Diálogos e Travessões

Um dos maiores erros cometidos pela maioria dos escritores do Wattpad tem relação a descrição e pontuação de diálogos. 

Hoje a Clys (clysoliveira) veio com dicas valiosas para a gente em relação a isso. Sabia que existe diferença nos sinais hífen e travessão? Sabia que a pontuação das frases dependem de algumas regrinhas? Não? Eu também não sabia, mas a Clys me ensinou — e agora tenho muito livro para revisar! 

Fique atento, porque isso é muito importante e pode ser difícil de entender. Parece difícil e é, mas estamos aqui para ajudá-los com isso.

Vamos lá?

Uma das partes mais importantes do livro são os diálogos, pois é ali que a história realmente acontece. É através deles que conseguimos nos identificar com as personagens e saber o como estão reagindo.

Mas, antes de falar sobre as construções frasais dos diálogos, existe um sinal gráfico merecedor da nossa atenção: o travessão.

Ao ler um exemplar antigo de um livro é possível observar que os diálogos eram iniciados e finalizados com aspas ( " " ). Mas, hoje em dia, esse costume foi abandonado — não em absoluto, pois conseguimos encontrar autores que ainda utilizam essa prática — e substituído pelo travessão.

Essa mudança deve ter ocorrido pelas definições das funções de cada um dos sinais gráfico. Vejamos a função de cada um:

>> Aspas: São um sinal de pontuação cuja principal finalidade é destacar alguma parte de um texto, como: citações, transcrições, nomes de obras literárias ou artísticas etc.

>> Travessão: é um sinal de pontuação utilizado especialmente no início de cada fala no discurso direto, ou seja, os diálogos. Mas tem outras funções também, como: separar expressões ou frases explicativas.

Exemplo 

Uma boa escrita — diga-se mais uma vez — exige dedicação e disciplina.

Mas, atenção! Muitas pessoas confundem o travessão ( — ) com o hífen ( - ). Além do tamanho, pois o travessão é bem maior, as funções também são diferentes. 

>> O hífen tem dois empregos: liga o pronome átono ao verbo (vende-se, põe-no); forma palavras compostas (beija-flor, pé-de-moleque).

>> Existe ainda o meia-risca, sinal gráfico utilizado para unir elementos enumerados em série, como letras ou números.

Exemplos

1983–2013;   J–M;   Ponte Rio–Niteroi.

O meia risca é maior que o hífen e menor que o travessão.

COMO ENCONTRAR ESSES SINAIS

Se pressionar a tecla do hífen, como mostra a figura abaixo, vai aparecer os outros dois. O da direita é o meia-risca e o da esquerda é o travessão. O do meio é o hífen.

Para quem não tem essa função no celular, joga a palavra "travessão" no Google, copia o sinal e cola no texto.

    — Travessão     
- Hífen      
– Meia-risca

REGRA DE PONTUAÇÃO NOS TRAVESSÕES

Ainda falando de sinais gráficos, outro ponto importante a ser abordado é a pontuação utilizada depois dos travessões. É algo que merece atenção, pois bastante gente desconhece essas regrinhas. 

Então, vamos a elas:

>> Quando a frase que vier depois do travessão for algo relacionado ao verbo de fala do personagem (falar, perguntar, dizer, comentar, responder, indagar, questionar, gritar etc), você não coloca ponto antes do travessão e a frase seguinte você começa com letra minúscula.

Exemplo:

— Hoje eu não vou sair — disse Maria.

O verbo dizer (disse) está ligado ao ato de fala do personagem, assim como falar, perguntar, questionar, gritar, sussurrar etc. Nesse caso, segue a regrinha (não coloca ponto antes do travessão e a frase seguinte você começa com letra minúscula.)

>> Mas, se a frase que vier depois do travessão não tiver relação com o ato de fala, coloca-se a pontuação na frase anterior e inicia a próxima com letra maiúscula.

Exemplo:

— Hoje eu não vou sair.Maria levantou-se e foi até a janela.

Observem, após o travessão não existe nenhum verbo referente a fala, então segue a regrinha (coloca-se a pontuação na frase anterior e inicia a próxima com letra maiúscula.)

As regras acima devem ser seguidas em todas as ocasiões que houver travessões, não apenas no primeiro.

Exemplo 1:

— Quero comer chocolate — disse Maria. — Você pode comprar para mim?

Exemplo 2:

— Quero comer chocolate. — Maria pegou sua carteira. — Você pode comprar para mim?

Entretanto, existem alguns casos específicos.

>> Quando a frase que vier antes do travessão terminar com ponto de interrogação ( ? ) ou exclamação ( ! ), e logo após vier uma frase com verbos de fala, a frase seguinte deve começa com letra minúscula. Ou seja, esses dois sinais não tem o mesmo valor de ponto final.

Exemplo 1:

— O que está acontecendo? — perguntou ela.

Exemplo 2:

— Eu não acredito que consegui! — gritou ela.

Exemplo 3:

 — Eu estou tão feliz! — Dei dois pulinhos expressando minha alegria. 

