Any Gabrielly

Ouço algumas risadinhas e sinto algo acertar de leve minhas costas. Vou acordando devagar, raciocinando o que realmente está acontecendo.

— Emma cuidado filha, vai acordar a mamãe – ouço a voz rouca de Josh.

— Diculpa papai – ela se aproxima de mim e me dá um beijo molhado na bochecha.

— Vem, vamos escovar os dentes e trocar de roupa. Deixa sua mãe descansar.

A cama se move um pouco e os dois se levantam. Vou acordando, abro os olhos e bocejo em seguida olho ao meu redor. Lembrando onde estou e onde me meti.

Continuo ouvindo as risadas no banheiro, e sorrio ao ver o quão animada Emma está.

Pego meu celular vendo a hora, estou cansada não vou negar, e levanto em seguida indo em direção a varanda. Puxo um pouco a cortina e sorrio ao ver a neve cobrindo praticamente tudo que tem lá fora.

Eu não sei como as pessoas aguentam o frio, apesar do quarto estar totalmente aquecido.

— MAMÃE – me viro no momento que ouço Emma me chamar e ela vem correndo na minha direção. — Eu tavo com saudades de você mamãe.

— Eu também estava com saudades de você meu amor – dou um cheirinho no seu pescoço e depois encho seu rosto de beijos.

— Bom dia Any.

— Bom dia Josh – sorrio de lado.

— Você não vai dar beijo no papai?

— Emma.

— Ue papai, na bochecha. Vai mamãe tem que dar beijo de bom dia.

Emma me encara, com os olhos cheios de esperança de que isso realmente possa acontecer, então caminho até Josh, que me encara como se quisesse passar a mensagem de que não era necessário.

Respiro fundo e então me aproximo cada vez mais do rosto do loiro e dou um beijo rápido em sua bochecha.

— Vamos tirar esse pijama? Seu primo está louco pra te ver.

— Ebaaaaa vamos mamãe.

— Quer que eu faça isso?

— Quem me garante que você não vai colocar só uma blusa nela nesse frio Josh?

Ele da uma gargalhada.

— Sabe que não precisa empacotar a menina, né?

— Não precisa pra você que nasceu no gelo. Ela nasceu no sol de Los Angeles.

— Eu sei – ele ri — Não vou deixar ela ficar com frio pra ficar doente. Vai se arrumar.

Ele pega Emma do meu colo e ela sorri. Apesar de Emma ser tão independente para algumas coisas, ainda ajudamos na maior parte do tempo. Uma por não querer que nossa bebê cresça tanto, e outra porque continuamos mostrando que sempre estaremos com ela, sendo no momento mais fácil ate o momento mais difícil.

Depois de todos estarem devidamente arrumados, fomos até a parte preferida dos três: CAFÉ DA MANHÃ.

Se tem uma coisa que eu aprendi foi nunca perder os cafés da manhã de hotéis, bate um arrependimento tão grande quando isso acontece.

— O PETER – Emma grita e sai correndo na direção do primo quando entramos no restaurante.

Sorrio ao ver o pequeno se levantar com tudo e vir abraçar ela, dando algumas voltinhas.

— Oi meu pequeno – vou me aproximando devagar.

— Oi tia Any – ele solta Emma e vem na minha direção. Me abraçando em seguida. — Oi tio Josh, – ele me solta e vai abraçar o loiro ao meu lado.

— Eai garotão – Josh bagunça o cabelo de Peter e juntos vamos seguindo para a mesa que já nos estava reservada.

Emma sai correndo na frente e se joga nos braços da minha irmã, que a segura apertando tanto que quase esmaga a menina.

— Eai cara - Alex levanta cumprimentando primeiro Josh — Oi cachinhos - ele se aproxima e me abraça.

— Oi Alex – vou indo em direção a minha irmã que sorri como sabe que eu vou querer falar alguma coisa para ela. — Oi Nour.

