Capítulo 10 - Luau
Carolina Smith
A animação estava estampada no rosto de Jenifer enquanto ela vasculhava o guarda-roupa, tentando escolher um vestido que combinasse com o tema do luau. Já eu, sentada na cama dela com uma toalha enrolada nos cabelos ainda molhados do banho, não conseguia evitar um sorriso. Era bom sentir isso de novo. Amizade, cumplicidade. Fazia tempo que eu não tinha uma amiga tão próxima, e Jenifer parecia determinada a compensar os anos de distância.
— O que acha desse? — perguntou ela, segurando um vestido leve, branco, com detalhes em renda.
— Perfeito para você — respondi. — É fresco e combina com o tema da festa.
Jenifer sorriu satisfeita e o colocou sobre a cama antes de voltar para a busca, agora em uma pilha de acessórios. Enquanto ela se concentrava, eu me levantei para abrir a bolsa que havia trazido e tirei meu vestido. Era simples, mas bonito: em um tom de azul-claro, com alças finas e o comprimento ideal para uma festa descontraída. Ao prová-lo, percebi que havia feito a escolha certa.
— Uau, Carolina! — Jenifer exclamou ao me ver. — Você vai arrasar!
— Está exagerando — respondi, rindo, mas fiquei feliz com o elogio.
Jenifer começou a se arrumar enquanto eu ajeitava os cabelos, deixando-os soltos em ondas naturais. Optei por uma maquiagem suave, apenas para realçar os traços. Nos pés, coloquei uma sandália rasteira dourada, confortável e elegante o suficiente para a ocasião. Quando terminamos, Jenifer fez questão de tirar várias fotos, dizendo que precisávamos registrar o momento.
Logo depois, pedimos um Uber para nos levar ao local. Durante o caminho, o entusiasmo de Jenifer era contagiante. Ela falava sobre como Ryan organizava festas incríveis e que ele sempre sabia como reunir pessoas interessantes. Eu tentava absorver o máximo possível do ambiente ao meu redor. Paris parecia diferente à noite, mais vibrante, quase mágica.
Enquanto o carro se aproximava do endereço da festa, começamos a notar a movimentação. As luzes coloridas dançavam contra o céu escuro, e o som de risadas e música já podia ser ouvido. Havia pessoas entrando pelo portão, muitas delas segurando copos e conversando animadamente.
— Parece que vai ser agitado — comentei, olhando pela janela.
— Eu disse que Ryan não brinca quando se trata de festas — respondeu Jenifer com um sorriso malicioso. — Vamos aproveitar ao máximo.
O carro parou na entrada, e eu desci, sentindo um leve frio na barriga. Não sabia exatamente o que esperar, mas, por algum motivo, uma parte de mim estava ansiosa pelo que aquela noite traria.
O clima descontraído da festa era envolvente. As luzes coloridas, o som animado e o aroma suave de flores criavam uma atmosfera quase mágica. Jenifer e eu andávamos pelo gramado com nossas cervejas em mãos, explorando o lugar e absorvendo a energia contagiante.
Depois de alguns minutos caminhando, ela apontou discretamente para dois homens que estavam perto da piscina, conversando. Ryan estava ali, com seu sorriso fácil e postura relaxada, mas foi o outro que chamou minha atenção.
Louis.
Mesmo de longe, ele exalava carisma. Diferente do evento anterior, sua aparência ali era mais casual, mas igualmente impressionante. Ele usava uma bermuda leve e uma camisa de botão branca, aberta, deixando à mostra seu abdômen definido. Parecia uma figura saindo diretamente de um filme — bonito, descontraído, e completamente no controle de si mesmo.
— Ryan! — Jenifer chamou, acenando animada.
Ele nos viu e abriu um sorriso, vindo em nossa direção. Louis o acompanhou, caminhando com uma confiança natural que fazia com que qualquer um notasse sua presença.
— Olá, senhoras — Ryan cumprimentou, abraçando Jenifer rapidamente antes de se virar para mim. — Carolina, bom te ver de novo. E que bom que veio!
— Oi, Ryan. Agradeço o convite. — respondi, sorrindo.
Louis estava logo atrás, seus olhos escuros fixos em mim. Quando nosso olhar se encontrou, senti aquele mesmo frio na barriga de antes. Ele estava me observando com uma intensidade que fazia meu rosto esquentar.
— Carolina, certo? — Louis falou, dando um pequeno sorriso, como se tivesse acabado de confirmar algo.
— Isso mesmo.
