Na manhã seguinte, o sol brilhava com um tom suave, como se o mundo quisesse celebrar a nova fase de Sunghoon e Jake. Eles caminharam juntos até a escola, de mãos dadas, sem se importarem com os olhares curiosos que começavam a surgir por onde passavam. O movimento dos alunos ao redor diminuía quando viam a cena, e as conversas se interrompiam por um segundo. O casal, no entanto, estava alheio à atenção que atraíam. Para eles, aquela era a única coisa que importava naquele momento — a certeza de que estavam juntos, finalmente.

A turma estava em um burburinho quando eles entraram na sala de aula. Algumas pessoas olharam para eles com surpresa, outras com confusão, mas ninguém se atreveu a dizer uma palavra. No meio da agitação, Jay foi o único a não demonstrar espanto. Ele já sabia o que estava acontecendo entre Sunghoon e Jake, sempre soubera. Para Jay, aquele momento não era nenhuma surpresa, apenas uma confirmação do que ele já havia percebido há muito tempo.

─── Vocês dois finalmente se entregaram, hein? — Jay disse com um sorriso descontraído, para Jake, como se fosse a coisa mais natural do mundo. ─── Já estava na cara esse amorzinho de vocês, pra falar a verdade.

Jake deu um sorriso tímido, mas não comentou mais nada. Ele sabia que Jay sempre foi perspicaz e que, de certa forma, ele havia apoiado sua luta interna.

Por outro lado, Wonyoung, a namorada de Sunghoon, estava parada no canto da sala, observando a cena com um misto de confusão e tristeza. Ela se aproximou de Sunghoon durante o intervalo, com o olhar sério, mas sem raiva.

Não havia necessidade de gritar ou acusar, ela queria apenas entender a situação.

─── Hoonie, precisamos conversar — disse Wonyoung, sua voz baixa e calma.

Eles saíram para um lugar mais afastado, onde poderiam falar sem interrupções. Sunghoon a olhou, sentindo uma culpa crescer dentro de si. Ele sabia que a relação com Jang não era a mesma desde o momento que os sentimentos por Jake começaram a surgir, mas não sabia como colocar tudo em palavras.

─── O que está acontecendo, Sunghoon? — Wonyoung perguntou, ainda mais calma do que ele esperava. ─── Eu não entendo... você estava tão bem com a gente, e agora... agora você aparece de mãos dadas com ele, sem mais nem menos.

Sunghoon respirou fundo, buscando uma forma de ser sincero, sem ferir ainda mais Wonyoung. Ele não queria que ela se sentisse descartada, mas sabia que a situação era inevitável.

─── Eu... eu não sabia como dizer isso, Wonyoung. Mas, eu... sou bissexual. Sempre soube, na verdade. Só que eu nunca tive coragem de encarar o que isso significava para mim. E... Jake sempre foi mais do que um amigo. Eu sempre senti algo por ele, mas tentei ignorar. Quando a gente se afastou, eu tentei seguir em frente com você. Eu realmente tentei, mas não era justo com você, nem comigo. Eu sinto muito, Wonyoung. Não era para ter sido assim.

Wonyoung ficou em silêncio por um momento, os olhos fixos em Sunghoon, processando as palavras que acabara de ouvir. Ela não sabia como reagir a isso, mas o que sentiu foi uma mistura de alívio e tristeza. Ela sabia que havia algo entre os dois, mas não conseguia entender por que Sunghoon nunca havia sido completamente honesto.

─── Então, você sempre sentiu isso por ele? — ela perguntou, a voz ainda calma, mas agora com uma dose de compreensão. ─── Eu entendo, Sunghoon. Acho que sempre soube, no fundo. E, embora tenha me machucado, eu não vou te prender em algo que não é o que você realmente quer. Eu... acho que só preciso de um tempo para processar isso, mas eu entendo. — Ela sorriu de forma suave, tentando não mostrar a dor que sentia. ─── Espero que vocês dois sejam felizes.

Sunghoon se sentiu aliviado pela compreensão de Wonyoung, embora soubesse que ela estivesse passando por uma dor silenciosa. Ele a abraçou por um breve momento, como um último gesto de carinho, e disse:

─── Você vai encontrar alguém incrível, Wonyoung. Você é maravilhosa, de verdade. Eu espero que você seja feliz também. E, novamente, sinto muito.

Eles se separaram com um sorriso triste, mas ao menos a conversa havia sido sincera. Sunghoon sentiu que, finalmente, havia libertado tanto a si mesmo quanto a Wonyoung, e agora poderia viver sua verdade sem mais segredos.

O resto do dia foi um pouco mais tranquilo, mas, no intervalo seguinte, Sunghoon e Jake se encontraram no jardim da escola, onde sempre costumavam ficar quando queriam uma pausa do caos dos corredores. A grama estava verde e as árvores forneciam uma sombra agradável, fazendo o lugar ser um refúgio perfeito para eles.

Sentaram-se juntos, deitados na grama, observando o céu, as nuvens flutuando preguiçosamente. A conversa começou leve, como sempre, sobre o formato das nuvens, e de repente, uma nuvem que parecia um dragão fez Jake rir, apontando para o céu.

─── Olha aquela! Parece um dragão! — ele exclamou, gesticulando com as mãos. ─── Ou talvez seja uma águia... depende do ângulo.

Sunghoon sorriu, acompanhando o movimento dos dedos de Jake, mas seus pensamentos estavam em outro lugar. Ele olhou para o lado e encontrou os olhos de Jake, e por um momento, tudo parecia se alinhar dentro dele. A sensação de que estavam exatamente onde deveriam estar.

─── Eu nunca imaginei que estaríamos aqui — disse Sunghoon, com a voz suave, quase inaudível. ─── Quero dizer, depois de tudo o que aconteceu... eu pensei que talvez nunca mais nos entendêssemos da mesma maneira.

Jake virou o rosto para ele, o olhar sério, mas os olhos ainda cheios de carinho.

─── Eu não me importo com o que aconteceu no passado, Sunghoon. Eu só sei que eu te amo. — Ele falou com firmeza, a mão de Sunghoon procurando a sua. ─── E agora, só quero estar com você.

Sunghoon sentiu o coração acelerar com aquelas palavras, como se o peso de tudo o que ele havia sentido finalmente tivesse sido libertado. Ele olhou para Jake, um sorriso suave surgindo nos lábios.

─── Eu também te amo, Jake. Eu te amo há tanto tempo, mas nunca soube como dizer. Eu estava com medo... mas agora eu sei. Sei que te amo.

E, com essas palavras, o mundo ao redor deles parecia desaparecer. As nuvens, os sons da escola, tudo se dissipou quando eles se aproximaram um do outro e se beijaram. Desta vez, foi um beijo tranquilo, mas cheio de emoção, como se cada parte deles finalmente se encaixasse, como se o mundo finalmente tivesse encontrado seu equilíbrio.

Quando se separaram, ainda respirando ofegantes, sorriram um para o outro, as mãos entrelaçadas com mais força, sabendo que, agora, nada os separaria.