Eleven

                  

Quando cheguei no hotel, e finalmente pude me deitar, peguei as joias em meu bolso. Coloquei os brincos que eram conhecidos em cima de uma mesinha próxima da cama que havia no quarto, e fiquei um tempo segurando a aliança, bonita e grossa, em prata, não haviam muitos detalhes do lado de fora, parecia mesmo ser uma aliança masculina. Observei dentro, apenas para ver se tinha o nome de alguém, e ali estava a melhor coisa da noite.

O nome de Ravenna. Em letras cursivas e bonitas, porém sem data nenhuma.

Agora a certeza de que Richard tinha voltado por ela, era tamanha que o contrário nem merecia ser cogitado. Ele tinha se dado ao trabalho de guardar uma aliança, mesmo que fosse de prata e ele a estivesse segurando para poder vender ou o que quer que seja, não o tinha feito ainda, o que indicava que ainda sentia apreço por Ravenna. Essa era minha maior prova. Richard ainda era doentiamente apaixonado pela senhorita Tucker.

[...]

Saí do hotel como um relâmpago, e rapidamente bati na porta de casa. Acordei cedo paguei minha conta, peguei minhas coisas e decidi não demorar muito. Precisava tirar Duane de lá, era urgente. E não era ciúmes, bom deixar isso claro. A melhor coisa foi ver que a porta fora aberta logo, eu estava em casa novamente.

– Ainda é muito cedo. – Então o que ele estava fazendo de pé abrindo a porta sem parecer que tinha acabado de acordar? – Faça silêncio, Ravenna está dormindo.

A cara de Duane ao falar de Ravenna não teve alteração nenhuma, alguma coisa tinha acontecido, ou deixado de acontecer pelo menos.

– Como sabe? – Entrei em minha casa jogando as chaves de um lado e a carteira do outro. Guardaria a arma no escritório como sempre, mais tarde. – Não dormiram juntos não é?

– Claro, usamos sua cama. – Sorri sem humor vendo que ele fez o mesmo. Duane estava sendo seco e sarcástico, alguém parecia ter levado uma mordida ruim aqui entre nós. O acompanhei até a cozinha e vi que ele tinha feito café. – Ela se trancou no quarto antes de qualquer coisa.

Aquela era minha menina...

Minha?

– Sei como é isso, ela faz sempre, e parece que quer esconder uma bomba ou algo assim. – Balancei a cabeça me sentando e vendo Duane tomar o café bem calado. – Você está muito calado, ela mordeu sua língua antes de se trancar no quarto?

– Pelo contrário, não me disse nada, eu entrei, e ela estava fechando a janela. Depois disso só ouvi um boa noite e finalmente, fiquei sozinho aqui. Com a maior cara de tapado, poxa quando ela me chamou para entrar eu esperava algo mais, só que ela simplesmente me deixou na mão sabe? Literalmente na mão. – Eu tive que sorrir.

Era divertido saber que Duane esperava mais de Ravenna. Eu já tinha aprendido a não esperar nada dela, aquela menina tinha o poder de me surpreender, principalmente com a história dos pecados que eram a pista para finalmente pegar Richard.

– Eu preciso levar as amostras para o laboratório. Então, fique ai com sua pequena robô. – Dizendo isso, ele simplesmente se levantou e bateu em meu ombro antes de sair.

Esse era o efeito de Ravenna nas pessoas. Sem dúvidas muita surpresa.

Aproveitando que Duane havia saído eu terminei meu café indo até o quarto de Ravenna, apenas abrindo a porta com calma suficiente para que eu pudesse verificar se ela estava mesmo dormindo. E lá estava ela, dormindo com toda serenidade que só ela podia ter, me aproximei de sua cama a passos lentos, calmos, não queria que ela despertasse. O cabelo roxo estava preso em uma trança e ela não parecia com frio já que o lençol só lhe cobria até a cintura. Sem conseguir vencer a tentação de tocar seu rosto, eu fiz um carinho em sua bochecha, de maneira devagar. Meus olhos desceram pelo seu pescoço e eu vi a prova de que talvez Duane tinha mentido para mim.

