Capítulo 5: O passado ficou para trás
Acordei com o meu despertador, literalmente, gritando. Revirei os olhos e suspirei. Pensa pelo lado bom, hoje é quinta feira. Após fazer minha oração matinal, levantei-me e fui aprontar-me para ir à escola. Vesti minha calça jeans de sempre, a blusa do uniforme e calcei uma sapatilha preta. Deixei meu cabelo preso e passei só um brilho labial simples.
Encontrei Josh sentado a mesa com cara de tédio enquanto tomava o seu café da manhã.
— O que ele tem? — perguntei a minha mãe e ela deu de ombros.
— O mocinho aí, pensa que eu iria deixar ele ir para a escola sem comer antes. — falou apontando para o meu irmão.
— Eu não estava com fome! — ele reclamou.
— Josh, ontem você estava doente. É obvio que eu não iria deixar você ir para a escola sem tomar café da manhã! — respondeu mamãe e ele suspirou.
— Você parece uma criança birrenta. — ironizei.
Só tomei um copo de suco de morango e fui junto com meu irmão para a escola. Josh não estava nada animado, ele queria ficar em casa, mas minha mãe negou e disse que ele já estava bem recuperado para ir pra escola.
Encontramos Lucy e João sentados em um banco, conversando. Nos aproximamos deles e sentamos junto a eles.
— Apareceu a Margarida! — ironizou João, referindo-se a meu irmão.
— A Margarida que preferia está em casa, dormindo! — murmurou e eu revirei os olhos.
— Ei, Josh, conheci um garoto que tem aquele livro que estávamos comentando outro dia, ele é da nossa sala. Vamos lá falar com ele! — chamou João e meu irmão assentiu.
Quando eles se afastaram, Lucy ficou me encarando e eu arqueei a sobrancelha.
— Algum problema? — perguntei e ela suspirou.
— Quero te falar uma coisa, mas... Não sei como falar. — disse fazendo uma careta.
— Só fala, ué. Não precisa formular a frase em sua cabeça.
— Ah, Lia, é que não é tão fácil assim. — respondeu e eu suspirei.
— Fala logo, menina, você está me deixando curiosa! — Lucy assentiu e respirou fundo antes de falar.
— Eu... acho que gosto do João! — falou tão rápido que eu quase não entendi. Repito, quase. Porque eu entendi muito bem o que ela falou. Acontece que Lucy nunca havia confessado isso para mim, mas que isso era nítido, era.
— Como? É que eu não entendi, tem como você repetir?
— Ah, Lia, para de brincadeirinhas, não tem graça. Eu não sei mais o que fazer! Acho que ele não gosta de mim... Quer dizer, eu tenho certeza! — ela disse em um suspiro.
— Lucy, eu acho que ele gosta, sim. Ele nunca fez nada que provasse o contrário. Com certeza, ele gosta de você! — respondi e ela me encarou.
— Lia, eu não quero me iludir. — falou, abaixando a cabeça. — O João é muito legal, mas ele não gosta de mim. E eu também não quero estragar nossa amizade!
— O amor é complicado — murmurei. — Olha, eu vou descobrir se o João gosta de você.
— O quê? Você não está nem maluca de fazer isso!
— Lucy, eu tenho certeza que você quer descobrir a verdade. Então, não adianta lutar contra isso, eu vou descobrir os sentimentos do João por você! — garanti e ela revirou os olhos.
Antes do sino tocar, dei uma passada na biblioteca para ver um livro. Eu estava de olho nele há um tempo, mas eu nunca conseguia pegar, pois o mesmo sempre estava com uma pessoa. Finalmente consegui pegá-lo, falei com a bibliotecária e ela deu um mês até que eu o devolva.
Saí da biblioteca guardando o livro na bolsa e não percebi quando alguém, inesperadamente, me puxou para um corredor pouco movimentado da escola. A pessoa colocou a mão na minha boca para que eu não gritasse, porém eu mordi a mão do ser humano que logo a tirou do meu rosto.
— Ai, garota, você está louca? — Gustavo, um dos idiotas populares, gritou.
— Louco está você, o que quer comigo?! — gritei de volta tentando me soltar, porém ele me prensou contra a parede segurando meus pulsos com força.
— Olha que, para uma santinha, está muito estressadinha. — disse com um sorriso travesso.
— Me deixa em paz, seu idiota! — exclamei, irritada.
— Eu tenho que admitir que o Ian foi muito burro de ter te dispensado sem antes ter experimentando um... romance. — disse irônico. Gustavo era o melhor amigo de Ian, porém eu não sei se a amizade continuou a mesma depois que Ian foi embora.
— Se você não me soltar agora... — ameacei, mas ele interrompeu-me.
— O quê? Vai me bater? — ele soltou uma risada sarcástica. — Pode tentar, eu gosto de garotas corajosas.
Ele me olhou de cima a baixo e eu senti nojo de seu olhar.
— Você é bonita... Daria uma ótima diversão. — ele começou a aproximar seu rosto do meu.
