Capítulo 2
DEVANEIOS
A forma como você fala de si mesma
A forma como você se humilha
Até ficar minúscula
É abuso.
-O que o sol faz com as flores
Estava sentada na arquibancada da quadra coberta, tentando fazer algumas atividades de matemática e fingindo não prestar atenção nas audições, ja Haley aquecia com alguns polichinelos, o som de seus sapatos batendo no chão ecoava e algumas das garotas que esperavam por sua vez no teste a olhavam torto.
-Esta assustando sua concorrência sabia?
- Bom pra mim não é? Se não tiver ninguém eu serei a única opção da Audrey.- A Líder das torcedoras.
Conheço Audrey desde os meus 7 anos de idade, era muito amigas no fundamental um, lembro de quando vivíamos uma na casa da outra, de como ela implorava aos meus pais para que me deixassem dormir em sua casa aos sábados, das vezes em que íamos a sorveteria e escolhiamos sorvetes uma para a outra e me lembro também, perfeitamente do dia em me disse que era apaixonada pelo meu irmão assim que completamos 13 anos, o engraçado é que nós fazemos aniversário exatamente no mesmo dia, o que me fez detesta lá, não me julgue eu era apenas uma criança, eu não podia culpa lá por ama lo, afinal todos amam, adoram ele.
Mas era difícil para uma pequena e frustada garota ver sua melhor amiga se apaixonar pelo seu irmão, depois de sempre dizer o quanto odiava o fato dele ser o preferido.
-Sabe, eu andei pensando naquilo que você me disse.- Tirando me totalmente dos meus devaneios a garota a minha frente perguntou.- Acho que você devia entrar para o time de vôlei feminino, vai ser bom pra você.
-Ah aquilo, eu estava apenas brincando, sabe que não sou tão boa assim.
-Mas devia tentar.- Foi interrompida pela voz da professora de educação física chamando a para fazer o teste.- Me deseje boa sorte.
-Vai, vou cruzar os dedinhos.
(...)
O álcool que descia pela minha garganta queimava, podia sentir tudo a minha volta rodar e me segurei na bancada com medo de cair. Era difícil fugir desse tipo de festa, ainda mais quando se era feita em sua própria casa, como nossa mãe vivia viajando a trabalho Wiliam aproveitava para dar suas festas, que eram consideradas as melhores, eu concordo.
Rolei meus olhos pela sala, o som alto me impedia de ouvir quaisquer conversas paralelas, ver minha melhor amiga se acabar de dançar me deixava animada e um pouco preocupada, com toda a certeza essa garota vai ter que dormir aqui em casa hoje, já havia me prontificado de mandar mensagem a sua mãe.
Me virei para o outro lado do balcão, onde Brian dava uma de barman, quem não o conhecia nem imaginaria seus dotes para bebidas, seu jeito meigo e tímido o dava todo um ar de nerd fofo, daqueles que mal conseguiam pronunciar uma frase sequer sem gaguejar, e pensar que meu primeiro beijo fora com ele, com meus 12 anos lembro me de estar em uma festa do pijama com meus amigos da época, nos obrigaram a nos trancar no quarto e ele tirar meu BV.
-Nós podemos, só, dizer pra eles que rolou? Eu não estou pronta ainda.- brinquei com a gola da minha camisa, tentando evitar contato visual com o garoto, eu não conseguia negar que sentia um crush por ele, era um doce.
-Claro.- Ele disse baixo, parecia de certo modo um pouco decepcionado, ele pegou em meu braço me confortando e bateu forte na porta.- Da pra abrirem a porta? Já...
-Não, estamos ouvindo tudo, qual é Célia larga de ser uma franga, é só um beijo!- Pude ouvir a voz de Audrey, com sua risada de deboche.
Olhei para Brian que me encarava, esperando uma resposta da minha parte, meu coração batia rápido e frenético no peito, toquei sua mão que igual a minha estava trêmula e me aproximei mais dele, pensar nas palavras de Audrey, eu não podia deixar que pensassem isso de mim.
-voce não precisa fazer isso, se não quiser Cecé.- aquele apelido, podia sentir sua respiração bater contra o meu rosto e antes que eu desse para trás, colei nossos lábios em um leve celar.
- Quer uma bebida?- ele ofereceu.
-tem alguma coisa sem álcool?- Vi ele mexer nas caixas de bebidas e voltou apenas com um copo de água. - quer gelo?
-Não.- Bebi um gole da água.
-Oi Brian.- Audrey aproximou da gente, chegando com toda sua beleza extravagante, com seus belos cabelos loiros e cumprido, seu vestido azul marinho destacava seus olhos claros como a maré, continuei escorada no mármore gelado evitando contato visual o que não a impediu de cumprimentar me.- Está bonita Cecé.
-obrigada, você também.- dei lhe um sorriso e me virei totalmente para ela, mesmo depois de eu te-la evitado a anos atrás, ainda assim, me tratava com muita delicadeza, o que fazia eu me sentir a garota mais burra da cidade.- Então, como anda com as líderes? Eu vi as audições mais cedo.
-Eu te vi lá, aquela sua amiga a Haley, tem boas chances.- eu a vi se escorar ao meu lado e dar um gole em sua bebida apoiei a cabeça com a mão.- Mas esse ano estamos com menos vagas, e você? Vai se inscrever em alguma coisa?
-Hum, eu não sei, quer dizer, nada me interessa muito sabe?
-É eu sei.- ela suspirou, eu me calei.- Você vai assistir só jogo esse final de semana? É amistoso contra os golens.
Era aquele time rival, aquilo me fez lembrar do acontecimento de alguns dias atrás, pensar em todas as nossas regras de espaço e conquista, me fez questionar o quão fútil eram aquelas regras, nós praticamente dividimos a cidade ao meio com nossos limites e proibições.
A encarei por um breve momento, pensando em suas pergunta, para encontrar alguma resposta, eu não soube o que falar.- Talvez.
-Legal.
(...)
Inclinei meu corpo, ficando na ponta do pé para alcançar as taças de vinho, chutei a lata amassada no chão e subi as escadas, esfreguei meu pé coberto pela meia no chão em frente ao meu quarto, abri a porta e me deparei com a garota totalmente jogada na minha cama folheando uma revista.
-Fala sério, ela nem é tão bonita assim né? Quero dizer, até eu fico melhor nesse biquíni.- Sua voz grave deixava claro o quanto ainda estava sob efeito das bebidas.
-Pare de ler isso, vamos matar essa garrafa de vinho e quem sabe assim você durma um pouco.- Tirei a revista de suas mãos e me sentei ao lado da cama.
Enquanto a mesma descia do colchão eu servia o vinho pra nós, puxei um travesseiro para encostar minha cabeça e estiquei minhas pernas no piso gelado.- Aqui.
-Obrigada.- Antes de virar um longo gole saudou.- Saúde!
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