Capítulo 44: Uma parte do que sou
Como estávamos no início do último semestre do ano letivo, a diretora organizou um passeio para que fôssemos conhecer uma faculdade e lá nos seria apresentado algumas profissões. Eu fiquei animada por aquele passeio, parecia ser legal conhecer algumas profissões. Desde pequena, eu tenho o objetivo de estudar medicina veterinária, mas nunca havia pesquisado outras profissões em que eu me encaixasse.
- Por favor, tenham cuidado. Eu não quero que vocês acabem se perdendo no meio daquela faculdade enorme! - mamãe repetia isso pela milésima vez enquanto ia deixar Josh e eu na escola.
- Mãe, a gente já entendeu, fica calma. - disse Josh e ela suspirou.
- Você já viu o tamanho daquele lugar? Parece uma cidade. - falou e eu franzi o cenho.
- Também não precisa exagerar, mãe. - falei e ela balançou a cabeça.
Josh estava extremamente animado, ele queria muito conhecer o ramo da engenharia, já que o seu sonho era cursa-la. Lucy queria engenharia eletrônica, ao passo que João ainda estava em dúvida de qual área profissional escolher. Pedro não falava em outra coisa que não fosse a sua tão sonhada faculdade de medicina com especialização em neurologia.
- Vão com Deus e não se percam de seus colegas. - minha mãe nos advertiu e eu ri.
- Amém, fica com Ele, mãe, e relaxa um pouco também. - falei e a mesma sorriu.
- Tchau, mãe! - Josh deu um abraço em minha mãe e eu depositei um beijo em sua bochecha.
Ao sairmos do carro, caminhamos até a multidão de alunos que havia em frente a escola.
- Bom dia! - Josh e eu falamos em uníssono aos nossos amigos, o que fez com que eu e ele se olhasse, franzindo o cenho.
Começamos a conversar sobre o passeio e sobre a faculdade. Após um tempo, senti alguém me abraçar por trás e depositar um beijo em minha bochecha.
- Bom dia! - Pedro nos cumprimentou e nós o respondemos em uníssono. Logo Emily aproximou-se da gente, ela não estava muito animada esses dias por conta da mudança, mas nós fazíamos o possível para anima-la.
Alguns minutos se passaram até que o ônibus, que nos levaria até o passeio, chegasse. Entramos no mesmo e logo a diretora começou o seu discurso de como estava contente com aquele passeio e, é claro, não esqueceu de impor as suas regras naquele passeio. Peguei meu fone de ouvido e coloquei algumas músicas para tocar durante o percurso. Compartilhei meu fone com Pedro e encostei minha cabeça em seu ombro.
❤🎶
- Ana... - ouvi alguém me chamar. - Liana, acorda. Nós acabamos de chegar.
Levantei a cabeça e percebi que, com a tamanha demora no trânsito até chegar na faculdade, acabei adormecendo. Passei a mão por meu rosto, bebi um pouco de água e tentei afastar o sono.
- É de extrema importância que todos vocês fiquem juntos durante as apresentações. Na feira do conhecimento da faculdade, terá vários tipos de barracas onde vocês encontrarão aspectos de inúmeras profissões. Vocês poderão caminhar pela faculdade para conhecê-la, mas repito que é importante que não se percam de seus colegas. Há um limite até onde vocês podem andar aqui, tenham cuidado e, às onze horas, estejam todos aqui em frente para seguirmos caminho de volta para o colégio. Estamos entendidos? - a diretora terminou seu discurso e os alunos gritaram um sim. - Ótimo. Então, bom passeio para vocês!
Finalmente entramos no imenso lugar. Andamos pelos arredores do primeiro setor e, depois, fomos conhecendo os outros. A feira dos alunos que cursavam a faculdade, já havia começado e alguns alunos de nossa escola foram direto para lá. Enquanto andávamos por um dos setores, uma mulher falava todos os cursos que ficava por lá, ela estava sendo um tipo de guia. Meus pensamentos saíram um pouco dali, quando eu passei o olhar pelo lugar. Meus olhos pararam por um instante em uma porta que estava entreaberta. Eis que minha curiosidade surge. A mulher não tinha falado que sala era aquela.
Disfarçadamente, me afastei um pouco do grupo de alunos que ouviam curiosamente tudo o que a guia falava. Quando já estava um pouco perto, olhei para a sala e, mais uma vez, não consegui ver nitidamente o que havia lá dentro. Fui tomada pela curiosidade novamente e, mais uma vez, me afastei ainda mais das pessoas. Em um ato sorrateiro, adentrei o local e fiquei boquiaberta com o que vi.
