Capítulo 48

-O quê? -Luke indaga quase em um sussurro. -Co-como i-isso aconteceu? -Pergunta, colocando-se de pé.

-Quer mesmo uma explicação sobre como seu filho foi concebido? -Questiono acidamente, sem conseguir me conter.

Isso não é óbvio?

Cecília me joga um olhar desaprovador enquanto a menção a um "filho" faz Luke cambalear. A princesa tenta se aproximar, mas o soldado se afasta com uma expressão horrorizada se desenhando em seu rosto.

-P-por que você... -Luke inicia, com uma gagueira recém descoberta. -Você não tinha o direito de esconder isso de mim. Há quando tempo sabe disso? -Ele inquere. Ao receber o silêncio como resposta, um sorriso sarcástico aparece em sua face. -Todos já sabiam, não é? Menos quem mais importava. Como pôde ser tão egoísta? Você ultrapassou todos os limites dessa vez, princesa. -Ele decreta sarcasmo e dá as costas, partindo em direção à floresta.

Instantes depois, Cecília desmaia e antes que sua cabeça se choque contra o solo, amparo seu corpo. Mais de um par de mãos aparecem antes que eu consiga processar com calma os acontecimentos imediatos e limitar a cólera crescente ao fitar o caminho seguido pelo soldado lupino.

Pegando Cecília em meu colo, carrego-a para dentro da casa sem dar ouvidos aos protestos dos demais e a acomodo na grande cama de mogno destinada ao casal. Em seguida, volto-me para a única pessoa capaz de cuidar de Cecília e do bebê.

-Suzi, preciso que cuide deles enquanto eu espanco o Luke até a morte por ser um completo idiota. -Atiro, fazendo seus olhos se arregalarem. -Não, Suzi, não no sentido literal. Fique tranquila. Talvez apenas alguns socos, quem sabe? -Garanto, não alcançando êxito em acalmá-la. -O restante de vocês não atrapalhe, por favor. -Dirijo-me aos demais, sem encarar seus semblantes preocupados.

Para onde aquele estúpido terá ido?

Como um tufão de raiva, parto em direção à mata. Assim que estou entre as árvores, permito que meus sentidos lupinos se agucem. Sentindo-me em uma caçada, procuro pelos rastros de Luke e os sigo, chegando na mesma clareira em que John me encontrou dias atrás.

Luke está sentado próximo à água, mirando o espelho plano e cintilante. Seus ombros curvados e bochechas úmidas indicam querer afastamento de qualquer pessoa, entretanto, para sua má sorte, não sou qualquer uma.

Sou aquela que chutará a sua bunda!

-Levante-se. -Ordeno.

Ele nem mesmo ergue seu rosto para mim. Ignora-me como se ninguém residisse na casca que virou seu corpo. Com um movimento da minha mão, movo o plácido lago, formando uma onda que se choca contra Luke.

Meu amigo se mexe rapidamente, porém, não consegue desviar da enxurrada que o atinge. Tossindo ele tenta se levantar e parece pronto para uma briga.

-Mas que porr... -Luke começa, entretanto, antes que chegue ao fim do xingamento, mais uma torrente violenta o alcança e o desequilibra.

-Vamos ter que lavar a sua boca suja, lobinho! -Gracejo com ironia.

Quando Luke se coloca de pé novamente, ele corre em minha direção e tenta me derrubar, cego pela raiva. Eu o contorno e o derrubo, deixando seu rosto pressionado ao chão. Coloco um dos meus joelhos contra a base de sua coluna e prendo seus braços atrás das costas.

-Não vou soltá-lo até que se torne um ser racional novamente. -Aviso e torço seu antebraço com mais intensidade para que ele compreenda que não se trata de uma ameaça vazia. -Cecília errou feio ao esconder algo tão grave, não posso descordar disso. Também tive um pequeno episódio de histeria quando descobri. Todavia, isso não lhe dá o direito de abandoná-la com um filho na barriga ou fazer o que quer que seja para magoá-la. Você não é esse tipo de pessoa, Luke. Possui tanta responsabilidade quanto Cecília na geração dessa criança e vai amá-la e cuidá-la até o dia da sua morte. -Decreto.

