Capítulo 6- Sorte ou Destino?

"Eu sei que não sou a pessoa mais perfeita do mundo, mas por você, eu tento ser melhor."

***

17 de Junho de 2013

Matthew

Sorte ou destino?
No que você acredita?

Bom, eu acredito acredito nos dois. E acredito também que eles estão trabalhando á meu favor.

Como é possível que em uma sala com quase 100 pessoas, o meu nome e o da Helena fosse sorteados juntos?
Se não foi a sorte ou o destino, me diga o quem foi, porque eu preciso agradecê-lo.

Eu estava tão feliz, que controlar minhas emoções perto de Helena era um verdadeiro sacrifício.

Neste momento, eu estava me sentindo como um adolescente de 14 anos perto da sua primeira ficante.
Era ridículo, mas ao mesmo tempo gratificante.

O engraçado é que eu estava prestes a procurá-la para começarmos a fazer o trabalho, quando Helena se esbarrou em mim, e fez mesmo que fiz com ela no dia da apresentação do seminário.
Irônico, não?

Enquanto ela estava abaixada, recolhendo alguns papéis, vi Tom me fitando a distância com um sorrisinho debochado.

Senti meu coração acelerar.
Ah não. Ele não vai me interromper..

Fiz um sinal com a cabeça para que ele fosse embora. Tom sorriu balançando a cabeça negativamente, em seguida fez um "Ok" juntando o indicador e o polegar, e saiu rindo com alguns caras do basquete.

Respirei fundo disfarçadamente agradecendo aos céus por ele não ter me interrompido.

Com certeza, eu seria zoado depois. Mas o que importa? Eu estava com Helena, e isso tornaria insignificante qualquer coisa que eles dissessem.

Esse trabalho veio como oportunidade para que eu me aproximasse de Helena e pudesse conhecê-la melhor. E eu com certeza iria aproveitar cada segundo com ela.

-Desculpe mesmo. Eu sou muito desastrada.. -Ela falou sorrindo um pouco sem jeito, após me ajudar a recolher meus trabalhos.

Sorri, peguei os papéis que estavam em sua mão e guardei no armário.

Enquanto eu estava guardando os papéis, senti meu celular vibrar no bolso na minha calça. Provavelmente deveria ser a operadora, que me envia um monte de mensagens sem sentido todos os dias, ou Thomas me zoando com o povo do time.

Contive a curiosidade de ver quem era, e olhei para Helena.
-Que nada. Nós somos desastrados. -Falei sorrindo -Então.. Você é a minha dupla, certo?

Após trancar o armário, me virei em sua direção e notei que Helena parecia estar nervosa.

Isso era por causa de mim?

Ela assentiu.
-Pois é..

Dava para ver em sua voz, o quanto minha presença a deixava desconfortável.
Isso era.. ruim?

Mamãe me disse uma vez, que quando uma garota se comporta dessa forma perto de um cara, é porque ela sente alguma atração por ele.

Helena era muito discreta em relação aos seus sentimentos. Tanto que nunca ouvimos nenhum boato na faculdade sobre seus "ficantes" ou "namorados".
Tudo o que ouvíamos era sobre babacas que davam em cima dela e levavam fora.
Fora isso, a vida pessoal dela era um verdadeiro mistério.

Um mistério que eu estava determinado á desvendar.

-Ótimo. Você quer fazer o trabalho na sua casa ou na minha? -Perguntei animado, tentando deixar Helena descontraída.

Se ela escolher na minha casa, vai ser perfeito. Meu pai está trabalhando e só chegará mais tarde, mas mamãe está em casa, e ela iria adorar conhecer Helena.

Conhecendo minha mãe, com certeza ela diria que Helena é encantadora.

Ela fitou o chão e demorou alguns segundos antes de me responder.

Ela parecia escolher as palavras.

-Bom..na minha casa é um pouco complicado.. Mas podemos ir ao Starbucks do centro para organizarmos tudo. Pode ser? -Sugeriu.

Suspirei desapontado.
Eu queria que ela fosse na minha casa conhecer minha mãe, mas se ela quer ir ao Starbucks, então vamos ao Starbucks.

Assenti.
-Perfeito.

Ela deixou escapar um pequeno sorriso, que já tirou metade do meu fôlego, e em seguida assentiu.

Começamos a andar juntos pelos corredores indo em direção á saída da faculdade, quando ela parou abruptamente.

Olhei para ela.
-Tudo bem? -Perguntei preocupado.