Havia um avermelhado bem marcado ali, um chupão.

Ele podia ter me contado, deveria ter me contado, não iria socar sua cara novamente por causa disso, meu amigo podia ter sido sincero comigo.

[...]

A manhã estava passando rapidamente, e eu estava no escritório registrando as coisas que tinham acontecido no dia anterior, na casa abandonada que tinha pegado fogo. Duane iria examinar o sangue que eu tinha quase certeza que era de Richard, ou de uma de suas vítimas pelo menos. Ravenna já tinha acordado e estava na cozinha tomando café, havia passado aqui para falar bom dia e nada mais.

Depois de algum tempo a porta se abriu novamente e ela e sua cabeleira roxa entraram no local. Usava uma calça jeans escura e uma blusa grande demais para que fosse dela. Os cabelos estavam presos em um rabo de cavalo e a cara ainda era de sono, além de tudo, o roxo em seu pescoço continuava a mostra como se ela quisesse me mostrar que tinha ganhado aquilo do meu amigo.

– Como foi ontem? – Contornando minha mesa ela se sentou na beirada da própria mesa de frente para mim, queria minha atenção a final de contas.

– Teve uma explosão. – Comentei voltando a prestar atenção no computador. – Nada que eu já não estivesse acostumado.

– Richard tem uma ira muito grande dentro de si. – Suas mãos tocaram a barra da camiseta que usava. Talvez fosse do ex noivo e ela tivesse se apoderado. – Não quer saber como foi com Duane?

– Como se o roxo no seu pescoço não me desse uma ideia do acontecimento. – Claro que eu ia comentar, ela não tinha deixado a mostra para que eu realmente percebesse?

Ravenna sorriu, tinha achado divertido, talvez seja para ela, mas a minha investigação estava em jogo com aqueles dois.

– Queria ser você a deixar um roxo em meu pescoço? – Ah, a mocinha provocadora estava ali a final de contas. – Sabe, da última vez eu precisei beijá-lo, porque você não faria isso sozinho, detetive.

Sorri de lado e me levantei com o mesmo sorriso no rosto, já que Ravenna queria brincar, iriamos brincar. Claro que, eu também tinha as minhas cartas na manga. E ela ainda não conhecia o Elliot Green que gosta de fazer joguinhos.

– Não estou aqui para aliviar a sua tensão sexual, Ravenna. – Deixei que nossos rostos ficassem próximos, não tinha perigo nenhum. – Estou tentando resolver seu caso.

– Mas qualquer convivência fica melhor se você cooperar um pouquinho. – Seu rosto estava se insinuando para encostar no meu.

A última vez que nossos rostos tinham ficado tão próximos, ela tinha me beijado, e eu não podia negar que tinha adorado, porque seria uma mentira grande demais. Eu tinha uma vontade que estava reprimindo, era aquela vontade de sentir a textura daqueles lábios novamente, de onde vinham as frases mais estranhas do meu dia a dia, onde a dona era a pessoa mais bipolar que eu poderia ter conhecido.

Tão bipolar que me fazia pensar, se na verdade, ela mesma não tinha feito tudo aquilo e agora estava apenas me enganando, e tudo aquilo não passava de pistas e coisas que Ravenna havia armado para acabar se safando ou tendo um tempo de diversão antes de ser morta, já que estava condenada a isso.

Com aquela boca tão próxima eu não conseguia pensar que ela era culpada, mesmo que a chance disso ser verdade fosse mínima e existisse, naquele momento eu não conseguia pensar, nem imaginar isso.

– Então eu vou cooperar.

De uma só vez, levei minhas mãos até seus cabelos roxos, desarrumando todo o rabo de cavalo que ela tinha feito, e puxando seu rosto na minha direção, bruto, porém com cuidado suficiente para que ela não acabasse machucada. Sua boca e a minha estavam coladas, de uma maneira melhor que antes, as línguas pareciam que já se conheciam a tempo o bastante para ditar a velocidade daquele beijo, e suas mãos, aquelas mãos exploravam qualquer lugar por onde pudessem passar.

