15. Sirius Black
✶⊶⊷⊶⊷❍⊶⊷⊶⊷✶
O sol lá fora brilhava e o céu estava sem uma única nuvem. Passarinhos cantavam, felizes, dando cambalhotas no ar. Estudantes com vestes arregaçadas, gravatas afrouxadas e sem suas capas, circulavam pelos corredores, denunciando o calor que fazia.
Os alunos, em sua maioria, corriam para o lado de fora, em direção aos jardins, afoitos para poderem aproveitar o clima ao ar livre. Parte dessa ansiedade se devia ao fato de que, naquela tarde, todas as provas haviam se findado. Foi a semana mais tensa que Lyra já passara desde sua chegada a Hogwarts. A biblioteca nunca esteve tão cheia e os alunos, tão ansiosos e nervosos.
No último mês mal vira seu namorado, Cedrico, e quando se viam, não passavam de rápidos abraços e cumprimentos. A Aldorf passou esse tempo mais grudada que nunca em seu grupo de amigos, estudando juntos e se ajudando. Por tal motivo, também não teve tempo de praticar seus poderes de feiticeira.
Lá para o começo de abril, Draco e Lyra voltaram a se falar. A mudança em Malfoy era notável, o que fez a garota pensar que ele realmente precisava de um choque de realidade que lhe mostrasse que suas atitudes geram consequências. Em todo aquele tempo, não o viram fazer uma única brincadeira idiota ou desrespeitosa com nenhum nascido trouxa, professor ou, até mesmo, a turminha de Potter, por mais que seu desgosto pelo trio ainda fosse notável por suas caretas sempre que eles entravam no recinto. Draco ficou extremamente aliviado quando eles voltaram a ser a dupla inseparável de antes. Sentiu falta, cada santo dia, das tardes que passavam juntos, das conversas e brincadeiras, dos abraços e carinhos, assim como Lyra.
Naquele fim de semana, Hagrid cancelou o encontro com a garota para explorar as florestas, e quando Lyra o questionou do porquê, recebeu a notícia que o recurso do caso de Bicuço aconteceria no mesmo dia que o final das provas. Era a última oportunidade de livrar o animal, e Rúbeo disse que, no fim de semana que antecederia o recurso, não teria cabeça para suas explorações. Naquele sábado, Lyra deixou os amigos e ficou com o homenzarrão, o consolando enquanto ele se lamentava e chorava. Por mais que o professor tivesse pequenas esperanças de ainda conseguir vencer aquela, a garota já sabia que era uma causa perdida, mas nunca diria uma coisa dessas em voz alta.
Neste momento, Lyra estava nos jardins com seus amigos, assim como quase todos os alunos de Hogwarts. Draco estava encostado com as costas no tronco de uma árvore, com as pernas esticadas para frente. A Snape estava com sua cabeça no colo do loiro, deitada, tendo seus cabelos, involuntariamente, acariciados por ele. Katherine e Zabini estavam sentados na frente dos dois, ainda sob a sombra da copa densa da árvore, de pernas cruzadas, jogando 'bexigas', um jogo bruxo, enquanto conversavam.
— Ei, Lyra, olha quem está ali! — Katherine chamou.
A garota abriu os olhos, que até então estavam fechados em resposta ao carinho que recebia no cabelo, e levantou o tronco, apoiando-se em uma mão. Olhou na direção que a ruiva estava virada e viu Cedrico encostado em uma árvore, rindo, junto aos seus amigos. Como se sentisse o olhar da sonserina, se virou em sua direção lhe oferecendo um sorriso, correspondido por ela, com um aceno.
— Você vai lá?! — por mais que Malfoy nunca mais tivesse dito uma palavra contra o lufano ou o relacionamento deles, ainda era notável seu desconforto.
— Não, vou ficar aqui mesmo. Estava precisando desse tempo com vocês, acredito que ele também. — respondeu, dando de ombros e voltando a se deitar no colo do loiro e a fechar os olhos novamente, enquanto pegava na mão do amigo e a colocava de volta sobre seus cabelos. Aquela resposta fez um pequeno sorriso se formar no rosto de Draco sem que ele sequer percebesse.
