Coletânea de Sentimentos (o último poema do ano)

é, eu sobrevivi até aqui,
mas isso custou muita coisa.
Estou viva, mas desgastada,
tentando remendar os cacos em que me transformei ao longo dessa jornada.
Perdendo pessoas,
mas especialmente a mim,
e posso dizer que foi por pouco que não morri.
Os dias frios e vazios tornaram-se tão presentes que nem sei diferencia-los,
vivendo nessa monotonia extremamente vasta e cansativa,
tentando me encontrar pelos rachados de uma alma quebrada e vazia.
Vivendo em uma bolha aonde apenas a minha voz ecoa,
e todas as palavras que nunca disse,
e as que disse e não deveria,
tudo o que escondi,
libertei,
e perdi,
porque, no final das contas, eu sempre perco.
Eu sobrevevi, mas não vivi.
Eu desperdicei todo meu tempo em coisas inúteis, pessoas fúteis,
e eu continuo fazendo isso.
Talvez meus próprios atos sejam meus maiores inimigos.
E as lembranças, apenas uma consequência de todos erros que cometi,
tentando consertar coisas que não pertenciam a mim,
enquanto eu lentamente me quebrava.
E adivinha? Ninguém me consertava.
Não farei promessas para o próximo ano,
nem terei desejos nos quais acreditarei incessantemente,
porque sempre acontece o mais inacreditável,
e a realidade é totalmente diferente.
Eu prefiro ser surpreendida,
navegando por este mar e deixando-me levar pela maré da vida.
Porque no final, é isso que somos: meros navegantes que não sabem nadar, assim como pássaros que não sabem voar.
A culpa é do medo de se arriscar,
conotativamente falando,
do medo de se afogar.
Mas a gente sempre se afoga,
uma hora ou outra,
mas também aprende a nadar.
Eu sinto pelas vidas perdidas,
e sinto pelas pessoas que tornaram-se vazias.
Aos poucos consigo encarar melhor a realidade e enxergar a absoluta verdade:
O pior vírus sempre será a humanidade.

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