13 - Divertido

E foi aí que tudo mudou. Com o passar dos dias e com a ajuda de Drica eu comecei a matar uma parte em mim de cada vez, meu coração já estava em pedaços, então por que juntar os cacos? Eu destruiria tudo de uma vez. E assim foi feito e aos poucos fui ficando vazio, mas ainda era somente eu que não acreditava mais na palavra amor e muito menos que tal coisa existia.

Um mês se passara desde que Drica entrou em minha vida e desde que tudo começou a mudar. E é claro estava na hora de pôr minha promessa em ação. Se a base de uma sociedade é como você interage com o meio, em termos simples se o ambiente é favorável ao Lucas, então eu devo destruir e reconstruir uma nova base desfavorável a ele. Estava na hora de todos saberem quem Lucas realmente era e isso não seria difícil para mim.

Primeiro passo: hackear a conta do Facebook.

Ao que parece o Facebook se gaba por ter uma segurança impecável, mas acessar o servidor principal da empresa não é muito complicado. Então nada melhor do que conseguir os dados na fonte. Não foi difícil encontrar os dados que eram necessários e copiá-los para o HD do computador com um IP falso. Logo em seguida, utilizando um novo IP falso e uma nova máquina em uma rede diferente de internet, acessei a página da rede social e utilizei o e-mail e a senha cadastrados no servidor. Segui para a janela de conversas e lá estava a conversa de quem eu necessitava, aliás, as conversas de que eu precisava. Os dados foram copiados e inseridos em um pen drive e o computador destruído.

Segundo passo: Analisar os dados.

Eu tinha cerca de dezoito conversas e as informações precisavam ser precisas, então investiguei a vida de todos nos registros das últimas atividades. Oito, de caras que ele estava marcando encontro enquanto namorava comigo e um deles meu amigo, inclusive.

O ódio e a raiva me consumiram. Eu estava sendo feito de otário há mais tempo que eu imaginava, mas eu daria o troco, eu faria com que ele se arrependesse disso.

Terceiro passo: Destruindo a reputação.

Como em todo ano, Lucas dava uma festa de aniversário temática, a deste ano seria um Baile de Máscaras. Todos os amigos dele estariam lá e outras pessoas também, já que eu consegui que alguns convites fossem enviados sem que ele notasse para pessoas selecionadas. A festa ocorreria na "Summer", um dos maiores locais para evento da cidade e eu não perderia essa festa por nada na vida.

O céu estava limpo, não havia nuvens e muito menos estrelas naquela noite calma e tranquila. A lua estava solitária na imensidão escura enquanto uma brisa atravessou o grande salão externo com colunas gregas. O lustre de cristal resplandecia no centro do salão enquanto a decoração nostálgica os levava aos anos quarenta. O jazz tocava e fazia com que vários convidados dançassem no centro do salão oval.

Havia um telão montado no palco onde se podia ver os dançarinos se divertindo no local. A festa estava divertida e animada naquela noite quando Drica finalmente chegou e se juntou a mim na mesa.

— Que divertido — disse ela sorrindo. — Como conseguiu esses convites e esses lugares?

Ela falava sentando no lado oeste do salão em um camarote, eu estava de smoking e gravata, minha barba estava feita e usava uma máscara negra e dava um sorriso singelo, mas meus olhos se divertiam com uma piada interna. Drica vestia um vestido justo e vermelho, seus cabelos estavam presos e sua boca carnuda estava com um vermelho vibrante, e seus olhos esfumaçados pela maquiagem davam profundidade a sua feição.

— Muito — disse dando um largo sorriso irônico.

— E o que temos no cardápio?

— Revelações — disse olhando para o palco e para o telão. — Você conseguiu? — Eu a olhei com certa expectativa.

— Foi fácil demais, nada que uma boa "pegada" não resolvesse — disse ela rindo. — Ele até que era um gatinho. Não foi nenhum sacrifício, mas ele pediu meu número.

Gargalhamos.

— Iludiiiiiido — falamos juntos e rimos novamente.

— Agora podemos dançar um pouco?

Dei um sorriso e me levantei da mesa estendendo a mão a ela.

— Me dá a honra dessa dança, senhorita?