Aquela tarde foi uma das mais gostosas que o quarteto já passou junto nos últimos tempos. Lyra teve a impressão de ter cochilado em algum momento, mas nunca saberia se foi isso ou apenas um momento de grande relaxamento. Pouco antes do pôr-do-sol, o toque de recolher soou em seus ouvidos, e logo todos os alunos se apressavam para entrar no castelo. Muitos por medo do que poderia acontecer caso desrespeitassem a regra, outros, por medo de Sirius Black. Uma grande baboseira, na opinião da Aldorf.
O grupinho deles foi o último a se retirar do local. Estavam indo para a Sala Comunal da Sonserina, Draco com um braço sobre os ombros de Lyra, e Zabini e LaCroiss do lado de cada um dos dois, quando a Snape sentiu sua barriga roncar, acompanhada de um som alto. Resolveu que passaria nas cozinhas, antes de ir para sua Comunal, e mesmo com muita insistência dos amigos para que a acompanhassem, resolveu ir sozinha.
Já estava voltando de lá, lambendo as pontas dos dedos ainda um pouco lambuzadas das asinhas de frango que os Elfos, muito gentilmente, tinham lhe preparado, quando escutou uma movimentação estranha no corredor Principal. Curiosa como era, se escondeu nas sombras de uma parede e foi espionar o que se passava.
Remus Lupin caminhava apressadamente, em direção à saída do castelo, parecendo nervoso. Lyra achou aquilo estranho, mas o que mais a surpreendeu foi constatar, cerca de dois minutos depois, que seu pai, Severo Snape, o seguia, com um pedaço de pergaminho em mãos.
Viu ali a oportunidade de esclarecer todas as dúvidas que tinha em relação ao que estava acontecendo e que seu pai não queria ou não podia contar. Então, sem pensar muito, mas mesmo assim vigilante, se pôs a segui-lo, a uma certa distância. Quando chegavam à porta, cruzaram com Hagrid que entrava no castelo, e Lyra teve que se esconder atrás de uma armadura, mas não que se não tivesse se escondido, Hagrid repararia, devido ao seu estado totalmente embriagado. Aquele fato causou estranheza na menina. "Será que ele ganhou o recurso e eu me enganei? Para estar tão feliz assim...", se perguntava, mas se preocuparia em adquirir tal resposta outra hora.
Quando estava fora do castelo, percebeu que se dirigiam para o Salgueiro Lutador, uma árvore milenar de Hogwarts, porém muito agressiva, já que seus grossos galhos funcionam como martelos toda vez que algo se aproxima. Como estava à céu aberto agora, resolveu se esconder atrás de um arbusto, observar e, apenas depois, agir.
Estranhou ao ver Severo se abaixar, olhando para os lados, e pegar uma capa do chão. "Por que, diabos, ele quer uma capa?", se perguntou, mas logo obteve sua resposta ao vê-lo passá-la pelos ombros e contatar que, repentinamente, seu corpo havia sumido. Aquilo não era apenas uma capa, constatou atônita, era uma Capa da Invisibilidade. Ainda com o braço a mostra, pegou um pedaço de madeira comprido que estava largado ali e apertou um nó aos pés da árvore com ele. Para a surpresa de Lyra, os galhos do Salgueiro, que até então rompiam o céu em busca de algo para bater, se petrificaram, e Snape escorregou por um buraco que se formava entre as raízes da árvore.
Era muita informação, mas precisava continuar e descobrir tudo, que outra oportunidade como aquela teria? Olhou a sua volta em busca de alguém que pudesse vê-la, mas ao constatar que estava sozinha, desceu os metros restantes em direção ao Salgueiro e repetiu os passos do pai. Ao passar pelo buraco, se deparou com um túnel úmido e escuro de pedra. Seguiu pelo que lhe pareceram ser mais de 20 minutos, passando por partes estreitas, baixas, subidas, decidas e escadas. Agora que Severo tinha uma Capa da Invisibilidade, a atenção de Lyra estava redobrada.