Sentia suas mãos subindo por meu peitoral e parando em meus fios de cabelo. Os puxando, da mesma maneira que eu puxava os dela, tentando talvez me devolver tudo o que eu estava falando. Nossos corpos já estavam colados, e eu já tinha me metido entre suas pernas que se mantinham grudadas na minha cintura, me laçando, me impulsionando para cima dela. Minhas mãos desceram até sua cintura apertando o local sentindo Ravenna soltar um leve suspiro contra meus próprios lábios, aposto que ela estava começando a sentir o que queria desde o começo.

Aproveitando a deixa daquele suspiro eu resolvi que iria avançar um pouco, e depois parar, dar a ela apenas o necessário, precisava ter em mente o que realmente estava em jogo ali. Desci os beijos por seu pescoço, no lado oposto de onde estava a marca de seu pescoço que eu tinha certeza que havia sido Duane a deixar aquilo ali.

– Sei que está planejando parar depois, saiba que já estou preparada.

Naquele momento, toda a áurea que estava nos cobrindo se dissipou, e eu a encarei. Uma das minhas mãos estava em sua coxa e a outra apertando sua cintura, suas mãos continuavam em meu pescoço, acariciando minha nuca enquanto nossos olhos se encontravam, os dela com uma escuridão que seria bonita se não fosse um pouco assustadora e preocupante.

– O que quer dizer com isso? – Não tive a coragem de mexer até aquele momento, precisava ouvir mais.

– Que Richard também brincava comigo detetive, ele também era do tipo que me excitava e depois saía andando, como se isso alimentasse o ego dele. Algumas cicatrizes nunca nos deixarão. – Ela me soltou fazendo um movimento de quem queria descer da mesa e eu me afastei deixando o caminho livre para que a mocinha pudesse seguir seu rumo. – Se orgulho fosse um pecado, Richard seria cheio dele. – Seria aquela mais uma pista? – Espere, orgulho, é soberba. É um pecado, e eu o cometi também.

Enquanto observava Ravenna sumir diante dos meus olhos, na direção da porta, meu corpo despencou em direção a cadeira. Tudo bem, não dava para negar, até mesmo eu tinha começado a sentir a temperatura subindo com a nossa pegação, mas depois daquele monólogo da mocinha, tinha ficado difícil conseguir manter a temperatura lá em cima.

Se Richard era tão orgulhoso, e aquela tinha sido realmente uma pista, então para que aquela informação iria servir? Quando ela falou sobre luxuria, a pista era a boate. Afinal, através da boate conseguíamos descobrir que o seu ex noivo tinha se escondido na suíça até voltar para cá, e agora ele tinha finalmente voltado, talvez por ela, informação que tinha sido conseguida através da pista da ira. A raiva de Richard, a explosão na casa com o intuito de demonstrar que sabia que estávamos atrás dele novamente, e de destruir informações importantes, como a aliança e o quadro, que demonstravam que ele tinha voltado por Ravenna.

Agora, o que uma pista como orgulho nos daria?

Não podia deixar que Ravenna tivesse vivido a vida dela sendo boba por Richard, para morrer que nem besta pelo mesmo homem. Estava fora de cogitação e dos meus planos deixar que algo dessa natureza acontecesse. Afinal, Ravenna para mim era igual Rose, significava a minha redenção, e se Richard tinha voltado por ela agora, ela também significava algo importante para ele.

Pensando dessa maneira foi que minha cabeça deu finalmente um estralo. Ravenna era o orgulho de Richard, ela estar presa, era a certeza para ele de que nada lhe aconteceria que ele mesmo já não tivesse previsto, ela era a grande fonte de orgulho para ele, e talvez mesmo não aceitando, mesmo não querendo ver um pouco do relacionamento abusivo que tudo aquilo se tornou, ele era de certo modo a fonte de orgulho dela também.

E se ela era o orgulho dele, e ele tinha sido capaz de deixar que fosse presa, era quase a confissão dela, para ser inocente. Não foi presa porque cometeu um crime, foi presa para priorizar o orgulho que ele sentia.

Ravenna tinha se declarado inocente na minha frente, e eu nem ao menos tinha notado isso antes.

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