>> O uso de vírgula em conjunto com o travessão também tem sua especificidade. Quando se inicia um diálogo e há a necessidade de pôr uma explicação do que está acontecendo no momento daquela fala, o ideal é que se faça o seguinte:

1- Não coloque ponto nenhum no final da primeira frase.

2- Depois do travessão inicie com letra minúscula.

3- Coloque o travessão para encerrar a explicação.

4- Ponha uma vírgula depois do travessão (sem dar espaço).

5- Continue a fala que foi interrompida.

Exemplo:

— Então, Maria — ele fez uma pausa antes de continuar —, seu seu segredo foi descoberto.

  Pra visualizar isso melhor, pegue um livro físico e verifique os diálogos.  

Existe uma outra estrutura de diálogo que comumente é visto aqui na plataforma Wattpad, que é esta:

João: Então, Maria...

Maria: Diga logo, o que quer me dizer.

João: Seu segredo foi descoberto.

Maria: Ah, essa não!

Ou assim:

P: Oi

A: Tudo bem?

P: Tudo bem e você?

A: Tudo bem também.

Essa estrutura é utilizada em peças teatrais, não há explicação para o seu uso em romances ou qualquer livro em prosa. É bom ter atenção e evitar essa estrutura, optando sempre pelos travessões.

CONTEÚDO DOS DIÁLOGOS

Agora que as regras de pontuação foram expostas, a atenção será voltada para o diálogo propriamente dito. O conteúdo.

Apesar de muitos acharem que é fácil, criar diálogos pode ser uma tarefa árdua, pois, como já mencionado no início deste capítulo, é uma parte importante da história.

Os diálogos devem ser convincentes, soar natural e ainda, mas não menos importante, mostrar a personalidade da personagem.

Um diálogo bem construído tem o poder de capturar o leitor cada vez mais para dentro da história, tornando-a mais próxima real. É imprescindível trabalhar as falas com cuidado e afinco para que não fiquem com um ar "robótico".

Imagine-se na cena. O que você, escritor, diria? De que forma falaria se estivesse na mesma situação que sua personagem? O que gostaria de ouvir da outra pessoa?

Para todos os efeitos, são seres humanos que estão dialogando (não sempre, é claro), portanto, as falas devem surgir como uma conversa dinâmica, natural.

É bom lembrar que cada personagem tem sua personalidade, e isso se reflete no momento da fala. Como na vida real, cada um tem uma forma própria de falar, um vocabulário mais específico.

É aconselhável que se utilize apenas diálogos indispensáveis. Os "olá", "tudo bem" e "tchau" não são sempre estritamente necessários, apenas mostram que o escritor está "ganhando tempo" e palavras em sua história. Não esqueçamos que a qualidade é mais importante que a quantidade.

O diálogo tem que estar condizente com o tempo e espaço em que a história acontece. Se é um romance de época, antes de dar início aos trabalhos, uma pesquisa deve ser feita para se ter domínio do vocabulário da época.

Se o livro for ligado à realeza, o escritor deve saber que existem formalidades e títulos a serem levados em consideração no momento de um diálogo.

Portanto, muito cuidado com o uso das gírias, pois não é em todo local que elas caem bem.

Falando nisso, é bom recordar que por se tratar de literatura, as normas gramaticais devem ser levada à sério. Por isso é bom ter atenção ao escrever, pois a nossa fala influencia, muito mais do que imaginamos, em nossa escrita.

Palavras como "tá", "né", pra", "tô", são expressões de fala e, salvo exceções específicas, não devem ser transcritas para a obra.

VOCATIVOS

Um dos elementos muito utilizados nos diálogos são os vocativos, que sempre causam grandes dúvidas quanto o seu uso.

O vocativo é um chamamento, uma invocação ou um apelo. É usado no discurso direto, quando o falante se dirige ao ouvinte, ou seja, quando quem fala chama, nomeia ou invoca a pessoa com quem está falando. Frequentemente apresenta uma entonação apelativa e exclamativa.

O autocorretor do Word corrige, erroneamente, os vocativos. Esse elemento frasal sempre deve ser destacado por vírgulas. Essa informação é de extrema importância, guardem bem ela.

>> Os vocativos podem vir acompanhados de interjeições, como: oi, ai, ei etc.

Exemplos:

— Oi, Ana, como vai?

— Ei, rapaz! Venha até aqui.

"Oi" e "Ei" são interjeições e "Ana" e "rapaz" são os vocativos.

>> Algumas expressões de apelo também podem caracterizar um vocativo, como o "por favor".

Exemplos:

— Por favor, querido, volte logo!

>> O vocativo pode aparecer no início, no meio ou no fim das frases.

Exemplos:

Filho, estou aqui te esperando!

— Espera, meu amor, que eu estou chegando!

— Não coma tão depressa, menina!

Alguns verbos de fala para ajudá-los:

É complicado? Sim!
Importante? Muito! 

Se ficou alguma dúvida, pergunte. Nossa querida Clys estará ajudando no que for possível e juntas responderemos as perguntas que surgirem. 

Obrigada Clys, pela disposição em ajudar. Já disse que te admiro, não é? 

Equipe Paixão e Pureza:

Mainamattos     kells2carvalho   milenadcardoso 

Apoio:   dulci_022   Clysoliveira

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