2. Caindo em tentação
Padre, sentiu minha falta?
Estive presa por um tempo
Fui pega pelo que fiz
Mas levei tudo com estilo...
Deixei de lado todas as confissões
Eu desisti
Agora sou uma versão muito pior
Então estou de volta novamente
(Going To Hell — The Pretty Reckless)
Por fim, me rendi ao desejo, embriagada pela luxúria e um querer insano. Meu lado racional foi inteiramente tomado pelos caprichos de meu corpo que ardia em chamas. Era difícil controlar a sede de estar com aquele homem, de ser tomada por ele e desfrutar de uma noite deliciosamente livre de qualquer pudor.
─ Na sua, se isso não for um problema ─ respondi, me virando para localizar meus amigos.
─ Problema algum ─ ele sorriu de lado, satisfeito por ter finalmente conseguido o que queria.
Avistei Zoey conversando com algumas garotas no lado oposto a Shawn, mas sabia que levaria um sermão se fosse até ela, então andei esbarrando em pessoas bêbadas, até chegar próximo a meu amigo mais liberal, entregando-lhe as drogas e as chaves do meu carro.
─ Shawn, eu preciso ir, fica de olhos nela ─ pedi, apontando para a garota de vestido rosa floral, embora fosse provável que o contrário acontecesse.
─ Aproveita, piranha! ─ respondeu ele, olhando com malícia para o homem parado atrás de mim.
Bati continência de maneira discreta e divertida, sorrindo e me afastando dele, seguindo com Christian até a saída dos fundos da boate, já que ele não queria ser visto comigo e nem eu queria ser vista com ele. A corda sempre estoura no lado mais fraco e era óbvio que se a esposa do doutor descobrisse sobre sua pulada de cerca, eu estaria na rua, se bobeasse, até por justa causa.
Caminhamos lado a lado até um belo Lamborghini preto, já estacionado na porta. Virei o rosto para trás rapidamente, incrédula, dando a volta no veículo para olhá-lo mais de perto.
— Uau! Esse carro é seu? ─ disparei, com os olhos vidrados no veículo esportivo que eu ainda não conhecia ─ Achei que só dirigisse aquela Highlander verde horrorosa.
Ele me lançou um sorriso zombeteiro, pegando as chaves com o manobrista ─ Minha mulher prefere assim e eu não gosto de contrariá-la, então só uso esse aos finais de semana, quando ela costuma afrouxar minhas rédeas ─ disse, abrindo a porta para que eu entrasse, vendo meus olhos brilharem diante do carro de luxo ─, mas me diga, gosta de carros, senhorita Parker?
─ Ela é esperta, porque aquela coisa grita "Sou casado e tenho no mínimo dois filhos" ─ digo com ironia, me acomodando no banco de acabamento extremamente sofisticado ─ E sim, eu adoro carros.
─ Admiro mulheres com esse bom gosto ─ ele murmurou com um olhar curioso ─ E na verdade, você está mais do que certa, eu tenho três filhos.
Àquela informação me atingiu de um jeito esquisito, como se o que eu estivesse prestes a fazer refletisse rostos inocentes e uma família destruída. Eu tinha consciência de que se não fosse eu naquele carro, certamente seria outra das muitas garotas dentro daquela boate, mesmo assim, não conseguia deixar de me sentir culpada.
Ele deu a volta no carro e entrou, ajeitando-se na direção e afivelando o cinto de segurança. Fiz o mesmo, ainda sem esboçar nenhuma reação, nem pronunciar sequer uma palavra.
Silenciosamente, analisei todos os seus movimentos e reparei como seu braço ao volante, com as mangas da camisa levemente arremangadas e o Rolex no pulso o deixava ainda mais sensual.
─ O que foi? Está arrependida de estar aqui comigo? ─ Christian questionou, curioso com meu curto silêncio.
Sacudi a cabeça saindo do transe, sem deixar que ele percebesse o efeito que causava em mim e que sim, eu estava receosa, porque depois que cruzássemos aquela linha não haveria mais volta.
─ Não. Só não sou do tipo que sai com homens casados, Christian ─ deixei escapar, vislumbrando seu olhar de cobiça, deixando mais do que claro que ele não desistiria fácil de ter aquilo o que queria.
─ Não vou te demitir, se essa é a sua preocupação, Parker ─ o sorriso levemente zombeteiro ─ Você é bonita demais para eu abrir mão de te ter por perto todos os dias.
