01.


"O reencontro com as paisagens familiares de La Push parecia trazer à tona uma mistura de nostalgia e melancolia para Margot Brings, enquanto ela se via confrontada com as lembranças de um passado distante e os desafios do presente."

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Margot Brings.

01. O Retorno

Margot Brings nunca pensou que o retorno a La Push seria assim. Aos 19 anos, a última vez que vira a pequena reserva foi há seis anos, quando partira em busca de aventura e autoconhecimento. Agora, a paisagem familiar parecia carregar uma nova tristeza, tingida pela perda de seu avô, o homem que a havia compreendido como ninguém mais.

O carro alugado deslizava pelas estradas sinuosas, cercadas pelas florestas exuberantes de La Push. As árvores, imponentes e antigas, pareciam sussurrar histórias de gerações passadas. Margot respirou fundo, sentindo o ar salgado e fresco do mar misturado ao aroma das coníferas. Era uma sensação familiar, mas ao mesmo tempo, tudo parecia diferente.

Ela estacionou em frente à casa de seu avô, uma construção simples mas cheia de memórias. O som das ondas quebrando na praia próxima era um lembrete constante do lar que ela deixara para trás. Ela percebeu que o local esta muito silencioso e em volta vazio, seu peito se apertou mais ainda por perceber que possivelmente o velório devia estar acontecendo naquele exato momento. 

A garota recém chegada decidiu ir caminhando a pé entre a densa floresta, seguindo o caminho familiar que a levava até o local onde acontecia as homenagens aos entes que já se foram. Cada passo era uma jornada através das lembranças de sua infância, cada árvore e pedra um testemunho silencioso dos momentos compartilhados com aquele que agora descansava em paz.

Ao chegar ao cemitério, uma pequena clareira cercada por árvores altas, Margot observou de longe, mantendo-se discreta entre as sombras das árvores. O coração pesava com a perda de seu avô, mas ela não se sentia pronta para enfrentar a dor do enterro de frente. Preferia manter-se distante, observando de longe enquanto a comunidade se unia para prestar suas últimas homenagens.

Ao longe, avistou Anna e Rob, sua irmã e seu cunhado, entre os presentes. Anna, com os olhos marejados de lágrimas, segurava a mão de Rob com firmeza, buscando conforto na presença um do outro. Rob, por sua vez, segurava um bebê nos braços, um pequeno ser que parecia ter apenas alguns meses de vida. A presença do bebê trazia uma mistura de tristeza e esperança para Margot, lembrando-a da ciclicidade da vida e da importância de encontrar alegria mesmo nos momentos mais sombrios.

Kenai, o irmão mais novo de Margot, estava ao lado deles, com os olhos fixos no túmulo recém escavado. Ele era super apegado ao avô e a perda parecia pesar ainda mais sobre seus ombros jovens. Margot sentia o coração apertar ao ver a expressão triste no rosto de Kenai, desejando poder consolá-lo e amenizar sua dor.

Margot também notou um grupo de jovens quileutes, vestindo apenas shorts rasgados, posicionados estrategicamente nos cantos do cemitério. Eles pareciam estar de guarda, mantendo uma vigilância silenciosa sobre o local sagrado e garantindo que o cerimonial ocorresse com respeito e reverência.

Ao vasculhar a multidão, seus olhos se fixaram em um dos jovens quileutes, vestindo apenas shorts, que parecia particularmente abalado. Era Paul Lahote, um rosto conhecido da infância de Margot. Ele estava ali, entre os guardiões silenciosos do cemitério, mas sua expressão sombria e seus ombros curvados revelavam a profundidade de sua tristeza.

O xamã da tribo, vestido com suas vestes cerimoniais tradicionais, conduzia o cerimonial, recitando antigas preces e cânticos em honra ao espírito do falecido. As vozes suaves dos membros da comunidade se uniam em um coro de despedida, enquanto oferendas de flores e ervas sagradas eram colocadas sobre o túmulo recém escavado.

À medida que o serviço fúnebre chegava ao fim, um silêncio solene envolvia o cemitério. Margot sentia o peso da perda pairando no ar, enquanto lágrimas silenciosas escorriam por seu rosto. Seu avô fora mais do que apenas um patriarca familiar; ele fora um pilar da comunidade, um guardião das tradições ancestrais que agora descansava em paz.

Enquanto os membros da comunidade se dispersavam lentamente, Margot permanecia ali, observando o túmulo solitário de seu avô contra o pano de fundo das árvores antigas. Apesar da tristeza que a consumia, ela sabia que o espírito dele viveria para sempre na terra sagrada de La Push, e nas memórias daqueles que o amavam.