Quanto mais ele aproximava-se, mais o pânico crescia em mim, tive vontade de gritar, mas ninguém nos escutaria. Só estava eu e ele naquele local. Eu não iria o deixar tocar em mim, lutaria para sair dali não importa se estarei sozinha ou não. Eu posso me defender. Afinal, eu tinha alguém mais forte do que qualquer outro ser humano e que me ajudaria nessa. Meu Pai, dai-me forças!
— Vai procurar diversão com outra pessoa, babaca! — rosnei.
Com toda a minha força, tentei soltar o meu braço e consegui. Dei uma tapa nele e o empurrei com toda minha força o fazendo cair no chão. Comecei a correr o mais rápido que podia tentando fugir dele, não havia ninguém pelos corredores da escola, o sino já havia tocado e todos os alunos estavam em suas respectivas salas. Mesmo assim, não deixei de correr, as lágrimas de susto e medo já corria pelo meu rosto e eu não prestava atenção em nada ao meu redor, só queria fugir. De repente senti um impacto do meu corpo contra o de outra pessoa e caí no chão. Já estava pensando que a pessoa se tratava de Gustavo, quando a pessoa ajoelhou-se ao meu lado:
— Lia? — Josh estava com uma expressão preocupada. Ao ver o meu irmão ali, comecei a chorar e o abracei, aliviada. — Ei, pequena, o que houve?
Não consegui falar nada, apenas continuei abraçada com Josh e chorando. Ele me ajudou a levantar e nós caminhamos até um banco que tinha ali perto.
— Lia, me conta o que aconteceu? Por que você está chorando? — perguntou, preocupado. Limpei meu rosto e tentei me controlar.
— O idiota do Gustavo. Ele quase me beijou a força... Se eu não tivesse conseguido fugir, com certeza teria acontecido algo pior! — falei de vez e a expressão de Josh mudou de preocupado para irritado.
— Quem aquele idiota pensa que é para mexer com você? — falou com raiva e levantou-se. — Ele vai se ver comigo!
— Não, Josh, não vale a pena! — o segurei pelo braço.
— Mas ele...
— Eu sei, mas com violência a gente só consegue piorar as coisas. — eu nunca havia visto Josh ficar tão furioso. Quer dizer, a única vez que ele ficou dessa forma foi quando descobriu o que Ian e Marian tinham feito comigo. Ele quis acertar as contas com Ian, mas eu não deixei ele fazer isso. Afinal, somos cristãos e ficar arrumando confusões pelos cantos vai contra nossos princípios.
— Você sempre diz a mesma coisa e nunca deixa eu te defender desses babacas... — falou e eu revirei os olhos.
— Eu faço isso para o seu bem, Josh. Eu não quero ver o meu irmão metido em brigas por minha culpa. A gente nunca resolve nada com violência! — falei e ele respirou fundo.
— Tudo bem, eu... Só não gosto de te ver sofrer por esses idiotas.
— Eu sei, maninho. Mas eu não vou mais sofrer por isso, o que aconteceu com Ian não irá mais se repetir. Eu fui uma idiota em me iludir com coisas que não existem, e não vou mais me iludir com ninguém! — falei e algumas lágrimas desceram pelo meu rosto.
— Não fala isso, Lia... Com certeza, em algum lugar, você é a resposta da oração de alguém. Eu tenho certeza que ele não ficaria feliz em te ver assim. — falou Josh limpando as minhas lágrimas.
— Não, Josh, eu não acredito mais nisso — falei o encarando. — Talvez o amor não seja para mim.
Ele suspirou e me abraçou.
— De qualquer forma, eu te amo e fico triste em te ver pra baixo, pequena. — falou acariciando meu cabelo.
— Eu também te amo, maninho, e muito! — falei baixo.
Meu irmão disse que precisávamos falar com a Sra. Silva do que aconteceu e nós fomos. Ela garantiu que não deixaria Gustavo sair impune por suas atitudes e que ele poderia levar ou uma suspensão ou, até mesmo, expulsão por assédio.
Josh e eu acabamos perdendo uma aula inteira, mas valeu a pena ficar um minuto com meu irmão. Naquele momento eu percebi que estava rodeada de várias pessoas que me amavam e eu não precisava ficar sofrendo com coisas que aconteceu no passado. As dores já passaram, e Deus já cicatrizou aquelas feridas, o que eu tinha que fazer era esquecer aquilo e perdoar... Perdoar todas as pessoas que me magoaram, pois, como cristãos, devemos liberar o perdão e era isso que eu faria. O passado ficou para trás e eu não vou mais sofrer por isso.
______________________________________
"No acaso ia, não vou mais. Vou pela fé na Tua voz que soará todos os dias me tirando o medo." 🎶❤
Olá gente. Tudo bem?
Está aí mais um capítulo saindo do forno. Espero que tenham gostado.
O capítulo hoje é dedicado a @LannaKah. ❤
Tadinha da Lia. 😔
O Gustavo é um idiota, hein? Conseguiu ser mais idiota que o Ian! 😒
Não esqueça de deixar o seu votinho e o seu comentário do que acharam do capítulo. Não esqueçam que ideias sempre são bem vindas - desde que sejam construtivas.
Amo cês! ❤
Beijos e fiquem com Deus. 😘💕
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top