Capítulo 6
Quase duas horas haviam se passado e nada dos dois rapazes descerem. Tanto Gracie, como o Sr. Hyeon perceberam os olhares de Namjoon para a escada. Eles já haviam contado para o patriarca da família sobre Jeon e que ele jantaria ali aquela noite. Fato que o deixou mais curioso, pois a última vez que vira seu filho ansioso, Louise ainda estava viva e vê-lo assim novamente, despertava seu interesse em conhecer o jovem que causara isso em seu filho depois de tantos anos.
Nesse meio tempo Yoongi e Hoseok também já haviam chegado e estavam ali conversando com os outros. Gracie pedira licença e quando ia se levantar para ver se estava tudo bem, eis que seu olhar apenas paralisou no alto da escadaria da casa. Todos ali presente acompanharam seu olhar e assim como Gracie, Namjoon também perdeu se no que via ao lado do seu filho.
Tae poderia até ter exagerado um pouco, mas Jeon estava lindo, nem parecia o mesmo rapaz comum de algumas horas atrás. Tae arrumou Jeon com uma calça jeans justa, de lavagem escura, uma camisa branca um pouco aberta no peito e um blazer em tom de cereja para contrastar. Os brincos do rapaz até combinavam com a vestimenta e também era visível que seu filho o maquiara levemente, destacando apenas o canto dos olhos.
A pele branquinha em contraste com a cor vibrante do blazer, o olhar tímido, a boca rosada e semiaberta deixou Namjoon perdido na beleza de Jeon. Quando Tae pediu desculpas pela demora, foi que ele percebeu que havia segurado sua respiração. Tentou se recompor elogiando a beleza do filho, dizendo que valera a pena ter esperado tanto para vê-lo tão bonito.
Tae e Jeon se aproximaram das pessoas ali presente e por fim Tae apresentou o novo amigo ao seu avô, a Yoongi seu namorado e quando ia apresentar Hoseok, os dois já estavam se cumprimentando.
-Vocês se conhecem? -Questionou curioso.
-Sim, já fiz algumas seções de foto para a turma de dança e o Hoseok é bem fotogênico, assim como você Tae.
-Sendo assim estamos todos entre amigos.
Os quatro jovens ficaram por ali conversando sobre assuntos aleatórios enquanto o Sr. Hyeon tomava um vinho com sua esposa e Namjoon. O assunto entre eles era mais sobre negócios e por várias vezes o Sr. Hyeon pegara seu filho olhando o jovem rapaz, que vez ou outra era pego olhando para seu filho. Gracie levantou-se avisando que serviria o jantar enquanto os outros a seguiam para tomarem os seus lugares.
O Sr. Hyeon e Namjoon estavam sentados um em cada ponta da mesa. Gracie estava ao lado do marido, Tae estava do lado esquerdo do pai acompanhado de Yoongi. JungKook fora colocado estrategicamente ao lado direito de Namjoon sendo acompanhado de Hoseok.
O jantar estava transcorrendo normalmente, conversas leves, risadas, Jeon elogiando a comida saborosa que Gracie servira. Tae e Hoseok se tocando com os pés, enquanto Yoongi vez ou outra fazia carinho na mão do namorado. Namjoon olhando Jeon, que ficava sem jeito com o olhar do mais velho, principalmente quando seus olhares se encontravam.
Enquanto tudo isso acontecia o Sr. Hyeon e Gracie apenas observavam o filho e Jeon, esperando que Namjoon pudesse abrir seu coração para outros sentimentos além do trabalho e da família.
Um pouco antes que a sobremesa fosse servida, Tae respirou fundo olhando as pessoas ali presente, em especial a sua avó, para criar coragem e falar o que tanto desejava.
-Pai... -Chamou receoso. -Eu preciso contar algo a todos. -Tae falava olhando sua família e tentando imaginar a reação do seu pai.
-Aconteceu alguma coisa filho? -Questionou já mudando sua postura ao perceber que Yoongi segurava a mão do namorado. Mil coisas começaram a passar por sua cabeça.
-É só falar querido, vovó está aqui te apoiando. -Jeon que estava perdido no assunto, a tudo observava quietinho.
