Capítulo 41: Uma lembrança distante

Pedro

Ao chegar na frente da casa de meu pai, não consegui segurar o riso com o entusiasmo de Lisa para revê-lo. É, parece que algumas coisas mudaram nos dias que fui para o retiro. Lisa havia ficado os três dias com o nosso pai e disse que havia se divertido. Logo quando ela o conheceu, sua primeira reação foi esconder-se entre minha mãe e eu e abaixar a cabeça, ela era pequena e aquilo tudo era muito confuso para Lisa, mas, após uma conversa que minha mãe teve com a gente, Lisa passou a se adaptar mais a ideia de ter nosso pai conosco novamente e até mesmo queria conhece-lo. Agora, se tratando de mim... Não sei se posso acreditar que tudo isso não seja apenas uma ilusão.

— Papai! — exclamou Lisa quando Carlos abriu a porta para entrarmos.

— Olá, princesa! Tudo bem? — perguntou a pegando no colo. — Oi, Pedro! — cumprimentou, sorrindo.

— Olá, Carlos. — falei com um sorriso amarelo.

Entramos na casa e eu sentei no sofá da sala. Era estranho ser convidado para almoçar na casa do meu pai junto com sua nova família. Sim, ele havia tido um filho, que tem dois anos. De repente o meu pai some e, após quatro anos, volta com uma mulher totalmente desconhecida por mim e um filho. Confuso, não? Mas eu precisava me acostumar com aquilo. Eu precisava liberar o perdão para o meu pai e, graças a Deus, eu estava conseguindo fazer isso.

— Queria te apresentar Monique, minha esposa. — ele disse apresentando uma mulher que aparentava ter mais de trinta anos. Seu cabelo era castanho e assim como seus olhos. Era bonita, mas eu preferia minha mãe.

— É um prazer finalmente conhece-lo, Pedro! — disse com um sorriso simpático e eu retribuí.

— O prazer é meu! — respondi.

Cerca de um ano após abandonar a minha mãe, Carlos enviou uma carta com um pedido de divórcio. Ele alegou ter passado momentos felizes ao lado de minha mãe, porém se apaixonou por outra mulher e não poderia continuar ao lado de minha mãe enquanto gostava de outra. Minha mãe assinou o papel de divórcio e eu senti raiva do meu pai por ter feito aquilo. Porém, com um tempo, eu entendi que aquilo tinha sido melhor do que ele ter ficado ao lado de minha mãe enquanto a traía. De alguma forma, eu aceitei o divórcio, mas precisava ele ter ido embora sem ao menos se explicar? Em minha mente, eu só conseguia justificar isso como um ato fugitivo, ou de covardia.

— Bom, o almoço já está quase pronto e... Lucas! Solte esse prato! — Monique saiu às pressas em direção a um garoto de cabelo escuro que segurava um prato prestes a quebrá-lo.

— Ele é meu... — não consegui terminar a frase e meu pai assentiu.

— Sim, é seu irmão. Ele se parece muito com você quando tinha essa idade. — disse um tanto distante.

— E você ainda lembra de mim? — eu não queria, mas aquilo soou mais seco do que eu pensei.

— Mas é claro, Pedro! A nenhum momento eu te esqueci. — disse ele e eu apenas abaixei a cabeça.

Nossa conversa foi interrompida com uma garota, que aparentava ter minha idade, entrando na sala.

— Ah, tia, eu não aguento mais... — seus olhos verdes encararam-me e ela rapidamente passou a mão por seu cabelo castanho. — Quem é ele?

— É o Pedro, meu filho. — respondeu o meu pai e, rapidamente, a garota estendeu sua mão.

— É um prazer conhece-lo, Pedro, sou Milena! — ela pareceu abrir o seu melhor sorriso e eu apertei sua mão estendida.

— O prazer é meu, Milena. — respondi.