Depois de mais alguns minutos, o túnel desembocou em um quarto. Avançou para dentro do ambiente, muito cautelosa, prestando atenção em qualquer barulho que viesse a indicar a presença de mais alguém. O quarto estava totalmente empoeirado, as mobílias, quebradas, como se tivessem sido atacadas, as paredes tinham papéis de parede rasgados e desgastados, as janelas estavam cobertas por tábuas pregadas, o chão era manchado e uma faixa sem poeira dava sinal que algo fora arrastado daquele mesmo buraco que acabara de sair, para fora do quarto e, observando melhor, conseguiu ver que o rastro era acompanhado por um líquido viscoso e escuro. Sangue. Olhando mais uma vez para as janelas pregadas e o estado decadente das paredes, Lyra lembrou da Casa dos Gritos que viu em sua visita à Hogsmeade. Seria possível que aquela passagem secreta teria a levado, justamente, para lá? Bom, aparentemente sim.
Por que Severo e Lupin teriam ido justo para aquele lugar? Só então se deu conta das vozes exaltadas que pareciam vir do andar superior. "Mas o que está acontecendo aqui?", se perguntou, então seguiu para fora do quarto, até o corredor, indo em direção à escada. Subiu os degraus, pé ante pé, e quando estava quase no topo, conseguiu vislumbrar uma porta de onde, aparentemente, as vozes proviam. Antes que pudesse se postar de vez no segundo andar, escutou um ranger de madeira, baixo, porém alto o suficiente para que ela, que estava quase do lado, escutasse. Em um susto, Lyra rapidamente se abaixou. Snape estava ali, sob a Capa da Invisibilidade, do lado de fora do quarto, a poucos metros da própria filha.
De onde se localizava, a garota conseguia escutar o que se passava do outro lado da parede com facilidade, mas não estava prestando atenção até que algo lhe intrigou.
— Severo tinha muito interesse em saber aonde eu ia todo mês — aquela voz... Era Lupin? Mas com quem falava? E por que estava falando de seu pai? — Estávamos no mesmo ano, entendem, e não... hum... não nos gostávamos muito. Ele não gostava nada de Tiago. Ciúmes, acho eu, do talento de Tiago no campo de quadribol... — "O que? Lupin e papai já estudaram juntos? Será por isso que não se gostam?", pensou Lyra. — em todo o caso, Snape tinha me visto atravessar os jardins com Madame Pomfrey certa noite quando ela me levava em direção ao Salgueiro Lutador para eu me transformar. Sirius achou que seria... hum... divertido, contar a Snape que ele só precisava apertar o nó no tronco da árvore com uma vara longa para conseguir entrar atrás de mim. — "Espera... Sirius? Sirius Black? Então Lupin era amigo dele?" — Bem, é claro, que Snape foi experimentar, e se tivesse chegado até a casa teria encontrado um lobisomem adulto... mas seu pai, que soube o que Sirius fizera, foi procurar Snape e puxou-o para fora, arriscando a própria vida... Snape, porém, me viu, no fim do túnel. Dumbledore o proibiu de contar a quem quer que fosse, mas desde então ele ficou sabendo o que eu era...
Então Remus Lupin, seu professor de DCAT, era um lobisomem? Com quem ele estava falando? Pai de quem salvou Severo? Essas eram algumas das perguntas que rondavam sua cabeça. Estava surpresa e confusa, e com o diálogo prosseguindo, não tivera tempo de raciocinar...
— Então é por isso que Snape não gosta do senhor — aquela voz... Era de Potter? O que Potter estava fazendo ali? Foi o pai dele que tirara Severo do túnel? —, porque achou que o senhor estava participando da brincadeira?
As coisas começavam a se encaixar na cabeça de Lyra. Os sumiços de Lupin a cada mês, a aula sobre Lobisomens que Snape tinha lhes dado, as poções que viu Severo entregando a ele, o claro desagrado de seu pai... Até mesmo quando ele disse que conhecera Sirius e que não tiveram uma boa convivência... O Black fazia bullying com seu pai na época de escola?? Tudo começava a fazer sentido agora... Parando para pensar um pouco agora, via como fora lerda em não ter adivinhado que a poção que Severo preparava para Lupin, era a "Mata-Cão", para que quando se transformasse, conseguisse manter a lucidez. Afinal, recebera todas as pistas possíveis: Snape havia lhe dito que era uma poção que fazia todo mês para ajudar Lupin em um problema pessoal, e ouvira na conversa dos dois que Lupin comera chocolate, o que fez o efeito ser cortado. De fato, só poderia ser essa poção.