-N-não posso viver sem ela, Scarlett. Não posso arriscar sua vida. -Luke diz e um soluço escapa por sua garganta.

-Não é sua escolha, Luke. -Afirmo com delicadeza.

Lágrimas grossas desatam por suas bochechas logo depois. Sentando-me ao seu lado, envolvo-o em meus braços da melhor forma possível e tento não deixar que sua dor também estilhasse a minha alma.

Ah, o amor! O pior e o melhor misturados em somente uma única experiência.

-Acredita mesmo que um parto tirará a vida de Cecília? Estamos falando da mesma Cecília mesmo? Ela vai lutar com todas as suas forças para permanecer nesse mundo e cuidar da família que construiu. Nem mesmo a morte a impedirá de conseguir o que quer. -Declaro, tentando conter meu próprio choro.

O corpo de Luke parece se tranquilizar com minhas palavras e os espasmos de sofrimento se atenuam. Ele encara meus olhos como se desejasse que eu esteja certa.

Também possuo o mesmo desejo.

-Ela não lhe contou antes porque temia sua reação, exatamente como aconteceu. Se você tentasse fazê-la escolher, ela optaria pela criança sem piscar duas vezes porque é impossível conceber a hipótese de matar uma parte sua que vive dentro dela. Uma composição de vocês dois. -Tento explicar. -O amor foi aterrorizante tanto para mim quanto para você, não é mesmo? Nós nos apaixonamos por pessoas inalcançáveis e quando se tornou real, nosso medo de perdê-los foi sufocante. Entretanto, amar alguém exige viver todos os dias com essa angústia sobre nossas cabeças e quando o amor é correspondido tudo fica ainda mais difícil porque se concreto e definitivo, não mais uma fantasia. -Luke não faz perguntar diante da minha confissão, mas seu olhar permanece carregado de questionamentos. -Se você realmente não pode viver sem ela, precisa apoiá-la, incentivá-la e estar lá para segurar sua mão quando a hora chegar. Pode fazer isso? -Pergunto com suas mãos sobre as minhas.

Luke respira profundamente enquanto pequenas gotas escorrem de seus cabelos até o queixo reto. Seus olhos castanhos brilham com todos os sentimentos contidos em seu coração enquanto ele gesticula em afirmação.

-Então vamos lá, vamos recuperar sua noiva e seu filho. -Ofereço e me levanto. 

Quando atingimos o portal de entrada, permito-me alguns segundos para admirar a bela mobília que agora decora toda a casa. Luke não havia medido esforços para transformar o lugar em um verdadeiro lar.

Os convidados ocupam os estofados da sala de estar, enquanto a porta do quarto em que acomodei Cecília permanece fechada. Provavelmente, Suzi afastou a todos de sua volta.

Boa, garota!

Olhares indagadores nos acompanham pelo corredor, principalmente pelo estado em que Luke se encontra e minhas próprias roupas semi molhadas. Seguimos até o quarto e eu abro somente uma fresta para avaliar a situação em seu interior.

Cecília está deitada conversando baixinho com Suzi que acaricia sua cabeça. Ao me notar, seus olhos marejam novamente.

-Trouxe algo de volta para você, provavelmente precisará de um banho antes de estar utilizável. -Gracejo e escuto um ruído de desaprovação vindo de Luke atrás de mim.

Ao se deparar com a figura do noivo, a princesa abre as comportas de seu pranto, encharcando suas bochechas. Luke nem mesmo pestaneja e se projeta para dentro, tomando Cecília em seus braços em segundos.

-Não vou aceitar viver sem você. Se ousar morrer, Cecília, irei atrás de você e a trarei de volta não importa onde esteja. -Luke diz, distribuindo beijos sobre Cecília que parece não se importa que os lençóis fiquem molhados.

Tanto Suzi quanto eu deixamos os dois sozinhos e nos juntamos aos outros. Eleonor ainda parece chocada com a notícia de que será avó, enquanto Morgana discute com Rurik e Magnus, um visitante levemente atrasado, o quanto a novidade é uma dádiva.

