Capítulo 3 - O Cemitério

MARCOS - Alguns Anos Antes

Quando o sol apareceu naquela manha, Sabrina estava a uma distancia de mim na cama, ela respirava tranquilamente. O sol adentrava a janela do quarto de forma tímida muito diferente do meu antigo apartamento. Ela queria uma casa e para evitar dores de cabeça eu comprei essa casa, que ela mobiliou e escolheu, no centro da cidade.

Exagero.

Era isso o que eu achava. Sabrina se afundava em compras e diversões enquanto eu trabalha com afinco para manter o legado do meu pai. Ela não me ligava ou se preocupava comigo, mas talvez por esse motivo eu tenha me casado com ela. Ela não estaria no meu, não estaria me enchendo de coisas que eu não gostaria. Eu não saberia dos seus sentimentos.

Levantei da cama e fui para o banheiro, tomei meu banho e me troquei. Sai do quarto e desci as escadas, tomei meu café da manha que uma das novas empregadas havia preparado. E logo segui para a Arque.

O dia passou com uma certa rapidez. E logo o fim do expediente chegou. Sai do escritório e fui a uma floricultura que havia próximo do meu destino, escolhi rosas brancas. Fazia algum tempo desde que tudo aconteceu e ainda sim eu sentia sua falta. Eu queria que ele estivesse aqui, que ele não tivesse ido. Porque há ainda tantas duvidas em minha mente apesar de tudo.

Já era final de tarde quando inicio minha caminhada pela trilha de lajotas. O sol ainda estava no céu, mas descia lentamente para se despedir daquele dia. As nuvens ganhavam um toma alaranjado e as aves voavam para a linha do horizonte. Uma brisa inundava o local, silencioso e tranquilo.

Eu caminhava sem presa. Quando avistei a lapide. Minha mãe estava em pé em frente ao tumulo de meu pai, e lá estavam rosas vermelhas em suas mãos. Fiquei distante a observando. Eu não sabia que ela visitava seu tumulo, ela nunca comentara nada comigo, mas era justo que eu não interrompesse esse momento dela com ele. Então ela se agachou e colocou as rosas na lapide e se levantou calmamente se virando quando ela me vê esboça um leve sorriso e caminha ate mim.

- Filho.

- Mãe. – dei um breve sorriso e a abracei. – Não sabia que vinha aqui.

Ela riu brevemente.

- Não poderia deixar de visitar meu amado esposo. – ela olha para trás. – e vejo que veio fazer o mesmo.

Apenas a olhei um esboço de um sorriso.

- Agora estou indo. Vou fazer o jantar esta noite, não chegue tarde em casa. – disse ela sorrindo indo em direção à trilha.

Caminhei e direção a lapide e me sentei em frente a ela, como uma criança. Deixei as rosas brancas junto com as vermelhas de minha mãe.

- Oi pai. – fiz uma pausa – Há quanto tempo não é? Queria contar-lhe que casei. Sei que vai me dizer que nãoera o que eu queria, porque talvez você esteja certo.

Olhei para a imensidão vazia e para as nuvens que dançavam no céu.

- Depois de tudo o que passei depois de tantas tentativas fracassadas o senhor sabe que abri mão de meus sentimentos e sabe que nunca poderei lhe responder a pergunta que sempre me fez.

Olho para a lapide.

- Eu amadureci com o tempo, mas ainda sim não recuperei o que perdi. Sou um bruto, grosseiro e irredutível. E sei que um ainda ou outro tudo vai desabar, mas eu estou tentando. Talvez eu encontre as respostas ou talvez eu precise aceitar que não tenho conserto. Que sempre ficarei assim. Incapaz de amar de alguém completamente.

Ri brevemente.

- Sei que iria me mandar para a terapia, porque traumas se escondem muito bem. Aposto que diria isso para mim, ma quero tentar resolver isso sozinho. Pelo menos dessa vez eu preciso.

Então me viro para observar o por do sol e ao longe vejo uma sombra caminhar entre os túmulos, ao que parecia deveria ser um garoto. Ele sentou-se e começou a olhar para o céu. Era algo estranho de se fazer em um cemitério, mas ao mesmo tempo não parecia. O lugar trazia uma certa paz ao mesmo tempo que era melancólica.

O sol começou a se por e as estrelas começaram a aparecer na imensidão escura do céu. A lua cheia aparecia discreta e sem presa enquanto o sol partia em um tom avermelhado no horizonte. Levantei-me devagar e segui meu caminho. Talvez eu estivesse com esperanças de encontrar algo que e fizesse realmente feliz.

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