─ Antes esse fosse o maior problema ─ desviei o olhar para a janela ─ Tenho certeza de que não fará isso, mas mesmo que não pareça que me importo, eu já vivi isso, já vi meu pai com tantas mulheres que fica impossível calcular, enquanto minha mãe passava noites em claro, chorando e se perguntando o que ela tinha de errado. Não quero ser a causadora desse tipo de coisa. Entende?
─ Eu garanto que minha mulher não é como sua mãe ─ Christian tocou meu joelho, afagando de um jeito pouco fraternal e mais insistente ─ E se você se comportar direitinho, pode ter o que quiser de mim ─ seu rosto carregava uma expressão serena, mas os olhos tinham um brilho perverso, como se houvesse muito mais por de trás daquela frase inocente.
─ Não sou do tipo que faz sexo por dinheiro, doutor Avery ─ disparei ─ Sei o que parece e em parte é verdade, não tenho muito pudor e a julgar por minhas roupas...
─ Ei! Ei! Fica calma. Tá legal? ─ ele dividia a atenção comigo e a estrada ─ Eu falei por falar e não me importo com suas roupas, aliás estou louco para tirá-las. Eu sou casado, Allie e se eu quisesse uma mulher cheia de brios estaria fodendo com a minha esposa agora.
─ Quer dizer que seu problema é estar casado com uma mulher puritana? ─ o questionei, deixando meu olhar recair sobre o seu, inconformada ─ Você é nojento.
De repente, paramos abruptamente em frente a um dos prédios mais chiques de Manhattan ─ Eu diria frigida, mas puritana também serve ─ sua voz sai carregada de hesitação ─ Olha, eu sei o que isso parece, mas ela não gosta de sexo, não como eu e infelizmente não consigo viver desse jeito. Sem dar minhas escapulidas, viveríamos em pé de guerra e não posso me separar agora, não com as crianças pequenas.
Era inacreditável. Ele estava mesmo querendo que eu acreditasse que ele era apenas um pobre homem amargurado, sem amor, sem carinho e sem a atenção da esposa, que procurava fora de casa pelo que lhe era negado por ela, unicamente para manter os filhos em uma redoma falsa de família feliz.
Eu escolhi me manter calada, embora minha mente fervilhasse palavras de baixo calão que o definiriam plenamente. Saímos do carro, Christian jogou as chaves para o manobrista e subimos de elevador. A mão dele em minhas costas, pouco abaixo da cintura.
Tirando a chave magnética do bolso da calça, ele abriu um apartamento de cobertura incrivelmente lindo. À primeira vista, tudo parecia organizando. Na sala um sofá de couro preto com capitonê, móveis clássicos, num estilo mais minimalista e masculino, mas sem perder o charme.
O restante que meus olhos puderam captar eram do mesmo jeito. Tudo muito característico, com quadros de pintores famosos espalhados pelas paredes e aparadores com livros também bastante conhecidos por quem, assim como eu, aprecia uma boa literatura.
Um sorriso de lado brotou no rosto de Christian, me vendo andar pela sala, enquanto ele nos servia duas taças de vinho Branco ─ Eu comprei esse lugar para dar minhas festinhas ─ esclareceu ─ Mas precisava que tivesse o mínimo de conforto, caso Stephanie quisesse conferir o ambiente que para ela, eu adquiri apenas como um bom investimento.
Me mantive quieta, parada ao lado dos livros, sem tecer nenhum comentário sobre aquela cafajestagem. Eu não era melhor do que ele apenas por estar ali.
Christian se aproximou, erguendo meu queixo com o polegar, me forçado a encará-lo nos olhos ─ Ei, cadê aquela garota que eu ouço falando sacanagens ao telefone, dentro do banheiro do consultório?
─ Anda me espionando, doutor? ─ o questionei, erguendo uma de minhas sobrancelhas, fingindo incerteza ─ Aliás, sou uma mulher livre, posso falar e fazer sacanagem como e com quem eu quiser.
─ Concordo plenamente! ─ Christian umedeceu os lábios, pondo uma mexa do meu cabelo para trás da orelha e sussurrou, próximo ao meu ouvido ─ Inclusive, quero que se sinta à vontade para fazê-lo sempre que desejar.
Estremeci com o toque e seu hálito quente em contato com minha pele, me fazendo arrepiar por inteiro. Christian notou isso bem de perto, passando os dedos por minha nuca e os afundando entre meus cabelos caídos sobre os ombros.
