Cap. 11: Pensativa demais

" Estar apaixonado é estar mais próximo da insanidade
do que da razão. "
- Sigmund Freud

Meados de Setembro.
10:38hs; New York.


Karen deu partida no carro novamente e ligou o rádio, que logo começou a tocar uma música qualquer.

Eu estava apenas olhando para a janela com a cara emburrada. Já tinha se passado quase duas semanas desde da minha última conversa com Adam e eu não conseguia parar de pensar no mesmo.

Todas as nossas conversas, todos os seus toques no meu rosto, todas as trocas de olhares, suas frases cheias de ironia, absolutamente tudo rodava em minha mente. Eu sentia que estava prestes a enlouquecer.

Por sorte, mal o tinha visto nesses últimos dias. Como falta uma semana para a festa do restaurante, Adam estava correndo com os últimos preparativos para que tudo desse certo no dia da festa.

Ou seja, viagens o tempo todo, e quando estava em New York mal ia ao Sweet Jones; a última vez que vi o mesmo no restaurante foi a três dias e mesmo assim de relance.

O bom de toda essa correria é que mal estamos tendo tempo para cuidar do Sweet Jones. E por isso o restaurante está sendo aberto apenas no primeiro horário do dia e por conta disso a equipe de cozinha acaba sendo liberada cedo. Houve apenas um dia que ficamos mais tarde que foi apenas quando montamos o cardápio da festa com base nos pratos que preparamos. 

- Terra chamando Luíza, atenção, repito, Terra chamando Luíza! - Karen falou e estalou os dedos em frente aos meus olhos.

- O que foi? - Falei franzindo o cenho.

- Você escutou o que eu falei? - Perguntou e eu neguei sem muita enrolação. - Percebi. Estava dizendo que além dessa loja existe também mais outras duas no Shopping que tem vestidos tão lindos quanto esses.

Ah, e ainda tem isso. Chamei Karen pra ir comigo na festa já que seria um evento aberto e minha amiga é uma ótima companhia.

- Ah Karen, os vestidos são lindos nessa loja. - Comentei ao sair do carro.

- O que está acontecendo Maria Luíza? - Karen perguntou ao parar na minha frente e me impedir de caminhar até a porta da loja.

- Do que está falando? - Falei arrumando minha blusa que estava um pouco amassada.

- Você está estranha. Está muito calada, pensativa demais. Você não é assim. O que aconteceu? - Me perguntou preocupada. Respirei fundo e a encarei.

- Eu não sei.  Falei e me encostei no carro. - Ando tão confusa amiga... - Karen assentiu e se encostou no carro ao meu lado.

- Acho que sei do que está falando. - Falou com confiança na voz. A encarei e franzi o cenho. - É algo com o Adam não é? - Não disse nada apenas desviei o olhar. - Quem cala consente.

- Eu estou desesperada! Faz dias que não consigo parar de pensar nele! O que eu faço? - Perguntei nervosa.

- Olha, você não vai gostar do que eu vou falar, mas eu vou dizer mesmo assim. Já parou para pensar que, você pode estar sei lá, afim de ter algo com o Adam? - Ergui minha sombrancelha e a encarei séria.

- Você está louca? - Foi o que eu disse. Por que essa era a única explicação. Karen estava louca. Quem em sã consciência iria querer beijar Adam? Ele é arrogante com todos, não tem educação, ninguém se submeteria a uma situação dessas. Eu acho...

- Eu já sei! Você vai vir com o discurso de sempre. " Ah mas ele é péssimo, ele é arrogante, é um babaca e blá blá blá!" - Falou me imitando. - Mas só pelo que você já me contou das provocações de entre vocês dois, minha filha, eu já teria entendido o que esse homem quer a muito tempo!

- E o que ele quer? - Perguntei.

-Você! Meu Deus como pode ser tão lerda? - Disse olhando para o céu.

- Não seja boba, Karen! Adam não gosta de mim. E eu não gosto dele! Não vou ficar mais confusa. Agora vamos comprar esses vestidos. - A puxei pelo braço e nos guie até a loja.

Karen não podia estar certa...

Estava chegando o fim de mais uma segunda feira cheia de trabalho. Hoje a manhã estava bem corrida. Agora que o restaurante só estava aberto no período da manhã as pessoas estavam aproveitando para virem comer aqui nesse mesmo horário. Então a quantidade de clientes tinha duplicou nesses dias.

Agora eu estava recolhendo os pratos das mesas para poder ir almoçar. Tinha ficado a manhã toda na cozinha e assim que os garçons saíram para o almoço e o resto da equipe foi dispensada eu me ofereci para arrumar as mesas e sair daquela cozinha quente.

Estava concentrada em recolher tudo que só percebi que não estava sozinha quando vi Park parar ao lado da mesa que eu estava arrumando.

- Isso não é trabalho dos garçons? - Perguntou com dúvida.

-Sim, mas eles foram almoçar, então vim da uma forcinha. - Sorri sem mostrar os dentes.

- Você está bem? Estou te vendo tão desanimada esses dias... - Comentou me fazendo encará-lo.

- É só alguns problemas pessoais, mas longo eu vou consegui resolver. - Pelo menos eu esperava conseguir resolver...

- Ah... sinto muito! Quer um abraço? As pessoas dizem que ajuda muito. - Falou com um pouco vergonha.

É óbvio que eu aceitei e logo fui lhe abraçar. Escutei uma risadinha dele e me lembrei de algo.

- Mas e você? Resolveu o problema que tinha que não pode vir trabalhar no outro dia? - Perguntei assim que nos separamos.

