Capítulo 10 - Elastic Heart

"You did not break me. I'm still fighting for peace. I've got a thick skin and an elastic heart. But your blade it might be too sharp. I'm like a rubberband until you pull too hard. I may snap and I move fast. But you won't see me fall apart. 'Cause I've got an elastic heart" - Elastic Heart - Sia

Quantas vezes meus olhos se perderam naquele teto.

Branco.

Como todo o resto. Sem nenhuma imperfeição.  A tinta havia secado de maneira perfeita, não havia nem mesmo uma mancha presa aquela imensidão branca. O travesseiro que acomodava a minha cabeça, assim como os lençóis e colchas eram igualmente da mesma cor.

Eu podia sentir o tecido tocar o meu corpo, a ondulações provocadas pelo corpo que se movia durante todo o dia e noite. Podia sentir a tubulação presa em meu pulso que inseria soro em minhas veias e a aparelhagem que zumbia como um pequeno pulmão enviava ar para que meus pulmões não se desgastassem. Minha respiração estava lenta, meus olhos mal se abriam direito. Meu corpo permanecia inerte.

 A porta se abriu devagar, os passos de quem entrava era lento, meus olhos se fecharam mais uma vez como de praxe, o sono sempre tentava me dominar, a medicação me deixava grogue e sem estímulos ou reflexos normais. Então a cama rebaixa um pouco, sinto uma mão tocar a minha, ela era grande e um pouco áspera. A respiração havia mudado, estava acelerada.

- Oi. – disse ele.

Um flashback.

Suspiro na cama macia enquanto ele continua dormindo, sua boca toca meu pescoço e ele sussurra:

- Eu te amo.

Amor.

Era isso o que me impedia de ir totalmente. Eu sabia disso. Sabia que ia precisava ir, mas mesmo estando com Marcos ao meu lado naquela lembrança mesmo que ela não seja real.

Meus olhos se reabriram. Ele estava lá. Seus olhos estavam em um misto de felicidade e tristeza assim como o esboço de sorriso em seu rosto. Suas mãos seguraram as minhas e as apertaram.

- Eu espero que esteja bem.

Minha boca se abriu lentamente, o ar adentrou a cavidade e saiu, mas não houve nenhum som, apenas um suspiro longo e pesado. Ele olhou pela janela do quarto e observou o céu azul.

MARCOS

- Espero que esteja confortável. Consegui este quarto as presas. Quando você chegou aqui eu estava saindo.

Olhei para Alex que continuava deitado na cama. A aparelhagem fazia um zumbido que deveria ser normal a ele a algum tempo, dado as circunstancias de sua saúde. Eu sabia que em parte era culpado dele esta daquela forma. Ele parecia uma alma rasgada e costurada varias vezes que começava a se deformar com tantos remendos e buracos sendo reabertos.

Seus olhos continuavam os mesmos olhos gentis e tranqüilos, mas perdidos em algum lugar que nunca consegui chegar. Sua pele empalidecera com o tempo e sua face parecia exausta, depois de uma luta tentando reanimá-lo ele ainda estava li e vivo, mas velo daquela forma me fazia lembrar, o sentimento que Luciano esta sentindo nesse momento.

Eu acabara de chegar à cidade e me dirijo pelas ruas da cidade, não para o conforto da minha casa, mas para a dele. Eu havia passado a ultima semana viajando a negócios e deixado dois seguranças para que nada acontecesse com aquele que havia ganhado meu coração. A viagem quase fora um tortura, mas era necessário e resolvi tudo o mais rápido possível para vê-lo.

Quando entro na rua da casa dele, vejo um rapaz saindo correndo de sua residência e entrando no carro, acelerando e passando por mim rapidamente. Mas sua face eu reconhecia.

Era Lucas Álamo.

Por alguma razão meu coração se acelerou ao ver a porta da casa dele escancarada, desci do carro feito um louco deixando as chaves dentro do carro sem me importar se ele seria roubado ou não.

- Alex! Alex!

Silencio.

Ao entrar na casa vi que ele estava caído no chão, toquei seu corpo gélido no chão, verifiquei seu pulso. Entrei em desespero.

- Acorda! Por favor, acorda! Não me deixa.

