erramos uma vez na vida, e pra mim não existe isso de erro grande ou erro pequeno, se você feriu alguém seja fisicamente ou verbalmente você errou.Sempre que nós erramos pedimos perdão e esperamos que a pessoa nos perdoe, você não acha que quando estamos do outro lado da história também não seria legal fazer isso? - Ela pergunta e balanço a cabeça um pouco contrariada. - . Meus pais não são diferentes de ninguém, eles erraram e por conta desse erro ficamos dezoito anos separados, porém agora eles querem concertar as coisas e a maior prova disso é que eles largaram tudo e vinheram até aqui, não irei cometer outro erro e ficar mais dezoito anos afastada deles. O coração é um órgão pequeno demais pra guardar tanta mágoa. - Ela fala e passa a mão no meu cabelo. Minha mãe com certeza é um ser humano incrível. Ela é a mais afetada em toda essa história e está perguntando para mim se eu quero vê-los, pensando nisso falo:

- Tudo bem. Eu vou conhecê-los. - Se ela está pronta pra colocar um ponto final no passado e recomeçar eu estarei ao seu lado como ela sempre esteve ao meu. 

- Que ótimo, afinal eu convidei eles pra almoçar aqui amanhã. - Ela fala sorrindo animada.  

- E como você sabia que eu iria aceitar conhecê-los? - Eu falo a olhando desconfiada.

- Eu conheço minha cria. - Ela fala e sorrio.

- Você não tem jeito dona Helena ou melhor dona Amélia. - Falo ainda sorrindo. - Como devo te chamar agora?

- Mãe já está de bom tamanho. Agora deixa eu ir arrumar minhas coisas, vou tentar dormir cedo hoje, afinal amanhã o dia será longo. - Ela fala se levantando.

- Tudo bem. Vou ficar aqui mais um pouco. 

- Só não durma muito tarde. - Concordo com a cabeça e ela beija minha bochecha. - Tenha um boa noite meu bebê.

- Você também mamãe. - Acaricio sua mão e ela me olha sorrindo sem mostrar os dentes, se vira e saí andando até a porta.

Volto meu olhar para o céu agora escuro e coberto de estrelas, fico pensando em como a vida é louca, um dia eu não sei de nada sobre o passado da minha família e o único parente que conheço é minha mãe, no outro meus avós maternos batem na minha porta e descubro tudo sobre o passado da minha família. Fiquei um bom tempo sentada olhando pro nada e fico imaginando tudo que minha mãe passou, sou puxada de volta pra realidade por algo batendo na minha perna. Olho para baixo e vejo um aviãozinho de papel no chão, olho para frente e vejo Lucas pronto para jogar o próximo. 

- Te chamei um milhão de vezes e você não respondeu. - Ele fala e eu dou de ombros. - O que tá fazendo aí? 

- Não posso mais fica na minha própria varanda? - Pergunto um pouco grossa, mas não ligo muito.

- Você só fica aí quando tá com problema. - Ele fala convicto.

- O que te faz pensar que me conhece tão bem assim? - Pergunto com uma sombrancelha arqueada e braços cruzados.

- Você é muito previsível. - Ele fala e solta aquele sorriso insuportável. - Sempre revira os olhos quando alguém fala ou faz algo que você não concorda, passa a mão no cabelo quando está nervosa e sempre procura ar puro e um lugar onde possa olhar o céu quando está com problemas ou confusa, sem contar que sempre faz inúmeras perguntas sobre os outros só pra não ter que falar de você mesma ou porque não consegue segurar sua curiosidade. - Ele fala e me seguro pra não revirar os olhos.

- Você não acha que está prestando atenção demais em mim pra saber tudo isso? - Pergunto tentando me livrar daquela situação, comprovando uma das suas hipóteses.

- Acho. Mas isso não anula o fato de você ser previsível. - Ele fala sorrindo. - O que você têm? - Ele pergunta e realmente parece querer saber.

- Você não sabe? Pensei que eu fosse previsível. - Falo com deboche e ele sorrir da minha resposta.

" Recomeçar não é um fardo, é um presente. "

Oi gente, tudo bem?

Só queria deixar um coisa clara: Meu livro é sim um romance e sim ele conta a história do Lucas e da Sofia. Porém esse não é o único foco dele, tentei trazer algo mais por trás disso, tentei mostrar o amor em suas várias formas, por isso a dona Helena está aí, pra mostrar pra Sofia que ela nunca estará só. Talvez você também precise saber disso, por isso de uma forma direta estou vindo aqui falar disso. Você não está sozinho, olho bem ao seu redor e você vai ver pessoas lutando com você ou passando pela mesma situação que a sua,não desista, siga em frente independente dos problemas que a vida trás. Não é Setembro amarelo mas nunca é demais lutar pela vida. 

Ps: Se um dia você olhar pro lado e se ver sozinho segurando uma barra maior do que você possa carregar, não se preocupe, pare,descanse e siga em frente, aqueles que seguem em frente sempre chegam em algum lugar. E eu tenho certeza que no final dessa jornada uma porta com uma placa escrita "recomeço" estará aberta só esperando você passar.

Beijos e até o próximo capítulo!!!

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