Após o término do velório, Margot observou enquanto os membros da comunidade começavam a se dispersar, movendo-se lentamente para fora do cemitério. Ela esperou até que a maior parte das pessoas tivesse saído antes de finalmente se aproximar de Anna e Kenai, que ainda estavam ao lado do túmulo recém escavado. Anna estava de pé, ainda segurando a mão de Rob, enquanto Kenai permanecia ao lado deles, olhando fixamente para o chão, perdido em seus pensamentos.

Margot se moveu com passos hesitantes, o coração apertado ao ver a tristeza estampada no rosto de seus irmãos. Ao ouvir os passos, Anna levanta o olhar para a irmã, seus olhos ainda brilhando com lágrimas. Ao ver Margot, seu rosto se ilumina brevemente com um lampejo de surpresa e melancolia.

— Margot!—  Anna disse suavemente, soltando a mão de Rob para abraçar a irmã mais nova. O abraço era apertado, cheio de uma mistura de conforto e tristeza compartilhada. — Eu estava esperando que você viesse.

—Eu não poderia deixar de vir — respondeu Margot, com sua voz embargada. —Eu só preciso de um momento!

Kenai olhou para cima ao ouvir a voz de Margot, seus olhos vermelhos e inchados de tanto chorar. Sem dizer uma palavra, ele correu para os braços de Margot, enterrando o rosto em seu ombro. Margot o abraçou firmemente, sentindo o quanto ele precisava desse conforto.

—Eu sinto muito, Kenai.—  sussurrou Margot, acariciando suavemente o cabelo do irmão. —Eu sei o quanto você amava o vovô! 

—Eu já sinto tanto a falta dele!— Kenai murmurou, uma voz abafada contra o ombro de Margot. — Eu não sei o que vou fazer sem ele!

—Nós vamos superar isso juntos!— disse Margot, olhando para Anna e Rob, que segurava o bebê com uma expressão mista de dor e determinação. —A família está aqui para isso, eu não vou mais a lugar nenhum.

Rob deu um passo à frente, oferecendo um pequeno sorriso enquanto segurava o bebê. 

—Ele teria ficado feliz em ver você aqui, Margot. Todos nós ficamos!

— Obrigado, Rob— disse Margot, sentindo um calor reconfortante ao ver a união de sua família. — Eu só... eu preciso desse momento para lidar com tudo isso.

Anna assentiu, compreendendo. 

— Nós entendemos. É bom ter você de volta, Margot. Mesmo nas situações mais tristes, é bom ter uma família reunida.

Margot soltou um suspiro pesado, olhando para o túmulo de seu avô. 

— Eu só me arrependo de não ter estado mais presente durante esses anos. Deveria ter passado mais tempo aqui, com vocês, com o vovô. Sinto que perdi tanto!

Anna colocou uma mão reconfortante no ombro de Margot. 

— Tudo tem um propósito, Margot. O vovô entendeu isso. Ele sabia que você precisaria encontrar seu próprio caminho. E ele sempre acreditou que você voltaria quando fosse na hora certa!

Os quatro ficaram juntos por mais alguns momentos antes de se retirarem do local do velório, caminhando lentamente de volta à casa da família. A noite caiu sobre La Push, trazendo consigo um silêncio profundo e reflexivo.

Quando Margot finalmente se deitou para descansar, exausta pelo dia emocionalmente desgastante, caiu em um sono profundo. No meio da noite, teve um sonho vívido. Estava na floresta, cercada pelas árvores altas e pelo som suave do vento. Diante dela, estava seu avô, com um sorriso sereno no rosto.

— Margot!— ele disse, sua voz ecoando suavemente. — Você está de volta ao lar. Está na hora de realmente conhecer seu caminho e seu dom.— Ele se moveu, colocando uma mão gentil no ombro dela.— Você é uma filha da terra. Nunca se esqueça disso!

Margot acordou assustada, sentindo o corpo frio e a mente confusa. Ao olhar ao redor, percebeu que não estava em sua cama, mas no meio da floresta, entre galhos e folhas, suja de lama. O coração acelerou enquanto tentava entender como havia chegado ali.

Enquanto se levantava, com a cabeça girando de perguntas, algo capturou sua atenção. Não muito longe, um grande lobo cinza a observava com grandes olhos escuros, fixos nela. Margot ficou imóvel, seu coração batendo rápido, mas em vez de sentir medo, um sentimento estranho de preocupação e proteção emanava do lobo. Havia algo nos olhos dele que parecia familiar, uma conexão silenciosa que a deixava inquieta e curiosa.

Ela se manteve ali, olhando o lobo, achando que aquele encontro inesperado era apenas o começo de uma nova jornada em La Push, uma jornada que seu avô havia previsto e que estava finalmente começando a desvendar.

notas...

1. O próximo capitulo estará disponível na quarta as 19:00 hrs; 

2. Não esquecem de curtir, isso é muito importante para mim e deixe seu comentário. 

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