05 - Noel

ANY GABRIELLY

Acho que o frio afetou a cabeça de Josh. Ele disse que falou com um tal de Noel, perguntei para a atendente e ela disse que não tinha ninguém com esse nome.

Acho que a influência de Emma com as coisas de natal deixou ele um pouco doido.

Escolhi tantas coisas legal para decorar a árvore com Emma e creio que isso vai ser uma das coisas mais especiais que vamos fazer.

Além de comprar um negócio para usarmos com Josh.

Sim... ela insistiu muito por uma blusa de lã, e eu não resisti ao bico que ela fez, e agora estou pagando por roupas iguais.

Noite de natal né?

Depois da visita do papai noel, e das nossas comprinhas, voltamos para o hotel e finalmente fomos comer. Emma realmente disse a verdade quando disse que estava com MUITA FOME. Ela comeu bastante e eu me surpreendi totalmente com isso.

Depois do jantar eu fui trocada por um jogo, então Emma quis ficar com os tios e o primo, para que eles pudessem jogar o novo jogo que Peter ganhou.

Isso só iria resultar em uma coisa...

Eu e Josh vamos ficar sozinhos no quarto...

Depois de muito tempo.

Emma subiu com Alex e Peter, e Nour ainda ficou com a gente, comendo muito. Ela nos encarava e sorria. E eu tenho certeza que até o final da viagem, eu vou precisar adotar Peter, porque ele vai ficar sem mãe.

Josh estava um pouco quieto, e mexendo no celular o tempo inteiro.

Não posso ficar com ciúmes, mas eu não poderia deixar de dizer que isso me irrita totalmente.

Minutos depois ele guarda o celular dando um sorriso enorme para o vento. O que faz com que eu fique mais ainda intrigada.

— O que foi? – ele me encara e encara minha irmã.

— Nada, você que está igual um bobo sorrindo para o vento – Nour diz sem nem pensar. — Vou subir, não se matem, ainda quero ver meu marido amanhã.

Josh encara Nour sem entender e eu caio na gargalhada.

— Amanhã vamos ver os veados Josh – então o loiro começa a gargalhar — quero fazer carinho em cada um.

Ela se levanta.

— Emma está bem, não precisem chorar, se chorarem por outros lugares, já sabem, usem camisinha, ou não se quiserem mais um Beauchamp, acho que todo mundo ia gostar. Fui – ela pega o prato com sua sobremesa e vai em direção da saída, ainda comendo.

Josh me encara e não aguentamos, começamos a rir.

— Tem certeza que não quer uma camisa de força para sua irmã?

— Tenho dó do Peter, ele vai ficar com quem? Alex não bate bem da cabeça também.

Rimos.

E depois um completo silêncio.

De volta ao silêncio na verdade.

— É... Any – ergo meu olhar. — Amanhã vamos para o chalé né? – concordo com a cabeça.

— Pelo menos está tudo certo que sim, mas podemos entrar só depois das 17hrs.

— Pensei em irmos com a Emma onde o Noel indicou e escolher uma árvore, o que acha?

— Seria maravilhoso, ela iria amar, e bom, vai ser divertido. – respondo.

— Também queria saber se você topa fazer uma coisa comigo na sexta – Josh se mexe na cadeira, um pouco nervoso.

— O que? – pergunto curiosa.

— É uma surpresa, mas você vai gostar, eu tenho certeza.

— Eu sou curiosa, e vou querer saber o que é antes do tempo. Vai me contar? – ele nega. — Nem uma dica? – ele nega novamente.

— Nem tenta, eu só preciso saber se você aceita para terminar de acertar tudo.

— Não vai me desovar no meio da floresta não né? – ele ri. — Eu tenho uma filha para criar.

— Claro que não boba – ele empurra meu ombro devagar. — Então, aceita?

— Aceito sim. Nem vou me preocupar com a pergunta de: Como é esse lugar. Porque aqui só consigo usar botas e casacos grandes.

— Bom, na verdade, onde vamos primeiro... – ele para e me encara e eu começo a rir — boa tentativa, mas eu não vou contar.

— Que saco – faço um bico e ele desvia o olhar para minha boca.

— Boa tentativa, você é esperta, mas dessa vez eu fui muito mais. Eu vou dar uma dica.

— Isso, me dá uma dica. – me animo mais.

— Vai ter neve – ele começa a rir e eu faço um bico enorme.

— Sem graça – empurro seu ombro.

— Josh? – ouço uma voz diferente e juntos viramos a cabeça.

Claro, a vaca tinha que voar até aqui.

— Oi – Josh não esboça nenhuma reação.

