00.
"Aos 13 anos, com lágrimas nos olhos e esperança no coração, Margot deu seu último olhar à paisagem familiar de La Push, sem saber que estava deixando para trás mais do que apenas uma casa."
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Margot Brings.
00. A despedida
Margot estava sentada na varanda da velha casa, olhando para as ondas quebrando na praia de La Push. Os últimos raios de sol tingiam o céu de laranja e rosa, quando ela ouviu passos atrás de si. Virou-se e viu sua mãe, Donna Brings, com um sorriso hesitante no rosto. A mulher havia ido embora a cerca de três anos, Kenai tinha apenas meses de vida quando a mulher disse que estava cansada daquela vida e a maternidade não era para ela. Pena que ela descobriu isso após o terceiro filho apenas. O pai dos três Margot nunca soube quem era, Donna sempre deixou claro que era um branco qualquer que havia conhecido em suas noites em Seattle e sempre ficou por isso mesmo.
— Donna? O que você está fazendo aqui?— Margot perguntou, surpresa.
A mulher respirou fundo.
— Margot, eu sei que fui embora por muito tempo, mas eu me casei novamente. E quero que você e seus irmãos venham comigo para Nova Iorque.
Margot arregalou os olhos. Nova Iorque. As palavras ressoaram em sua mente como uma promessa de aventura e possibilidades infinitas. Ela sempre sonhara em conhecer o mundo além dos limites da reserva.
— Você quer que a gente vá com você para Nova Iorque?— A voz de Margot estava cheia de uma mistura de esperança e excitação. — Quer dizer, eu realmente poderia sair daqui e ver o mundo?
Donna assentiu, sorrindo com mais confiança.
— Sim, Margot. Você finalmente poderá ver tudo o que sempre quis. Nova Iorque é só o começo.
O coração de Margot bateu mais rápido. Ela olhou para o mar, sentindo um turbilhão de emoções. A ideia de deixar La Push era assustadora, mas a promessa de explorar o desconhecido era irresistível, mesmo com 13 anos ela se sentia sufocada em La Push.
Ela observava os mais velhos na tribo e via que ali tinha pessoas que crescerem e moraram a vida toda ali e nunca conhecerem o mundo fora da floresta, e não era aquilo que desejava a si mesma no momento.
Antes que pudesse responder, sua irmã mais velha, Anna, entrou na varanda, com os braços cruzados e o rosto sério.
— Eu não vou, Donna. Minha vida está aqui. Não vou abandonar tudo e todos.— Anna diz firme.
Margot olhou para Anna, sentindo um misto de surpresa e compreensão. Anna sempre fora a mais sensata das duas, e Margot sabia que ela tinha raízes profundas em La Push e no auge dos 17 anos ela já vivia um romance com Robert Williams o filho de um fazendeiro que conheceu na praia. Rob como foi apelidado por Margot tratava Anne como uma princesa e já deixava claro sua intenção de fazer a garota sua esposa.
O pequeno Kenai apareceu logo em seguida, segurando o braço do avô. Ele olhou para Donna com olhos grandes e tristes.
— Eu prefiro ficar com o vovô!— Disse Kenai, sua voz suave mas decidida.
Donna suspirou, visivelmente abalada pelas respostas dos filhos.
—Eu entendo, Anna. Kenai, se você prefere ficar com seu avô, eu respeito isso.— Ela sabia que não poderia julgar os filhos, principalmente Kenai, já que foi o que menos teve uma convivência com ela.
Nesse momento, o avô de Margot, que observava a cena em silêncio, se aproximou. Colocou a mão no ombro de Margot e falou com uma voz calma e reconfortante.
— Margot, eu entendo se sua decisão será de partir. Faz parte do seu processo de crescimento e descoberta. Sei que o mundo lá fora tem muito a lhe oferecer, e que você tem um espírito aventureiro. Quando for a hora certa, você voltará para La Push e descobrirá seu verdadeiro caminho. E eu sempre estarei aqui orgulhoso de você!
Margot respirou fundo, sentindo-se fortalecida pelas palavras de seu avô. Olhou para os irmãos e depois para sua genitora.
— Eu... eu quero ir, Donna. Eu quero conhecer o mundo,— disse Margot, com determinação na voz, mas também com um peso no coração ao pensar em deixar Anna e Kenai.
Donna se aproximou e a abraçou.
— Vai ser uma nova vida, Margot. Uma vida cheia de aventuras!
Margot olhou para o horizonte, onde o sol estava se pondo. Ela sabia que estava prestes a deixar para trás tudo o que conhecia, mas pela primeira vez em muito tempo, sentia que precisava disso para finalmente começar sua jornada.
Horas depois com as malas prontas e guardadas no bagageiro do carro, ela viu seu pequeno grupo de amigos a esperando para se despedir e percebeu como as noticias correm. Mas sua maior surpresa foi ver Paul Lahote no meio das crianças.
— Eu vou sentir falta de vocês!— disse Margot, abraçando cada um dos amigos. — Prometo escrever sempre!
Quando finalmente chegou a vez de Paul, de 14 anos, Margot hesitou. Paul sempre fora especial para ela, um amigo próximo já que compartilhavam da mesma tristeza de não terem a mãe por perto, por vezes, um tormento na infância.
— Então, você vai mesmo nos deixar, hein?— Paul disse, tentando parecer despreocupado, mas com um brilho de tristeza nos olhos.
— Sim, Paul. Vou conhecer o mundo!— respondeu Margot, com um sorriso tímido.
Paul cruzou os braços e inclinou a cabeça, um sorriso travesso surgindo em seu rosto. — Lembra quando eu puxei suas tranças na terceira série? Você chorou tanto que achei que nunca mais ia falar comigo!
Margot riu, lembrando-se daquele dia.
— Você foi um pestinha, Paul. Mas acho que vou sentir falta disso também!
Paul deu um passo à frente e, de repente, puxou uma mecha do cabelo de Margot, como fazia antigamente.
— Vou sentir falta de implicar com você, Margotinha!
Margot esfregou o lugar onde Paul puxou seu cabelo, sentindo uma mistura de nostalgia e afeição.
— E eu vou sentir falta de você puxando minhas tranças!
Paul a puxou para um abraço apertado, sussurrando.
—Vou sentir sua falta, Margot. Volte logo!
Margot sorriu, olhando para Paul com um brilho de travessura nos olhos.
— Quando eu voltar, espero que você não seja mais um pirralho irritante, Paul!
Paul riu, afastando-se.
— Veremos, Margot. Veremos!
À medida que a noite caía sobre La Push, Margot sentia um misto de emoções invadir seu coração. Havia uma esperança luminosa pelo futuro e pelas aventuras que a aguardavam em Nova Iorque. Mas também havia um medo sutil do novo e do desconhecido, uma sombra que ela não podia ignorar.
E, acima de tudo, havia a tristeza profunda de deixar para trás as pessoas que amava - sua irmã Anna, sempre tão sensata; seu pequeno irmão Kenai, que preferia ficar com o avô e crescer em La Push; e seus amigos, especialmente Paul, cujo sorriso travesso e implicâncias constantes fariam falta.
Enquanto caminhava em direção ao carro que a levaria embora, Margot olhou uma última vez para La Push, gravando cada detalhe em sua memória até mesmo o balanço com as cordas já velhas que o avô fez. Prometeu a si mesma que voltaria, e que quando o fizesse, encontraria seu verdadeiro caminho.
Com um último suspiro, ela entrou no carro, pronta para enfrentar o mundo, mas carregando La Push em seu coração.
00. É isso, sejam bem vindos a Our Home!
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