Capítulo 3 - Sobre reencontros

Nina Dobrev como Marina na mídia acima.

Isabela

Quando chegamos no aeroporto de São Paulo, logo vimos meus avós nos esperando em frente ao portão de desembarque. Não demorei até correr para abraçá-los pois já faziam uns cinco anos que eu não os via.

— Isabela, querida, como você cresceu! — disse minha avó, me abraçando.

— Vovó, estava morrendo de saudades de vocês! — falei, sorrindo.

— Nós também estávamos. A Cecília estava contando os dias para te ver. — Disse o vovô, referindo-se a minha avó.

— Claro, cinco anos não são apenas cinco dias — respondeu minha avó, rindo.

— Mãe! — exclamou minha mãe se aproximando de nós e abraçando a minha avó.

— Clara, filha, que saudades!

— E eu não vou ganhar um abraço? — perguntou o meu avô e nós rimos.

— Não seja dramático, pai! — disse a minha mãe, abraçando meu avô, e nós rimos.

O meu pai se aproximou e também cumprimentou os meus avôs. Não demorou muito até sairmos dali. Nós iríamos morar perto da casa da vovó. Meus pais moravam aqui quando jovens, mas, quando se casaram, foram morar em Porto Alegre. Eu cresci lá, ou seja, não conhecia muito a cidade, só vinha aqui nas férias com meus pais e, a última vez que vim, eu tinha doze anos.

Ao chegarmos na casa que meus pais compraram e mobiliaram, vi que ela era bem grande e bonita. Quando entrei, comecei a observar cada cômodo e eram todos muito bonitos. Subi as escadas para procurar o meu quarto e, quando abrir a porta, vi como ele era lindo. Meus pais escolheram as minhas cores preferidas e compraram alguns móveis novos. Assim que voltei da minha inspeção, busquei a minha mala e já comecei a guardar os meus livros, meu notebook e depois fui arrumar minhas roupas.

Passei cerca de horas arrumando todas as minhas coisas. Quando terminei, estava muito faminta, então desci e fui procurar algo para comer. Assim que cheguei na sala, notei que minha mãe estava conversando com uma senhora que aparentava ter uns cinquenta anos.

— Mãe? — chamei e as duas olharam em minha direção.

— Ah, Isa, essa aqui é a dona Rebeca — falou minha mãe e eu sorri para a senhora. — Dona Rebeca, essa é a minha filha, Isabela.

— Muito prazer — disse a senhora, estendendo a mão com um sorriso.

— O prazer é meu — falei, apertando sua mão com um sorriso simpático.

Logo as duas começaram a conversar novamente e eu senti minha barriga roncar. Disfarçadamente, me aproximei da minha mãe e sussurrei:

— Mãe, tem algo para comer?

— Seu pai saiu para fazer as compras, mas, se não quiser esperar, tem uma padaria ali perto, é só virar a esquina.

— Ah, ok. Acho que vou lá, assim aprendo a andar um pouco por aqui.

— Certo, mas tenha cuidado.

— Pode deixar.

Peguei o dinheiro e fui caminhando até lá. Algumas pessoas ficaram me olhando, provavelmente perceberam que eu era nova na rua. Quando atravessei a esquina, logo vi a padaria e fui até lá. Comprei os pães e saí, estava um pouco distraída olhando a rua, quando acabei esbarrando em um garoto, fazendo seus livros caírem.

— Ai meu Deus, me desculpe, eu não te vi! — falei aflita, ajudando o garoto a apanhar seus livros.

— Tudo bem, eu não estava prestando muita atenção, é que eu estou atrasado — respondeu o garoto. — Você mora por aqui?

— Sim, eu acabei de chegar de Porto Alegre, na verdade.

— Nossa, então seja bem vinda! Meu nome é Thomas e o seu?

— Prazer, Isabela.

— O prazer é meu. Eu tenho que ir, estou meio atrasado, mas a gente se vê por aí — disse com um sorriso de lado.

— Até logo!