— Quanto tempo – respiro fundo para não revirar os olhos — Ah, Oi Anyzinha, não te vi ai.

— Claro, é claro que não viu – dou um sorriso falso. — Licença.

Pego minhas coisas e vou me levantando em seguida.

— Então Josh, eu vim pra gente conversar sobre o novo filme, eu dei umas ideias para o diretor.

O silêncio do Josh, e a voz dessa mulher me enoja.

— Espera – Josh segura meu braço delicadamente quando tento sair. — Então Clara, se eu não respondi, é porque eu não queria falar com você – ele é bem direto. — Creio que precise conversar com outro ator, não aceitei o papel.

— Como assim? – ela encara o loiro e eu tento sair. Mas sou impedida por uma mão que desliza sobre meu braço e se entrelaça com a minha.

Encaro Josh e em seguida, volto a encarar sua mão sobre a minha, a forma como sua mão gelada se mistura com o contraste das minhas mãos quentes, e como involuntariamente seu polegar acaricia o dorso das minhas mãos.

Ele mantém o rosto erguido, e eu não consigo prestar atenção em nada que a vaca fala.

Ainda sinto o choque que nossas mãos dão ao se unirem.

Josh me encara por alguns segundos, e então eu volto a olhar para frente, e não sei em que me concentrar, na conversa, na cara da azeda, ou no que eu escuto.

— Clara, há 3 anos eu já havia dito que eu não quero ter nada com você, que eu não queria atuar com você, não depois do que você fez comigo na campanha – sua mão se aperta na minha — se você veio atrás de qualquer coisa que não seja curtir esse lugar maravilhoso, eu sugiro que você vá embora. Eu estou com minha família, e quero aproveitar o máximo das minhas férias.

— Credo Joshy – reviro os olhos — não precisa falar desse jeito comigo.

— Eu já cansei de falar de todas as maneiras possíveis, e você finge que não entende o que eu digo sempre. Por favor, não estrague mais o que eu estou tentando reconstruir. Te admiro como pessoa e atriz, mas eu espero não ter contato com você. Agora precisamos ir. Boa noite Clara. E um Feliz Natal para você.

Fico sem reação em todas as palavras que Josh profere para a loira. Em seguida, sem soltar nossas mãos ele me conduz em direção a saída do restaurante, e aos elevadores.

Quando saímos ele solta um ar que acho que nem ele mesmo percebeu que segurou, e então aperta o botão.

— Desculpa por isso, achei que não respondendo ela não viria atrás.

— Não tem problema – digo encarando seu rosto.

— Pensando bem – ele me encara. — Quer subir ou quer dar uma volta?

— Acho que uma volta seria muito boa – ele sorri e então percebe que nossas mãos estão ainda juntas e solta devagar. Sorrindo de lado em seguida.

Damos meia volta e saímos do hotel, caminhando devagar sobre o centro. Natal é uma das minhas épocas favoritas, tudo é muito bem decorado, sempre tem cor, a magia do natal é muito bonita.

Eu sou apaixonada por tudo que envolva isso, e claro neve. Pra mim é uma das coisas mais incríveis que poderia existir no natal.

Apesar do silêncio em que nos acostumamos a viver, dessa vez não está nada desconfortável.

Josh e eu passamos pelo centro, onde vimos uma árvore enorme decorada, com várias bolinhas, fotos e até mesmo alguns enfeites, todos preparados a mão, com muita coisa bonita.

— Que lindo – digo pegando uma bolinha que tem a foto de uma família.

— Acho que eles fazem ali – Josh aponta para uma barraca. — Vou ver se eles conseguem fazer uma com nossa foto e da Emma, ficaria legal.

— Se eles fizerem você pede mais uma para nossa árvore? – Josh acena concordando e se afasta devagar.

Começo a dar uma volta sobre a árvore, observando as fotos, os enfeites e até mesmo as mensagens que cada um deixou sobre o lugar.

— Lindo né? – me assusto e olho para um Sr. que para do meu lado. — Desculpe se te assustei.

— Sem problemas – sorrio de lado — São todos lindos.

— Dizem que tudo que se coloca aqui, se torna realidade.

— Sério? – o encaro e ele concorda. Sorrindo enquanto pendura uma bola um pouco maior do que as que estão. Como a bola é transparente, consigo perceber uma cartinha dobrada dentro. — Mas só aqueles pedidos que vem daqui – ele aponta para o seu coração.

— Os mais especiais. – completo.

— Aqueles que são verdadeiros – ele observa a bola sobre a árvore.

— Esse é um dos pedidos especiais? – pergunto curiosa.

— Sim, mas não é meu. Foi feito por uma pessoa especial, de coração e com a maior das purezas. Tenho certeza de que irá se realizar.