Lisa já estava brincando com Lucas no jardim da casa e, sem que eu tenha percebido, meu pai havia saído da sala. Fala sério!

— Você já conhece a casa? — Milena perguntou com seus olhos verdes me olhando curiosamente.

— Não, mas...

— Eu te apresento!

— É sério, Milena, não precisa... — ela interrompeu-me puxando o meu braço e eu não tive outra escolha, a não ser acompanha-la.

— Este é o jardim! — disse e eu olhei o lugar gramado ao meu redor. Há alguns metros, Lisa brincava animadamente com Lucas.

— Eles parecem se dar bem. — pensei alto.

— Sim, a Lisa é um amor de pessoa. — respondeu com um sorriso.

— Você é filha da Monique? — indaguei e ela negou.

— Sou sobrinha dela. Isso significa que somos da mesma família! — ela colocou sua mão em meu ombro e eu afastei-me de seu toque.

— Acho que não. — murmurei.

— Ah, já sei! Você tem namorada? — perguntou, revirando os olhos.

— Não, mas estou orando com uma garota.

— Você é cristão?

— Sim, desde os dez anos! — respondi.

— Eu também era, mas com o tempo eu fui me afastando e fazendo novas amizades.

— Temos que prestar muita atenção com quem fazemos amizades, as vezes, não são pessoas verdadeiras ou confiáveis. Podem aparecer pessoas que te desviem da verdade! — falei e ela encarou uma árvore que havia no jardim, pensativa.

— É, pode ser. — respondeu, distante. — Vamos para os outros cômodos da casa?

— Ahn... Se não se importa, eu prefiro ficar aqui mesmo. — falei sentando em uma cadeira e, mais uma vez, olhando minha irmã.

— Isso deve ser um pouco confuso para você! — comentou Milena sentando ao meu lado.

— Você não sabe o quanto. — murmurei.

— Não fica assim, logo você vai se acostumar com tudo isso!

— Eu espero!

Milena, sem permissão, passou a mão pelo meu cabelo e eu franzi o cenho com aquele ato.

— Crianças, vamos almoçar! — gritou Monique. Graças a Deus! Levantei da cadeira em um pulo e fugi das carícias de Milena, que apenas suspirou e nos acompanhou até a mesa.

Eu não posso dizer que o almoço não foi um momento um tanto... Estranho. A única coisa que aliviou o clima, era a conversa de Lisa e Lucas sobre desenhos, brinquedos e escola. A comida estava boa, meu pai e Monique tentavam ser simpáticos e mais agradáveis possíveis, Milena... Bem, ela estava sendo simpática e até demais da conta. Ela sentou em minha frente na mesa e não parava de sorrir, sem ao menos disfarçar os olhares. Procurei me concentrar em minha comida para que Milena pudesse me deixar em paz. Mais uma para lista de fãs. Revirei os olhos com esse pensamento.

— A comida está ruim, Pedro? — indagou Monique, preocupada.

— Ah, não, está ótima, foi só... um pensamento alheio. — ela apenas assentiu, aparentando está ainda confusa.

— Ahn... E, então, Pedro, você ainda pretende cursar medicina? — meu pai perguntou, tentando puxar assunto.

— Sim, pretendo ser neuropediatra. — respondi e tomei um gole de suco.

— É uma bela profissão. Pretendo cursar enfermaria! — disse Milena sorrindo.

— Eu quero ser modelo! — Lisa disse enquanto jogava o seu cabelo, o que me fez rir.

— Será uma modelo maravilhosa! — meu pai respondeu.

O resto do almoço foi preenchido por conversas aleatórias, o que fez eu me distrair. De fato, eu não podia negar que Monique era uma boa pessoa, ela fez o possível para eu me sentir à vontade. Lucas... Bem, ele tinha apenas dois anos, eu mentiria se dissesse que ele não é um bom garoto. Lisa parecia estar confortável e Milena... Sem comentários.

