Prólogo

Olhei-me mais uma vez no espelho e sorri. Eu não costumava ir tão arrumada para a escola. Na verdade, isso dificilmente acontecia, era sempre a mesma coisa: calças largas, uniforme, casaco e meu amado tênis velho. Mas hoje era um dia especial; o dia em que eu iria me declarar para o garoto mais lindo de toda a escola.

Ian Albuquerque.

Sou apaixonada por ele desde a quarta série, foi tipo amor à primeira vista. Lembro-me até hoje o dia em que ele chegou à escola, com seu cabelo loiro escuro, olhos escuros, e seu sorriso de lado que era o que eu mais gostava nele. Eu não falava muito com ele pois tinha vergonha, o máximo que eu conseguia era um "oi" ou um simples "bom dia!", a minha sorte era que eu sentava na carteira atrás dele, ou seja, eu podia admirá-lo o tempo que eu quisesse, sem ele ao menos perceber.

Pode parecer estranho, mas com todos esses anos gostando dele, eu acabei o observando e sei muito sobre ele. Ian às vezes era tímido quando se tratava de apresentar trabalhos escolares, mas quando estava com os amigos, ah, a timidez passava longe! Ele também era engraçado e algumas garotas babavam por ele, o que me deixava encabulada, mas fazer o quê? Ele era lindo!

Agora, na oitava série, eu decidi me declarar para ele. Não quero mais ficar guardando esse sentimento só para mim, estava na hora de falar a verdade para ele e eu estava decidida.

Eu estava vestida com a calça nova que a mamãe me deu, a blusa do uniforme e uma sapatilha azul marinho. Pus uma pulseira, meu anel preferido e arrumei o meu cabelo. Hoje decidi deixar meus cabelos soltos, já que sempre o deixava preso.

Desci as escadas de minha casa e encontrei meus pais e meu irmão, Josh, me esperando para tomarmos café.

Bom dia! — falei sorrindo e eles responderam um "bom dia" em coro. Minha mãe me olhou surpresa, talvez pela forma que eu estava bem vestida ou pela animação em pleno dia de aula.

Está tão arrumada hoje, filha! — comentou mamãe.

Não está legal? — perguntei analisando-me, acho que pela milésima vez.

Claro. Está linda!

Uma verdadeira princesa! — falou o papai e eu sorri.

Chega de mimimi e vamos logo pra escola, Lia. — falou Josh, levantando-se.

Espera, deixa eu terminar de tomar meu suco. — respondi.

Após terminar o café da manhã, fui para a escola junto com Josh. Ao chegar lá, encontrei meus amigos Lucy e João.

Oi gente! — falei, sorrindo e eles me olharam surpresos.

Finalmente você resolveu se arrumar mais, Lia! — falou Lucy e eu ri.

Para de ser chata, Lucy. — falei rindo. Como Josh foi à biblioteca junto com João, resolvi contar a Lucy sobre o Ian. — Lucy, hoje eu irei me declarar para o Ian.

Ela me olhou incrédula. Talvez, depois de tanto tempo com esse sentimento platônico, a minha decisão fosse repentina para ela.

Você está maluca? — indagou, ainda surpresa. — Você nem sabe se ele te corresponde. Bem, isso se ele souber que você existe, Lia.

Olhei para ela, incrédula.

Não seja exagerada! Eu já falei com ele algumas vezes...

Mas não sabe se ele gosta de você. Olha, Lia, eu não quero te ver sofrer! O Ian é meio...

Ela não terminou a frase. Apenas fez uma careta.

Lucy, fica calma. Vai ficar tudo bem, tenho certeza. E eu já decidi, você não vai me fazer mudar de ideia! — ela suspirou.

Ok, então. Você é teimosa, viu...— murmurou e eu revirei os olhos.

Vi o Ian chegar com alguns amigos e sorri.

É agora! — exclamei.

Lia, pelo amor! Espera ao menos até o fim da aula. — disse Lucy e eu suspirei.

Mas se eu deixar para o fim da aula, talvez eu perca a coragem. — eu a olhei. — Por favor, Lucy, tenta entender. Desde a quarta série que eu gosto dele, já está mais do que na hora de falar a verdade!

Você tem certeza?

Sim, e seja o que Deus quiser!

Ela respirou fundo e assentiu.

Boa sorte, amiga. Saiba que, qualquer coisa, pode contar comigo! — sorri para ela e a mesma me retribuiu.

Levantei, ajeitei o cabelo e caminhei até Ian, que estava guardando algo em sua bolsa.

Ian? — chamei-o, assim que me aproximei.

Ele virou e me encarou, confuso. Fitei seus belos olhos esverdeados.

Algum problema? — perguntou.

Ahn... Posso falar um minutinho com você?

Sim, mas por favor, seja rápida. Estou meio ocupado. — assenti e respirei fundo.

Eu só... que-queria... — gaguejei, tentando encontrar as palavras certas.

Respirei fundo. Deus dá uma ajudinha aqui!

Olha, eu não sei como te falar isso, mas eu vou ser direta. — falei, finalmente sem gaguejar.

Ele arqueou a sobrancelha.

Por favor. — pediu.

Eu te amo! — falei, sem mais delongas.

O quê? — olhou-me surpreso.

Eu te amo! Já faz um tempo que eu gosto de você e...

Espere, garota! — disse me encarando. — Você ainda nem sabe o que é amor. — desdenhou, com um vestígio de riso em seu rosto. — E isso é uma baboseira!