Antes que pudesse tentar processar mais alguma coisa, viu seu pai se levantar, tirando a capa e entrando com tudo no quarto, escancarando a porta, com a varinha erguida.
— Isso mesmo. — zombou, Severo.
Agora, Lyra podia ver um pouco mais da cena que seguia à sua frente. Na frente de seu pai, estava Lupin, e, ao seu lado, ninguém mais ninguém menos que Sirius Black, totalmente descabelado e sujo, fazendo os olhos da garota se arregalarem. Viu os dois homens que foram surpreendidos darem um quase salto com a entrada do professor de poções e escutou um grito feminino. "Quem mais estava nesse lugar? O que era aquilo, uma festinha?", perguntou cinicamente em pensamentos. Mas continuou ali, escondida, analisando a situação para que só então, se preciso, pudesse agir.
— Encontrei isso ao pé do Salgueiro Lutador. Muito útil, Potter, obrigado... — comentou, jogando a capa para o lado. Sua voz, apesar de um pouco ofegante, apresentava triunfo. — Vocês talvez estejam se perguntando como foi que eu soube que estavam aqui. Acabei de passar por sua sala, Lupin. Você esqueceu de tomar sua poção hoje à noite, então resolvi lhe levar um cálice. E foi uma sorte... sorte para mim, quero dizer. Encontrei em cima de sua mesa um certo mapa. Bastou uma olhada para me dizer tudo que eu precisava saber. Vi você correr por essa passagem e desaparecer de vista.
— Severo... — Lupin tentou interceder, parecendo um pouco nervoso, principalmente por ter uma varinha apontada direto para seu peito.
— Eu disse ao diretor várias vezes que você estava ajudando o seu velho amigo Black a entrar no castelo, Lupin, e aqui tenho a prova. Nem mesmo eu poderia sonhar que você teria o topete de usar este lugar antigo como esconderijo...
— Severo, você está cometendo um engano — a voz de Lupin, agora, parecia sair com certa urgência. — Você não sabe de tudo, posso explicar, Sirius não está aqui para matar Harry...
"Espera... Como? Por que então? Se ele não queria matar Potter, o que ele queria ali?".
— Mais dois para Azkaban esta noite — diferente de Lyra, seu pai não parecia ter interesse nenhum em ouvir, e mesmo que não pudesse ver seu rosto, sua voz expressava um certo fanatismo. — Ficarei curioso para saber como é que Dumbledore vai encarar isso... Ele estava convencido de que você era inofensivo, sabe, Lupin... um lobisomem manso...
— SEU TOLO — bradou Lupin. — Será que um ressentimento de criança é suficiente para mandar um homem inocente de volta a Azkaban?
"Inocente???". Porém, antes que pudesse terminar de tentar colocar os pensamentos em ordem e entender o que aquelas palavras significavam, um estampido alto foi ouvido e cordas saíram da ponta da varinha de Severo e se enrolaram em torno da boca de Lupin, dos seus punhos e tornozelos; ele perdeu o equilíbrio e caiu no chão, incapaz de se mexer. Lyra colocou as mãos sobre a boca, em choque. Com um rugido de cólera, Black avançou para Snape, mas este apontou a varinha entre os olhos de Sirius.
— É só me dar um motivo. — sussurrou Severo. — É só me dar um motivo, e juro que faço.
Lyra se encontrava assustada e chocada. Nunca vira seu pai naquele estado em toda sua vida. Ele parecia... Descontrolado. Completamente descontrolado. Sirius parou, imobilizado, trocando olhares de puro ódio com Snape.
— Professor... não faria mal ouvirmos o que eles têm a dizer, f-faria? — uma voz feminina falou, após alguns segundos de silêncio. Ah, claro, aquela era Granger, e se Potter e ela estavam lá, Rony Weasley também deveria estar.
— Senhorita Granger, a senhorita já vai enfrentar uma suspensão — rosnou Snape. — A senhorita, Potter e Weasley estão fora dos limites da escola em companhia de um criminoso sentenciado e de um lobisomem. Pelo menos uma vez na sua vida, cale a boca.
