Capítulo 8


- Boa noite, Jo !

Eu digo, e Jo me deseja o mesmo e me dá um sorriso meigo. Ela entra no quarto de hóspedes e eu entro no meu.  Meu quarto possui todas as paredes pintadas de cinza escuro, uma televisão de sessenta polegadas, que está presa a parede ao lado da porta.
Em frente há televisão, há uma cama de casal, que está forrada com um lençol azul escuro e um cobertor cinza escuro, além dos dois travesseiros que possuem fronhas da mesma cor que o cobertor. Dou uma volta na cama, e admiro, por alguns instantes, a paisagem do hyde park, graças a tela de vidro em meu quarto, eu podia ter a perfeita visão do parque, quando fosse dormir e quando acordasse!
Abro a porta de madeira, e entro no banheiro espaçoso, jogo o terno caro no chão, entro no banho e ligo o chuveiro, ajusto a temperatura da água, e no instante em que os jatos de água quente, atingem a minha pele, toda a tensão do meu corpo desaparece. Eu simplesmente adoro esse chuveiro, pois além de fazer a água jorrar pelo meu corpo de cima para baixo, esse banheiro também tinha mais duas espécies de chuveiro, dois dois lados do box, de forma que quando ligados, eles molham toda as extremidades do meu corpo.
Saío do banheiro e enrolo minha cintura com uma toalha branca, abro um sorriso quando me lembro dá reação da Jo, hoje pela manhã,  quando me viu só de toalha, claramente ela estava me dando uma checada, mas não posso e não tenho o direito de falar nada, afinal, eu também dei uma checada nela...
Eu não acreditei quando Marcos me contou que tinha uma filha. Durante todos os anos em que ele ficou ao meu lado e da minha família, Marcos nunca  mencionou que havia tido uma família antes da Camila, e pior, ele tinha abandonado sua filha e sua mulher, pois a mesma era viciada em drogas e ele não suportou a pressão! Eu fiquei com muita raiva do Marcos, quando ele me contou sobre as condições de como abandonou a Jo. Eu sabia perfeitamente o que era perder uma família, mas graças aos Fiennes-tiffin eu ganhei outra, e quando ouvi sobre Josephine, me ofereci para ajudá-la. Marcos fez o testamento deixando todos os seus bens para Josephine, mas a ideia de ajudar e ser a pessoa que estaria lá para contar sobre a herança para Jo, partiu de mim! Óbvio que Marcos concordou e apoiou completamente a minha ideia, mas eu disse para ele que ele deveria ficar com os créditos, afinal, ele era uma boa pessoa, que cometeu um erro, mas  merecia ser perdoado. 
Quando comecei a investigar Jo, eu fiquei realmente impressionado, ela tinha excelentes notas na faculdade e até mesmo os professores que eu contatei, foram unânimes em afirmar, que Jo era era uma estudante exepicional, e que era uma pena que ela não tivesse arranjado um emprego nessa área. E foi aí que eu tive a exelente ideia, de contrata-la com COO da minha empresa!
Isso era uma ideia maluca, arriscada e insana, nenhum CEO em sã consciência ou com anos de vida,  iria tomar tamanha decisão, mas eu sou considerado o CEO mais jovem de todos os tempos, e por isso, fui até o final na minha ideia maluca de trazer Jo para Londres, claro que se ela negasse, eu iria mandar um advogado para que ela assinasse e recebesse a herança, mas se ela aceitasse, eu a traria comigo e a ajudaria com tudo o que ela precisasse!
Eu vou cuidar de Jo, vou fazê-la confiar mais nas pessoas, e se sentir bem consigo mesma, eu vou ajudá-la a ter ter uma vida, boa e feliz, vou ser seu amigo e vou estar lá sempre que ela precisar . Foi isso que eu prometi para mim mesmo, no dia em que cheguei em Seattle, e é exatamente isso o que eu vou fazer!



Novamente, eu dou uma volta na cama, e abro a porta do meu closet.
Vou em direção a uma das gavetas e abro a mesma, pego uma calça de moletom cinza claro e saio do closet. Eu nunca gostei de dormir de blusa, sempre me senti sufocado e com calor, por isso, eu só coloco a calça e depois de pendurar a toalha no banheiro, e colocar a roupa,  que antes estava no chão, dentro do cesto de roupa suja, eu me deito na cama, e depois de programar meu despertador para que eu acorde cedo, para fazer a minha habitual corrida matinal, eu pego no sono...


●●●

Estou com calor, estou com muito calor!
Me sento na cama, mas eu não estou mais no meu quarto.
Eu voltei para aquela época, voltei para aquele quarto pequeno e cercado por dinossauros e carros de brinquedo, voltei a ser aquele garotinho de sete anos!
Vejo a " luz" provocada pelas chamas ao mesmo tempo em que escuto alguém me chamar.
Abro a porta e uma fumaça densa e acinzentada atinge minhas narrinas, chamo por minha mãe, e escuto sua voz  antes tão aveludada, agora tomada pelo terror!
Escuto meu pai me chamar, assim como minha mãe, mas eu não sou capaz de vê-los. Sinto meu coração acelerar e mais e mais, meu pai grita de agonia e dor e eu começo a chorar, chamo por minha mãe e por meu pai, mas eles não respondem, eu grito mais um vez, mas quando minha mãe diz meu nome, sua voz já está fraca, mas ela ainda tem forças para gritar, deixando claro sua agonia e dor...