Quando percebi, sua língua já invadia minha boca, num beijo muito mais profundo do que os anteriores. Gradativamente, ele deixou meus lábios, distribuindo beijos também ao longo do meu pescoço e da minha nuca, e sem pestanejar, abaixou a alça do meu vestido, liberando um de meus seios, enchendo sua mão livre com ele.
Completamente entregue, abri o zíper do vestido e o deixei cair aos meus pés, revelando uma pequena calcinha de renda preta. Encostei meu corpo seminu mais ao dele e levei a mão até seu membro, por cima das calças ─ Se eu sentar nele, você vai implorar por mais.
Avery soltou um risinho sacana, me desafiando com o olhar, enquanto abria os botões de sua própria camisa ─ Primeiro pretendo sentir sua boca deliciosa em um lugar um pouco diferente.
Sem recear, me ajoelhei em sua frente e deixei minha taça de vinho repousar sobre a mesa de centro, junto a dele. Assim que abri suas calças, seu membro rígido e pungente saltou para fora delas. Com destreza, aproximei meus lábios dele, primeiro deixando que sentisse minha respiração quente e aos poucos fui passando a língua suavemente na glande deliciosamente desenhada, passando por sua extensão, até finalmente abocanhá-lo por inteiro.
Aproveitando a luz aconchegante escolhida por Christian, sustentei com ele uma boa troca de olhares sensuais, enquanto o assistia se contorcendo de prazer, de pé em minha frente. Àquela altura, eu ditava o ritmo, aumentando as investidas a medida que Christian jogava a cabeça para trás, se deliciando com minha performance e tentando manter o próprio equilíbrio. Depois de um tempo, percebi que ele arfava, como se quisesse se controlar sem sucesso, até que me puxou para cima, selando seus lábios aos meus, num claro pedido de clemência.
─ Vai com calma! Quero ver você sentando gostoso como disse que ia fazer.
Soltei um riso de satisfação, o vendo fechar os olhos e engolir a saliva. De modo sedutor, aproximei meu rosto do seu, mordiscando o lóbulo de sua orelha, lhe causando arrepios e murmurei ─ Tem certeza que aguenta?
Com o sangue finalmente voltando aos lugares certos, Christian andou até o sofá, se acomodando calmamente sobre ele e enquanto esfregava seu membro ereto, retirou uma camisinha da carteira que jazia sobre o aparador ─ Ah, com certeza aguento! Agora tira essa calcinha e vem cá.
Sorri de canto de boca e fui até ele. Devagar encaixei seu pau em minha entrada, descendo o corpo aos poucos, até ficar completamente preenchida, passando a rebolar devagarinho, de olhos fechados, apenas sentindo o prazer que aquele membro inteiro dentro de mim proporcionava.
Christian, por sua vez, pôs as mãos em minha cintura, deixando que eu nos guiasse, mas isso durou pouco tempo, pois tão logo suas mãos deixaram meus quadris e seus dedos se enterraram nos meus cabelos, o homem puxou-me para si e me beijou com violência. Ao passo que sua língua serpenteava ao redor da minhas, sua mão livre apertava meu seio com força, me fazendo ofegar.
─ Você não disse que se sentasse eu iria implorar por mais? ─ provocou ─ Então me mostra o que sabe, loirinha.
Subindo e descendo, elevei o ritmo, me movendo contra o corpo de Christian e de encontro a suas estocadas, mais forte e sem parar. Gemendo feito louca, senti o pau de Christian mais fundo em mim. Eu não parava, enquanto ele cravava seus dedos em minha cintura, me forçando a sentar cada vez com mais força, puxando o meu cabelo e mantendo minha cabeça presa para trás.
Da janela da cobertura era possível enxergar a lua, grande e luminosa, trazendo um toque de luxúria para o momento. Eu estava completamente entregue, sentindo que Christian passava suavemente o dedo molhado em minha outra entrada. Aquele simples toque me fez chegar ao ápice.
Quando me viu ter um orgasmo, Christian riu e me colocou de pé, de costas e de frente para o balcão do minibar. Minhas pernas tremiam e ainda sem forças eu tentava buscar o ar.
Christian deslizou para dentro de mim novamente e perguntou com ironia ─ Cansada?
Puxei uma lufada longa de ar, abrindo um pouco mais as pernas e empinando a bunda contra seu quadril, ordenei ─ Cala a boca e me fode com força!