— Irmãzinha linda do meu coração, do mundo inteiro, a mais bela e perfeita das irmãs. – ela me abraça. — me mata depois – sussurra. — Josh, quanto tempo que bom te ver aqui – me solta e vai em direção ao loiro.

— Oi Nour, que bom que está bem – ele a cumprimenta e logo senta do lado de Alex, Emma senta do lado do primo e eles começam a conversar na linguagem deles, enquanto só me sobra espaço do lado da minha irmã.

Decido por fim conversar com minha irmã mais tarde, e logo começamos a tomar café. Ajudei Emma algumas vezes e ela sorria pra mim.

Na verdade, o dia que encontrarmos Emma triste, vai ser um baque, porque com ela não tem tempo ruim, literalmente para nada.

— Papai, é hoje que vamos ver o papai noel?

— Sim filha, vamos na Villa depois do café da manhã.

— Eu não posso esquecer minha cartinha.

— Eu quero escrever uma também – Nour faz um bico.

— Nem perde tempo, papai Noel não escuta desejo de puta.

Começo a rir, Josh se engasga com o café e começa a gargalhar e Alex fica vermelho de tanto que segura rir.

— Dá risada Mandon, dá risada que você dorme na cama do Peter hoje.

— Eu nem fiz nada amor – to quietinho , ele vira o rosto ainda segurando rir.

— Peter tem uma cama no quarto, é Nour? - encaro minha irmã

— Tenho titia, é muito legal e grande, a Emma pode dormir um dia lá?

— Eu quero mamãe, eu quero.

— Claro que pode – Nour responde e pisca para minha irmã — Se quiser ficar com a gente até amanhã Emma, vai ser muito legal.

— Ebaaaaa, eu quero muito – minha filha começa a comemorar..

— Vai deixar a mamãe dormir sozinha filha? - faço bico

— Tem o papai, mamãe – Emma responde simples e Nour começa a rir.

— Ok, ok!! Vamos comer? – Josh interrompe e encara Emma — quero ver você comer tudo, pra ficar forte, papai noel não gosta de criança que não come bem.

— Eu vou comer tudinho papai, olha – diz pegando um bacon com as mãos e colocando na boca.

Após o café, voltamos para o quarto, e pegamos algumas coisas que precisamos para o passeio. Em seguida, uma pequena van já nos aguardava para nos levar até Santa Claus Village onde teríamos algumas coisas para fazer hoje.

Emma o tempo inteiro não parava de falar como ela queria ver logo o papai noel, e ver as renas, e pedir pra ele fazer o pedido dela se realizar. Peter por sua vez, arrancou risada de todo mundo falando os presentes que ele queria, e a cara de assustado de Alex era o melhor com cada animal estranho que ele e minha filha nomeavam.

Chegamos com mais ou menos 15 minutos de distância e meus olhos brilhavam, o lugar era simplesmente a coisa mais incrível que eu já tinha visto na vida. O lugar estava totalmente decorado, e a neve deixava cada vez mais incrível ainda.

Olhando toda essa decoração lembrei que não montamos nenhuma árvore de natal, e que eu queria fazer isso com Emma.

— Nour sabe me dizer se o chalé está decorado?

— Acho que não, pelo que lembro uma das atividades do chalé, era exatamente a decoração de natal.

— Ótimo, não montei nada com Emma, queria fazer algo com ela.

— Ela vai adorar mana.

— Pronto, podemos ir – Josh e Alex aparecem com os equipamentos para a nossa primeira atividade que era Esquiar.

— Josh, não acha perigoso pra ela? – ele nega.

— Peguei uma pista pequena mais pra eles se divertirem, e vou ficar com eles.

— Você é o que mais ama esquiar e vai ficar com eles? – ele concorda.

— Não, vocês podem ir, eu vou ficar com eles, não gosto dessas coisas radicais – Nour aparece na frente. — Alex vai com vocês porque a paixão por esquiar desse homem me surpreende. Vou ficar bem com eles, e vamos nos divertir muito, não é meninos?