-Você vai ficar com raiva de mim pai?
-Eu nunca vou ter raiva de você filho, mas eu preciso que você me conte em que confusão se meteu.
-Sr. Kim, eu posso contar o que está acontecendo?
-Se você sabe, fala logo.
-Tae está com medo de dizer que nós dois estamos namorando o Hoseok há seis meses. -E foi assim, sem medo e sem vergonha, com Yoongi soltando tudo de uma vez, que Jeon engasgou-se com o suco que estava tomando, precisando ser ajudado por Namjoon a se recuperar recebendo tapinhas nas costas.
Depois que Jeon recuperou-se, ficando com os olhos mais abertos pelo susto e pelo medo do que viria, foi que Namjoon sentou-se olhando para os três pedindo que o olhassem de volta. Obtendo assim a atenção dos três mesmo que o filho estivesse mais cabisbaixo.
-Tae...
- ...apenas um silêncio constrangedor se fez presente.
-Filho, olha para mim.
-Desculpa pai, mas eu amo os dois.
-E eu amo você filho. Não se desculpe por amar, nunca faça isso. -Disse indo até o filho que se levantou para abraçar o pai.
Enquanto pai e filho estavam abraçados, Yoongi foi até Hoseok e ambos foram para perto do namorado e fizeram carinho em seus cabelos e costas. Nam afastou-se desfazendo o abraço com o filho e direcionou-se aos outros dois.
-Magoem o meu filho e eu coloco vocês dois no meu colo e bato nessas bundas magrelas de vocês. Estamos entendidos?
-Sim, Sr. Kim.
-Seus pais já sabem Hoseok?
-Eles nem lembram que eu existo, então não faz diferença.
Quando Namjoon ia falar mais alguma coisa, sua voz foi cortada por um soluço e uma cadeira se arrastando e quando viu, Jeon já estava indo para fora da casa. Gracie ia atrás do garoto para saber o que estava acontecendo, mas Namjoon a impediu dizendo que ele mesmo ia ver se o garoto estava bem.
O jantar havia acabado naquele momento tendo Tae feliz com seus namorados, Jeon chorando, Gracie preocupada, Sr. Hyeon vendo o filho ir apressado atrás do mais jovem. Sua casa nunca esteve tão agitada e no auge dos seus 65 anos, ele novamente via seu filho preocupar-se com alguém que não fosse sua própria família. Poderia estar enganado, até mesmo vendo coisas onde não existia, mas tinha esperança de ver seu filho enamorado novamente depois de tantos anos.
Enquanto isso no jardim....
Com um copo de água na mão, parado na varanda, Namjoon olhava Jeon sentado na mesma cadeira de horas atrás com Tae, mas diferente das risadas daquele momento, ali estava Jeon chorando entre soluços.
Não queria ser intrometido, mas sentia necessidade de saber o que estava acontecendo, o motivo do choro. Afinal de contas ele queria fazer algo pelo rapaz. Sentia que, mesmo sem saber o motivo dessa necessidade, ele deveria ir até lá. Respirou fundo, segurou firme o copo e foi até Jeon, aproximando devagar para não o assustar.
-Trouxe para você. -Falou estendendo o copo para o rapaz.
-Obrigado. -Respondeu passando as mãos no rosto para secar as lágrimas, borrando a maquiagem que Tae havia feito em seus olhos. Bebeu um pouco da água adocicada colocando o copo sobre a pequena mesa a sua frente, enquanto Namjoon sentava ao seu lado, ombro a ombro.
Havia se feito um silêncio pesado ente os dois, Jeon havia parado de chorar e o mais velho estava disposto a quebrar o silêncio incômodo entre eles.
-Quer falar o que aconteceu lá dentro com você?
-Eu só reagi de forma inesperada, me desculpe por isso.
-Está tudo bem, não se preocupe. Por que reagiu assim?
-Quando eu ouvi que eles eram três, eu pensei que o Sr. fosse brigar com eles, mas sua reação foi totalmente o contrário e isso me trouxe lembranças e eu acabei estragando seu jantar, me desculpe.
-Primeiro me chame de você ou de Hyung. Não precisa me chamar de Senhor, tudo bem?
