Luca Mancini

Depois que recebi a visita nada agradável da Roberta meu dia ficou azedo. Só faltava chutar o vento de tanta raiva, e para piorar Batista me ligou informando que Luísa e Natália tiveram a brilhante ideia de entrarem no shopping sem ele, mas essas duas sozinhas são um perigo, estava com pena do Batista.

Liguei para Natália na mesma hora, quando ela atendeu com "Oi amor", conseguiu me desarmar por completo. Mas não deixei de chamar atenção da loucura das duas, mas sei que foi ideia da pentelha da Luísa, já conhecia suas façanhas. Minha irmã é um perigo!

Mas notei que Natália ainda estava com uma voz de preocupação, ela se mostrou tão transparente e isso para mim foi fascinante.

As horas passaram muito rápido. Logo encerramos o expediente, fomos para o carro e já tinham dois carros para escolta atrás, Liam foi dirigindo meu carro, não estava muito afim de pegar o volante.

Estava no celular respondendo uns fornecedores quando ele deu uma freada brusca, me fazendo olhá-lo assustado.

— Caralho Liam, o que foi? — falei com raiva, mas ao olhar para frente do carro vi o motivo na frente do carro.

Uma moça de origem humilde está bem na frente do mesmo, a moça é uma morena bonita, mas nada chama a minha atenção, pois só tenho olhos para minha loira. Mas, não posso dizer o mesmo que meu irmão, Liam fica um tempo analisando a moça e por um momento acho que ele está fascinado, mas ele logo disfarça.

— Menina, você está louca? Você por acaso queria morrer? Como você atravessa desses jeito? — Liam falou esbravejando, saindo do carro.

Tinha uma moça com uma caixa de madeira cheia de pacotes dentro. Parecia ser uma vendedora ambulante.

Dentro do carro pude ver ele se aproximando e brigando com ela, mas isso foi uma surpresa para mim pois nunca tinha visto Liam daquele jeito.
A moça parecia um pouco assustada, mas rebateu as grosserias do Liam. Sai do carro e fui ver o que estava acontecendo. Santo Deus!

— Ei, olha como você fala comigo, eu não sou louca, você que é um louco e muito grosso, a sua mãe não deu para você educação?? — falou catando alguns dos pacotes de sequilhos que estavam no chão.

Os dois estão parecendo que estão a ponto de bala, a moça fuzila Liam com os olhos e ele faz o mesmo.

— Você se jogou na frente do carro e eu que sou grosso? — falou e sorriu ironicamente.

— Calma gente, desculpe-me qual seu nome? — perguntei gentilmente a morena que estava ainda organizando a sua mercadoria, tentando acalmar os ânimos dos dois.

— Giovanna — falou desconfiada.

— Prazer Giovanna, me chamo Luca Mancini e esse é o meu irmão Liam, sua casa é longe? Quer uma carona? — tento ser gentil, talvez a casa dela seja longe.

— Não, obrigada, sei muito bem me virar, eu não entro no carro de estranhos — falou ainda brava e deu as costas.

Nossa! Essa aí é tão brava quanto minha loira!

— Você viu isso Luca? Essa mulher é louca.

— Louca não! É brava, irmão — falei rindo e reparando que meu irmão estava ainda irritado.

— Ela veio pra pista correndo e nem se deu conta que eu estava vindo, parecia que estava fugindo de alguém — falou colocando o carro em andamento.

— Ela estava com um pouco desconfiada e assustada.

— Enfim, deixa essa louca pra lá — falou e ficou em silêncio o trajeto todo.

Quando chegamos ele foi para o quarto dele e eu fui procurar minha loira. Passei na cozinha e vi Cida bebendo um chá.

— Boa noite Cidinha, viu a Natália por aí? — perguntei preocupado com a minha loira.

— Vi quando ela chegou, ela nem me viu, subiu direto para o quarto.

— Certo! — falei desconfiado.

Fui para o quarto e vi a bolsa da Natália no chão, fui no banheiro e a porta estava trancada.

— Natália? — ela não respondeu.

