Capítulo 8 - O Poder
Um breve cinza.
Meus olhos estavam entre abertos quando me movi na cama, foi só ai que pude sentir um braço me envolver. A respiração dele era quente e seus braços me apertavam de uma forma leve, mas que não me permitia me mover. Eu ainda me lembrava daquele quarto tão claramente assim? A enorme janela de vidro deixava que a pouca luz daquele dia nublado adentrasse o interior.
Cinza.
Era um tom escuro e fúnebre, mas por alguma razão eu sentia conforto nem dias como aqueles. Dias em que a chuva cai devagar e produz aquele cheiro de terra molhada que me faz, me sentir mais vivo. O friozinho gostoso que rende uma boa xícara de chocolate quente na cama e faz com que não tivéssemos vontade de sair da cama.
A brisa movia devagar os galhos das arvores enquanto meus olhos acompanhavam devagar seu movimento. Quando crianças sempre ouvimos que a chuva são as lagrimas de Deus ou dos anjos, ou que eles nos acompanham nesses momentos tristes. Quando ficamos um pouco mais maduros – não que isso seja possível de verdade, mas crescer é entender melhor o mundo – dizíamos que era os anjos cuspindo ou fazendo xixi. Mas hoje acredito que a chuva seja um conforto e um novo começo.
Eu odeio repetecos.
Sei que já havia falado isso, mas queria poder entender porque estou revivendo tais momentos da minha vida.
Lucas.
E agora...
Marcos.
No dia em que e passei a noite com ele, foi o mesmo dia em que eu havia ido no medico. Meus exames de rotina estavam cada vez mais freqüentes e meus ataques estavam mais ainda. A dor chegava sem aviso prévio e me tirava o ar todas as noites, mas naquele dia não foi isso o que aconteceu. Eu me sentia bem ali e seguro e sei que todos tem sua forma de ver o mundo e de descobri-lo, mesmo que acabe magoando alguém como eu.
Eu me pergunto se eles ainda lembram ao menos de mim... Mas sei que aprendi muito com eles. Que a sociedade deseja um padrão a ser seguido e vou ser franco eu nunca fui esse padrão. Sou frágil e fraco, suscetível a idiotices e burradas que podem me levar a morte.
Morte.
É engraçado falar dela dessa forma.
Por quê?
Eu estou morrendo. E aquela historia de que sua vida passa em seus olhos, bem ela não é totalmente verdade. Porque eu apenas vejo os momentos que mais me marcaram.
Acelerado.
Não pensei que poderia senti-lo ai. Ainda batendo e pulsando de uma forma descompassada. Estou desacordado provavelmente. Talvez estejam tentando me ressuscitar com massagem cardíaca. Talvez já seja tarde de mais.
Porque eu lamento não poder dizer tudo o que eu preciso? Ao mesmo tempo que estou satisfeito em ir dessa vida...
Suspiro na cama macia enquanto ele continua dormindo, sua boca toca meu pescoço e ele sussurra:
- Eu te amo.
Amor.
Era isso o que me impedia de ir totalmente. Eu sabia disso. Sabia que ia precisava ir, mas mesmo estando com Marcos ao meu lado naquela lembrança mesmo que ela não seja real, eu ainda espero ver Luciano antes de ir. Pela ultima vez. Nunca pensei que descobriria que contra todas as chances eu acabaria me apaixonando e amando o garoto mais irritante e que roubou meu coração.
As lagrimas corriam pelo meu rosto.
Eu não sabia a quanto tempo eu estava ali e esperava de que alguma forma eu ainda pudesse e merecesse vê-lo antes de dar o adeus final. Eu já havia estado com Lucas, agora com Marcos mesmo que ele esteja dormindo nessa visão mortífera.
Eu me pergunto se vou para um lugar melhor. Talvez não. Na verdade é uma incógnita nesse momento, mas de todas as duvidas que eu poderia ter eu tenho uma única certeza e meus lábios se moveram devagar, o ar entrou e saiu pela minha boca e as palavras foram pronunciadas de forma lenta e devagar.
- Eu te amo Luciano.
LUCIANO
Desespero.
Era isso que inundava meu ser. Esse sentimento que eu não condigo controlar que precisou de seis enfermeiros e dois seguranças para me impedir de entrar na sala onde estão tentando reanimá-lo. As lagrimas escorriam pelo meu rosto quando Gabriel chegou e me abraçou.
Não pude segurar e desabei. Ele me abraçou forte e pedia para que eu me acalmasse. Tentava me confortar dizendo que ele sairia bem daquela e que não era a primeira vez, mas que torcia para ser a ultima. Lá no fundo ele estava tão desesperado quanto eu.
Gabriel nunca disse a ninguém, mas ele já havia amado ele, amado de uma forma diferente, mas sabia que não poderia prosseguir com aquilo. O mais próximo que chegou disso foi quando ele perdeu a memória. Mas em ela ele não poderia escolher ele de verdade.
Ele sempre me falava dele, de como ele era incrível, mas não conseguia ver o próprio potencial. Sabia que ele já havia sentindo algo por ele em meio a falta de recordações, mas não achava certo tentar algo desse tipo e preferiu se privar desse sentimento quando Alex o beijou em uma das consultas.
Mas no final das contas ele me escolheu. O cara que não queria nada com ninguém e devo admitir eu só queria ficar com ele e depois partir. Mas para a minha surpresa meu coração não queria ir. E foi então que eu decidi lutar por ele, mesmo sendo do jeito que eu era. Porque no final das contas ele me transformou. Ainda sou o mesmo, não de um jeito ruim, mas de um jeito bom.
Era inusitado estar rodeado por eles.
Lucas.
Marcos.
Airton.
Gabriel.
Todos namoraram Alex ou nunca revelaram seus sentimentos. E todos estavam ali, sentados com cara de preocupados a espera de noticias. Todos nos desejávamos que ele saísse daquela e por respeito a ele eu não quebraria a cara de nenhum deles, porque ele é e sempre será meu.
Meu amor.
Meu namorado
Tudo o que eu preciso e necessito. E me pergunto como vou viver se ele...
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