Capítulo 12 - Acabou
ALEX
Algumas vezes tomamos decisões que ao condizem com a lógica ou a razão. Somos feitos de forma única e cada um tem seu jeito de lidar com cada situação, eu escolhi me desligar do mundo. Quando se quer muito algo nos o conseguimos, mas sair dele é o problema. E eu não esperava sair da minha prisão vazia. Por alguma razão eu precisava ficar lúcido por mais tempo talvez porque havia assuntos inacabados, porque de uma forma ou de outra eu estaria morto, não literalmente, mas não estaria ciente de nada. Eu podia ouvir os bips do aparelhos que monitoravam meu coração, e alguém segurava minha mão com força. Meus olhos ainda estavam pesados e eu não poderia abri-los agora foi então que a porta fez um ruído ao ser aberta e uma voz ecoou:
- Você já pode ir... – ele sussurrou.
Com a voz sonolenta ao que parecia ser a de Airton respondeu.
- Eu posso ficar mais um pouco.
- Não já esta na sua hora e além do mais você vai ficar todo quebrado.
Ele suspirou e parecia estar se espreguiçando pelos ruídos que fazia.
- Já estão.
Ao que parece era Airton que segurava minha mão.
- Desculpe.
Sua mão deslizou sobre a minha, soltando-a.
- Não faça as escolhas por ele. – disse a outra pessoa de forma seria. – Espere ele esta consciente da realidade.
- Isso me preocupa.
- Porque?
- E se ele não sair desse estado nunca?
- Então a sua pouca fé nele, não merece nem ao menos um abraço dele.
- Eu tenho medo. – falou Airton desanimado.
- Todos nos temos.
Então ouve um novo ruído, ao que parece Airton se levantou da poltrona.
- Ate daqui a pouco.
Silencio.
Então novamente minha mão foi envolvida por outra.
- Por favor, não desista. Eu não posso admitir deixar você ir por causa de idiotas, se algo acontecer a você a culpa será...
Algo nessas palavras me fizeram ter um estalo. Porque eu deveria me castigar pelos outros? Porque eu deveria sofrer? Porque eu? Então eu apertei sua mão. Meus olhos ficaram ais leves e mesmo antes que eu os abrisse tive forças para falar.
- Minha... – sussurrei. – A culpa será minha.
Então finalmente abri meus olhos, bocejando e logo em seguida coçando-os.
- Não culpe ninguém pelas minhas fraquezas e meus temores. – disse ele esboçando um leve sorriso.
Ele ficou estático. Seus olhos brilhavam e ele me abraçou forte. Seu abraço era apertado, mas quente. Era confortante, e me tirava o ar.
- Eu não consigo respirar. – disse sorrindo enquanto ele me soltava.
- Me desculpe, eu... Estou tão feliz por você esta bem. – disse ele com lagrimas em seus olhos.
Eu já o havia visto, há muito tempo atrás. Mas minhas memórias estavam embaçadas e confusas, sempre ficam quando estou em meio a uma crise. Eu sinto a dor, a tristeza, mas não tenho lembranças nítidas do acontecido.
- Me desculpe, mas eu não lembro de você.
Ele riu, enxugando as lagrimas.
- E não lembraria mesmo. Sou Gabriel. Tomo conta de você desde que tentou se jogar da ponte do parque Saint Louise.
Flashes.
- Eu estava pronto para me afogar na água gelada e você não deixou.
Ele confirmou com um meneio de cabeça.
- E desde então eu cuido de você. – disse Gabriel com um olhar de ternura.
- E meus pais?
- Sempre dormem com você, mas há essa hora devem estar na cantina tomando café. Eles não confiam em Airton. E como chego nesse horário eles ficam mais tranquilos.
- Preciso que me faça uma coisa.
Gabriel me olhou curioso.
- O que?
- Quero que traga Marcos aqui.
GABRIEL
Caminhei de forma silenciosa pelo corredor longo ate me posicionar em frente à secretaria que distraidamente lia sua revista.
- Colicença. – eu disse.
- Hã... – disse ela surpresa ao me olhar e envergonhada deixou a revista cair no chão e a empurrou com o pé para debaixo da mesa. – Me desculpe senhor. Em posso ajuda-lo?
- Vim falar com Sr. Marcus.
- Tem hora marcada?
- Não.
- Então não posso ajuda-lo. Tem que agendar um horário Sr.
- Diga a ele que é sobre Alex.
Ela me olhou pensativa e verificou algo em sua agenda. Estava estampado em um pequeno caderno em letras redondas e bem desenhadas.