Voltei pra casa e, quando cheguei, notei que meu pai havia acabado de voltar com as compras.

— Cheguei, mãe — disse entrando em casa.

— Você demorou, filha! — falou da cozinha e eu fui até lá.

— Ah, é que acabei esbarrando em garoto por acidente — comentei, sentando na mesa e pegando um pão.

— Então já fez amizades?

— Mãe, eu só esbarrei nele. Nem sei se o verei novamente.

— A minha mãe me deu o endereço da escola que fica aqui no bairro, acho que a Marina estuda lá. Irei hoje à tarde fazer sua matricula e, se der certo, você irá começar na segunda — comentou a mamãe enquanto arrumava a cozinha.

— Ok.

Depois de comer, subi para meu quarto e fui mexer um pouco no meu notebook. Logo o meu celular tocou e vi que tinha chegado uma mensagem de Anna.

Anna

Hey, Isa. Já chegou em SP?

Isabela

Oi, Aninha.

Cheguei sim. Como vai?

Anna

Estou bem e você?

Isabela

Também...

Anna

Novidades?

Isabela

Não faz nem um dia que cheguei aqui e você já me pergunta as novidades? haha

Anna

Ah, não! Não me diga que você ainda não saiu de casa desde quando chegou?

Isa, vai conhecer gente, não fica só em casa!

Isabela

Na verdade eu já saí, sim. Fui numa padaria que tem aqui perto.

Anna

Nossa que passeio grande, hein? Foi divertido?

Isabela

Haha

Acabei até esbarrando em um garoto aleatório e derrubei todos os livros dele.

Anna

Desastrada como sempre! Já tá conquistando corações?

Isabela

Anna, eu só esbarrei nele! Eu nem conheço o garoto. Vou nem falar nada de você e do...

Anna

Pode parar Senhorita Isabela Torres.

Isabela

Hummm...

Anna

Ei, eu vou ter que sair, pois vou à aula de violão. Depois a gente se fala.

Tchau, beijos.

Isabela

Querendo fugir do assunto, mocinha.

Beijos.

Depois que a Anna saiu, decidi dormir um pouco pois estava cansada da viagem e de toda a arrumação que fiz. Guardei o notebook, meu celular e adormeci.

⭐ ⭐ ⭐

— Isabela! — chamou minha mãe e eu abracei o meu travesseiro, sonolenta.

— Me deixa dormir mais um pouco? — balbuciei, mas ela apenas riu.

— Ah, então você não vai querer jantar? — perguntou se aproximando. — Nós iremos jantar na casa da mamãe. Se for, levanta logo pois já estamos de saída! — Ela saiu do quarto e eu levantei rapidamente. Fazia tempo que não comia a comida da vovó e com certeza minhas tias, tios e primos estariam lá.

Tomei um banho rápido, coloquei um vestido florido, uma sapatilha e deixei meus cabelos soltos. Quando cheguei na sala, meus pais já estavam me esperando.

Fomos andando pois a casa da minha avó não era muito longe. Quando chegamos, assim como imaginei, minha família estava lá. Meus pais os cumprimentaram, assim como eu.

— Como você cresceu! — comentou minha tia Clarice e eu sorri.

— Não acho, continua baixinha como sempre — comentou Mateus, meu primo, rindo.

— E você continua idiota! — respondi rindo.

— Eu sei que você me ama, priminha adorável. — falou Mateus, vindo me abraçar.

— Assim como você me ama!

— Bela! — gritou Marina, caminhando em minha direção.

— Mari! — gritei de volta, a abraçando.

Marina era minha outra prima, irmã do Mateus. Ela sempre ia a Porto Alegre nas férias. Quando eu era pequena e vinha em São Paulo, nós brincávamos muito, junto com o Mateus, que nos irritava muito. Ela estava afastada da igreja, mas eu acreditava que logo ela voltaria para os caminhos do Senhor.

— Que saudades, prima! — comentou rindo. — Me fala as novidades. Como está aquele seu amigo gatinho?

