Capítulo 9
Bruce
- Pelo jeito não conseguiu comprar a casa. - Mark gargalha alto ao me ver.
- Não. - Bufo frustrado.
- Está sem sorte meu amigo.
- Não vai durar muito tempo. - Sorrio convencido. - Você sabe que sempre consigo o que quero.
- Parece que dessa vez não.
Tiro minha camiseta molhada e jogo no chão, irritado com aquela maluca que me deu um banho com a mangueira.
É a primeira vez que me deparo com alguém tão obstinado em não fazer o que eu quero, só que eu não irei desistir até comprar aquela casa.
Malia pode ir se acostumando em me ver todo dia, porque não a deixarei em paz até eu ter o que eu quero, e se preciso for jogarei sujo.
- Não tentou seduzi-la usando seu charme? - Mark indaga. - Como faz na maioria das vezes?
- Malia não é como as mulheres que já conheci.
- Como assim? Até onde me lembro, você fala que todo mundo tem um preço ou um ponto fraco.
- Ela não se vende por dinheiro, mas tem um ponto fraco, os pirralhos dos seus irmãos. -Falo.
- Então vai usar isso a seu favor, e depois de conseguir o que quer fará o que sempre faz, fugir?
Mark é meu amigo há anos, e conhece muito bem as táticas que uso em meus negócios. Nunca cometi nenhum crime, e minha empresa é limpa, porém de vez em quando acabo fazendo algumas coisas desagradáveis para ter o que quero.
Não aceito erros de quem quer que seja, e se não for para ter sucesso absolutamente em tudo, nem começo algo, porque se tem uma coisa que odeio mais que tudo, é falhas de qualquer tipo.
- Ainda estava usando o meu plano inicial, mas como não surtiu efeito terei que começar com o plano b. - Me jogo no sofá e fico olhando para o teto.
- E qual seria? - Questiona.
- Depois de tantos anos sendo meu amigo ainda me pergunta qual é meu plano b?
- Vai fazer a coitada da garota se apaixonar por você? - Mark fica surpreso.
- Será exatamente isso que farei, e quando ela estiver comendo na minha mão, a convencerei de vender a maldita casa.
- Arrume outro jeito de conseguir aquela casa Bruce. - Mark fala. - O que planeja fazer é muita covardia.
- Você é sempre tão sensível. - Reviro os olhos. - Para fazer negócios não podemos ser sentimentais meu amigo.
- Vai mesmo machucar uma garota que parece já estar sofrendo? Quer acabar com ela ainda mais?
- Não leve para o lado pessoal, é apenas negócios. - Dou de ombros.
Tenho pena da vida que Malia leva, mas não o suficiente para desistir do que quero, e eu nunca fui sentimental antes, e não será agora que irei começar a ser.
Pagarei o dobro do que sua casa vale porque tenho um bom coração, e ela pode usar esse dinheiro para mudar de vida. No final das contas ainda estarei ajudando a pobre coitada.
- Não consigo entender como pode ser tão frio e insensível. - Mark balança a cabeça em negação.
- Mas eu não sou. - Sorrio largo.
- Claro que não. - Ele bufa alto. - Só planeja fazer uma coitada se apaixonar por você, e depois vai lhe dar um pé no traseiro. Isso mostra o quanto você é um bom homem.
- Ela vai sofrer por um tempo, mas vai superar como sempre acontece.
- Às vezes tenho vergonha de mim mesmo por ser seu amigo. - Mark faz uma careta.
- Pare de drama Mark.
Ouvindo ele falar até parece que sou um monstro, e eu não sou. Apenas sou um homem que coloca negócios a frente de qualquer coisa, e isso não faz de mim uma pessoa ruim.
- Pense bem antes de fazer o que planeja Bruce. - Mark parece preocupado. - Você mesmo falou que essa garota não é como as outras, e por isso po...
- Pare de se preocupar com tudo Mark.
Toda vez que nossa empresa consegue um bom negócio, meu amigo já começo a agir com o coração ao invés da razão. Mark é muito sensível e caloroso, e na maioria das vezes isso acaba atrapalhando tudo.