No fim do almoço, decidi ir para o jardim e ficar um pouco por lá, estava precisando tomar um pouco de ar. Sentei no chão, encostado em uma árvore e senti o vento frio soprar sobre mim. Era bom senti-lo.

— Pedro? — meu pai chamou e eu o olhei. Ele sentou ao meu lado. — Você está bem?

— Estou, pai, não precisa se preocupar. — falei distante e ele sorriu de lado. — O que foi?

— É a primeira vez que você me chama de pai depois que voltei. — disse ele e eu abaixei o olhar.

— Você deve saber que isso é um pouco difícil para mim.

— Eu sei, filho, mas eu realmente estou arrependido do que fiz. Não sei o que fazer ou falar, mas... Perdão. Só me perdoa. Eu nunca quis te fazer sofrer!

— Mas fez. — sussurrei e ele suspirou. — Eu te perdoo, pai. É difícil aceitar tudo isso tão facilmente, mas eu estou fazendo o possível para me adaptar e, como cristão, eu devo liberar o perdão e não guardar rancor. É difícil, porém, se fosse tão fácil, não seria um mandamento.

Ele esboçou um sorriso e assentiu.

— Obrigado! Prometo que não vou mais te decepcionar! — apenas assenti. — Hum... A Milena pareceu gostar de você. — falou em tom de brincadeira.

— Ah, nem fala. — murmurei. — Eu gosto de outra garota! — confessei em tom baixo.

— Deixa eu adivinhar... a loira do hospital? — perguntou e eu franzi o cenho.

— O quê? — indaguei, confuso.

— As duas vezes que eu fui te visitar, vi uma garota loira lá. Eu até cheguei a falar com ela em uma dessas visitas. Ela não pareceu ir muito com a minha cara! — falou e eu sorri de lado.

— O nome dela é Liana, e ela sabe de tudo, por isso que não te recebeu tão bem.

— Entendi... E você gosta mesmo dela ou é só uma dessas paixões passageiras?

— Não, eu gosto de verdade dela. — esbocei um sorriso ao lembrar de Liana. — Na verdade, eu a amo!

Meu pai olhou-me, surpreso, e depois esboçou um sorriso.

— Oh, eu não sabia que era tão sério assim, você me surpreendeu. — confessou.

— Eu só estou esperando Deus me confirmar se é ela a pessoa pela qual eu esperei. Ana já passou por uma decepção uma vez e eu seria um idiota se a fizesse passar por isso de novo.

— De verdade, Pedro, ela parece ser uma bela garota. Espero que dê certo! — afirmou.

— Eu também espero!

Depois de alguns minutos, ele saiu e me deixou sozinho. Peguei meu celular em meu bolso e comecei a passar as fotos do dia que saí com Liana, um sorriso nasceu em minha face e eu decidi enviar uma mensagem para ela.

Pedro: Estou com tédio. Você poderia me contar uma piada sem graça para me fazer rir?

Demorou alguns minutos até que ela me respondesse.

Ana: Pensei que essa missão fosse sua.

Pedro: Mas eu estou precisando rir agora. Sei que só você pode fazer isso.

Ana: Ah, Pedro, desde quando eu sou engraçada?

Pedro: Tudo bem, então vou pedir ajuda a Milena, sobrinha da esposa do meu pai, ela parece querer me ajudar.

Ana: O que? Quem é Milena?
Ah, eu não ligo.
Espera que eu vou pensar em algo.

Pedro: Queria que você estivesse aqui comigo, seria possível? Daí a gente poderia fazer um ao outro sorrir.

Ela demorou a responder.

Ana: Sei que está sendo difícil, mas você pode passar por isso. Não posso está com você agora, mas sinta como se eu estivesse!

Pedro: Parabéns!

Ana: Por que?

Pedro: Mesmo sem querer, você acabou de me fazer sorrir!