— O Nathan? — perguntei e ela assentiu. No ano passado, a Marina foi passar as férias na minha casa em Porto Alegre e conheceu Nathan e Anna. Desde então, ela não parou de falar em como ele era lindo e, se morasse lá, namoraria ele. — Ele está bem!

— Disso eu sei, mas ele não está namorando, certo? — perguntou sussurrando e me fazendo rir.

— Não, Mari. Você não desiste, não é?

— Enquanto ele não estiver namorando, eu ainda tenho esperanças — disse sorrindo. — Eu ainda sonho com ele!

— Muito sonhadora você.

A vovó nos chamou para jantar e nós fomos. Estava sentindo falta da comida da vovó. Ela sempre fazia a minha comida predileta. O jantar foi bem legal, jantamos conversando e lembrando o passado.

Depois do jantar, fui à sala e comecei a ver as fotos que a vovó tinha. Haviam muitas fotos minhas e dos meus primos. Vendo aquelas fotos, várias lembranças se passaram em minha cabeça.

— Parece que foi ontem, não é? — comentou Marina, ao meu lado.

— Verdade, nem parece que já faz anos que a gente corria e fazia a maior bagunça no quintal da vovó.

— Ei, eu tive uma ideia. Vamos ao quintal? — perguntou sorrindo e eu assenti.

Assim que chegamos no quintal da casa, percebi que não mudou muita coisa desde a última vez que estive aqui. O ambiente ainda tinha uma grama verde bem bonita e algumas flores que minha avó plantava preenchiam o local. Minha prima e eu sentamos em um banco que havia lá. O céu estava perfeito, todo estrelado e com a lua linda em sua fase minguante.

— Observando isso, vemos o quanto Deus é maravilhoso. Ele criou tudo isso com apenas a sua voz! — comentei, analisando o céu. Percebi que Marina sorriu levemente.

— Verdade. Sabe, às vezes eu venho aqui, fico olhando o céu e lembrando das coisas que Deus faz. São todas perfeitas e tudo tem um propósito! — disse ela e eu sorri. — Queria compartilhar a paisagem com você. Sabia que você gostaria.

— É bom saber que mesmo não indo à igreja, você continua crendo em Deus. O que acha de ir ao culto com a gente domingo? — perguntei, na esperança de um “sim”. Ela pensou um pouco, mas logo assentiu.

— Sim, eu irei! — respondeu e eu sorri, feliz.

⭐ ⭐ ⭐

Acordei com o som do despertador tocando.

Por que é que eu fui programar esse alarme mesmo, hein?

Estava quase derrubando o despertador quando vejo a hora.

Meu Deus, já são meio dia! Eu só podia estar desmaiada para dormir até essa hora!

Levantei-me rapidamente e fiz a minha oração. Depois de tomar um longo banho, vesti uma roupa confortável e desci.

— A Bela Adormecida acordou? — disse minha mãe, que estava na cozinha, preparando o almoço.

— A senhora deveria ter me chamado — comentei. — Cadê o papai?

— Foi resolver alguns documentos do trabalho.

Enquanto a minha mãe preparava o almoço, fui assistir a um filme. Estava passando Um amor pra recordar e resultado: chorei. Chorei como todas as outras vezes que vi esse filme.

— Está tudo bem, Isa? — perguntou a minha mãe quando me viu chorando. Ela olhou a TV e percebeu o porquê de eu estar assim e riu. — Só podia ser. Vem almoçar, filha.

Levantei e fui almoçar. Eu amava a lasanha de frango que minha mãe fazia. Ok, eu amo comida.

Quando terminei, eram duas e quinze da tarde, então decidi andar um pouco pois queria conhecer o bairro. Fui até uma praça que tinha perto da minha casa, meus primos e eu íamos lá quando éramos crianças.

Sentei-me em um banco e fiquei olhando o ambiente; as plantas, as árvores, o céu... Eram lindos.

— Não sabia que havia mais pessoas nessa cidade que sentavam aqui e ficavam olhando para o nada. Pensei que o estranho fosse só eu — falou um garoto, sentando-se ao meu lado no banco.