- Ah sim. Resolvi sim. Foi um problema com a minha família, minha vó na verdade. Ela passou mal e eu a levei no hospital. Mas ficou tudo bem. - Falou com um sorriso simples.

- Adam conhece sua avó? - Ele franziu o cenho. - Digo, é que quando me entregou os papéis naquele dia, disse que Adam sabia do ar você estava falando. - Minha curiosidade ainda vai me ferrar.

- É que minha vó tem um carinho muito grande por Adam. Ele também gosta muito dela e sabe dos problemas de saúde que ela tem, por isso disse aquilo. - Foi a minha vez de ficar confusa.

- Tem gente que gosta tanto assim de Adam? - Perguntei. Eu não imaginava que alguém tivesse tanto carinho por Adam do jeito que Park falou. Era uma novidade e tanto...

- Pode parecer inacreditável mas o Adam é uma ótima pessoa. -Park disse em tom risonho.

Antes que pudesse falar qualquer coisa escutamos passos vindo da escada. Por impulso virei meu olhar naquele direção e no instante seguinte o pai de Adam e Lian, o Sr. Anthony, desceu as escadas com uma cara nada boa. Logo em seguida Adam veio parecendo um pouco apressado.

- Pai espere! - Ele disse meio ofegante devido a correria.

- Não me chame de pai! - Sr. Jones disse ao se virar e apontar o dedo indicador na cara de Adam. - Este lugar é mais meu do que seu. Eu construí isso aqui e você deve tudo o que tem hoje. Então se estou dizendo que não vamos participar daquela droga de concurso é porque isso não vai acontecer! - Ele gritou alto assustando a mim e a Park.

- Você não tem direito a nada desse lugar! Nunca se esforçou para levar o restaurante para frente. Eu sou dono daqui! Eu mando aqui! E a minha opinião é a que vale. Não sei por que você está tão incomodado com a inscrição para o concurso. - Eu já tinha visto Adam com raiva, mas como ele estava agora... eu realmente acho que ele seria capaz de matar alguém com as próprias mãos.

- Cale a boca seu insolente! Me respeite eu sou seu pai! - O Sr. Anthony se irritava cada vez mais e eu sinceramente estava ficando assustada; ele me dava náuseas.

- Foi você que a poucos segundos disse que não era para eu te chamar de pai. - Nesse momento o Sr. Anthony perdeu o pouco de paciência que lhe restava e foi para cima de Adam, porém antes de fazer qualquer coisa Park correu em sua direção a tempo de segura-lo.

- Por favor se acalmem! Estamos em ambiente de trabalho. - Ele pediu ainda tentado controlar Anthony.

- Me solte seu chinezinho de merda! - Anthony falou ainda lutando para Park lhe soltar; por conta desse insulto Adam tentou socar o rosto do pai, mas por um impulso me coloquei a sua frente.

- Não faça isso, por favor... - Falei em um tom baixo para que apenas ele escutasse, fazendo com que seu olhar se voltasse para mim e o mesmo fosse se acalmando aos poucos.

- Sai da frente sua tola, não sabe com quem está se metendo! - Anthony gritou perto de mim, depois de finalmente conseguir se soltar de Park, e me assustou fazendo com eu fosse para perto de Adam.

- Se quiser descontar sua raiva por não conseguir ter tudo do jeito que quer, faça isso em mim, deixe Maria Luíza em paz! - Adam falou sério. O seu pai lhe encarou com nojo porém não disse mais nada e saiu as pressas do restaurante.

Vi Adam bufar de raiva e passar a mão no rosto. Park olhou para onde Anthony saiu e respirou fundo.

- O que aconteceu para ele ficar desse jeito? - Perguntou a Adam.

- Nada demais, ele veio até o meu escritório e me viu organizando a papelada para a inscrição no Haute Cuisine e se irritou. - Adam explicou parecendo estressado.

- Já devíamos estar acostumados a esse jeito dele. - Park comentou.

- Não mesmo! Ele não tem poder nenhum poder de decisão sobre nada relacionado ao Sweet Jones. Ele nunca fez nada por esse lugar! - Eu observava os dois conversarem ainda um pouco assustada pela quase briga de minutos atrás. - E por favor me desculpem por tudo o que ele falou. - Adam disse e me encarou por alguns segundos.

- Está tudo bem! Só estou assustada mas logo vou me acalmar. - Garanti e deu um sorriso pequeno. Logo ele e Park  engataram numa conversa sobre os últimos acontecimentos. E eu aproveitei para ir terminar o trabalho e ir para casa.

Hoje foi um dia e tanto...

Eai meus amores? Como vcs estão?

Então galera o que acharam do capítulo? Tá tenso né?

Acham que a Malu tá se apaixonando pelo Adam? Ou é só loucura da Karen mesmo?

E o Anthony hein gente... Ele não me desce.

⚠️ Só para deixar claro! Eu como autora não concordo com nada feito pelo Anthony nesse capítulo. Ele é um personagem extremamente homofóbico, racista, xenófobico, entre tantas outras coisas. E eu não compactuo com nenhuma desses citados acima. São temas muito pesados e que podem conter gatilhos para muitos, e eu resolvi abordar eles na história para que as pessoas percebam como é comum isso acontcer na sociedade.

Mas enfim meus amores, por hoje é só tá! Antes q eu me esqueça... próximo capítulo vai ter festa! Casais se aproximando, novos casais surgindo, casais antigos se reencontrando, outros casais se separando... é eita atrás de vish!

Já falei demais agora chega!

- Clara

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