❤🎶

Lisa fez um show de drama na hora de ir para casa. Nós nos despedimos de todos e no caminho inteiro até o nosso prédio, Lisa ficou de cabeça baixa e não quis dirigir a palavra a mim.

— Ah, minha princesa, não fica assim! Logo a gente vai visita-los novamente! — falei e ela cruzou os braços.

— Eu sei, mas queria ficar mais um pouco, Pê! — balbuciou e eu sorri, a pegando no colo.

— Olha, Lisa, nossa mamãe está sozinha em casa, pensa nela!

— Ela está com a Emy.

— Mas ela precisa muito da gente! — falei e ela abraçou o meu pescoço.

— Eu sei... Me desculpa.

— Não precisa se desculpar, princesa!

Subi o elevador com ela e, quando chegamos em casa, Lisa esqueceu totalmente a ideia de querer voltar e correu para os braços da minha mãe. Eu apenas sorri e fui sentar no sofá, ao lado de Emily.

— Ei! — ela me repreendeu quando eu peguei um pouco de sua pipoca. — Isso é furto!

— Não começa, Emy, eu estou com fome!

— Então por que não comeu na casa do Carlos? — ela revirou os olhos. — Por falar nisso, como foi?

— Ah, foi estranho... Mas ao menos foi melhor do que eu imaginei que seria. — falei e ela sorriu.

— Fico feliz que estejam se entendendo. — confessou.

— Eu também! — balbuciei e a puxei para um abraço. Ela suspirou, triste, encostando a cabeça em meu ombro. — O que foi?

— São meus pais... Eles querem que eu vá morar com eles em outro estado. — confessou e eu a olhei, incrédulo.

— Mas não ia ser só uma viagem de trabalho? — perguntei e ela assentiu.

— E acabou que eles gostaram do lugar e decidiram morar lá. Agora, eles também querem que eu vá! Me diz, Pedro, o que eu faço? — ela fez cara de choro e eu pensei em algo.

— Se serve de consolo, eu te adotaria se pudesse. Mas seria estranho eu adotar uma garota um ano mais nova que eu, não é? — tentei brincar e ela revirou os olhos, rindo.

— Não sei o que eu faria sem o meu primo que pensa ser um palhaço! — ironizou e eu ri.

— Ao menos eu consegui tirar um sorriso de seu rosto! — falei com um sorriso fraco.

— Eu não quero ir. — falou triste.

— Fica calma, Emy, tudo vai se resolver. — falei e a abracei, tentando lhe passar conforto.

❤🎶

Estava fazendo algumas lições de casa, quando ouvi alguém bater na porta do meu quarto.

— Entra. — pedi ainda fazendo a lição.

— Pedro, podemos conversar? — minha mãe perguntou entrando em meu quarto e eu assenti, fechando o meu notebook e meu caderno. — Eu queria te perguntar se você está bem com... tudo. — ela deu de ombros e eu sorri de lado.

— Sim, mãe. É estranho, mas eu estou tentando me adaptar com isso. — falei com sinceridade e ela assentiu.

— Eu só te perguntei pois já estava ficando preocupada, você não falou nada disso comigo e eu pensei que talvez estivesse te incomodando. — peguei em sua mão e esbocei um sorriso.

— Mãe, eu te amo e agradeço muito por se preocupar, mas eu preciso pôr tudo isso em ordem sozinho. É totalmente estranho ter que conviver sabendo que meu pai tem uma nova família agora, mas isso não muda o fato de que eu nunca a deixarei. Meu pai pode conviver com quantas família ele quiser, mas nunca eu vou te deixar, mãe. Eu só preciso me acostumar a isso e tentar ser compreensível com o meu pai! — minha mãe sorriu e apertou minha mão.

— Meu menino, eu senti tanto a sua falta! — falou acariciando minha bochecha e eu a abracei. — Os dias que você ficou em coma foram os piores. Como eu poderia viver sem um dos meus bebês?

— Mãe, eu não sou bebê, tenho dezoito anos. — brinquei e ela riu.

