Capítulo 47

- Prontinho, já acabamos.

A mesma enfermeira que me deu assistência enquanto eu estava internado diz, ao mesmo tempo em que termina de retirar os meus pontos.
Eu me sento na maca, e volto a colocar a blusa de manga comprida cinza.

- E onde está a garota loira que não queria sair do seu lado?


A enfermeira pergunta, e eu abro um sorriso quando percebo que ela está falando da Jo.



- A Jo teve que ir em outro lugar, mas nós vamos nos encontrar quando eu sair daqui .


Eu digo, e a enfermeira sorri ao mesmo tempo em que diz :


- Bom, então você já pode ir encontra-lá. Nós já terminamos aqui!

Eu sorrio ao mesmo tempo em que me despeço da enfermeira, e abro a cortina azul que separa um leito do outro.
Eu visto o meu casaco, ao mesmo tempo em que caminho na direção da sala de espera, onde meus pais e irmãos estão.
Vejo meus pais e Titan parados mexendo no celular, mas assim que eu me aproximo, eles levantam a cabeça e eu me assusto ao ver suas caras pálidas.


- Ela não está atenden...


Mercy começa a dizer, mas assim que em vê, ela para de falar e me olha como se eu fosse um fantasma.


- O que está acontecendo? Quem não está atendendo?!

Eu pergunto para a minha família, mas assim que as palavras saem da minha boca, um pânico avassalador se instala no meu peito.
Antes de qualquer Fiennes-tiffin possa me responder, eu pego meu celular no bolço da calça e rapidamente aperto no número de Jo, que está gravado como meu número de emergência.
Três toques... quatro toques...cinco toques...seis toques!
Josephine não atente o celular, e assim que eu volto minha atenção, novamente, para a minha família, eu digo, mas dessa vez meu tom de voz é bem mais urgente e preocupado.


- O que está acontecendo?! Por que a Josephine não atente a porra do telefone ?!


Assim que eu termino de falar, percebo a forma como minha família engole minhas palavras a seco.
Meu olhar recai diretamente para Titan, pois eu sei que ele não vai mentir ou tentar me enganar.


- O orfanato pegou fogo. Está em todos os noticiários. Os bombeiros já chegaram lá, pelo que falaram só a uma vítima dentro da casa, mas eles não sabem se a pessoa está...


Titan não completa sua frase porque eu já não estou mais ouvindo, e ele sabe disso.
Eu pego o meu celular, e ando apressado na direção do estacionamento do hospital.


- Josephine, por favor me liga, eu preciso saber se você está bem !


Eu digo para a caixa de mensagens, ao mesmo tempo em que chego no carro alugado de Titan.


- Cade a chave ?!


Eu grito para o meu irmão, quando o mesmo se aproxima de mim.
Titan fica cara a cara para mim, e diz em um tom de voz, que eu só ouvi poucas vezes na minha vida.


- Eu dirijo. E você não vai me contradizer!



- Estamos falando da Josephine! Que muito provavelmente está presa em um incêndio, EM UM INCÊNDIO!


Eu digo, com a preocupação e a raiva borbulhando dentro de mim.
Titan me encara de forma séria, e eu percebo a forma como seus olhos ficam " duros" e seu rosto se torna extremamente carrancudo e sem nenhum sinal de sorriso!



- E é exatamente por isso que você não vai dirigir!
A não ser que você queira provocar um acidente de carro, EU vou dirigir !



Titan diz, e nós nos encaramos fixamente por alguns instantes, mas o medo avassalador continua a me  atingir, e eu saio do lado da porta do motorista e me dirijo para a do carona.
Eu e Titan entramos no carro, e assim que Mercy se senta no banco de trás, Titan liga o carro e faz um sinal para nossos pais, que estão entrando em seu carro, já que um só não iria dar para carregar os Fiennes-tiffin e a Josephine.
Titan começa a andar com o carro, e eu olho para a janela, tentando me acalmar.
Josephine, Josephine não atente o telefone e pode estar presa em um incêndio! Em um incêndio!
O sonho que eu tive enquanto estava internado no hospital me vem a mente, e eu aperto o banco do carro com força, para tentar descontar parte da minha raiva e medo...



Alguns minutos se passam, e quando Titan se aproxima do orfanato, eu vejo os dois carros de bombeiro e quatro  ambulâncias!
Titan para o carro perto da calçada, e eu abro a porta e saio do mesmo com uma velocidade absurda.
Eu me aproximo dos bombeiros, mas um deles coloca a mão no meu peito, me impedindo assim de avançar para o orfanato que ainda está em chamas.



- Minha noiva pode estar lá dentro!


Eu digo de forma apressada, e o homem alto e forte de olhos pretos diz no seu rádio:


- Vocês já encontraram a vítima?

Alguns segundos se passam, e eu olho fixamente para o orfanato em chamas. O lugar que um dia eu morei, depois de perder meus pais, agora se consome em chamas, e deixa de ser o lugar que um dia eu vivi, para ser lugar em que pode matar a Jo, que pode matar o amor da minha vida !



- Sim, já a encontramos. Seu braço estava embaixo de umas madeiras e algumas partes do teto.
Ela parece ter inalado muita fumaça, está desacordada !
Vamos levá-la para fora agora!