Ela assentiu.
-Sim. É que.. tem algum problema se fizemos o trabalho com outra dupla?

Com outra dupla?
Como assim?

-Não.. Mas, porque faríamos isso? -Perguntei confuso.

Sera que ela tinha medo de mim?
Não.. que não seja isso por favor..

Ela suspirou.
-É que minha amiga foi sorteada com o ex dela.. e .. ela não se sente muito bem sozinha na presença dele. Então eu sugeri fazermos os trabalhos juntos. Claro, se não for problema pra você.. -Ela disse me fitando com aqueles lindos olhinhos brilhantes.

Impossível negar algo á ela. E pelo modo como Helena falou, notei que era verdade.

Assenti.
-Não. Sem problemas. É que não sei se seria muito certo fazermos os trabalhos juntos. Porque.. Você sabe que se os textos forem iguais ou até mesmo parecidos, é zero não é? -Lembrei.

Por mais que eu quisesse fazer uma boa ação, meus sentimentos falaram mais alto. Eu queria ficar sozinho com ela para podermos conversar com mais liberdade. Não ficar com mais duas pessoas para nos atrapalhar.

Ela assentiu.
-Eu sei. Mas, não precisamos fazer na mesma mesa. É só deixarmos eles em uma mesa e sentarmos em outra. Não muito longe deles..

Sorri.
Ela era tão boa, que arriscava perder seus pontos só pela sua amiga.
Helena era realmente admirável..

-Se for assim, tudo bem.

-Ok. -Ela asssentiu sorrindo. -Vou avisar minha amiga. Podemos encontrá-la lá. -Ela disse pegando seu celular.

-Ok.

Aproveitei que Helena estava distraída conversando com a amiga, e peguei meu celular.

Uma mensagem do Thomas. Vamos ver.

[17/6 10:23] Thomas: Festa hoje na casa do Brad! Começa 22h. A faculdade inteira foi convidada. Leva bastante bebida que hoje o negócio vai esquentar! Digo, esquentar não.. Vai pegar fogo!!
Obs: eu vi você com a gatinha. Seu carro é bem espaçoso, então vê se não perde essa oportunidade pra deixar de ser virjão! >< Haha Aproveitem bem.

Fechei os olhos e respirei fundo, tentando controlar minha paciência.
Thomas era um verdadeiro babaca. E quando estava com o pessoal do time ficava ainda pior.

Ele ia ver quando nos encontrássemos pessoalmente..
Mas depois eu resolveria isso. Por agora, iria aproveitar a companhia de Helena.

Quando levantei o olhar para fitá-la, notei que ela já me encarava com uma expressão preocupada.

Eu nem notei que ela havia desligado o celular. Eu sou realmente muito distraído.

-Tá tudo bem? -Ela perguntou me examinando.

Assenti, guardando o celular no bolso.
-Sim. Porque?

-Sei lá. É que por alguns minutos você me pareceu nervoso. Olha, se tiver acontecido alguma coisa, podemos deixar o trabalho para amanhã, sem problema nenhum.

Sorri.
Ah, se ela soubesse o que tinha me deixado nervoso, ela não estaria sendo tão gentil comigo, mas sim, estaria neste momento indo em direção á sala dos professores para trocar de dupla.

-Não é sério, foi um amigo que me avisou sobre uma festa que vai ter hoje. Nada demais.

Helena suspirou.
-Ah sim. A festa na casa do Brad.

A fitei confuso.
Ela já sabia? Como é possível?

-Você vai? -Perguntei curioso.

Ela fitou o chão.
-Não sei. Emily está muito animada pra ir a essa festa. O problema é que é bem tarde. Nessas horas, estou voltando para casa, não saindo. Então.. vai ser um pouco complicado. Minha mãe vai ficar preocupada.

Senti minha animação se esvair.
Eu queria tanto que ela fosse..

-Você poderia dizer pra sua mãe que vai dormir na casa dela. Fazer uma festa do pijama.. sei lá. -Sugeri.

Ela me fitou incrédula.
-E mentir? -Perguntou como se eu tivesse lhe encorajando a matar alguém.

Dei de ombros.
-O que tem demais? Uma mentirinha não mata ninguém.

-O que tem demais? -Ela perguntou parando, e me fitando. -Matthew, isso é errado. Mentir é feio.

Parei e a fitei.
Eu não escutei isso..

Meu Deus.. Helena é realmente Perfeita.
Perfeita demais. Ela não erra.

Isso é um problema.

Helena não tem vida. Ela as vezes parece um robô.