— Para mim, sempre será meu menino! — ela depositou um beijo em minha cabeça. — Eu amo você! — sorri.

— Eu também amo você, minha rainha!

— Agora vá dormir, você já estudou demais por hoje. — apenas ri e ela saiu de meu quarto, deixando um boa noite.

Tomei um banho demorado e depois vesti uma calça moletom branca e uma camisa manga longa azul. Antes de se deitar, decidi ler a Bíblia e a abri onde ela estava marcada. O capítulo 13 em 1 Coríntios estava marcado com caneta, lembro-me de já ter estudado sobre este capítulo. Decidi lê-lo.

1. Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine.
2. E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria.
3. E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.
4. O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece.
5. Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal;
6. Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade;
7. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.

Sorri ao terminar de ler. Eu amo ler sobre o amor. É um sentimento tão puro que Deus nos concedeu e, mesmo assim, às vezes esquecemos deste mandamento. Amar ao próximo não é fácil, mas se não houvesse amor, não seríamos nada, afinal, é por conta deste sentimento e da graça de Deus que podemos viver. É por conta do grande e eterno amor de Deus por nós, que hoje podemos ser salvos. Deus é amor. Então como podemos dizer que conhecemos a Deus se não praticamos o amor? Como podemos dizer que amamos a Deus que não vemos, se não amamos o nosso próximo, o qual podemos ver?

Desde pequeno minha mãe me ensinava sobre o amor, ela dizia que era a coisa mais maravilhosa que nós podíamos sentir. Eu acreditava nela, tanto que eu pensava em como seria amar alguém. Aos meus quatorze anos, eu pude ter a certeza que o amor não era o sentimento que meu pai sentia por minha mãe, afinal, ele a abandonou. Porém eu não deixei de acreditar nele. Eu havia escolhido esperar pois sabia que em algum lugar estava a pessoa certa para mim.

Talvez eu tenha visto o amor desde a primeira vez que encontrei Ana. Mas a questão era: Liana não acreditava, ou melhor, não queria acreditar que alguém pudesse amá-la de verdade só pelo fato de já ter se decepcionado uma vez. E, por conta disso, eu comecei uma série de tentativas de amizade com ela. No começo eu não imaginava que talvez eu quisesse algo mais que uma simples amizade, porém, com o tempo, eu consegui entender que, desde a primeira vez que eu a vi, eu a amei. Eu compreendi o que era o sentimento tão puro que minha mãe me falava e ao qual eu esperava sentir.

Fechei minha Bíblia e ajoelhei-me para fazer a minha oração.

"Senhor, meu Deus, te agradeço por mais um dia de vida e também te dou graças por tudo que tens feito em minha vida. Peço que abençoe minha família, meus amigos e todos que estão ao meu redor. Pai, ajude-me a suportar toda esta situação com meu pai, ajude-me a liberar o perdão pois eu não quero ser alguém que guarde rancor de seu próprio pai. Por mais coisas que ele tenha feito, ajude-me a esquecer e perdoa-lo, tira todas as mágoas de meu coração. Também peço que o Senhor tome a direção de meus sentimentos, mostre-me se Liana é a pessoa a qual o Senhor reservou para mim, mostre-me se ela era a garota pela a qual eu sempre esperei e acreditei que me amaria de verdade. Porém, se esse sentimento não for de Tua vontade, então tire-o de mim, pois eu não quero seguir os meus próprios caminhos e acabar fazendo-a sofrer. Continue conosco e me mostre uma direção. É o que te peço e já te agradeço, em nome de Jesus. Amém!"

Ao abrir os olhos, percebi algumas lágrimas em meus olhos e limpei meu rosto. Acabei adormecendo em meio aos meu pensamentos.