— Eu espero que sim, ela ou ele ficaria muito feliz. – respondo com sinceridade.

— Pode ter certeza que ela já é muito feliz, mas isso a deixaria muito mais. E nada que a magia do Natal não ajude um pouco né? – ele pisca.

— Concordo.

— Gostando da cidade? – ele caminha comigo até um banco próximo e me sento, ainda observando tudo ao redor.

— Cheguei ontem e simplesmente estou amando, é uma sensação diferente, muito boa por sinal.

— Mais uma vez, acredito que seja a magia do Natal.

— O Sr. mora aqui? – ele concorda.

— Há muitos anos e sempre me emociono com uma família linda como a sua.

Paro e observo o Sr.

Como ele sabe da minha família?

— Existe um lugar super legal, onde vocês podem fazer cookies para o natal, é um programa para a família mesmo, se quiser. Fica naquele lugarzinho ali – ele aponta para um lugar atrás de mim e eu viro o rosto — Se precisar, é só dizer que o Noel que indicou.

Quando ouço o nome me viro e encontro o banco ao meu lado vazio, levanto procurando ao redor e não encontro nada mais do que um Josh vindo com uma expressão de dúvida enquanto observo ao redor.

— Tudo bem Any? Aconteceu algo? – concordo e nego em seguida.

— Tudo, acho que só tive uma alucinação. Conseguiu?

— Sim. Fiz quatro iguais. Uma para colocarmos aqui, uma para o chalé, e uma só da Emma para nossas mães.

— Elas vão surtar – dou risada.

— Eu sei – vamos caminhando de volta até a árvore.

Então Josh tira da sacola uma das bolas onde tem a foto que tiramos em família ontem. Sorrio ao ver novamente o sorrisinho de Emma.

Então ele junta sua mão na minha, e juntos erguemos a bola colocando na árvore.

— Tudo que se coloca aqui, se torna realidade – repetimos juntos e nos encaramos. Dando risada em seguida.

— Onde ouviu isso?

– A moça que fez as bolas me disse. E você?

— Ouvi por aqui – ele apenas concorda.

Mais uma vez observamos e em seguida voltamos a andar pelo centro. Olho ao redor procurando pela pessoa que minutos atrás estava falando comigo.

— Quer um chocolate quente? – Josh se aproxima da barraquinha.

— Quero – sorrio animada.

— Vou querer dois por favor – diz para uma senhora.

— Josh – chamo a atenção do loiro — Acho que aqui no centro, tem um lugar que podemos fazer cookies com a Emma. Você topa essa experiência?

— Meus cookies são os melhores e você sabe disso. – ele bate no peito e eu começo a rir.

— Aham, tudo com um sabor único: queimado.

— Agora pegou no meu pronto fraco – ele ri.

— Aqui casal – a Sra. oferece os copos e sorrimos. — Tenham uma linda noite.

— Obrigada – digo antes de sair.

— Está tudo bem mesmo? – Josh em encara assim que nos afastamos da barraca.

— Não sei explicar, talvez eu tenha visto algo, ou imaginei algo da minha cabeça. Mas não é nada demais.

Voltamos em direção do banco e nos sentamos, o chocolate estava delicioso, e realmente foi a única coisa que nos salvou desse frio terrível.

Jogamos papo fora por mais um tempo, até nossa conversa ser interrompida pela neve que começou a cair.

Tirei uma das luvas e deixei que o floco de neve caísse sobre a palma da minha mão.

— Queria poder eternizar isso, ter sempre uma coisa para lembrar desse momento.

— Não seja por isso – Josh enfia as mãos no bolso e tira um chaveiro em formato de floco de neve. — Eu vi enquanto a menina fazia as bolas de natal, achei que iria gostar.

— Josh – meus olhos brilham — eu amei, muito obrigada.

Involuntariamente, me jogo em seus braços e o aperto em um abraço bem forte.

— Eu amei mesmo. Obrigada.

Me afasto logo em seguida.

— Vamos patinar? – levanto em um pulo só e aponto para a pista de patinação à nossa frente. Faz tempo que eu não faço isso.

— Deve até ter esquecido como é.

— Mais ou menos, mas vai ser divertido. Vamos?

— Vamos – ele levanta em seguida e vamos em direção a pista de patinação.

Pegamos o patins e eu me sentei, colocando e apertando bem para não correr o risco de cair.

A pista estava bem vazia, acredito que pelo horário, e o frio que está fazendo, as pessoas já estejam debaixo do cobertor, com seus pés bem aquecidos e seus chocolates quentes.

Entro na pista me segurando pela grande de apoio e Josh entra totalmente natural atrás de mim. Nego com a cabeça.