-Sabia que você o traria de volta. -Suzi diz, dando-me um abraço inesperado. -Em algum momento, você terá que cuidar do seu próprio coração também. -Ela sussurra em meu ouvido.

Assunto proibido, Suzi!

Depositando um beijo em minha face, ela se afasta e se coloca ao lado de Davi que está devorando um grande pote de biscoitos. Ele sorri ao me ver com pedaços de chocolate caindo por seus lábios.

Sinto um par de olhos azuis sobre mim sem nem ao menos mirá-lo. John está ao lado da poltrona mais distante na qual Eleonor está sentada, ainda assim, pressenti sua presença antes mesmo de cruzar a porta da casa, como se uma linha nos unisse e identificasse.

Uma ligação que o tempo não conseguiu consumir.

-Quais são os reais riscos que essa gravidez traz a minha filha? -A rainha inquere inesperadamente.

A atenção de todos se volta em minha direção imediatamente. Minha garganta seca com tantas perspectivas que rondam o futuro. Decido pela sinceridade.

-A gestação de um lupino não é compatível para um corpo elemental. Dário deixou claro que a probabilidade de morte é alta. -Informo com calma.

O silêncio que se segue é inquietante. Meu pai fita a rainha com empatia, como se pudesse mensurar o tamanho da dor que essa possível perda causará a ela.

-Contudo, quero que as probabilidades se danem e vão para o inferno! -Falo, contemplando o choque coletivo. -Cecília é uma das mulheres mais fortes que já conheci e não será uma gravidez a acabar com a sua vida. Se for para morrermos, que o destino seja mais criativo e prepare algo épico. -Atiro e dou uma piscadela a uma Eleonor horrorizada. -Agora, se me dão licença, senhores e senhoras, preciso me preparar para o casamento do ano. -Declaro e viro-me apenas a tempo de receber o impacto do abraço de Cecília com os pés meio firmes no chão, evitando uma queda por pouco.

-Você é a melhor pessoa que encontrei em toda a minha vida, apesar de ser completamente insana. -Ela alega e gargalha, um som único e adorável. -Nunca mais tente afogar o meu homem. -Cecília requere com o dedo indicador em riste para mim.

-Não posso prometer nada. -Contraponho, sorrindo para seu rosto corado.

Viva, ela permanecerá viva!

Cada detalhe na cerimônia de casamento de Luke e Cecília foi perfeito. Sua entrada com Eleonor e John foi comovente, a benção dada por Calium foi emocionante e a dança do feliz casal em meio ao círculo de convidados foi bela. Nem mesmo Eleonor conseguiu ficar imune à atmosfera de felicidade que tomou conta de toda a aldeia, derramando algumas lágrimas ao contemplar a felicidade da filha.

Sentada em uma cadeira distante, observo enquanto todos festejam o que pode ser a última comemoração em algum tempo. A champanhe faz cócegas em minha língua e queima seu caminho em minha garganta, porém, é uma distração bem-vinda para afastar meus planos futuros da mente.

-A madrinha não deveria estar dançando? -Kayke questiona, ocupando o assento ao meu lado.

-A madrinha está com os pés doloridos. -Alego e faço uma careta ao engolir o último gole do espumante.

-Bem, vesti esse traje social somente porque a Cecília me obrigou, sendo assim, você pode fazer o sacrifício de dançar comigo, não acha? -Ele indaga com um sorriso de lado.

Não há como negar o quanto Cecília acertou em colocar um smoking preto em Kayke, a visão é realmente de tirar o fôlego. Sem ter como dizer não ao seu sorriso, seguro em uma de suas mãos e o deixo me arrastar para a pista de dança improvisada.

Uma balada lenta soa de uma imensidão de instrumentos, gaitas, violões, violinos, tambores, flautas e muitos outros, praticamente uma orquestra. Kayke aproxima nossos corpos e coloca uma de suas mãos em minha cintura, guiando-nos no ritmo da música sem dificuldades.

-Sabe, depois que você disse que pretende ter uma morte épica, meu conceito sobre sua pessoa pode ter melhorado. -Kayke diz, fazendo graça.