Ele comprimiu os lábios, eufórico e fez o que eu pedia puxando meus cabelos com ferocidade e me penetrando com todo o seu vigor.
─ Puta que pariu, você não tem ideia do quanto esse teu corpo todo rabiscado me excita. Eu estava louco para te comer assim.
Eu sabia que minhas tatuagens eram um tipo de fetiche dele. Via como me olhava, cada vez que eu aparecia com alguma roupa mais aberta, mas ouvi-lo falar era incrivelmente excitante. Cada uma delas tem um significado, marcam lugares e momentos que eu já vivi, mesmo que para Christian os desenhos não queiram dizer muita coisa além de me deixarem mais sexy, para mim são parte de quem sou.
─ Aposto que não conhecia algumas delas. Não é? ─ deixei que um sorriso sacana deslizasse no canto de meus lábios.
Christian correu os dedos por minha coluna, sobre o galho de flor de cerejeira que se estendia até próximo do cóccix e apressou os movimentos, socando como um louco, cada vez mais profundo, jogando com seu próprio limite.
Uma de suas mãos voltou a prender meus cabelos como em um rabo de cavalo e com a outra violentamente ele estalou um tapa em minha bunda, me fazendo arfar.
─ Por favor, eu não aguento mais. Me faz gozar, doutor! ─ exclamei, choramingando de prazer.
Ouvindo meu apelo, Christian soltou meus cabelos e escorregou sua mão por baixo de mim, até chegar em minha boceta molhada e inchada, passando a estimular meu clitóris, sem deixar que as estocadas parassem.
Aos poucos, senti meu corpo estremecer e o coração acelerar no peito, com o clímax se aproximando para nós dois. Extasiada, gritei sem pudor, sentindo cada músculo se contraindo, apertando o membro de Christian que também não conseguia mais se controlar, se despejando dentro de mim.
Sua cabeça pendeu sobre minhas costas e ele, por fim, escorregou para fora de mim, dizendo ─ Você é a secretaria mais gostosa que eu já tive.
─ Você fode com todas as suas secretárias? ─ perguntei, secando o suor em minhas têmporas.
Ele negou com a cabeça ─ Você foi a primeira que senti que toparia ─ falou, caminhando nu para o lado oposto da sala de estar ─ Da para ver de longe que é tão safada quanto eu.
─ Sua mulher nunca foi assim com você? ─ questionei, juntando minhas roupas e seguindo sua voz através do corredor, me deparando com uma enorme suíte, com um banheiro luxuoso e uma bela banheira de hidromassagem ─ Porra, é sério que me fez transar de pé, na sala ao invés de me trazer para cá?
Christian riu, enquanto ligava o chuveiro ─ Achei que poderia guardar algumas coisas para a próxima vez. E não, nem de longe ─ respondeu, deixando o box e vindo em direção a mim ─ Como eu disse antes, ela é frígida, sempre foi, ultimamente nem um boquete quer me fazer. Sei que é errado trair, mas um homem precisa de mais do que uma foda papai e mamãe uma vez por mês.
─ Mulheres também precisam ─ falei, ignorando sua presença e começando a me vestir.
─ Está bem ─ concordou, passando a mão entre os cabelos molhados de suor ─ Agora vem, toma um banho comigo e depois podemos desfrutar de um champanhe na hidro.
Ele tentou me tocar, mas eu ignorei seu contato e também seu convite fútil ─ Vai ver ela quer algo de você que não está percebendo. Quem sabe um pouco mais de carinho ou até mesmo cumplicidade.
─ Você é psicóloga? ─ questionou-me sarcasticamente, já emburrado como um menino mimado.
Olhei para o homem em minha frente, com os cabelos desgrenhados e olhar compenetrado. Senti vontade de vomitar, com o cheiro de perfume caro e sexo barato que se estendia pelo ar.
Já completamente vestida, respondi sua ironia ─ Não, mas tenho certeza que não fode com ela como fodeu comigo.
─ É claro que não. Você é gostosa, ela não é.
─ Receio que o seu motorista... ou quem sabe o jardineiro não concordem muito com isso.
Lhe dei as costas como sempre fazia depois de uma transa qualquer. Não ficaria para tomar banho, nem para uma taça de champanhe, Christian era igual a todos os outros, talvez pior e a partir dali seu capítulo já começaria a ser escrito.
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