— Gosto de observar o céu, a grama, as flores... Aqui tem uma vista boa. Olhar para o “nada” é legal — respondi com um pequeno sorriso. — Na verdade, quando olhos para essas coisas, sinto que estou olhando nada e, ao mesmo tempo, tudo.

— Boas palavras — disse o garoto, condescendente. — Ainda não tinha lhe visto por aqui.

— Eu me mudei para cá há pouco tempo.

— Sua casa é aqui perto? — perguntou e eu assenti. — Sei.

Eu não queria dar muitas informações da minha vida para um desconhecido, mas algo me dizia que não havia nada de mais em conversar com ele.

Ficamos em silêncio por longos minutos. Olhei disfarçadamente para o lado direito, a fim de observá-lo. O garoto era bonito. Ele tinha os cabelos um pouco escuros e seus olhos eram azuis, como o céu. Ele me encarou de volta.

Meu Deus, que olhos lindos.

— Você sempre vem aqui? — perguntei e, só depois de falar, percebi que aquela era uma frase brega e clichê. Por sorte, o garoto não pareceu pensar a mesma coisa.

— Às vezes. Quando tenho vontade de sair de casa e tomar um ar, venho aqui. Fico observando o céu, ouvindo o canto dos pássaros, as pessoas, as crianças brincando... Isso me faz lembrar de quando eu vinha aqui quando criança com meus pais — respondeu e abaixou a cabeça. — Fazíamos piqueniques de tarde, minha irmã e eu brincávamos ou correndo, ou nos brinquedos. Eu amava quando vinha aqui com meus pais. Esse era o meu lugar favorito!

Ele olhava atentamente a praça, como se estivesse relembrando o que havia me falado.

— E onde estão os seus pais? — perguntei curiosa e o mesmo suspirou.

— Sabe, não costumo falar da minha vida com desconhecidos, mas respondendo a sua pergunta... Os meus pais morreram — falou e pude sentir um pouco de tristeza nas suas palavras.

Era para eu ter ficado calada.

— Ah, eu sinto muito — respondi e ele continuou a observar a praça, em um silêncio esquisito. De repente, o mesmo levantou-se e simplesmente saiu. Ele saiu sem ao menos se despedir.

Ok, esse garoto é meio estranho.

Depois de alguns minutos, decidi ir embora pois já estava ficando tarde. Enquanto voltava pra casa, fiquei pensando no garoto da praça e em suas palavras.

Quando cheguei em casa, encontrei Marina me esperando na sala.

— Até que fim você apareceu, garota! Nem me chamou para passear! — falou emburrada e eu ri.

— Não me lembrei de te chamar.

— Claro, sou tão insignificante para você — dramatizou.

— Ah, Mari, nem começa — retruquei e ela riu. — Faz tempo que está aqui?

— Uns 10 minutos — ela sentou no sofá e eu fiz o mesmo. — Ei, o que acha de fazermos uma maratona de filmes?

— Ótima ideia! — respondi rindo. — Eu faço a pipoca e você o chocolate!

— Ah, não. Deixa eu fazer a pipoca, é mais fácil.

— Marina, deixa de ser preguiçosa!

Fomos para a cozinha e começamos a preparar a comida. Fiz a pipoca e a Marina o chocolate, peguei o refrigerante e fomos para a sala escolher o filme. Depois de muito tempo procurando o primeiro filme, escolhemos uma comédia romântica e decidimos assistir outro de ação depois. Depois de ver muitos filmes, a Marina ficou pra dormir na minha casa e ficamos conversando até tarde.
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Jesus, Jesus! És o meu amor, minha força pra viver. És o meu Pastor, me guias onde eu for... Eu só quero Te adorar, quero me prostrar, Te oferecer o meu melhor, toma a minha vida em Tuas mãos e vem me restaurar me colocar de pé..."

Oi, gente. Está aí mais um capítulo, espero que gostem!

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Beijos e fiquem com Deus. 😘💕

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