Cap. 23 - Baby, we both know



"Have you no idea that you're in deep?

Você não tem ideia que é minha obsessão?

I've dreamt about you nearly every night this week

Sonhei com você quase todas as noites essa semana."

Arctic Monkeys




A dor que senti quando vi a Mari se jogando nos braços do Nando foi tão grande que perdi a noção de tudo e sai correndo. Não continha as lágrimas que caiam sem a menor autorização. Me joguei na cama e chorei até cair em um sono perturbado e sombrio.

Quando o relógio despertou as 06:00 da manhã, não consegui mais dormir, e minha cabeça trabalhava freneticamente. Ainda estava com o vestido de ontem e minha cara estava um grande borrão de maquiagem. Tomei um banho demorado e tentei pensar no que fazer. Nada veio a minha mente. Então coloco um shorts e uma blusa larga, meu tênis de corrida e decido ir para a academia do hotel. Antes, passo no restaurante e tomo um belo copo de suco de laranja. Descobri que correr é a única coisa que me faz pensar direito e o que mais preciso agora é avaliar toda a merda que está por vir.

Começo devagar e intensifico as passadas. Sentir o suor brotar no rosto é uma sensação de limpeza e renovação onde tudo parece ficar claro.

Ao ver o Nando entrar pela academia, calça cinza baixa, camiseta branca regata, quase cai da esteira. Tem somente quatro pessoas aqui, não vou conseguir me esconder por muito tempo. Ainda to pensando nisso quando ele me vê e faz uma cara muito engraçada de espanto. Eu começo a rir também.

- Jamais imaginaria te encontrar aqui. Ainda mais à uma hora dessas!

- Está me chamando de sedentária e preguiçosa. E você está aqui à uma hora dessas por quê? Deveria estar curtindo sua namorada.

- Porque você não me disse nada?

- Não sei do que você está falando. _estou muito ofegante, conversar e correr não é meu forte. Diminuo a velocidade.

- Você sabe muito bem do que eu estou falando.

- Você dormiu com ela?

- Ela dormiu na minha cama e eu...

- Vocês transaram?

- NÃO! Claro que não Julia! Você acha que eu sou um maníaco sexual insano? Eu te amo cacete!

Não falo nada, continuo andando rápido, abaixo a cabeça e sinto uma vontade louca de agarrá-lo e dizer que o amo. Mas não faço nada disso.

- Por que você não me contou?

- Eu não tinha certeza, só desconfiava. Mas agora não importa. Vocês devem ficar juntos.

- Nem brincando! Você acha que um filho vai me prender a uma pessoa? Olha, eu... para essa porra dessa esteira!

Ele para o aparelho de uma vez e eu quase perco o pouco equilíbrio que me resta. Segura meus braços e me encosta contra a esteira.

- Eu nem sei se esse filho é meu. E mesmo que seja, vou assumir minhas responsabilidades, mas não vou ficar com a Mari. Nada me fará ficar longe de você. _ele passa seus dedos pelo meu rosto suado e desce em direção aos meus seios.

- Nando, para, aqui não. _seguro sua mão.

- Tem razão, aqui não. Vai pro banheiro.

- O QUÊ?

- Vá em direção ao banheiro, eu te alcanço. Vai...

Ainda sob o efeito da endorfina causada pela corrida, estou acelerada e muito excitada. Sigo para o banheiro sem ter certeza de que deveria ir realmente.

Ele vem logo atrás de mim e reparando nas quatro pessoas que estão malhando, percebo que estão ocupadas demais com seus próprios músculos. Assim que entro no banheiro feminino ele aparece, fecha a porta e a tranca. Eu me viro meio desesperada com tamanha audácia.

- Agora você vai ver que eu não desisto fácil de você.

- Nando você enlouqueceu! Isso não vai dar certo. Vamos ser expulsos do hotel e ainda vou ficar desempregada.

- Aí você casa comigo e fica sendo minha mulher.

- Você ta maluco mesmo!

- Cala essa boca e me beija.

Ele está tão limpinho e cheiroso e eu toda suada, melada, mas não tenho tempo de pensar muito nisso. Nossas línguas se completam num beijo que me deixa pronta para o sexo. Estamos vorazes e famintos um do outro. Em um minuto ele já está completamente duro e eu virada de costas para ele com o shorts e a calcinha nos meus pés. Ele me pega por trás e eu me apoio em uma santa prateleira que tem acima do vaso.

- Julia do céu... como posso não me cansar de você. Você é minha obsessão.