— Mas se... se houve um engano... — Hermione ainda tentou contrapor, mas aquilo pareceu apenas enfurecer o homem mais ainda.
— FIQUE QUIETA, SUA BURRINHA! NÃO FALE DO QUE NÃO ENTENDE! — berrou, perturbado, e fagulhas saíram de sua varinha, para depois sussurrar de forma quase psicopata para Sirius. — A vingança é muito doce. Como desejei ter o privilégio de apanhá-lo...
— Você é que vai fazer papel de tolo outra vez, Severo. — rosnou Black. — Se esse garoto levar o rato dele até o castelo, eu vou sem criar caso... — disse, apontando a cabeça para algum lugar fora da visão da garota. "Rato? O que um rato tem a ver com isso??".
— Até o castelo? — Snape retrucou, parecia nem mesmo ouvir direito o que o outro falava. — Acho que não precisamos ir tão longe. Basta eu chamar os dementadores quando sairmos do salgueiro. Eles vão ficar muito satisfeitos em vê-lo, Black... satisfeitos o suficiente para lhe dar um beijinho, eu me arriscaria a dizer... Talvez possam dar um em seu amiguinho Lobisomem também...
Lyra viu a pouca cor que Black tinha em seu rosto, sumir de vez. Tudo bem, talvez fosse hora dela interferir, ou então as coisas poderiam sair mais do controle do que já haviam saído. Precisava entender o que acontecia ali, o porquê de todos dizerem que Sirius era inocente, e se ele realmente fosse... Por Merlin, ele não poderia levar um beijo do Dementador, que sugaria toda sua alma e o transformaria em nada além de uma casca oca. Precisava fazer seu pai ao menos escutá-los, para, com calma, decidir o que acontecia ali.
— Você... você tem que ouvir o que tenho a dizer... O rato... olhe aquele rato... — disse Black, rouco, no mesmo momento em que Lyra se levantava da escada e se encaminhava para o quarto, atraindo a atenção dele para sua direção. — O que...
Tudo que aconteceu em seguida, foi muito rápido. Ao flagrar o olhar de Sirius dirigido para o outro lado da porta, Snape se virou rapidamente para ver o que chamara a atenção do outro homem. Quando seus olhos se focaram em sua filha ali, o rosto raivoso e alucinado de Severo pareceu se descontrair um pouco e se transformar em confusão e um pouco de preocupação. No entanto, quando ia abrir a boca para dizer algo, escutou três vozes gritando.
— EXPELLIARMUS!
E então viu o corpo de seu pai ser jogado em direção a uma parede com uma força absurda.
— NÃO! — Lyra berrou, correndo para dentro do quarto e ao se virar para onde seu pai foi arremessado, viu o homem caído no chão, inconsciente, com um filete de sangue escorrendo por sua cabeça. — SEUS IMBECIS, POR QUE FIZERAM ISSO? EU DARIA UM JEITO!
Na força do ódio que sentiu ao ver seu pai caído após ser atacado pelo trio, instintivamente levantou sua mão na direção deles e de Sirius, e os viu serem arremessados para as paredes atrás si mesmos, e ali ficaram, presos, suspensos por uma força invisível que os apertava cada vez mais, fazendo-os começar a sufocar. Seu rosto estava torcido em raiva, sua respiração estava pesada, sua visão turva e seu corpo vibrava, mas ao se dar conta do que estava fazendo, abaixou rapidamente as mãos, fazendo com que a força que os prendia sumisse e seus corpos caíssem no chão em um baque surdo.
Rony gritou e só então ela viu sua perna ensanguentada e machucada. Lupin se soltou das cordas que o prendiam e se levantou rapidamente. Todos olhavam assustados na direção de Lyra.