-Mas é desrespeitoso, eu...
-Eu estou pedindo Jeon e segundo, você não estragou nada.
-JungKook, eu me chamo JungKook. -Se ele não era para chamar o mais velho de Senhor, então também deveria ser tratado pelo seu próprio nome, sem formalidades.
-Ok, JungKook. É um bonito nome. -Disse sentindo o quão agradável o som saia por sua boca indo até seus ouvidos. -Você achou que eu ia brigar com os meninos e eu queria entender o motivo.
JungKook puxou o ar até que seu peito estivesse bem cheio e aos poucos foi soltando por entre os lábios e então começou a explicar o motivo.
-É assim que os pais fazem com seus filhos quando eles são diferentes, quando eles são contra as regras, quando envergonham sua família perante a sociedade. Eles brigam, batem, rejeitam, colocam você para fora de casa. Eles esquecem que você é o filho deles e te tratam como lixo.
Enquanto Jeon ia falando, Namjoon olhava tentando entender o que estava acontecendo e por que o garoto pensava dessa forma. O que levava ele a crer que todos eram iguais.
-Eu imaginei que você agiria assim também, mas o hyung fez tudo ao contrário, acolheu, aceitou, demonstrou amor, tão diferente do que foi comi... -Interrompeu sua fala abaixando a cabeça e calando-se.
Namjoon levantou-se da cadeira, afastou a pequena mesa que estava atrapalhando, sentou-se sobre os próprios pés no gramado de frente para JungKook. Tocou o seu rosto fazendo com que o rapaz o olhasse nos olhos.
-Você mora sozinho?
-Sim.
-Onde seus pais estão JungKook?
-Eles moram em Busan. Eu vim para Seoul quando completei 18 anos e depois de três meses eu já estava no exército.
-Por que você veio para Seoul? -Fazia a pergunta, mas sentia que já sabia a resposta e seu coração apertava-se só de pensar que sua desconfiança fosse real. Jeon era só um menino de 18 anos na época, deveria ter sido assustador.
-Meus pais não tiveram a sua reação quando eu disse que gostava de um garoto. Ao contrário dos seus atos, eles me bateram, me ofenderam, falaram palavras pesadas, disseram que eu não era mais o seu filho, que eu estava morto para eles. Minha mãe mandou a empregada da casa colocar minhas roupas em duas mochilas, meu pai jogou um punhado de dinheiro na minha cara e depois ele foi até o escritório, que ele tinha em casa e quando voltou para a sala ele jogou um envelope com os documentos e a chave de um apartamento que herdei da minha avó e foi assim que eu vim para Seoul. Sem nada, sem ninguém. -Contava com lágrimas escorrendo por seu rosto ao lembrar do pior dia da sua vida. Os olhos de Namjoon estavam marejados e em um gesto impensado, puxou Jeon da cadeira trazendo o corpo do rapaz para o seu colo, encaixando o sobre suas pernas enquanto o abraçava forte.
-Eles não podiam ter feito tamanha crueldade com você. Eles eram seus pais, tinham que te respeitar, respeitar suas escolhas, te apoiar. -Falava baixinho próximo ao ouvido do rapaz fazendo um carinho nas costas do mais novo, que enfim aceitava aquela situação inusitada passando os braços em torno do pescoço do mais velho.
E ali eles estavam dentro de uma bolha que nem ao menos perceberam ter criado e sendo observados por seu pai e Gracie. Tae e os namorados estavam na sala de jogos distraídos enquanto o casal contemplava o jardim e os dois homens ali abraçados.
-Gracie...
-Eu sei o que você está pensando querido, vamos pedir aos céus que eles permitam que nosso Namu volte a abrir seu coração. Quem sabe o destino trouxe esse rapaz para mudar as nossas vidas.
-Eu não me importo com quem ou que idade tenha, desde que ele volte a ter o sorriso e o brilho nos olhos, que ele volte a ser o meu Joonie novamente.
-Vamos subir querido, vamos descansar. -Falou dando um selinho no esposo e uma última olhada para o jardim deixando nascer um leve sorriso em seus lábios.
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