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As portas do Convento são abertas e de lá sai Melissa, uma jovem nem um pouco religiosa. Com roupas recatadas, acende um cigarro e vai andando em direção a estrada onde o motorista dos seus pais lhe buscaria para "curtir" as férias. Enquanto sopra a fumaça do cigarro, solta uma risada irônica.
- As melhores férias da minha vida. - riu.
De longe viu que o carro se aproximava. Jogou o cigarro fora e fez sua melhor cara "puritana". Sebastian, o motorista, saiu do carro, apresentou-se e pegou sua mochila. Entraram no carro e ele deu partida, após um tempo o homem resolveu puxar conversa.
- Então, Melissa.. ou devo falar, irmã Melissa? Digo...
A garota teve de conter o riso ao ver a confusão que o motorista estava fazendo... e que motorista. Ele poderia me foder de todas as formas possíveis dentro desse carro e eu ainda faria questão de repetir tudo. - pensou.
Afastou os pensamentos impuros e tratou de respondê-lo.
- Melissa. Não sou irmã ainda para ser chamada assim. - deu um sorriso tímido.
- Oh, sim, Melissa. - sorriu. - Quanto tempo vai ficar? - puxou assunto.
Enquanto dirigia, Sebastian direcionava alguns olhares curiosos a Melissa. Analisou suas roupas e pode perceber que ela era uma moça muito bonita. Admirou ainda sua "pureza", o que se está em falta hoje em dia.
Será se teria uma chance, caso ela não fosse virar freira? pensou. Repreendeu-se e tratou de afastar tais pensamentos ao ouvi-a responder sua pergunta.
- Acredito que um mês... Depois volto para o convento para a formação... Aí sim poderei ser chamada de irmã.
- Que bom...
∆
A viagem foi longa e Melissa teve tempo suficiente para pensar em tudo o que fez e em tudo o que iria fazer.
Pegou seu diário na mochila e começou a folhear. Enquanto passava as páginas, parou em uma específica e fitou o que havia ali. Deu um sorriso ao passar o dedo pelo nome de Hannah, uma das únicas amigas que fez no convento. Lembrou-se das fugidas que davam para as "festas" no quarto de algum garoto durante o período que vinham para a formação de "padres" - muitos, que assim como elas, só estavam ali por obrigação dos pais, um achando apoio no outro.
Sua família já lhe esperava na porta de casa, sua mãe lhe olhava com um orgulho, diferente de seu pai e seus irmãos, que lhe olhavam com cara de paisagem.
··· Melissa
- Minha filha. Bendita seja! - Ouço minha mãe dizer enquanto desço do carro.
- Olá, mamãe. Papai. John. Kaya. - Os encaro.
- Venha, quero saber tudo sobre seu tempo no Convento. Aposto que é a mais ansiosa para a formatura.
- Pode crer que sim. - dou um sorriso forçado e olho de relance para Kaya que me retribui o sorriso.
Após o imenso questionário da minha mãe enquanto comíamos, resolvo subir para meu quarto.
Ahh. Abro a porta e vejo que tudo estava do jeito que deixei... Olho para meu guarda roupa e sinto o cheiro das minhas roupas. Saudade. Abro minha gaveta e vejo todas minhas revistas de moda lá, sento no chão e passo a folheá-las. Sinto uma lágrima escorrer. Era isso que eu queria fazer antes de minha mãe me obrigar a seguir a vida de freira.
Tomo um banho, visto uma roupa típica e vou ao quarto de minha irmã mais velha, Kaya. A porta está entreaberta e, antes de entrar, vejo que ela está falando com alguém.
- ... Ainda não posso, você não sabe o quanto isso é temido por mim, tenho medo do que eles possam fazer a nós..
Ela fala mais baixo e não consigo entender, resolvo entrar de uma vez e me jogo na sua cama.
- Tenho que desligar agora, minha irmã está aqui...
Ela finaliza a chamada e me olha.
- O que está tramando, irmã Melissa?
- Sabe, Kaya... Eu posso ser mais nova que você, mas não sou nem um pouco inocente. Ouvi uma parte da sua conversa e...
- Melissa, por favor, não conte nada a mamãe ou ao papai... Por favor.
- Por Deus, Kaya. Você se entrega fácil demais. Quem sou eu pra contar algo pra aqueles dois? Você não é a única que esconde as coisas, sabe disso. - Ela deita na cama próximo a mim.
- Obrigada, Melissa. De verdade. Mas, e aí? O que te traz aos meus aposentos reais?
- Amanhã pretendo dar uma volta, gostaria de saber se esse Sebastian é confiável... Bonito, ele, não é?
Ela solta uma risada.
- Melissa, Melissa... você não toma jeito, não é? Eu até cheguei a pensar que você indo para o Convento te faria mudar, mas vi que estava errada... - ela ri - Amanhã de manhã sairei com a mamãe e o John tem seu próprio carro, então acho que ele está livre para você. E... Sim, creio que ele seja confiável para "seus serviços" - faz aspas com as mãos - seja lá o que você queira.
- Hum... Me fala um pouco dele.
- Melissa! - ela me repreende.
- Ai, só o básico, vai. - faço minha cara de cachorro abandonado. - Por favor.
- Tudo bem. Ele foi contratado recentemente, tem uns 3 meses acho. Sei que ele mora num bairro distante, as vezes dorme aqui, etc.
- Ah... Ele tem... Família? Namorada?
- Eu sei que ele morava com a avó, mas ela faleceu. Não acho que tenha namorada, ele passa muito tempo aqui e as vezes faz "bico" em algumas outras coisas...
- Bom saber... e, obrigada, irmãzinha.- me levanto. - Já está tarde, vou dormir. Peça a mamãe que o avise, ok? Diga a ela que ele poderá me chamar as 10h. - me dirijo a porta.
- Hum. Está bem, então. O que você está tramando, hein?
Eu rio.
- Nada demais... - saio do quarto. - Vamos ver o quanto ele é confiável... - sussurro. ∆
··· Sebastian
Cansado, chego em casa. Faço como sempre: chego, saio do carro e subo direto para meu quarto. Mas dessa vez o babaca do Mark, meu tio, me pegou de surpresa.
Abro a porta de casa e quando já estou no pé da escada para subir ele me empurra contra parede.
- Olha aqui, seu bostinha. - ele cospe as palavras - você trate de me dar o dinheiro das contas de água e energia daqui, caso contrário eu quebro essa sua linda carinha. - me puxa para frente e me empurra contra parede com força.
- Eu não vou te dar nada, mal fico nessa droga de casa, você que passa o dia com a bunda no sofá. Arrume um emprego e você mesmo pague! - Vocifero quando ele me solta.
Ele solta uma risada irônica e avança contra mim novamente.
- Você não entendeu... Ela não está mais aqui para te defender. - ele ri. - As coisas vão ser do meu jeito, seu moleque. - diz e me empurra em direção a escada.
Me levanto e vou para meu quarto. Babaca. Quando entro vejo que tudo está revirado.
- Desgraçado! - chuto umas roupas que estavam no chão.
Vou em direção onde guardo o dinheiro. Suspiro aliviado. Ainda está aqui. Coloco no mesmo lugar de onde estava antes.
- Eu só preciso aguentar só mais um pouco. Só mais um pouco. - sento na cama e respiro fundo.
Me deito e fecho meus olhos. Amanhã tenho que ir cedo para os Joy. Acabo dormindo num sono profundo.
Espero que tenham gostado, comentários e votos são bem vindos :)
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