As lagrima corriam pelo meu rosto, segurei seu corpo nos meus braços e voltei para o carro, não sei como, mas entrei com ele em meus braços, sua cabeça estava no meu colo enquanto eu dirigia feito um louco. Ultrapassei sinais vermelhos e uma viatura policial me seguia. Eu não estava preocupado com nada alem dele.

Eu não o perderia.

Eu não permitiria.

Cheguei ao hospital, sai o mais rápido que pude com ele em meus braços.

- Alguém me ajude! – gritava freneticamente naquele maldito lugar.

Algumas enfermeiras vieram ate mim, logo em seguida um medico apareceu. O levaram para dentro e eu fiquei ali esperando. Torcendo. Para que não arrancassem ele de mim.

Desabei no chão, minas mãos estavam no meu rosto, as lagrimas escoriam freneticamente. Eu chorava como uma criança desesperada. Eu não ligava para nada. Eu só queria tê-lo de volta.

Sirenes.

Policiais.

Eu não ligava.

“Não me deixe meu amor...” – supliquei em minha mente.

Era estranho sentir aquilo, com uma lembrança vindo a tona daquela forma. Eu não sabia como pedir a ele que perdoasse pelo que fiz e pela forma como o fiz. Espero que Luciano não seja como eu fui que não o abandone, que cuide dele e o apóie quando for necessário e saiba freia-lo quando preciso.

- Me perdoe. – disse por fim.

Ele me olhou e esboçou um leve sorriso.

Talvez ele já tenha me perdoado.

A porta se abriu devagar, Luciano vestia uma camisa branca que deixava a mostra seus ombros largos e o peitoral malhado, a calça jeans marcava as coxas malhadas e o All Star calçava seus pés. O cabelo estava desgrenhado e ele trazia um ramalhete de flores nas mãos. Ele me olhou brevemente e eu acenei serio.

Luciano é bonito, e ele só tem olhos para Alex. O que é bom, ele merece e Luciano sabe que Alex sempre será dele e de mais ninguém, mas por algum motivo senti inveja dele. Talvez fosse errado pensar assim, eu já tive Alex comigo e não dei o devido valor. Olhei para a mão dele que apertou as dele e logo em seguida seus lábios tocaram os dele.

- Amo você – sussurrou ele ao ouvido de Alex.

Eles se olharam por alguns instantes e então Luciano se virou em minha direção e se direcionou a mim.

- Obrigado – ele disse.

Dei um largo sorriso.

- Fiz isso por ele. – apontei para Alex deitado na cama.

Ele olhou para ele e me encarou novamente, desta vez serio.

- Eu sei que devo agradecer mais do que isso, mas peço que não venha mais vê-lo. Sei o que fez com ele e não sou nenhum bobo para não ter notado a forma como me olha.

Sem palavras.

- Não vou ser delicado e muito menos usar indiretas. Mas não há outro cara que eu vá amar alem dele. – Luciano apontou para Alex. – Desejamos a você toda a felicidade deste mundo, mas você jamais chegara aos pés dele.

Dei um breve sorriso envergonhado. Caminhei em direção ao Alex e me aproximei dele, segurei suas mãos e as apertei.

- Sinto muito.

Então minha face se aproxima a dele, o olho nos olhos e meus lábios tocam os deles. Por um momento o sentimento de vazio se vai, me sinto amado e desejei tê-lo novamente comigo, mas fui arrancado dos braços dele e fui golpeado no rosto, sangue espirrou manchando o chão branco. Não houve uma única palavra, minhas mãos tocaram meu nariz ensangüentado.

“Quem eu sou?”

Essa pergunta incomoda muita gente, na verdade me incomoda. Porque ate o momento eu não tenho certeza de quem eu sou. Minha mãe disse que pode levar algum tempo, mas que quando a resposta eu souber o resto vem como num passe de mágica.

Eu ainda não havia descoberto. Mas eu tinha certeza que o mais próximo da resposta só estive uma vez em toda a minha vida.

Ao lado de Alex.

Levantei devagar e caminhei ate a saída, isso era um adeus. Mesmo que eu não pronunciasse nenhuma palavra, todos ali sabiam que essa a ultima vez que eu veria Alex.

- Adeus – sussurrei.

E ao atravessar a porta e me virar brevemente para vê-lo mais uma vez, eu jurei que pude ver ele dando um sorriso para mim, mas a porta se fechou com um único movimento, me deixando na escuridão novamente.

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