Lixo temporal


É admirável o regurgitar de energias

que transborda pelas cordas do instrumento,

ecoando, o som, que embala meus dias

e levando a importância da gana ao vento.


Na voltagem esticada a pisar na véspera,

resta o bocejo da noite quilométrica,

anulando a simpatia mental que não reverbera,

enquanto toma o medicamento da dialética.


Compreender não forma a tradução espacial

daquilo que um dia foi perfeito,

mas a escrita de algo anormal

pode conter algo direito.


Alfabeticamente estagnado,

prendo-me a hinos dissolvidos.

Janto e ando, enganado,

assistindo o que não acontece aos ouvidos.


Volto a acordar os acordes acampados,

com intento de levantar o alvo da insônia.

Não prezo pelos minutos desmaiados,

mas rezo por uma acordar com parcimônia.


07/12/2006

Rafael S P Valle

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