— Natália? Sei que esta aí, o que tá acontecendo? — falei batendo na porta.

Ela está calada lá dentro e isso só está aumentando ainda mais a minha aflição. Estou começando ficar sem paciência.

— Se não abrir essa maldita porta vou derrubar...

— Já estou indo — falou finalmente lá dentro com a voz baixa e rouca.

Acho que ela está chorando, mais por que? O que eu fiz dessa vez?

— Oi — Natália falou ao abrir a porta.

Pude ver que estava chorando, estava só de calcinha e sutiã. O que será que aconteceu? Sua cabeça está baixa e ela evita a todo instante em olhar em meus olhos.

— O que foi meu amor? Aconteceu algo com o seu pai? — perguntei preocupado.

— Aconteceu uma coisa, mas não tem nada a ver com meu pai — falou indo direto para o closet.

Quando voltou estava vestida com uma calça moletom azul e uma blusa simples de alça branca. Peguei sua mão e a puxei para sentar na cama.

— Então me diz de uma vez o que está acontecendo, estou aflito Natália!

— Estou grávida... — falou e minhas vistas ficaram embaçadas, minha respiração começou a falhar.

— Grávida... — repeti em sussurro, olhando para o nada.

Nunca pensei que fosse receber essa notícia tão cedo, mas confesso que eu estou extremamente feliz, meu Deus! Eu vou ser pai, porra...eu vou ser pai, isso acabou de me deixe feliz demais.

— Eu sei que é cedo demais para isso, mas...

Eu a interrompi puxando para um beijo. Foi um beijo apaixonado, não imaginei que ela iria engravidar tão rápido. Mas depois do dia azedo que tive aquela maluca da minha ex, essa foi a melhor notícia que eu já pude receber hoje.

Meu Deus, eu vou ser pai. E é com a mulher que eu amo e que vou casar!
A levantei e rodei pelo quarto.

— LUCA! — Natália grita rindo ao ver tudo rodando — Me põe no chão seu doido! — diz rindo e eu a obedeço.

— VOU SER PAI! — gritei sem parar e ela começou a rir alto, porém não deixou de chorar assim como eu.

Estou muito feliz e emocionado, as lágrimas banham minha face e eu não tô nem aí, eu só estou já imaginando esse bebê em meus braços. Mas de repente, ouço as vozes de Liam, Luísa e Cida na porta gritando para abrir.

Acho que eles ouviram meus gritos de felicidade e querem entender o por que disso. Quando finalmente abri todos invadiram confusos.

— Tenho uma notícia para dar a vocês...— falei ainda sorrindo de orelha a orelha.

— Fala logo, Luca! — Liam diz bem curioso.

— Natália está grávida!

— Oh meu Deus! Eu sabia! — gritou Luísa feliz.

— Parabéns maninho, parabéns Naty — disse sorridente e eufórico.

— Meus meninos, que felicidade — disse Cida.

Cida já estava chorando, Liam me deu um forte abraço e sorriu, Natália já estava em um mar de lágrimas.

— Aí meu Deus! Vou ser titia!
— Já até estou imaginando o Luca trocando fraldas.

— E eu só quero ver se vai passar outro dia pelo mesmo lugar que passamos hoje. — falei e todos não entenderam.

— Vá à merda, Luca — falou e saiu do quarto rindo.

— Titia já ama bebê — Luísa diz alisando a barriga de Natália.

Depois da festança ela pegou o celular e ligou para o pai. Como ainda eram 19h ele deveria estar em serviço.

— Papai, amanhã está de folga?

— Ótimo, vem almoçar com a gente aqui?

— Perfeito! Te amo! — Natália disse com carinho e desligou.

Luísa me abraçou me parabenizando e Liam fez o mesmo, em seguida eles abraçaram Natália, e Luisa deu um beijo na barriga dela.

— Meus meninos, estou explodindo de felicidade aqui — falou Cida sorrindo deu um beijo na minha testa e na da Natália.

— Obrigada minha Cidinha! — falei com afeto a beijo a testa dela.