— Sabia que te conhecia — ele disse, inclinando-se levemente, sua voz baixa e cheia de um charme natural. — Você estava no evento outro dia, trabalhando, não é?
— Sim — respondi, tentando manter a compostura.
Ele riu de leve, e o som era tão natural quanto desconcertante. — E eu tive a honra de evitar que você caísse.
A lembrança do momento veio à tona, e me senti um pouco envergonhada. — Ah... sim. Obrigada por isso, aliás.
— Foi um prazer — ele respondeu, seu sorriso cafajeste ainda presente. — Mas preciso admitir que foi bom te ver de novo hoje, e melhor ainda saber que veio à festa.
O tom dele era casual, mas havia algo nos olhos de Louis que parecia mais atento, como se ele estivesse prestando atenção em cada detalhe.
— Espero que aproveite a noite, Carolina — ele disse, antes de me lançar um último olhar marcante.
Ryan interveio com uma piada sobre Jenifer, e os dois começaram a conversar animadamente, deixando-me processar o que tinha acabado de acontecer. Louis se afastou com uma confiança tranquila, enquanto eu tentava ignorar o calor que ainda sentia nas bochechas.
Jenifer, claro, percebeu. Ela me cutucou no braço, um sorriso travesso no rosto. — Ok, você definitivamente tem que me contar o que foi isso.
Suspirei, olhando para ela. — Nada demais. Ele só me reconheceu do evento.
— Só reconheceu? — ela zombou, com uma sobrancelha arqueada.
Tentei mudar de assunto, mas sabia que, no fundo, Jenifer não iria deixar isso passar tão facilmente. E, se eu fosse honesta comigo mesma, também não conseguiria esquecer tão cedo o jeito como Louis me olhava.
Jenifer e eu decidimos ir até a área onde serviam os drinks. Ela estava animada, rindo e brincando sobre como a festa estava animada e cheia de gente interessante. Pegamos nossas bebidas — eu optei por algo leve, um coquetel frutado, enquanto ela foi direto em um mojito — e nos afastamos para encontrar um lugar onde pudéssemos conversar.
— Essa festa está incrível, não está? — Jenifer comentou, olhando ao redor.
— Está sim — concordei, mesmo que uma parte de mim estivesse mais distraída do que gostaria de admitir.
Depois de mais algumas conversas, Jenifer apontou para a pista de dança improvisada, onde as luzes piscavam e a música animada fazia todos se moverem. — Vamos dançar um pouco!
Eu hesitei por um momento, mas, antes que pudesse inventar uma desculpa, ela me puxou pela mão. — Vamos, Carolina! Não vou aceitar um “não”!
Acabei cedendo, rindo da insistência dela, e nos juntamos ao pequeno grupo de pessoas que já se movimentavam ao ritmo da música. O som era contagiante, e logo eu estava mais à vontade, balançando o corpo ao lado de Jenifer, que parecia estar se divertindo como nunca.
A cada batida da música, sentia o ambiente mais leve, quase esquecendo tudo ao meu redor. Mas, em certo momento, senti uma leve pressão, como se estivesse sendo observada. Era uma sensação difícil de ignorar, um tipo de atenção que fazia a pele arrepiar.
Minha curiosidade venceu, e meus olhos começaram a procurar pela origem daquela sensação. Quando finalmente o encontrei, meu coração deu um salto.
Louis estava parado a uma distância razoável, segurando uma bebida na mão, mas sua atenção estava completamente voltada para mim. Seus olhos escuros estavam fixos nos meus movimentos, e o olhar intenso fez meu rosto esquentar instantaneamente.
Tentei desviar, mas, no momento em que nossos olhares se cruzaram, ele fez algo que só aumentou meu nervosismo: sorriu.
Não era um sorriso qualquer. Havia algo de levemente malicioso naquele gesto, como se ele soubesse exatamente o efeito que tinha sobre mim. Era confiante, cafajeste, e... completamente desarmante.
Eu senti minha respiração falhar por um segundo, mas fiz o possível para me recompor, virando o rosto de volta para Jenifer, que continuava dançando sem perceber nada.
“Calma, Carolina”, pensei, tentando ignorar o nó que parecia se formar no meu estômago. Não podia deixar que aquele olhar mexesse tanto comigo.
Mas, mesmo tentando afastar a sensação, a verdade era que aquele momento estava gravado na minha mente. Louis Beaumont tinha um jeito de fazer com que você se sentisse a única pessoa no mundo, e isso era tão encantador quanto perigoso.
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top