Era uma sala de música.
Eu nunca havia estado em uma sala com tantos instrumentos e totalmente voltada para a música. Comecei a andar pelo local, passando o olhar por cada detalhe. Havia algumas partituras espalhadas em uma mesa, algumas nas paredes também. Haviam inúmeros instrumentos. Violão, teclado, violino, saxofone, bateria, flauta, guitarra, enfim...
Mas meus olhos pararam quando eu me deparei com um grande piano escuro no meio da sala. De imediato, aproximei-me do mesmo e passei a mão pelas teclas, tentando conter a minha vontade de tocar.
- Acho que não faria nenhum mal se eu tocasse. Faz tempo que não toco piano. - sussurrei para mim mesma, tentando convencer-me de minhas palavras.
Sentei no banco em frente ao piano e respirei fundo, colocando minhas mãos sobre as teclas. As primeiras notas foram tocadas com um tanto de receio e hesitação, mas as outras fluíram naturalmente, sem medo. Meus dedos literalmente dançavam sobre as teclas e aquela sensação de estar em casa era maravilhosa. Era como se aquele fosse o meu mundo, como se as melodias me completassem.
Fechei os olhos e continuei tocando, colocando tudo o que sentia através de uma melodia. Em algum momento, cantarolei alguns versos de músicas que havia composto, tentei criar uma melodia e toquei o que fluía em minha mente.
Ao terminar de tocar, não tive nem tempo de afastar-me do instrumento pois ouvi aplausos e som de gritos motivadores vindo da porta da sala onde eu estava. Quando levantei-me e virei em direção a porta, lá estavam alguns colegas de classe, meus amigos, Josh e Pedro.
- Você é maravilhosa! - exclamou a mulher que estava nos guiando pela faculdade, aproximando-se de mim. - Uma completa estrela! - ela segurou em minha mão, com um sorriso radiante. - Você tem futuro.
- Ahn... Obrigada. - respondi com timidez. Eu tinha quase certeza que estava vermelha feito um tomate.
Após alguns comentários sobre minha "apresentação", ela continuou o seu percurso, mostrando os outros setores para os alunos.
- Nossa, Lia, foi muito lindo te ver tocando, parecia que você havia expressado todos os seus sentimentos, medos e alma a partir de uma só melodia. - falou Lucy e eu sorri.
- E eu procurei fazer isso. - respondi com um sorriso.
- Só podia ser minha irmã para ser tão talentosa assim! - brincou Josh e nós rimos.
Decidimos ir para a feira do conhecimento que estava tendo no grande salão da faculdade, para conhecermos algumas profissões. Andamos por diversas barracas e eu já tinha visto de tudo um pouco - medicina, engenharia, arquitetura, música, direito e etc. Já tinha feito até um pequeno exame para saber qual era o meu tipo sanguíneo, alguns cálculos mais importantes na arquitetura e tivemos até uma mini aula de psicologia.
Estava comprando um lanche, quando vi Pedro aproximar-se de mim, com o seu belo sorriso.
- Foi a primeira vez que te vi tocando piano. Você tocou com tanta paixão! - comentou e eu sorri.
- Eu nunca havia sentido aquilo, era como se, naquele momento, a música fosse parte de mim... - murmurei.
- Já pensou em ser musicista? - indagou e eu o olhei, confusa.
- Como?
- Já pensou em estudar música? - perguntou e eu encarei o céu, pensando na sua sugestão.
- Para falar a verdade, não. - falei e o mesmo riu.
- Ana, você mesma disse que nunca havia sentido algo tão bom ao tocar. Eu posso te afirmar que a música pode fazer parte do que você é, não duvide disso! - falou colocando uma mão em meu rosto e eu sorri.
- Meu Deus... Como eu não havia percebido isso antes? - balbuciei e ele riu novamente. - Música... Eu nunca havia pensado nisso. - não consegui terminar pois Pedro abraçou-me.
- Eu só quero te ver feliz, fazendo o que você gosta de verdade. Se você sente que a música faz parte de você, então não hesite em escolher isso! - falou e eu beijei a sua bochecha.
- E ela faz parte. Eu sinto isso toda vez que toco o meu violão e componho uma música. Senti isso hoje também, quando toquei piano depois de tempos sem tocar! - falei e senti-me emocionada por finalmente saber o que eu queria.
Passei anos dizendo a mim mesma que, só por eu ter um amor pelos animais, cursar medicina veterinária seria a coisa certa a se fazer, a profissão certa para mim. Mas será que eu seria feliz?