●●●

- Hero, Hero, Hero !


Escuto alguém me chamar , mas não é minha mãe ou meu pai.
Abro os olhos, completamente apavorado e tremendo, e vejo os olhos azuis céu de Jo.
Meu abajur está acesso, e eu reparo no pijama de Jo, uma calça de flanela cinza  claro e uma blusa, também de flanela, cinza escuro. Sinto Jo segurando minha mão, e quando percebo o que está acontecendo, sinto minhas bochechas queimarem e eu me sento na cama, sentindo o suor frio escorrer por meu rosto.



- Você está bem ?!

Jo pergunta, e eu percebo a preocupação em sua voz.
Eu afirmo com um aceno de cabeça, mas sei que os meus olhos e o suor em minha pele dizem o contrário, sei que eles dizem a verdade !
Jo se senta na cama, de modo que nós fiquemos um de frente para o outro. Jo ainda está segurando minha mão, e para a minha surpresa, esse simples gesto me acalma consideravelmente!


- Eu odeio esses pesadelos!

Eu confesso, e olho para baixo, envergonhado que o meu pesadelo tenha acordado a Jo, e que agora ela esteja aqui, na minha frente, consciente de que eu ainda pareço a porra de um moleque de sete anos, que não consegue dormir,  porque tem pesadelos!


- Esses pesadelos,  são sobre os seus pais biológicos?!

Jo me pergunta, e eu levanto a cabeça, completamente surpreso, com o fato de ela saber que, o casal que estava no meu porta-retrato não são meus pais biológicos!

- Como você sabe, que eu fui adotado?!

- No dia em que nós nos conhecemos, e  você me fez todas as suas propostas, eu pedi um tempo para pensar e acabei pesquisando o seu nome no Google. 
Então, Eu acabei descobrindo que você foi adotado pelos Fiennes-tiffin!

Jo diz, e eu não contenho o sorriso presunçoso que aparece em meu rosto, ao saber que Jo pesquisou meu nome no Google. Eu já sabia que a minha adoção era de conhecimento público, mas a verdadeira razão pela qual eu acabei em um orfanato, isso ninguém sabia!


- Você não tem que me contar, o porquê de você ter ido para um orfanato!

Jo diz e eu me surpreendo, mas abro um sorriso em agradecimento. Porque contar a razão pela qual eu fui parar em um orfanato, não era um dos meus assuntos favoritos.



- Eu me sinto tão idiota, quando esses pesadelos ocorrem! Parece que eu sou a porra de um menininho indefeso!


Eu confesso, e Jo acarencia a minha mão, em uma clara tentativa de me fazer sentir melhor. Eu abro um sorrisinho e seguro sua mão mais forte  contra a minha.


- Você não é um idiota Hero! E concerteza não parece um menininho indefeso, você tem esses pesadelos porque sofreu um trauma marcante,  mas isso não faz de você uma pessoa fraca ou indefesa, muito pelo contrario!


Jo afirma com tamanha veemência, que todo o aperto em meu peito, todo o sentimento de fraqueza e tristeza, desaparece, quase que instantaneamente!



- Esse pesadelos, eles ocorrem com frequência?!


Jo me pergunta, e eu percebo que ela está tentando se conter, para que eu não me sinta pressionado. Mas eu definitivamente, não me sinto pressionado, eu exigi muita confiança de Jo ao oferecer um emprego e contar sobre herança, eu exigi que ela confiaçe cegamente em mim, e algo dentro de mim, dizia que eu podia confiar cegamente em Jo!



- Só as vezes. Quando meus pais me adotaram, eu tinha esses pesadelos toda a noite, então eles me levaram para a terapia e isso até funcionou. Mas eu ainda tenho essas merdas de vez em quando !



Jo concorda com um aceno de cabeça, e preciona minha mão contra a sua, de um jeito completamente carinhoso e gentil.
Eu olho para o relógio, da minha mesa de cabeceira, e percebo que são cinco horas da manhã.


- Nossa, já está quase na hora de eu ir correr!


- Espera, você corre ?!

Jo me pergunta e eu fasso que sim com a cabeça e pergunto o por que , da sua indagação, até que um pensamento me ocorre, e eu olho para Jo, extremamente surpreso!


- Você também corre ?!

Eu pergunto, e Jo abre um sorriso presunçoso, ao mesmo tempo em que se levanta da minha cama e caminha em direção a porta.

- Te vejo em cinco minutos!

E dizendo isso, Jo sai do quarto, como se  me consolar fosse algo completamente normal entre nós!
Eu caminho em direção ao meu closet, e me arrumo o mais rápido possível, afinal, eu não quero deixar Jo esperando...

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