— Eu não sei esquiar direito.

— Relaxa irmã, o Josh te ensina, né Josh? - Josh me encara e concorda.

— Claro, não é tão difícil assim.

— Então vão, só me ajudem a arrumar as crianças e bom divertimento pra vocês.

Nego, porque minha irmã é um cão, e todo mundo sabe disso. Em seguida, Josh vai até nossa filha e começa a colocar nela tudo o que é necessário, enquanto Peter é ajudado pelo pai.

Sorrio e começo a tirar fotos deles... pra deixar esse momento registrado na nossa vida.

Assim que eles saem com Nour, eu e os meninos vamos em direção ao teleférico que nos levará até a próxima estação de esqui.

Alex vai na frente conversando com Josh que me ajuda a levar minhas coisas enquanto vou atrás tirando algumas fotos, até mesmo gravo um vídeo com a vista maravilhosa do teleférico.

— Vejo vocês lá embaixo – Alex abaixa o óculos, dá um pequeno impulso e some no meio da multidão.

— Mas – encaro meu cunhado descendo perfeitamente sobre a montanha e sorrio.

— Tem um espaço de treino ali, o que acha de irmos até lá? – Josh me olha.

— Não vou te atrapalhar? Consigo perceber o quão louco para descer você está.

— Estou bem, não me importo.

— Tudo bem então.

Caminhamos até um pequeno lugar no topo onde via algumas pessoas treinando, é uma grande loucura você não saber nada e sair descendo dessa altura que estamos, mas a vida é feita de momentos né?

Josh começa a me explicar algumas coisas, e o que preciso fazer com o corpo, e principalmente o momento de usar tudo que eu preciso.

— Pronta? – ele para do meu lado e eu encaro a montanha à nossa frente.

— Não – dou risada.

— Se quiser podemos descer de teleférico de novo.

— Não, eu quero tentar – sorrio.

— Lembra que esse, você não precisa inclinar muito o corpo para frente tá?

— Tá bom – começo a ficar nervosa, respiro fundo, e então dou o impulso e vou lembrando de tudo que Josh me orientou.

E na minha cabeça eu pensei que estava arrasando, a sensação do momento sabendo tudo que aprendi em 1h de treino.

Aham, esse era o pensamento, chegar no final sem ter tomado um tombo.

Claro que eu pensei nisso, depois que tomei o primeiro.

Josh chegou atrás, me encarando preocupado e quando olhei para sua cara comecei a rir.

— Se machucou? - ele continuou rindo enquanto me ajudava a levantar.

— Pelo menos esse monte de roupa serviu para alguma coisa – dou risada.

— Quer ir de novo?

— Quero – passo a mão na minha bunda tirando todo o gelo que ficou ali.

— Olha, faz assim – Josh desconecta seu pé do esqui, e se aproxima, parando do meu lado — Você colocou muito o corpo para frente, por isso você caiu, esse não precisa disso, já que é iniciante. Então precisa deixar mais ou menos assim.

Ele coloca sua mão na minha cintura, e eu encaro seus olhos azuis. Sua respiração lentamente bate em meu pescoço, e eu praguejo por não ser tão imune aos seus toques. Ele sorri e então se afasta.

— Você vai conseguir, tenho certeza, e não vai cair. – ele volta até seus esqui, prendendo sobre os pés, e eu me ajeito no lugar. — Pronta?

— Pronta.

Josh me deixa descer na frente, e eu não consigo olhar para trás, só percebo ele do meu lado, quando ele passa fazendo algumas manobras e com o celular em mãos me gravando.

Eu não consigo explicar a sensação, quando pensei em descer, era um frio, misturado com medo, agora é uma sensação muito gostosa.

Mas eu pensei que estava arrasando, mais uma vez.

Até trombar com um senhor que me fez desequilibrar e cair mais uma vez.