— Tão galanteador — disse ela fingindo ser uma moça tímida. — Mas já que está insistindo tanto, vamos.

Descemos do camarote e fomos para o salão dançar. Drica encantava os rapazes pela forma sensual que dançava e se encaixava no meu corpo provocando muitos que nos observavam. Eu olhava furtivamente para as garotas e lhes dava uma piscada de olho mordendo os lábios. Eu havia mudado no último mês. Drica havia feito com que eu entrasse na academia, esbanjava músculos rígidos, que se destacavam no smoking. Alguns convidados também me olhavam e outros pareciam desejar nós dois na mesma cama. Eu e ela nos divertíamos com aquilo, a dança alucinava a todos que nos observavam. Então paramos junto com a música, Drica se afastou e piscou os olhos para mim e eu ri.

Ela iria se divertir.

E como iria.

Direcionei-me para meu camarote quando um homem de um metro e oitenta me seguiu pelo emaranhado de pessoas até o camarote e se sentou junto comigo. Ele me olhou com desejo e eu retribuí.

— Posso saber como se chama? — perguntou ele.

Então pude olhá-lo de verdade. Era alto, com a pele alva e tinha uma barba sedutora, seus olhos eram azuis de um profundo hipnotizante. Ele usava um smoking, era forte — eu podia perceber pela forma como seu corpo ficava desenhado naquela roupa — e tinha no pulso direito um relógio de ouro, suas mãos se aproximaram da minha.

— Alex Amell — disse em um sorriso.

— Prazer, Alex Amell. Você pode me chamar de Marcos. Marcos Albuquerque — disse ele segurando minha mão e a apertando. Esse foi um ato clássico de me instruir de forma indireta quem ele é, uma reafirmação do seu poder e de que consegue tudo o que deseja. Mas ele seria útil a mim por duas razões. A primeira e principal é que ele era dono da empresa onde Lucas trabalhava, a maior empresa de engenharia e arquitetura do país. A "Albuquerque Arque". E pela conversa que vi nos registros, Lucas tentava de todas as formas tê-lo, mas ao que me parecia ele não fazia seu tipo e por ironia eu fazia o tipo dele. — Então gostaria de saber se está acompanhado — perguntou se aproximando mais de mim.

— E por que tem grande curiosidade nisso?

— Porque estou fortemente atraído por você e eu ficaria muito feliz se aceitasse jantar comigo — disse ele cordialmente.

— Claro, por que não?! — respondi em meio a um sorriso.

— Ligue-me. — Ele me deu um cartão com dois números de telefone. — E não se preocupe com nada, onde você estiver eu irei buscá-lo. — dei um leve sorriso. Ele segurou minha mão e a beijou. — Não se esqueça de mim — pediu ele rindo, mostrando os largos e lindos dentes brancos que tinha. Naquele estado, ele parecia mais casual, e não um homem de negócios.

Ele se levantou e saiu olhando para mim e dando um sorriso quando Drica se aproximou.

— Quem era o gato?

— A fase dois — disse com um sorriso malicioso no rosto.

Foi então que a música parou de tocar e Lucas subiu no palco, com um sorriso largo no rosto, fez um discurso que não prestei atenção, já que meus olhos estavam focados no telão.

— E agora uma pequena retrospectiva desses meus vinte e dois anos de vida.

Então o telão ficou negro e começou a passar a vídeo da conversa de Lucas e Guto.

"Você é muito gostoso, Lucas, meu pau ainda baba só de pensar em você rebolando nele."

"Nós podemos repetir mais vezes.", disse Lucas com malícia.

"Mas sem que nossos namorados saibam, você quase babou tudo contando pro otário do seu ex."

Então o vídeo foi cortado. Lucas estava sem ação. Guto estava com o namorado do lado e não parecia acreditar no que estava acontecendo, então fotos de sexo dele com um professor de desenho da faculdade começaram a passar no telão e os prints de conversas com alguns "amigos" casados e que tinham namoradas.

E todos estavam lá.

Não havia nada além de rostos assustados, enquanto eu e Drica ríamos.

O circo estava armado e estava pegando fogo.

E eu? É claro que estava me divertindo.

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