22 - Maneiras


Ela estava sentada ao meu lado. Falávamos sobre aulas, leituras, provas e uma disciplina horrível que eu odeio suportar, da faculdade.

– Você acha que é fácil ser um aluno exemplar?  – ela conversava com um pirulito na boca. Isso modificava sua voz, um pouco.

Sua imagem era uma pintura; eu a adorava por isso.

– Você tem que se esforçar, mesmo em matérias escrotas, se quiser ser um exemplo  – completou.

Meu olhar namorou sua boca... e depois a traiu com o chão.

– Não quero ser nenhum exemplo. Quero o que quero. Quero o que me interessa  –  talvez ela me interessasse naquele momento.

Ela arrancou o doce dentre seu lábios.

– Cadê seu espírito competitivo, cara?

– Espírito competitivo? Competir com quem? Pra quê?  – Ergui-me, fingindo que tinha forças para estar irritado.  –  Quer saber? Acho que tenho esse espírito sim. Compito comigo mesmo. Mas eu preciso me importar com o prêmio dessa briga, entende? Não aguento mais me despedaçar por algo que não me excita!

Com o pirulito perto da boca, ela me contemplava, confusa – a reação do tipo comum quando me boto para fora diante das pessoas, ao menos das que se importam.

– Que seja – ergui meus olhos para o teto e para as lâmpadas. Soltei um sorrateiro grunhido.

Acheguei-me de onde ela estava. Somente para apanhar minha bolsa.

Cacete! Merda! É por isso que você afasta as pessoas.

– Que seja. Eu tô exausto. E essa briga, e esse prêmio... são só desculpas. Maneiras de continuar vivendo.

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