Cida está contente e emocionada.

— Obrigada pelo carinho Cida! — Natália diz sorrindo e ela saiu do quarto.

Assim que saíram fechei a porta e fui com passos decididos até Natália, a peguei pela nuca e dei um beijo de tirar o fôlego, só parei o beijo quando estávamos sem ar, ela mordeu meu queixo e falou em meu ouvido.

— Vamos comemorar? — sorri e ela sorriu de volta.

— Boate? O que acha?

— Ótima ideia!

Ela foi se arrumar e eu fiquei na cama sorrindo feito um bobo, quando ela saiu do closet meu pau subiu na hora. A mulher estava vestida para matar minha sanidade. Usando um vestido cor vinho, curto de mangas curtas de renda, cabelos soltos e sem make, apenas usava um batom vermelho.
Quando meus olhos pousaram nos seus pés fiz que não com a cabeça, ela estava de saltos, ela riu e disse que não iria tirar os saltos porque não eram tão altos, teimosa, acabou me convencendo.

Fomos com Batista dirigindo para boate, quando chegamos ela foi para área VIP e eu fui pegar algo para beber e comer, pedi um suco para ela e um drink para mim, quando estava indo para mesa esperar os pedidos alguém toca meu ombro, virei-me e vi a Vivian, não nos vimos desde o dia que a abandonei em seu apartamento na noite que Natália foi para a mansão.

— Oi coração! Quanto tempo! — uma ex ficante minha diz toda maliciosa, e eu tento manter o máximo de distância.

— Oi Vivian, pois é... Curta a noite, estou de saída.

— Mas já? — ela segura meu braço e eu retiro a mão dela delicadamente, para ela não dizer que estou sendo grosso.

— Sim, estou com minha noiva — falei calmamente e ela ficou seria.

— Noiva...Sorte a dela — falou piscando para mim, mas fingi que não vi.

Com pouco, vejo Natália vindo em minha direção..puta merda!

— Amor, cadê meu suco? Quem é essa aí? — falou olhando Vivian de cima para baixo.

— Eu sou amiga dele querida, me chamo Vivian Castro — se adiantou a falar antes de mim, estendendo a mão para Natália apertar, mas fechou a mão em seguida.

— Amiga? Sei! Eu sou a noiva dele, Natália Beaumont — falou ríspida.

— Vamos para mesa, amor — falei puxando Natália.

— Vivian, se nos der licença...

Ela tirou minha mão da sua e foi pisando duro na frente, chegou me dar um frio na espinha. Ao chegar na mesa ela não quis sentar no meu colo, sentou na cadeira cruzou as pernas e ficou tomando seu suco, tentei puxar mais o seu vendido para cobrir a perna mas ela deu um tapa na minha mão.

— Vai ficar assim comigo até quando Natália?

— Até quando eu quiser, Luca! — diz brava e eu olho para ela indignado.

— É impressão minha, ou está com ciúmes da vivian?

— Imagina! — da de ombros. Óbvio que ela está.

— Então por que tá me tratando mal, sabe que eu odeio quando não sou correspondido.

—Quer saber? Pra mim já deu essa noite! — falou já se levantando.

— Não me deixa aqui sozinho — a segurei no braço levemente.

— Fica com sua amiga! — falo e desceu as escadas.

Levantei e fui correndo para o DJ pedir para que me deixasse cantar uma música. Ele me deu o microfone. Quando ela já estava chegando na porta de saída comecei a cantar a música Dead in the Water do James Gillespie. Ela parou e virou na minha direção, continuei a cantar, ela estava chorando silenciosamente, quando terminei, fui em sua direção e a puxei pela nuca, dei um beijo apaixonado e pude escutar as palmas das pessoas em nossa volta. Interrompi o beijo e colei nossas testas.

— Você é a única mulher que quero na minha vida, e agora que vamos ter um filho, por favor, não me abandona — falei e uma lágrima escorreu no meu rosto.

— Não vou! Eu te amo muito — falou e eu a beijei novamente.

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