-Eu estava sendo sincera. Qual o sentido de ter uma morte patética? -Questiono franzindo as sobrancelhas.

-Creio que o sentido está em não morrer. -Ele fala, ampliando ainda mais o sorriso diabólico. -Você é uma caixa de surpresas, Scarlett Protego. -Kayke acusa.

-Pelo menos a vida ao meu lado é uma garantia de ausência de tédio. -Contraponho em ironia.

-Uma vida ao seu lado seria um presente para qualquer um. -Ele afirma, seus olhos assumindo um brilho característico.

-Como está Roama? -Indago, sem saber como lidar com esses sentimentos confusos oscilando entre nós.

-Melhorando, ficou chateada por não estar aqui. Essa festa sem dúvidas não será tão memorável sem ela par causar algum problema. -Ele declara com uma risada leve, parecendo aliviado com minha intervenção em nosso momento constrangedor.

Apesar de haver algo mais profundo entre Kayke e eu, não sei se ambos estamos preparados para escavar mais a fundo do que nossa amizade confortável. Provavelmente, o risco de sairmos magoados nos afasta desse poço carregado do desconhecido.

Quem sabe um dia sejamos corajosos o suficiente?

Quando a canção acaba, alguém se posiciona em minhas costas, fazendo um arrepio se espalhar por meu corpo inteiro. Kayke, instantaneamente, assume uma postura hostil.

-Posso ficar com a próxima dança? -John pergunta suavemente.

Se ele percebe a reação de Kayke, não demonstra porque seus olhos se prendem aos meus assim que me viro em sua direção. Preciso conter um suspiro ao vê-lo por completo com um traje social muito parecido com o que eu costumava retirar algumas peças no palácio quando me sentia ousada. Durante toda a celebração, proibi-me de olhá-lo ou procurá-lo pela multidão, é mais fácil ignorar sua existência.

Tem certeza disso?

No entanto, com a sua proximidade é impossível não absorver toda a beleza que o príncipe transborda. Seu corpo anteriormente magro, agora está começando a ter as antigas curvas musculares, suas olheiras sumiram e o azul de seus olhos brilha da mesma forma de quando nos conhecemos.

Aceno afirmativamente, não para John, mas para Kayke que ainda mantém um aperto firme em um dos meus braços. Negar o pedido do príncipe em meio aquela multidão seria o mesmo que colocar um alvo de fofocas em nós dois.

É só por essa razão realmente, Scar?

-Como está sua noiva? -As palavras saem da minha boca sem que eu consiga controlar assim que Kayke se afasta.

John se aproxima mais do que o necessário e aperta a região acima do meu quadril. Encaro seu peito a minha frente para impedi-lo de ver minhas bochechas vermelhas.

-Não possuo uma noiva. -John afirma. -Na verdade, minha esposa está bem na minha frente, então se quiser saber como ela está, terá que questionar a si mesma. -Ele diz, sua voz entre o riso e a seriedade.

Meu coração traidor acelera com a palavra "esposa". Depois da nossa conversa na clareira e as revelações do príncipe, não sei mais como lidar com a bagunça de sensações guardadas em meu peito.

Tola, tola, tola!

-Caso você esteja se referindo a noiva imposta por Arthur com quem jamais possuí qualquer envolvimento, posso lhe informar que Katrina está desaparecida desde o dia do ataque à vila. Depois de toda a confusão passar, encontrei um bilhete seu avisando que partiria porque não se adaptara aqui. -John explica.

Essa informação desperta meu interesse e levanto meu rosto para o seu. Um sorriso travesso se alarga em seus lábios cheios.

-E você não quis procurá-la? -Pergunto.

Está em busca de tortura gratuita, é?

-Não. Tudo de mais importante para mim está nessa aldeia. Ouso dizer que todo o meu mundo está agora em minhas mãos. -John responde e me gira em seus braços.

A proximidade faz minha respiração ficar ofegante e acelera meus batimentos cardíacos. O príncipe, aparentemente, não está mantendo pudores sobre suas intenções.