- Ta muito bom... mais forte Nando, forte...

- Estes exercícios estão te deixando muito resistente.

Sexo todo dia está me deixando muito resistente. Meu Deus! Haja perna! Mas para quem fazia uma vez por mês, to me sentindo meio ninfomaníaca. É tão gostoso, tão sublime. Aquela sensação maravilhosa começa no meu ventre e se espalha por todo o meu corpo. Minhas pernas bambeiam e sinto uma alegria que transcende minha alma. Ele me segura pela cintura percebendo que posso cair.

Vou lutar por ele, custe o que custar.

- Cacete a camisinha!

- Ai meu Deus! Só falta eu arrumar irmãozinho pro seu filho com a Mari! Merda! Vou ter que tomar aquela pílula.

- Mas ela não é abortiva?

- Claro que não! E eu teria coragem de matar um filho nosso?

Ele me puxa e me da um abraço. Eu o amo tanto que se não fosse essa infelicidade da gravidez da Mari, não me importaria de ter um filho dele agora. Mas nada está muito fácil para eu viver em paz com ele.

- Eu queria muito ter um filho com você. Mas eu sou meio convencional... quero casar primeiro.

- Eu já casei uma vez Nando, não quero nada disso de novo.

- Mas eu não casei!

- Que conversa sem sentido. Você vai ser pai de uma maluca que está nesse momento no seu quarto e nós no banheiro da academia "pós foda". Que mundo louco. _ balanço a cabeça e a abaixo.

Ele começa a rir e me beija com suas mãos no meu rosto.

- Não posso falar com a Mari agora, senão ela volta pra São Paulo e fala as coisas do jeito dela pro Rafael.

- É verdade... Mas eu não vou aguentar ver vocês trocando beijinhos Nando, por favor, me poupe disso!

- Não meu amor, eu vou falar pra ela voltar hoje, a gente já volta amanhã mesmo e conversamos com eles assim que chegarmos, ok?


......



"Última palestra às 20:00, seguido de coquetel. Te encontro no bar. T.A. Sua delícia."


O Nando ficou de babá da Mari. Não teve jeito de ela ir embora sem ele. Hoje durante o almoço encontrei com eles, não tive como fugir. Ela veio toda felizinha falar da sua gravidez comigo, mal consegui disfarçar minha irritação. Me perguntou porque eu fui embora ontem quando ela estava chegando, dei uma desculpa de que estava passando muito mal e quase vomitando. Mas o mais incrível é ela fingir que eles estão bem! Não é possível que pense que me convence desse tipinho! Falou até de casamento, acredita? Mas pelo menos ela estava indo embora naquela hora. Não preciso me preocupar mais em cruzar com os dois juntos.

Agora estou esperando o Nando faz quase 20 minutos e nada dele aparecer. Ele sempre é pontual e começo a me preocupar. Ele poderia ter me avisado que atrasaria, droga!

.......


Como ele não atendia ao telefone nem respondeu minhas mensagens, resolvi ir até seu quarto para ver se ele estava lá.

Ninguém atende as batidas, então abro a porta chamando por ele e vejo os dois filhos da puta deitados nus. E ela estava em seus braços.


Quando meus olhos se enchem de lágrimas (sim, estou chorando mais que a Maria do Bairro) e vou em direção à porta, penso o quão idiota estou sendo. Essa vadia armou para nós, o Nando jamais faria isso comigo. Sei disso com todas as minhas forças. Olhando para eles deitados, ela está com um ligeiro sorriso no rosto, e ele com cara que bebeu todas. Eu vou matar essa filha da puta!

- Julia o que faz aqui? Meu Deus, vire o rosto! Estamos nus!

Me viro de costas e sinto meu sangue ferver só de pensar nas mentiras que ela soltará.

- Estou esperando o Fernando há quase 30 minutos. Temos uma palestra agora.

- Ai Ju, desculpe mas não sei se ele terá forças para se levantar. Fomos muito intensos, se é que você me entende... Pode virar, já nos cobrimos.

Antes de virar reviro os olhos e bufo de ódio!

- Mari, acorda ele, eu espero.

Sinto uma raiva dos dois e começo a duvidar se ele não se aproveitou da situação para trepar com a Mari. Sei que ele gosta muito de sexo e se ela estiver pelada, prontinha pra dar, será que ele aguentaria?

Ela passa a mão em seu peito, e fica me olhando, como se estivesse me desafiando. Naquela hora, vi em seus olhos que ela sabia da gente.

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