— Tem certeza? – ele começa a andar de costas me encarando.

— Exibido. – vou me soltando aos poucos e patinando junto com ele.

Josh mantém uma distância em alguns momentos, mas sempre passa do meu lado para me irritar, principalmente porque ainda não me soltei da grande.

— Vamos Any, solta disso ai.

— Calma, estou me acostumando novamente com os patins.

— Você não vai cair, vamos, venha para o meio.

— Se eu cair você vai ver.

Me solto aos poucos e consigo me equilibrar sobre os patins, em seguida vou indo para o meio da pista.

Sabe quando aquele arrependimento bate? Mas bate bem forte e você sabe que nesse momento se ferrou demais?

Eu.

Por que eu estava sentindo que ia cair, eu não conseguia me equilibrar, só não senti a queda, porque as mãos de Josh se envolveram na minha cintura e ele me segurou.

Apoiei minhas mãos sobre seu peito, e encarei seus olhos azuis.

Confesso uma coisa, Josh é um dos caras mais lindos que eu já conheci na minha vida, ele é lindo de qualquer jeito, mas quando ele está na neve, a sua beleza passa a ser um nível totalmente absurdo. E o contraste dos seus olhos azuis, com o branco da neve, nossa isso me faz perder a cabeça.

— Você precisa ter mais confiança em você mesmo, melhorar a postura – vou recebendo dicas enquanto ele vai me conduzindo devagar pela pista.

— Eu achava que era bem fácil. Da última vez foi.

— Não era no gelo Any, e isso complica um pouco.

Sua mão aperta um pouco minha cintura e eu apoio minhas mãos no seu ombro.

Mais uma vez nos encaramos e quando isso acontece, parece que todas as coisas que estão ao meu redor, perde a graça, eu não consigo ver mais nada, não consigo sentir nada.

É apenas a gente no nosso mundinho.

Sentir a mão de Josh sobre a minha, ouvir o que ele disse para a vaca, que ele queria reconstruir me fez pensar em tantas coisas que eu não consigo fazer com que elas se encaixem.

Estou tentando entender a magia desse lugar. Durante três anos nos evitamos o máximo possível, e em dois dias estamos mais conectados do que nunca.

— Está calada... – sua mão se aproximo do meu rosto e ele tira um dos cachos que tem.

— Estou tentando entender algumas coisas. – fixo meu olhar nos seus olhos.

— Coisas tipo?

— Tudo que tem acontecido nesses dias – continuo ainda encarando seus olhos.

— Isso pra você está sendo bom, ou ruim?

— Um pouco confuso eu diria.

— Ruim então?

— Não, é um confuso diferente dessa vez.

— Entendi – Josh desvia seu olhar dos meus olhos até meus lábios. E eu acabo cometendo o mesmo erro, e conseguindo ver o momento exato em que ele mordeu de leve seu lábio inferior.

Aos poucos nossos rostos vão se juntando, e eu sinto sua testa colar sobre a minha, sua respiração quente bater contra meu rosto.

Fecho meus olhos me permitindo viver esse momento, e poder lembrar qual é a sensação dos meus lábios sobre os meus.

— Desculpa – ouvimos uma voz e nos separamos — Boa noite – um rapaz diz um pouco sem graça — Precisamos fechar a pista. O horário já deu.

— Claro, desculpe – Josh responde e se afasta, em seguida segura minhas mãos e me ajuda a sair da pista.

Sentamos em silêncio e tiramos o patins, entregando para um dos funcionários.

— Está ficando tarde, acho melhor a gente ir – digo e ele apenas concorda.

Voltamos até o hotel observando novamente a paisagem, hora ou outra tiramos algumas fotos da paisagem, comentamos sobre os passeios que ainda podemos fazer, e também sobre o presente de Emma que precisamos procurar amanhã, já que faltam exatamente 3 dias para o Natal.

Passamos no quarto de Nour e eles já estavam dormindo, pois nenhum abriu a porta para nós, então deixamos Emma lá essa noite e fomos para nosso quarto.

Josh entrou direto para o banho, e eu fui ajeitando algumas coisas que precisava deixar organizado para a mudança de amanhã. Assim que Josh saiu do banho, entrei e tomei o meu.

Quando voltei para cama, Josh estava sobre a coberta, com os olhos fechados e a respiração bem pesada, indicando que ele já havia dormido.

Puxei a outra coberta e coloquei sobre seu corpo devagar, voltando para o meu lado e deitando na cama.

A cena em que eu supostamente endoidei com o Noel não saia da minha cabeça. E se o frio afetou a cabeça de Josh, acho que ele também pode ter afetado a minha.

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