— Me... Me desculpem... E-Eu só... — mas não completou. Respirando fundo e passando os dedos pelos cabelos, se acalmou o suficiente para continuar. — Será que podem me dizer o que está acontecendo aqui? — ao ver que todos naquela sala trocaram olhares preocupados e questionadores, revirou os olhos. — Eu estava do lado de fora desde o momento em que disseram do quase acidente com meu pai. Já sei que o senhor, professor Lupin, é um Lobisomem, e os ouvi dizerem que Sirius Black não está aqui para matar o Potter, que acreditam que ele é inocente. Ia entrar para tentar acalmar meu pai e fazê-lo ao menos escutá-los quando vocês o atacaram. Agora quero que me expliquem o que está acontecendo aqui! Ou eu juro que os levarei ao castelo sem lhes dar ao menos uma oportunidade, e podem ter certeza que eu dou conta de vocês cinco sozinha, não sabem do que sou capaz!
— Espera... Você é filha dele? Snape tem uma filha? — questionou Sirius, encarando a menina com curiosidade, pendendo um pouco a cabeça para o lado. Lyra apenas o encarou com severidade e um pouco de empáfia. "Realmente, tem a mesma carranca do pai", pensou Sirius, mas nada falou.
— Bom, ela já escutou boa parte então é melhor contarmos tudo, já que pelo que vimos agora a pouco, ela tem, realmente, chances de dar conta de nós cinco se preciso. — disse Lupin, com curiosidade e uma pontada de orgulho. Ele gostava muito da garota, assim como ela dele. Os lábios de Lyra se repuxaram um pouco para cima, mas logo voltou à sua expressão anterior. — Sirius, acho melhor você contar.
Minutos se passaram e Black contou para Lyra toda a história. O fato de Lupin ser um lobisomem e, na época da escola, ter três amigos, Sirius, Pedro Pettigrew e Tiago Potter - pai de Harry - e o fato de que esses amigos terem se transformado em animagos (pessoas que podem assumir formas animais), para acompanhá-lo em suas noites de transformação, já que lobisomens apenas atacam seres humanos, e não animais. Contaram também sobre aquela casa ser onde ele se transformava e por causa disso era conhecida como assombrada, pelos barulhos que ele fazia. Contaram a história dos pais de Potter, que se escondiam de Voldemort, o Lorde das Trevas, já que este estava atrás do casal, e que, para isso, criaram um feitiço, onde apenas o fiel do segredo da localização deles, saberia onde estavam. A partir daí, nem o Trio chegou a ouvir, então Sirius começou a explicar para os quatro que Pedro Pettigrew não morrera, como todos acreditavam, que foi ele a matar todos aqueles civis, a qual Sirius foi condenado, e forjar sua própria morte para fugir e incriminar Black de ter traído Lilian e Tiago, pais de Harry, entregando sua localização para o Lorde Voldemort. Contou que acreditava que o rato que Rony tinha, Perebas, era Pedro em sua forma animaga, que estava vivendo com eles a 12 anos, o mesmo tempo desde seu suposto assassinato.
— Então me deixe entender... Agora, você, que nunca matou todas aquelas pessoas, nem mesmo traiu seus amigos, veio atrás do rato do Weasley para fazer vingança e matá-lo? — perguntou Lyra, tentando encaixar as ideias.
— Isso mesmo, garota!
— NÃO É VERDADE! — berrou Harry, apontando para Sirius. — ELE ERA O FIEL DO SEGREDO DA LOCALIZAÇÃO DELES! ELE DISSE ISSO ANTES DO SENHOR APARECER, PROFESSOR LUPIN. NÃO TERIA COMO SER PEDRO SE ELE NÃO ERA O FIEL DO SEGREDO, O SENHOR SABE! ELE CONFESSOU QUE MATOU MEUS PAIS!
— Harry... foi o mesmo que ter matado — disse, rouco. — Convenci Lílian e Tiago a entregarem o segredo a Pedro no último instante, convenci-os a usar Pedro como fiel do segredo, em vez de mim... A culpa é minha, eu sei... Na noite em que eles morreram, eu tinha ido procurar Pedro para verificar se ele continuava bem, mas quando cheguei ao esconderijo ele não estava. Mas não havia sinais de luta. Achei estranho. Fiquei apavorado. Corri na mesma hora direto para a casa dos seus pais. E quando vi a casa destruída e os corpos deles... percebi o que Pedro devia ter feito. O que eu tinha feito.
A voz de Black se partiu e ele se virou de costas.