No nosso ramo não podemos ter pena de ninguém, caso contrário não estaríamos onde estamos. Talvez eu tenha pisado em cima de algumas pessoas no processo, mas hoje em dia todos tem uma boa vida graças aos meus muitos esforços.
- Ainda acho que seria melhor deixar aquela garota em paz.
- Isso não vai acontecer.
- Sua residência está muito longe da área de construção Bruce, então por quê quer comprá-la a todo custo? - Mark me olha. - Ah, já entendi.
- Entendeu o quê? - Pergunto.
- Está vendo isso como um desafio que você quer ganhar a todo custo.
- Você está certo. - Assumo. - No momento em que Malia negou meu pedido, acabou virando um desafio para mim.
- Tenho pena dessa pobre garota, porque ela teve a má sorte de cruzar seu caminho.
Não irei despejar Malia de sua casa sem absolutamente nada, e da forma que Mark fala até parece isso, porém eu a deixarei com a vida ganha, basta ela fazer o que eu quero.
Malia é uma garota forte, mas até mesmo pessoas fortes são capazes de quebrar, e se for preciso farei isso para que ela me venda aquela casa.
Seu ar arrogante não vai durar por muito tempo, porque se tem uma coisa que eu sei fazer, é ser bem insistente, e agora que planejo colocar meu segundo plano em ação, é apenas questão de tempo até eu ter Malia na minha mão.
Quando a vi pela primeira a achei muito atraente, e apesar de não ser o tipo de mulher que costumo sair, não será sacrifício algum tê-la em meus braços.
Posso deixar meu gosto refinado de lado e começar a experimentar coisas exóticas, e será exatamente isso que farei a partir de hoje.
Deixarei Malia louca por mim, até o ponto de fazer tudo o que eu quiser, e apesar de ter em mente que estou sendo um cretino ao pensar assim, não sinto pena alguma.
Talvez eu realmente seja o homem sem coração que Mark tanto fala, e uma parte de mim até gostaria de ter esse sentimento chamado de pena, porém eu não tenho.
A minha falta de amor ao próximo não me afeta em nada, e eu gosto de não ter sentimentos algum. Para que sentir amor? Isso é algo que apenas vai te deixar vulnerável e te fazer sofrer, e por isso não tem um lado bom.
Eu pelo menos nunca conheci o lado bom do amor se é que existe, e se existir não tenho intenção alguma de experimentar algo que é tão fútil para mim.
Malia não merece o que planejo fazer, mas isso não me faz eu sentir culpado, porque tudo teria sido evitado se ela não fosse tão teimosa. Ela só teve a má sorte de conhecer alguém ainda mais teimoso que ela, então terá que aguentar as consequências.
- Espero que dessa vez você acabe se apaixonando, e que depois dela descobrir tudo te faça sofrer.
Jogo a cabeça para trás e gargalho algo, porque acho muito engraçado o que meu amigo acabou de falar.
- Está ficando maluco Mark? Eu? Me apaixonar por aquela caipira? - Continuo rindo. - Não perca seu tempo esperando por isso, porque com toda certeza não vai acontecer.
- Algo me diz que dessa vez você está bem errado Bruce.
- Daqui algum tempo veremos quem tem razão, e já pode ter certeza que será eu. - Sorrio com malícia.
Eu nunca me apaixonei por quem quer que seja, e não será agora que isso vai acontecer, por isso acho que meu amigo está perdendo o juízo ao achar que tem a menor possibilidade deu gostar da Malia.
- Vamos fazer uma aposta? - Mark pergunta.
- Quer apostar o quê?
- Se em um mês estiver apaixonado por Malia, vai desistir da compra da sua casa. - Mark fala seriamente.
- E se ela se apaixonar por mim nesse período? - Indago.
- A aposta aqui é você sobre, e não Malia.
- Ok. - Digo apenas.
Estendo a mão para selarmos nosso pacto, com a certeza absoluta que eu irei ganhar essa aposta, e então Mark acabará colocando na cabeça de uma vez por todas que amor e Bruce, são coisas incompatíveis.
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