Capítulo 17 - Misterioso

Carolina Smith

A luz suave que entrava pelas cortinas entreabertas me despertou, aquecendo minha pele. Pisquei algumas vezes, tentando ajustar meus olhos ao ambiente. O quarto do hotel estava em completo silêncio, exceto pelo som distante da cidade acordando lá fora. Virei a cabeça lentamente e percebi que estava sozinha.

A ausência dele ao meu lado não foi uma surpresa completa. Louis não era do tipo que fica para ver o amanhecer. Suspirei, espreguiçando-me antes de me sentar na cama. Ao fazer isso, notei um bilhete dobrado cuidadosamente na mesa de cabeceira. Ao lado, uma boa quantia de dinheiro.

Peguei o bilhete e o desdobrei, já imaginando o tom sarcástico que ele usaria. Não me enganei:

"Tive que sair mais cedo. Use isso para chamar um táxi e, claro, para comprar uma nova calcinha, a culpa foi minha por rasgar a sua. - Seu príncipe nada encantado"

Eu não pude evitar o riso que escapou dos meus lábios. Ele tinha mesmo um jeito único de ser cafajeste e, ao mesmo tempo, charmoso. Balancei a cabeça, dobrando o bilhete e guardando no bolso da bolsa.

"Que homem..." murmurei para mim mesma, levantando-me da cama.

Enquanto me vestia, meus pensamentos vagavam pelo que aconteceu na noite passada. Ele era tão controlador, tão intenso, que eu sabia que aquilo não se tratava de algo comum. Louis era um vício esperando para acontecer, e eu não sabia se estava pronta para lidar com isso.

Passei a mão pelos cabelos, ajeitando-os enquanto me olhava no espelho. Coloquei os sapatos e, depois de verificar se não estava esquecendo nada, saí do quarto.

Na recepção, entreguei a chave com um sorriso educado para o recepcionista, que retribuiu de forma cordial. Assim que pisei na calçada, ergui a mão para chamar um táxi. Paris ainda estava um pouco fria naquele horário, e eu me abracei para me proteger da brisa enquanto esperava.

Assim que o táxi parou, entrei e passei o endereço do alojamento. Durante o trajeto, meus olhos vagueavam pelas ruas parisienses, mas minha mente ainda estava presa em Louis Beaumont. Ele era como uma tempestade — impossível de ignorar, mas perigosamente cativante.

E enquanto o carro avançava, eu sabia que aquela não seria a última vez que nossos caminhos se cruzariam. Louis não era do tipo que desaparece. E, para ser sincera, parte de mim não queria que ele sumisse.

O táxi parou em frente ao alojamento, e agradeci ao motorista antes de sair. Subi os degraus rapidamente, o clima frio começava a incomodar. Assim que entrei, soltei um suspiro aliviado e me dirigi ao meu quarto. Tranquei a porta atrás de mim, joguei minha bolsa na cadeira e me joguei na cama, ainda tentando processar os acontecimentos da noite passada.

Sem muita vontade de pensar em Louis ou no bilhete que ele deixou, peguei meu celular e comecei a rolar pelas redes sociais. Era a minha distração preferida para desligar a mente.

Enquanto deslizava o dedo pela tela, uma notícia chamou minha atenção. Era um post sobre a máfia parisiense, com uma manchete chamativa:

"Os intocáveis: o mistério por trás da máfia que domina Paris."

Curiosa, cliquei para ler. O artigo era extenso, detalhando a influência dessa organização sobre os negócios da cidade. Eles eram conhecidos por controlar boa parte dos cassinos, clubes noturnos e até algumas redes de luxo. Apesar disso, ninguém sabia ao certo quem eram os chefes. A única certeza era que não se tratava de homens comuns; rumores indicavam que os líderes eram empresários de alto escalão, conhecidos por sua elegância e discrição.

Minha curiosidade aumentou. Rolei para baixo, absorvendo cada detalhe. O texto mencionava que, embora a polícia tentasse há anos desmantelar a organização, nunca haviam conseguido provas concretas. A máfia parecia intocável, operando em um nível de sofisticação que fazia parecer impossível conectar os líderes aos crimes que controlavam.

— Interessante...— murmurei, continuando a ler.

Algumas das supostas propriedades da máfia eram restaurantes e hotéis de luxo — o mesmo tipo de lugar que Louis parecia frequentar com tanta facilidade. A conexão me fez parar por um momento, mas logo afastei o pensamento.

— Não seja boba, Carolina. Só porque ele é rico e frequenta lugares assim não significa que está envolvido em algo ilegal. — digo.

Ainda assim, uma pontada de dúvida permaneceu. Louis tinha aquele ar misterioso, uma confiança que beirava a arrogância, como alguém que sabia que nunca enfrentaria consequências. Ele era exatamente o tipo de pessoa que eu imaginaria estar à frente de algo como aquilo.

Voltei à pesquisa, agora mais interessada do que nunca. Descobri que a máfia parisiense era tão poderosa que muitos nem ousavam falar sobre ela em público. Alguns diziam que os líderes eram vistos em eventos de caridade e festas exclusivas, misturando-se com a elite de Paris como se fossem santos.

Fechei o artigo, minha mente cheia de perguntas. Sacudi a cabeça, rindo de mim mesma.

— Está ficando paranóica, Carolina. Ele é só um empresário metido. Nada além disso. — murmurei para mim mesma.

Mas, mesmo tentando afastar os pensamentos, a possibilidade continuava latejando no fundo da minha mente.

Levantei da cama com um suspiro pesado, fechando a tela do celular.

“Isso é só curiosidade boba”, disse a mim mesma em voz alta, tentando encerrar de vez a linha de pensamentos que começava a me perseguir.

Hoje não tinha aula, mas isso não significava um dia de folga. Meu turno no restaurante começaria em algumas horas, e eu precisava me apressar. Peguei uma toalha no armário e caminhei até o pequeno banheiro compartilhado do alojamento.

A água quente escorreu pelo meu corpo, levando embora qualquer resquício da noite anterior e das dúvidas que haviam surgido enquanto eu lia sobre a máfia parisiense. Fechei os olhos, deixando a água massagear meus ombros.

Por mais que tentasse afastar Louis da minha mente, ele continuava presente. Era impossível esquecer o jeito que ele me olhava, como se pudesse despir minha alma com um simples olhar. E então aquele bilhete... Ri sozinha, lembrando das palavras dele. Arrogante, confiante e, ao mesmo tempo, charmoso de um jeito que eu não sabia explicar.

Depois de me lavar, desliguei o chuveiro e me enrolei na toalha. Caminhei de volta para o quarto, sentindo o ar fresco contra minha pele aquecida. Escolhi uma roupa simples para o trabalho: jeans skinny, uma camiseta básica branca e um suéter cinza. Prendi meu cabelo em um rabo de cavalo despretensioso, deixando apenas algumas mechas soltas ao redor do rosto.

Enquanto me maquiava levemente, uma ideia me atravessou. “E se Louis realmente estiver envolvido com a máfia?” O pensamento era absurdo, mas... intrigante.

— Chega, Carolina — murmurei para mim mesma, aplicando um pouco de gloss nos lábios. — Você já tem problemas o suficiente para lidar. Não precisa ficar inventando teorias malucas sobre um homem que, claramente, só quer brincar com você.

Peguei minha bolsa e chequei o relógio. Era hora de sair. Tranquei o quarto, joguei a chave na bolsa e desci as escadas do alojamento, pronta para mais um dia comum. Ou, pelo menos, era isso que eu esperava.

Louis Beaumont e suas intenções misteriosas poderiam esperar.

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