Antes que eu precise montar uma resposta coerente além de simplesmente gaguejar, Calium se coloca no meio da multidão e requere sua atenção. Rapidamente, desvencilho-me de John e vou até Magnus, parado próximo ao sábio.

-Nessa noite solene, meus amigos, nosso líder deseja compartilhar convosco a felicidade do reencontro com sua filha que, há muitos anos, foi levada de nosso convívio. -Calium inicia. -Scarlett é a herdeira eleita dos lobos, a transfiguração a sua forma lupina torna esse fato irrefutável. -Ele decreta recebendo alguns vivas em resposta. -Há uma lenda, passada de geração em geração, que prevê o retorno do lobo branco, o lobo que deu origem a linhagem de humanos com a capacidade de transmutação, os lupinos. Sua volta estava prevista para momento em que o mundo precisasse ser reformulado, quando a violência e o ódio estivessem ameaçando nossa sobrevivência e modo de vida. -Calium conta, surpreendendo-me. -Lykaios é a esperança da vitória nessa guerra que adentra nossa floresta. O Espírito Indomável, Lykaios, regressou para salvar nossa nação e somos abençoados por vivenciarmos esse recorte da história. -Calium diz e se volta para mim se ajoelhando. -Scarlett Protego, nós a reconhecemos como líder de nosso povo e a partir deste dia nossa missão será proteger e servir! -O sábio declara em voz alta e bate em seu peito com o punho fechado.

Como em efeito dominó, todos os presentes se ajoelham e socam a região em que seus corações está, baixando sua cabeça em direção ao solo em sinal de respeito. Para meu completo desespero, até mesmo meu pai copia a atitude e em uníssono, o povo brada:

-PROTEGER E SERVIR!

O peso daquele ato recai sobre meus ombros e tenho dificuldade em respirar. Até mesmo crianças e idosos fazem o ritual, impulsionados por suas crenças antigas que desconheço.

Espero que haja tempo para aprender.

Nem mesmo em meus sonhos mais alucinantes imaginei o destino preparado para mim. Se me dissessem quando criança que meu pai é um lupino e minha mãe uma fada, eu riria incontrolavelmente em completa descrença. Todavia, enquanto cada cidadão estende sua mão para apertar a minha, assumo o papel de salvadora, herdeira e única esperança. Darei minha vida para salvar as deles. 

A lua já começa a se recolher quando o último cidadão embriagado decide voltar para sua casa depois da longa comemoração. Enquanto observo o espaço pela janela do meu quarto, contabilizo novamente a bagagem que levarei comigo.

Mais cedo, ao deixar a casa de Luke, organizei os últimos detalhes para minha partida: uma mala com sacos de dormir e mantimentos está escondida junto às árvores mais próximas da mansão, prendi uma corda a um dos pés chumbados ao chão da banheira e a deixei próxima à janela para me auxiliar ao chegar solo.

Colocando a mochila com roupas nas costas e algumas facas que surripiei da cozinha, respiro fundo uma última vez e começo a descer pela fenestra. A cada passo, sinto o peso da minha decisão.

Voltar atrás não é mais uma opção.

Sorrateiramente e aproveitando as últimas horas de escuridão noturna, chego à margem esverdeada, recupero o restante dos meus pertences e caminho até a parte de trás da mansão, encontrando um Velikaya sonolento e enrolado sobre seu próprio corpo gigantesco.

-Olá, garotão. Está na hora de voar até a clareira. Vá e espere por mim, combinado? -Solicito, recebendo uma expiração profunda como resposta.

Por conta da magia que protege o Bosque dos Álamos, não é possível sobrevoá-lo. Quem decide se arriscar, fica desorientado e acaba se perdendo em seu interior eternamente.

Enquanto Velikaya alça voo, observo suas enormes asas se estenderem em toda a sua envergadura e conquistar o céu pontuado por poucas estrelas desfalecidas. Assim que dou o primeiro passo para adentrar a mata fechada, uma voz me paralisa e desencadeia um leve tremor em meu corpo.

-Pensando em ir a algum lugar? 

Olá, pessoas! Mais um capítulo da madrugada saindo. 

Espero que gostem!

Até o próximo! :)

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