❤🎶

Me diz, quando é que eu verei seus olhos azuis novamente? — uma voz conhecida perguntou e eu lutei para tentar conhecer de quem era. — Parece que meu mundo não tem muito sentido quando não os vejo... — a pessoa deu uma pausa e parecia estar chorando. — Pode parecer estranho, mas desde que eu soube que você entrou em coma, meus dias não tem mais sido os mesmos. Eu durmo e acordo com a esperança de tudo isso não ser verdade e de logo ver você, tentando me fazer sorrir como sempre. Eu tenho saudades disso, sabia? Acho que eu nunca falei para você e, realmente, eu sou uma boba por não ter falado isso antes, mas eu amo o seu sorriso e os seus olhos, acho que eles me cativaram desde o primeiro momento que nos conhecemos naquela biblioteca. Eu era tão boba... — ao ouvir aquelas palavras e o som de sua voz mais uma vez, tive certeza que era Liana. — [...] Àqueles dias em que ficamos sem nos falar, foram como uma tortura para mim, você afastou-se de mim e eu não tentava conter a saudade que sentia... Eu me apaixonei completamente por você feito uma boba e eu me arrependo muito de não ter dito isso naquele dia em que você foi sincero comigo.

Ouvir sua voz embargada foi como partir o meu coração em pedaços. Ela estava ali, chorando, e eu não podia fazer nada.

Me perdoa, Pedro — falou chorando ainda mais. —, me perdoa, por favor... Volta para mim, eu sei que você está me ouvindo e, se estiver, peço que não me deixe, por favor. — ela apertava a minha mão, porém eu não conseguia juntar forças para retribuir o seu toque.

Senti sua respiração em meu rosto e ela depositou um beijo em minha bochecha, depois deitou sua cabeça em meu peito.

— Mesmo que você não esteja acordado, meu coração ainda bate acelerado só em tê-lo por perto... Será que isso é amor? Porque, se for, então eu amo você!

Alguns minutos depois, não ouvi mais nada e deduzi que ela havia ido embora. Eu queria gritar e poder dizer que a ouvia e que estava fazendo o possível para ter forças e despertar, mas é como se o meu cérebro não quisesse me responder. Ela havia ido embora e eu não tive como responde-la e dizer que também a amava.

[...]

Eu estava em um campo e observei a grama que tinha um tom verde incrível. O dia estava ensolarado e eu não consegui encontrar ninguém pelo campo. Ao olhar para baixo, vi um papel jogado no chão, intacto, e resolvi apanhar para ver o que tinha nele.

Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida.

Ao olhar mais uma vez ao redor, vi uma garota loira um pouco longe, mas ela não parecia ser desconhecida, pelo contrário, eu conhecia muito bem aquele sorriso.

É ela!

Foi a única coisa que ouvi, antes de tudo ficar escuro e eu voltar para a escuridão, sem forças para acordar.

❤🎶

Acordei em um sobressalto e, ao olhar ao redor, percebi que ainda era madrugada. Sentei em minha cama e tentei deduzir o que era aquele sonho. Parecia uma lembrança... de quando eu estava em coma!

— Ela disse que me amava. — sussurrei, para mim mesmo, e um sorriso brotou de meu rosto. — É ela.

Antes de voltar a dormir, orei para pôr em ordem os meus pensamentos e saber se aquilo havia sido uma confirmação.
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"Então Jacó trabalhou 14 anos por Raquel, mas lhe pareceram poucos dias pelo tanto que a amava." 💕

Olá, lindesos. Capítulo beeem longo, não é mesmo? Sorry.
Eu queria que vocês entendessem o que se passa na cabecinha de nosso rapaz. Espero que tenham gostado! ❤

E essa Milena, hein? Eu ri. Alguém avisa para ela que nosso príncipe de olhos azuis tem dona!
Parei. :')

Não esqueça de deixar o seu votinho e o seu comentário do que estão achando da história, amo ler os comentários de vocês.

Amo cês! ❤

Beijos e fiquem com Deus. 😘🎶🎉🌼🙏

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