12: O Importante é o Interior 🍉
Quando a notícia que Eduardo e Marcela haviam reatado se espalhou, Roberto ficou a ponto de soltar fogos, tamanha felicidade. Júnior e Cíntia ficaram igualmente felizes ao verem os dois juntos, de mãos dadas, durante o culto de domingo de manhã e então, quando a reunião se encerrou, avisaram que agora já podiam convidá-los a serem seus padrinhos de casamento, juntamente com Lili e Felipe.
Marcela conseguiu um estágio remunerado na escolinha de educação básica e sempre colaborava como voluntária no ministério infantil da igreja. Eduardo estava fazendo sucesso com sua loja, a primeira especializada em informática na cidade de Pracinha, e isso fez com que seu pai pensasse seriamente em também voltar para o interior e abrir mais filiais em cidades daquela região.
Ele conseguiu a locação de uma casa e passou a morar sozinho, porém, a única vez em que Marcela esteve lá foi quando juntamente com o pai e familiares dele, fizeram um mutirão para ajudá-lo a limpar tudo e montar a mobília. Os dois sempre se encontravam na praça, em público, dividindo o espaço com as diversas crianças que andavam de bicicleta e patinete, jogavam bolinha de gude e pião, ou pulavam amarelinha. O namoro sempre era interrompido por alguma criança que conhecia Marcela da escola e ia cumprimentá-la com um abraço ou convidá-la para brincar.
Eduardo amava sua espontaneidade com as crianças, principalmente quando a via pulando amarelinha ou corda com eles. Ele riu muito em um dia quando durante a brincadeira de pular corda, duas meninas cantavam enquanto Marcela pulava: "Qual é a letra do seu namorado? A, B, C, D, E," e apesar de conseguir pular muito mais que isso, Marcela errou propositalmente na letra E.
— Olha, deu certo, tia! Caiu na letra E, de Eduardo! - As meninas diziam, enquanto o casal ria e trocava um olhar conspiratório.
O próprio Eduardo acabava vez ou outra entrando nas brincadeiras e ficava surpreso consigo mesmo ao se ver jogando bolinhas de gude com os garotos ou tentando laçar boizinhos de madeira. Eles também ficavam impressionados com sua habilidade de virar todas as figurinhas em uma batida só e pediam que compartilhasse o segredo de sua técnica.
Por mais que enfrentassem lutas diárias, Eduardo e Marcela sabiam tirar proveito da passividade do lugar. As noites calmas e silenciosas que faziam a cidade adormecer, bem como a manhã com sinfonias de pássaros e galos que a faziam acordar, a possibilidade de contemplar o pôr do sol e louvar a Deus por Sua grandiosidade e pelo amor imerecido que experimentaram, as pescarias que levavam embora o estresse do trabalho, tudo era apreciado nos mínimos detalhes e valorizado.
Chegou o grande dia do casamento entre Júnior e Cíntia e a igreja estava enfeitada e lotada de amigos. Eduardo e Marcela estavam juntamente com Liliane e Felipe diante do altar, absorvendo as palavras do pastor para o casal que agora era uma nova família.
Durante a festa, na propriedade dos Gonçalves, os casais foram dançar juntos e Eduardo disse baixo, no ouvido da namorada:
— Nós somos os próximos.
— Posso começar uma contagem regressiva?
— Pode, agora mesmo.
— Quero que o meu buquê seja feito de margaridas, e você sabe o porquê.
— Assino embaixo. O que mais você quer?
— Você, nada mais.
— Hum, então parece que é fácil te agradar.
— Com certeza, sou um tratorzinho do bem.
Eduardo riu.
— Vou cuidar de você em todas as noites chuvosas.
— Não me faça ficar imaginando coisas, Eduardo - Ela disse em tom de brincadeira e o abraçou mais forte — Senão vamos ter que acelerar o processo.
— É exatamente o que eu quero, acelerar o processo. Mas olha, queria que soubesse que sou muito grato a Deus pelo que fez por nós, se não fosse Ele, não estaríamos aqui.
— Nem quero pensar onde estaríamos se não fosse a intervenção Dele, agradeço constantemente e sempre vou agradecer.
— E é muito bom viver aqui com você, com vocês. Bem que me disseram que Deus olha para o interior.
Marcela demorou alguns segundos para entender o trocadilho, mas riu assim que entendeu.
— Legal, nunca mais vou esquecer disso. O homem vê a aparência, mas Deus olha para o interior.
Foi nesse momento que anunciaram que Cíntia iria jogar o buquê e todas as moças solteiras se juntaram por ali, inclusive Liliane. Eduardo liberou Marcela, mas antes disse no ouvido dela:
— Mostra pra todo mundo que você também tem talento como goleira.
— Pode deixar. - Ela piscou um olho e foi para junto das demais.
Cíntia lançou e as flores de laranjeira caíram diretamente nas mãos de Marcela, que de longe mostrou para Eduardo que havia conseguido, sorrindo para ele, que sorria de volta enquanto todos aplaudiam. O futuro estava lhes aguardando.
Marcela e Eduardo se casaram, tiveram três filhos e até hoje vivem em Pracinha fazendo exatamente a mesma coisa: ela lecionando, ele administrando a loja e para manter a tradição, costumeiramente comendo melancias.
***
Terminamos, pessoal!
Obrigada por terem acompanhado!
Deus abençoe a todos!
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