Josh apareceu na minha frente, já estávamos quase no final e eu conseguia ver Emma brincando com Peter. E então ele estendeu a mão, e quando tentou me puxar, meu esqui bateu com o dele e ele acabou caindo por cima de mim, nossos rostos ficaram a centímetros de distância.

Meu coração acelera enquanto ele alterna o olhar sobre meus olhos e desce em direção à minha boca. Minhas pernas tremem, e eu começo a suar.

— Se machucou?

— Não, está tudo bem - sorrio.

Continuamos na mesma posição por mais alguns minutos.

— Any – Josh se levanta aos poucos me ajudando a levantar em seguida — eu queria saber se você consegue me ajudar com o presente da Emma. Eu esqueci em casa, e não queria deixar de dar nada pra ela.

— Eu quero comprar algo daqui também – me ajeito tirando a neve da minha roupa. Podemos dar uma volta no centro.

— Seria ótimo, obrigado – ele sorri e eu me aproximo cada vez mais do seu corpo.

— Está sujo aqui - apoio em seu ombro, e sinto suas mãos sobre minha cintura, em seguida tiro um pouco de neve que estava próximo de sua sobrancelha. Josh me encara e eu sinto uma vontade incontrolável de beijar sua boca, e como se o destino quisesse ajudar, nossos rostos vão se aproximando cada vez mais.

— MAMÃE. - me separo rapidamente e vejo Emma correndo na nossa direção. — MAMÃE EU FIZ BONECO DE NEVE COM A TIA NOUR.

— QUE LEGAL FILHA – falo um pouco mais alto pela distância e então ela se joga no colo do pai, que a pega e começa a girar com ela. Em seguida me aproximo quando ele vira ela de ponta cabeça toda desesperada.

— Josh vai machucar a menina – começo a rir mas desesperada.

— É legal papai, de novo, vamos – Emma fica com o rosto vermelho de tanto rir.

— Eu vou apanhar se fizer de novo filha - ele ri.

— Eu te protejo papai – ela encara o pai babão.

— Então quer dizer que são dois contra um, isso mesmo?

Emma sorri sapeca.

Me abaixo e começo a fazer uma bola de neve, Josh quando percebe, ajeita Emma e sai correndo, corro atrás deles e jogo a bola acertando nas costas de Josh que ri.

Emma não consegue segurar muito tempo e começa a gargalhar. Josh a coloca no chão e eles vão fazendo as bolas e depois correm atrás de mim.

— Dois contra um não vale.

Corro e eles me alcançam me atingindo com a neve. Me defendo colocando a mão no rosto, em seguida encaro brava os dois, Emma sai correndo, Josh me encara e eu pisco pra ele entender, então juntos fazemos uma bola e corremos atrás de Emma, jogando devagar nela que se acaba de rir quando a neve acerta seu pé.

Peter logo vem correndo na nossa direção e começamos a brincar os quatro, até Nour chegar com Alex e virar uma verdadeira bagunça.

Sorrio enquanto pego meu celular e observo minha família comigo reunida.

Devagar começo a sentir a neve cair, e isso me faz olhar diretamente para Emma, que está com os olhos totalmente brilhantes. Ela abre a boca e tenta pegar um floco de neve com a língua, enquanto a gente começa a repetir tudo.

— Filha, vem aqui, vamos tirar umas fotos meu amor – chamo Emma. — Josh - o chamo.

— Claro, eu tiro – ele vem na nossa direção para pegar o celular e nego.

— Você faz parte da nossa família.

Seus olhos brilham com a fala e então ele pega Emma no colo, colocando sobre a gente. E eu começo a tirar várias selfies.

Nour se aproxima com a câmera e pega o momento exato em que estamos apertando Emma e Josh está beijando seu rosto devagar.

Agora eu consigo entender, que sim, não importa tudo que tenha acontecido entre Josh e eu, ver esse sorriso de Emma, a felicidade dela com o pai junto com a gente.

Era tudo que eu precisava para finalizar o ano.

Eu espero que o papai Noel realmente consiga realizar o desejo da nossa filha.