Alex Amell é prioridade para atendimento.
- Só um minuto senhor. – disse ela com um sorriso no rosto enquanto pegava o telefone.
Eu não entendia o motivo pelo qual ele queria falar com aquele cara. Não entendia o que levaria a fazer algo tão idiota, mas quem sou eu para julga-lo. Eu estava na Arque para fazer com que ele fosse vê-lo. Era cúmplice dele no final das contas.
A secretaria sorriu e me disse:
- Ele vai recebê-lo.
- Obrigado.
Caminhei pelo corredor ate chegar em uma porta larga de madeira, eu não havia percebido que a secretaria estava atrás de mim e levei um pequeno susto quando vi que sua mão abriu a porta. Ela pediu desculpas em meio a um sorriso envergonhado e eu adentrei a sala. Ele estava sentado em uma mesa, olhava papeis com muita atenção, me aproximei de sua mesa de vidro e me postei a sua frente. Ele parou o que estava fazendo e me olhou, mas logo voltou a seu trabalho.
- O que você quer?
- Alex insiste em falar com você.
Silencio.
Havia duas cadeiras em frente a sua mesa, um armário que provavelmente estariam documentos, uma mesa com bebidas alcoólicas e uma garrafa de café com copos. Eu podia ver a cidade pelas enormes janelas de vidro que estavam no lugar da parede.
- Ele mandou você aqui?
- Infelizmente. – falei entre dentes.
- Você me odeia? – ele olhou curioso.
O olhei vagamente.
- O que interessa nesse momento é saber se você ira ou não vê-lo.
- Eu irei. – disse ele por fim. – Obrigado.
- Pelo?
- Você não gosta de mim, mas mesmo assim ainda vem aqui dar um recado dele. Você gosta dele?
Virei-me de costas.
- É isso o que os irmãos mais velhos fazem.
Sai caminhando em direção à saída, deixando ele em seu próprio silencio.
ALEX
Eu estava realmente preparado para o que estava por vir? Porque meu corpo reagia de uma forma esquisita. Sentia que meu suro estava frio e minhas mãos estavam tremular. Gabriel estava do meu lado, como sempre protetor. Airton voltara e como Gabriel quase me sufocara assim como meus pais. Todos esboçavam sua felicidade por me ter bem e lúcido, mas Gabriel fez questão de não deixar que ele se aproximasse muito de mim. Airton não gostou muito, mas como Gabriel é maior do que ele, não houve como questionar.
Já estava no horário marcado e se eu realmente o conhecia ele nunca se atrasava. Então a porta se abriu. Ele estava lindo como sempre, vestia uma calça jeans e uma camisa polo, trazia balões, um urso e uma caixa de chocolates na mão e um sorriso no rosto.
- Oi meu amor. – ele disse.
Aquelas palavras foram como um golpe me meu peito, meus olhos se encheram de lagrimas e quiseram me denunciar.
- Eu esperei tanto pra poder falar com você. Pra pedir desculpas. Eu estava bêbado, eu...
A cada nova palavra à dor se acumulava dentro dos meus olhos.
- Marcos.
- Me perdoa amor. – dizia ele de forma manhosa.
Gabriel estava inerte. Ele me apoiara em qualquer decisão mesmo que ela fosse idiota. Eu sabia que ele faria, mas Airton o olhava com nojo. Seus olhos se estreitaram e seus punhos clamavam por relaxamento mostrando as veias já expostas. Eu precisava tomara a decisão correta. E ela era...
- Marcos...
- Sim. – disse ele como esperanças.
- Você é exatamente como todos os outros. Um mentiroso. Você provou que não é nada do que demonstra. Você me magoou, assim como magoaram você. Você descontou sua dor em mim e agora quem esta com dor sou eu.
- Alex...
- Apenas me deixe... – não pude mais conter as lagrimas, elas desciam rápido e com urgência.
Marcos tentou se aproximar, mas Airton e Gabriel se puseram na sua frente. Airton fez sinal que se ele desse mais um passo sairia dali com um olho roxo, enquanto Gabriel me confortava.
- Eu... Eu sin... – tentou dizer ele.
- Já esta na hora de você ir Marcos – disse meu pai. – Você não é bem vindo aqui e nem faz bem ao nosso filho.
Minha mãe se aproximou de mim e abraçou forte, e meio a minha visão turva eu o vi partir, levando com ele todas as esperanças de que um dia eu fosse realmente ser feliz.
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