— Como saberemos que é a verdade? Precisamos de uma prova! Weasley, dê o rato para eles. Se tudo isso for realmente verdade, e esse rato for o Pedro, só poderemos provar isso o fazendo revelar sua verdadeira identidade. — exigiu Lyra.
— Mas... Mas e se ele não for? — perguntou Rony, tenso e trêmulo.
— Ahh por Merlin, garoto, se não for ele, seu rato não vai se machucar, agora me dê ele aqui! — exclamou Lyra, impaciente, praticamente arrancando o rato da mão do ruivo.
Levou o roedor até Lupin, contorcendo o rosto em nojo e menosprezo quando o bicho lhe arranhava a mão, tentando desesperadamente sair.
— Está pronto, Sirius? — perguntou Lupin.
Black já apanhara a varinha de Snape que, após atacado, foi parar em cima da cama. Aproximou-se de Lupin e do rato que se debatia e seus olhos úmidos pareceram, de repente, arder em seu rosto.
— Juntos? — perguntou em voz baixa.
— Acho melhor — confirmou Lupin, segurando Perebas apertado em uma das mãos e a varinha na outra. — Quando eu contar três. Um... dois... TRÊS!
Lampejos branco-azulados irromperam das duas varinhas; por um instante, Perebas parou no ar, o corpinho cinzento revirando-se alucinadamente – Rony berrou – o rato caiu e bateu no chão. Seguiu-se novo lampejo ofuscante e então... Foi como assistir a um filme de uma árvore em crescimento. Surgiu uma cabeça no chão; brotaram membros; um momento depois havia um homem onde antes estivera Perebas, apertando e torcendo as mãos.
Quando tomou consciência, o homem gorducho e baixinho que se mostrou ser Pedro Pettigrew, tentou convencê-los por alguns instantes que Sirius era culpado. Sirius explicou como saiu de Azkaban e os convenceu de que, realmente, ele nunca teria traído Lilian e Tiago, que eram seus melhores amigos. Pedro ficou desesperado e implorou por perdão e misericórdia, dizendo que o Lorde das Trevas o ameaçara e forçara a fazer o que fez. Harry, no entanto, não deixou que o matassem ali, e sugeriu que o levassem para o castelo, até os dementadores, o que provaria a inocência de Sirius Black.
Já estavam do lado de fora, Lyra levando seu pai, flutuando à sua frente, quando, ao olhar para o lado, viu algo que ninguém tinha se dado conta. Era lua cheia, e, segundo Severo, Lupin não tomara sua poção.
— Ahm... Professor Lupin!
Mas já era tarde. Remus começou sua transformação, Sirius tentou ajudá-lo, mas de nada adiantou, a transformação se completou. Agora, Lupin era um Lobisomem. Lyra precisava fazer algo. Talvez conseguisse... Ainda não tinha controle total de seus poderes, nem se quer sabia do que era capaz, mas poderia tentar, tinha que tentar.
— Professor Lupin... — disse se aproximando do animal a sua frente.
Quando estava próxima, pronta para lançar um feitiço que o imobilizasse, Lupin se virou com tudo em sua direção e lhe desferiu uma patada no peito. Sentiu o ar sumir de seus pulmões e seu corpo ser arremessado a alguns metros, batendo em uma pedra. Sua cabeça doía e sentia sangue escorrer por ela e por todo seu tronco, em decorrência do baque e das unhas que a perfuraram no peito. Com o ar cada vez mais rarefeito e a dor a tomando conta, viu que o lobisomem se aproximava dela, mas então, viu Sirius se transformar em um grande cachorro preto e se colocar a sua frente. Não aguentando mais manter os olhos abertos, os fechou, e a última coisa que escutou foi um grito chamando seu nome. Reconheceria aquela voz em qualquer lugar. Era seu pai. E então, tudo virou breu e silêncio, e até a dor tinha se findado.
Meu deus, esse capítulo ficou beem grande, mas entendam que não tinha como cortar no meio, desculpa!
Enfim, é isso, como vocês viram, mudei algumas coisas nessa cena. Que que ceis acharam?
Esse ano já tá acabando e daqui mais 1/2 capítulos já se inicia o próximo. YAY (tenho muitas coisas preparadas pra ele ai ai)
Bom, até o próxima capítulo!
❧ Beijin Beijin ❧
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