Hoje, ao entrar naquela sala de música, eu senti algo especial, como se aquele fosse o meu lugar. Deus sempre colocou palavras em minha mente e inspirou-me para eu escrever minhas próprias músicas, porém eu nunca havia pensado que talvez aquilo fosse algo que, realmente, me completasse e me fizesse feliz. Talvez Deus tenha reservado aquele dia, para eu encontrar a coisa certa para cursar. E eu encontrei. Por mais que eu amasse animais, aquela não era a profissão que me faria feliz de verdade. A música sempre foi uma parte de mim. As palavras e melodias sempre fizeram parte do que sou.
❤🎶
- Música? - Josh indagou quando eu contei aos meus amigos.
- Quer saber a verdade? Eu sempre desconfiei disso. - disse Lucy e eu arqueei a sobrancelha.
- Como assim?
- Ah, Lia, acha mesmo que eu não sei que você compôs? - indagou com ironia e eu olhei para Pedro.
- Você contou para ela? - perguntei e ele negou.
- Não, Lia, não foi ele. Você acha mesmo que poderia esconder de mim, que sou sua melhor amiga, essa sua parte? Poupe-me, querida. - ironizou e eu revirei os olhos, rindo.
- Você compôs? - perguntou Josh, surpreso.
- Sim. - falei um tanto envergonhada.
- Meu Deus, Lia, que incrível! - João exclamou.
Já havíamos chegado no colégio e a diretora já havia nos liberado, porém eu e meus amigos ficamos compartilhando as experiências que tivemos naquela manhã.
- Nutrição é incrível! - Lucy exclamou.
- Fiquei ainda mais certo que queria fazer engenharia. - comentou Josh.
- E você, João, teve alguma ideia do que queira fazer? - Pedro perguntou e ele assentiu.
- Acho que vou fazer direito. Eu achei legal o trabalho deles e parece ser interessante.
- Olha, um futuro advogado! - brinquei.
- Promotor de justiça. - falou ele e nós sorrimos.
Como já estava ficando tarde, despedi-me de Lucy e João e fui para casa junto de Pedro, meu irmão e Emily.
- E você, continua querendo medicina? - perguntei a Pedro e ele assentiu.
- Sim, é tão incrível, principalmente neurologia. Sempre foi meu sonho! - exclamou com um sorriso que fez meu coração se agitar. Seus olhos brilhavam enquanto falava aquilo.
- Já falei que amo os seus olhos? - perguntei o olhando, com encantamento. Com certeza, eu estava com cara de boba.
- Hum... Acho que sim. Mas não custa nada falar novamente! - ele pôs-se à minha frente, com um sorriso brincalhão.
- Seus olhos são lindos! - falei entrando na brincadeira e ele sorriu.
- Eles não superam o seu sorriso. - falou encostando sua testa a minha e eu esbocei um sorriso.
- Ah, é? - sussurrei e ele assentiu.
- Sim. Definitivamente, o mais lindo de todos os sorrisos! - sussurrou.
Ele aproximou seu rosto do meu e selou os nossos lábios em um beijo calmo e doce. Ele abraçou minha cintura, puxando-me para mais perto. Eu me sentia amada e era como se existisse somente eu e ele no mundo. Uma sintonia única e incrível. Ele me completava.
Ouvimos um pigarreio um pouco longe e não nos preocupamos em nos afastar. Porém o pigarreio ficou mais próximo e eu interrompi o beijo, olhando para Josh.
- Daria para os queridos pombinhos pararem e voltarem a andar? Se não, chegaremos só daqui a mil anos em casa! - ironizou Josh e eu revirei os olhos. Seu ciúmes era evidente.
- Tudo bem, nós vamos. - falei segurando a riso.
Pedro e eu ainda estávamos abraçados, então Josh passou em nosso meio, nos separando e a única coisa que eu fiz, foi soltar uma gargalhada de seu ataque de ciúmes.
- Eu mereço! - o ouvi murmurar.
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"O amor é o que nos faz um." 🎶❤
Olá, gente linda! Tudo bem com cês?
Mais um capítulo, graças a Deus. Espero que tenham gostado!
A Lia encontrou o que realmente vai cursar. 🎉
E vocês, o que pretendem cursar?
#PeliaIsReal ❤
Não esqueça de deixar o seu votinho e o seu comentário, amo ler os comentários de vocês.
Amo cês. ❤
Beijos e fiquem com Deus! 😘🎶🎉😍🙏👏
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