A vida não é feita só de acertos, mas também de erros. É claro, Helena parece desconhecer isso. Mas eu ia mostrar para ela uma nova forma de ver as coisas.

Não estou dizendo que vou incentivá-la a desobedecer seus pais, ou fazer as coisas mais loucas que existem no mundo.
Mas sim, viver.

Ela não parece ser feliz do jeito que vive.
Por mais que tudo pareça ser perfeito ao seu redor, eu sinto que falta algo.
Não tenho certeza do que é, mas logo vou descobrir.

Ri.
-Não quando é por uma boa causa. -Falei sério.

Como convencer uma pessoa perfeita a "errar"? Faça o erro não parecer ser um erro.

-Boa causa? -Ela perguntou confusa.

Assenti.
-Você me disse que sua amiga estava triste por causa do ex namorado. Se você não for, ela também não irá. Provavelmente, vai ficar em casa pensando nele e vai se sentir pior. Mas.. se você for, ela vai se divertir e não vai pensar tanto nele. Ou seja, você também irá se divertir, e ainda vai fazer o bem para uma pessoa. -Expliquei.

Helena ficou em silêncio por alguns minutos, parecendo estar pensando sobre o que eu disse, quando finalmente deu sua resposta.

-Bom.. eu posso pensar sobre isso.. mas ainda me parece errado. -Ela disse pegando o celular.

Suspirei.
Que garota difícil.

Me aproximei um pouco mais dela e a fitei sério.
-Helena, você não irá fazer nada de errado. Depois da festa, você vai dormir na casa da sua amiga. Então de qualquer jeito, você estará falando a verdade. A festa é só um bônus. -Pisquei pra ela, fazendo Helena rir.

A risada dela era tão gostosa de se ouvir, que parecia uma música em meus ouvidos.

Eu preciso fazê-la sorrir mais vezes.

Ela suspirou.
-Tudo bem.

Isso! Foi difícil.. mas nada que um empurrãozinho não resolva.

-Avisei Emily. Antes de irmos para o Starbucks, podemos passar na minha casa para pegar algumas roupas? Já vou deixar tudo organizado pra na hora na festa, não ter problemas.

Assenti.
-Claro, me deixa só tirar o carro do estacionamento. -Falei, quando notei que Helena já se encaminhava para o ponto de ônibus.

-Você dirige? -Ela perguntou surpresa.

Assenti.
-Desde os 16. Assim que terminei o ensino médio, tirei a carteira e ganhei essa belezinha de presente. -Falei girando a chave a abrindo a porta para Helena.

Um Toyota Hilux preto, de cabine dupla, novinho, espaçoso, e com câmbio automático.

Eu amava meu carro.

Hoje eu havia acordado mais cedo que meu pai, e com uma jogada de mestre, consegui convencer minha mãe a me dizer onde meu pai escondia as chaves.

Porém, no dia seguinte eu teria que fazer as famosas "panquecas do Matt" que mamãe tanto amava. Elas se resumiam em massa, carne moída, molho de tomate e muito, mas muito queijo.

Eu quase não cozinhava. Mas quando resolvia fazer algo, mamãe dizia que minha comida era de derreter corações.

Será que derreteria o da Helena?

Ela sentou e sorriu, analisando meu carro.
-Uau. É bem.. bonito. Eu gosto desses tipos de carros. São bem aconchegantes.

-Obrigado. -Falei sorrindo.

Ela gosta de carros..
Meu Deus.. Helena é um sonho.

Assim que fechei a porta de Helena, fui para o outro lado e fiz o mesmo.
Liguei o carro e em poucos minutos já estávamos na estrada.

Não trocamos uma palavra durante o caminho.

O dia em que Helena e eu nos conhecemos voltou a minha mente, me fazendo sorrir.

Por mais que eu estivesse nervoso, aquele dia foi uma experiência inesquecível.

Quando cheguei a casa de Helena, só faltou a mãe dela me adotar, porque ela pareceu gostar tanto de mim..

Me lembro bem de quando toquei a campanhia a primeira vez..

PASSADO ON

Dia 13 de Junho de 2013.

Casa da Helena

Minhas mãos suavam.
Meu coração parecia que iria saltar pela minha boca a qualquer momento.
Eu estava muito nervoso.
Nunca achei que este momento chegaria.

Ela estava aqui, á minha frente.. só esperando que eu á tocasse.

Ela parecia me encarar..
Me desafiar..
Testando meus limites..

Eu quero tocá-la. Eu preciso fazer isso.
É minha única chance.

