@VladimirTepis - Hjalmar

- Olá novamente, meu velho amigo. Como está na noite de hoje? Já foi visitar o meus filhos e netos? Eu queria visitá-los, meu amigo Ole, mas minhas penas não se mexem nem meu corpo se movimenta o suficiente para eu sair desta cama.

- Boa noite, Hjalmar! Como foi seu dia? Os seus netos estão muito bem. Sua neta mais nova, a Ingeborg, está aprendendo a escrever. Assim como você, hoje, tive que, junto a ela, passar por uma academia com as suas letras! Elas estavam tão ruins quanto as suas naquela noite há 60 anos Hjalmar.

- Oh, meu caro, então além de ser o Homem da Areia, pretende seguir carreira como pedagogo? - Ri com dificuldade o velho Hjalmar. Ole responde sorrindo. - Esta é uma das muitas funções que alguém como eu, tão próximo dos mortais, faz. Sou ora educador, ora escritor, ora psicólogo e ora teatrólogo. Mas, então, como foi seu dia?

- Cansativo! Muitas emoções para esse velho coração. Hoje, meu filho Hans, o mais novo, veio com sua esposa me visitar. Parece que conseguiu uma promoção no seu emprego. Tenho medo de que ele nunca tenha filhos, sabe como é! Esta juventude de hoje em dia que só pensa em trabalho... Doutor Skov veio à minha casa novamente, com a historia de que devo me preparar para o pior. Será que devo mesmo, Ole?

- Não sei se deve se preparar para o pior, mas creio que deve se preparar mesmo, Hjalmar. Como pode ver, hoje eu não trouxe nenhuma sombrinha, meu amigo. Você sabe que isso significa?

- Sei... Significa que hoje verei o seu irmão, não é mesmo? Ole Lukoie o nome dele, não é? Ole Lukøje.

- Sim Hjalmar, meu irmão deve chegar em alguns minutos - Diz o Homem da Areia enquanto tira seu paletó. Hjalmar suspira longamente fechando os olhos e abrindo calmamente. - Irá doer?

Sorrindo Ole Lukøje, diz:

- Não, meu velho amigo, nunca dói. Não é o ato de morrer que é doloroso, mas sim o que pode levar vocês, os mortais, ao meu irmão.

- Sentirei sua falta ainda mais. Sentirei falta de suas historias!

- Não se preocupe com isso, Hjalmar. Meu irmão é muito melhor contador de historias do que eu.

- Mesmo assim Ole. Tenho medo de ter feito algo errado na minha vida e ir na parte de trás do cavalo do seu irmão e não na frente. Você mesmo já me contou historias terríveis durante a minha vida com as suas sombrinhas, mas no seu caso as historias eram apenas por uma noite... E no caso dele é toda a eternidade, não é? - Diz Hjalmar com grande pesar em sua voz.

Ole Lukøje se senta ao lado da cama de Hjamar, acaricia e segura na mão do velho homem que nem mais tem forças para erguê-las, colocando estas entre as suas mãos e as beija.

- Prometo que você sentará na frente do cavalo do meu irmão. - Ouve-se o relincho de um cavalo a fora da casa. - Ele já chegou Hjalmar. Agora, fecha os olhos. - Disse O homem da areia enquanto fechava os olhos do seu finado amigo. A porta se abre e dela um homem de roupas militares finas com sua barretina de baixo do braço.

- Olá, meu irmão Ole Lukøje. Não é este aquele garoto ao qual você me apresentou há muitos anos? - diz enquanto retira do nada um documento da cômoda.

- Sim, é ele mesmo, Ole Lukoie. É ele mesmo. - Diz o Homem da areia enquanto se levanta da cama dando espaço para seu irmão, a Morte, chegar perto do corpo.

- Não se preocupe. Ele tem boas notas, irá junto comigo à frente do meu cavalo. - Diz a morte enquanto coloca sua barretina na cabeça e pega o corpo de Hjalmar. - Sem dúvida, contarei a melhor historia da vida dele.

- Espero que sim, meu irmão, espero que sim.

Ole Lukoie sai do cômodo carregando o corpo. Minutos depois, ouve-se novamente o relinchar do cavalo. Ole Lukøje se aproxima da janela e vê Hjalmar junto de seu irmão cavalgando pela noite.

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