Eu o olhei confusa.

Como assim? Eu gosto de você!

Mas eu não gosto de você, na verdade, eu nem te conheço direito.

Mas, Ian...

Olha, não me leve a mal. Você... bem, é bonita, mas não faz o meu tipo.

Ao ouvir tais palavras, foi como se um nó tivesse se formado em minha garganta e uma ferida se abrisse dentro de mim. Não consegui dizer nada.

Olha, quem vemos aqui... — falou Marian que estava ao nosso lado. Eu não havia percebido a presença dela. — Além de Santinha, é uma iludida.

Encarei Marian, que tinha um sorriso sarcástico no rosto.

Você acha mesmo que Ian, o garoto mais popular da escola, iria se interessar por você? — desdenhou e senti uma lágrima rolar pelo meu rosto. — Se liga, garota iludida. Ele é muito areia para o seu caminhãozinho! — ela falou pausadamente, com um sorriso irônico.

Ouvi algumas pessoas ao redor soltarem uns risinhos, outras me olhavam com pena. Eu queria sair dali o mais rápido possível, e foi exatamente isso que fiz. Peguei minha bolsa e saí, correndo, em direção à saída. As lágrimas já jorravam pelo meu rosto.

Lia, espera! — ouvi Lucy gritar atrás de mim.

Continuei correndo, porém ela conseguiu me alcançar e segurou o meu braço.

Você está bem? — perguntou ofegante.

O que você acha? — respondi irônica e ela suspirou.

Lucy não disse mais nada, apenas me abraçou e eu continuei chorando.

Esse garoto é um idiota, não liga para ele, Lia! — pediu.

Você tinha razão, eu fui uma idiota de ter ido falar com ele — murmurei.

Ei, não fique triste, se você não tivesse ido, ainda estaria com o encanto bobo que tinha por ele! — ela sorriu fraco.

Você tem razão, quer dizer, sempre tem. — soltei um riso fraco.

Seja forte, não permita se abalar por conta desses idiotas. — falou e deu um sorriso de lado. — Você é uma princesa do Senhor, não deixe que palavras façam com que você não acredite nisso. Não chore por Ian, ele não merece nenhuma lágrima sua. Tenha certeza que há um garoto por aí, que realmente te merece e irá te dar valor. Acredite, Deus tem o melhor pra você!

Obrigada, Lucy. — balbuciei e ela sorriu. — Obrigada por não me deixar! Deus me presenteou você como minha melhor amiga e eu o agradeço por isso!

Não precisa agradecer a mim, você sabe que pode contar comigo para o que precisar.

Nos abraçamos e eu decidi ir pra casa, pois não estava com cabeça de assistir aula e, pior, de encarar Ian e Marian novamente.

Ao chegar em casa, corri para o meu quarto e chorei, chorei como uma bebê. Eu havia feito tudo errado, não orei ao Senhor pedindo direção. Agora meu coração estava em pedaços por não ter escolhido esperar. Sinceramente, todo o encanto que eu tinha criado por Ian, havia desaparecido apenas com palavras.

Eu havia me obcecado totalmente com essa paixão platônica por Ian, e acabei esquecendo-me de quem realmente estava comigo em todos os momentos e não me deixava só. Ajoelhei-me e encostei a cabeça em minha cama.

"Senhor, estou aqui para te pedir perdão. Me perdoa por não ter escolhido esperar em Ti, por ter te esquecido, Pai. Eu reconheço que ninguém me ama como o Senhor, só tu é capaz de fazer tamanho sacrifício por mim, só o Senhor, meu Pai, está comigo todos os dias me ajudando a prosseguir. Eu sei que o Senhor estar a me olhar todos os dias, estar a cuidar de mim nos mínimos detalhes... Meu Deus, eu preciso de Ti... perdoe-me por não ter reconhecido isso, por ter me iludido com pessoas que nem sequer lembravam que eu existia... Pai, eu sei que ninguém é capaz de fazer sacrifícios por mim como o Senhor, que deu a sua maior prova de amor entregando o seu único filho Jesus para morrer por nós naquela cruz. A partir desse momento, quero que o Senhor tome conta da minha vida, não me deixe agir por impulso novamente. Eu entrego minha vida em tuas mãos, eu sei que tu tens o melhor para mim e, no momento certo, a pessoa certa irá aparecer. Pai, eu escolho esperar, não quero mais sofrer com amores errados. Eu quero ser a resposta da oração de alguém, e também quero ter a minha resposta. Sei que o Senhor está cuidando de mim e vai curar essa ferida que está em meu coração. Eu te amo, meu Pai, para sempre. Amém!"

Levantei e caminhei até o espelho, encarando meu reflexo. Limpei as lágrimas que estavam em meu rosto e respirei fundo.

Eu não vou mais derramar uma lágrima por quem não merece!

Eu serei a melhor resposta de oração de alguém.
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"Quando é amor tudo novo se faz, a história é real e já começa sem ponto final." 🎶

Olá, gente linda. ❤
Bem vindos a minha nova obra.

Olha eu aqui com mais um novo livro. Não aguentei e já postei logo o prólogo 😂
Espero que gostem dessa minha mais nova obra, é um romance cristão que contará a história da insegura, adorável e às vezes maluquinha, Liana Walker.

Aceito ideias e críticas desde que sejam construtivas. Não esqueçam de deixar nos comentários o que achou do prólogo, quero saber a opinião de vocês.

Amo cês. ❤

Beijos e fiquem com Deus! 😍

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