Nunca achei que ficaria nervoso diante da sua presença, mas ela me supreendeu.
Isso está sendo mais difícil do que pensei.

Suspirei.
Porque tem que ser assim?

Passei a mão no cabelo e a fitei.

Eu consigo. Ela não vai me fazer desistir!

Respirei fundo.
Vamos lá Matthew. É só a campanhia..

Aproximei minha mão e a toquei.
Em seguida, escutei um barulho suave, que me lembrava alguns sinos ecoar por todo ambiente.

Naquela hora, a primeira coisa que pensei foi em deixar a carteira de Helena ali e sair correndo, como aqueles pivetes faziam quando tocavam as campanhias dos seus vizinhos.

Porém, meu senso de educação não permitiu.
E além do mais, eu queria ver Helena e parabenizá-la pelo ótimo seminário. Então, eu teria que esperar.

Após o segundo toque, uma mulher alta, loira, e com o cabelo curto, veio me atender.

Ela me lembrava um pouco Helena. Tirando o cabelo loiro e a altura, o rosto e os olhos, me faziam pensar nela.

Esta provavelmente deve ser sua mãe.

-Olá. -Ela disse me fitando de cima a baixo.

-Oi.. é.. tudo bem? Helena está? -Perguntei nervoso.

Ela negou.
-Não. Ela ainda não chegou. Porque?

Suspirei.
Droga. Eu queria tanto vê-la..

Abri a mochila, pegando a carteira.
-É que ela deixou isso cair. Eu encontrei e vim devolver. Apenas isso. -Falei lhe entregando a carteira, e dando meia volta, quando senti uma mão suave em meu braço.

A moça sorriu.
-Muito obrigado. Você nos livrou de uma bela dor de cabeça. Daqui a pouco Helena chega. Você não quer esperá-la?

Eu quero. Quero muito.
No entanto, não foi o que eu disse.
-Não senhora. Muito obrigado. É que eu só queria entregar a carteira mesmo.

-Ah deixe disso. Me chamo Katherine. Sou a mãe de Helena. E você?

-Ah.. eu.. Me chamo Matthew. Matthew Collins. -Falei um pouco envergonhado.

Ela pareceu surpresa.
-Oh, Collins. O famoso filho do Robert Collins.

Ela conhecia meu pai. Isso não deveria me surpreender. Afinal, quem não o conhecia?

Assenti um pouco sem jeito.

Infelizmente, eu era filho daquele homem.

-É um prazer te conhecer Matthew. Vamos, entre. -Ela disse sorrindo e passando um braço pelo meu ombro. -Acabei de fazer cookies com gotas de chocolate. São os preferidos da Helena. Você vai amar.

PASSADO OFF

E foi assim que acabei conhecendo sua família.

Tenho que admitir.. os cookies da Dona Katherine são os melhores que já comi em toda minha vida.

Tirando os interrogatórios de sua mãe e de seu pai, sobre eu ser o namorado de Helena, aquela noite foi muito boa.

Dona Katherine disse que eu deveria aparecer mais vezes. O senhor Cristopher, pai de Helena, concordou. No início, ele não parecia ir muito com a minha cara, mas depois de descobrir que compartilhávamos do mesmo gosto sobre carros, já ganhei sua amizade.

Eu contei a ele que tinha um Toyota Hilux, e ele se interessou em ver. Já que estava pensando em trocar seu Siena.

Mais um motivo para eu aparecer novamente.

Nós conversamos bastante. Descobri que a mãe de Helena amava orquídeas. Eu prometi que lhe traria uma de presente da próxima vez que viesse. Porém, eu não tinha muita certeza de que isso aconteceria. Muito menos, com Helena.

Mas como a vida sempre dá um jeito de me surpreender, aqui estava eu. Novamente em frente a casa de Helena.

Mas desta vez eu não estava nervoso.

Eu estava até calmo demais para ser verdade.

Acho que a conversa descontraída que Helena e eu tivemos antes de vir, me acalmou um pouco.
Ao contrário dela, que veio o mais próxima possível da porta, parecendo que ia pular do carro á qualquer momento.

Quando chegamos, assim que parei o carro, Helena praticamente voou para fora, me dizendo que em alguns minutos estaria de volta. E que era para eu esperá-la ali fora.
Ou seja, nada de cookies da Dona Katherine.

Eu assenti e apenas esperei.

Porém, as coisas não aconteceram como Helena imaginou. E a sorte, que já estava ao meu lado, se mostrava cada vez mais ao meu favor.

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