O rádio do chefe diz, e eu aperto meus lábios um contra o outro para me impedir de ir até o orfanato em chamas e eu mesmo tirar Josephine de lá.



- Hero !


Uma voz conhecida me chama, e assim que eu olho para o lugar onde a voz me chamou, eu vejo Vera caminhando apressada na minha direção.



- A Jo ficou presa. Ela voltou para buscar a Emery, mas não conseguiu sair!


Vera diz, e eu sinto  minha raiva e meu medo aumentarem.


- Onde está a Emery ?


Eu digo, e fico um pouco assustado quando minha voz saí grossa e firme, percebo que Vera também se assusta um pouco, já que eu nunca havia falado com ela desse jeito, mas eu não consigo me controlar, não quando minha Rainha e minha filha podem estar lá dentro.
Antes que Vera possa responder a minha pergunta, uma garotinha de cabelos vermelhos cacheados corre na minha direção, e no instante em que eu me abaixo, Emery me aperta com força!



- Shhh, está tudo bem querida. Tudo bem, você está segura agora!




Eu digo, quando Emery chora no meu ombro.
A garotinha me solta, e assim que meus olhos verdes encaram os, também verdes, de Emery, eu sinto o peso da angústia cair nos meus ombros. 



- Não está tudo bem. A tia Jo não saiu, ela foi me buscar e não conseguiu sair !
É minha culpa, se ela não tivesse ido me buscar, ela teria saido !



Emery chora, e eu enchugo suas lágrimas ao mesmo tempo me que digo, apesar de estar com um nó na garganta. 




- Não, isso não tem nada a ver querida. Não é sua culpa, e a tenho certeza de que a própria Jo vai te dizer isso!


Eu tento tranquilizar a garotinha, ao mesmo tempo em que sinto meus olhos se encheram de lágrimas quando meu olhar desvia de Emery para Jo, que está sendo carregada por um bombeiro que a coloca em uma maca de uma das ambulâncias.


- Tia Jo !

Emery diz, e só quando eu sinto meus irmãos tocarem em meu ombro, que eu percebo que eles ainda estão  aqui.


- Querida, eu preciso que você fique aqui com a Vera.
Eu preciso ir ficar com a Jo agora.


Eu digo para Emery, e por mais que eu sinta vontade de carregar essa menininha comigo, eu sei que não posso fazer isso, já que tecnicamente eu a estaria sequestrado.


- Mas eu também quero ficar com a Jo!


Emery diz, e eu sorrio para ela ao mesmo tempo em que digo:



- Eu sei, meu amor. Eu te prometo que logo - logo eu e Jo vamos ver você, mas agora eu preciso que você seja bem corajosa e fique com a Vera. Está bem ?!


Algumas lágrimas escorrem pelo rosto de Emery, ao mesmo tempo em que ela acente com a cabeça.
Eu me levanto, e olhando seriamente para Vera, eu digo entre dentes:



- Não deixe que nada aconteça a ela!


O olhar de Vera é de alguém assustado, mas eu não ligo nem um pouco. Não quando o amor da minha vida está sendo examinada por duas paramédicas.
Eu caminho na direção da maca onde Jo está, e sentindo meu coração bater desenfreadamente, eu digo para uma das paramédicas que possui o cabelos curto e pintado de loiro.



- Ela é minha noiva!


A paramédica acente com a cabeça, ao mesmo tempo em que sua parceira de cabelos cumpridos pretos, que estão presos em um rabo de cavalo diz :



- Nós vamos levá-la para um hospital. Ela inalou muita fumaça e aparentemente quebrou o braço esquerdo e teve algumas queimaduras leves no direto. Você pode vir conosco se quiser!



Eu concordo com a cabeça, e quando olho para meus irmão, que estão parados atrás de mim, Titan diz :



- Nós vamos seguir vocês até o hospital.


Eu concordo com a cabeça, e agradeço ao meu irmão ao mesmo tempo em que entro na ambulância juntamente com a paramédica loira que agora está colocando uma máscara de oxigênio em Josephine.
As portas da ambulância são fechadas, e eu sinto meus olhos queimarem por conta das lágrimas não derramadas.
O barulho que a ambulância faz seria insuportável se eu não tivesse tão impactado com a cena na minha frente.
Jo está deita em uma maca, com uma máscara de oxigênio; um acesso venoso na mão direita; uma tala na mão esquerda e algumas queimaduras leves  no cotovelo e antebraço direito. Sua pele lisa e sedosa agora se encontra manchada pela cinzas do incêndio e eu preciso me seguarar para não cair no choro.



- Qual o nome dela ?


A paramédica loira pergunta, ao mesmo tempo em que tira a bolça de Josephine e me entrega.



- Josephine, Josephine Langford.



Eu digo, e a paramédica acente com a cabeça, ao mesmo tempo em que diz :



- Ela é muito corajosa. O meu amigo que  a tirou do incêndio disse que a dona do orfanato contou que ela ficou para trás só para salvar uma menina.



Eu concordo com a cabeça, ao mesmo tempo em que seguro cuidadosamente a mão de Jo, que está com um aceno venoso, já que a outra mão está com uma tala.



- Acho melhor você pegar o anel dela. Os médicos vão tirar quando ela chegar no hospital .



A paramédicas me avisa, e eu concordo com a cabeça ao mesmo tempo em que tiro a aliança de Jo e guardo a mesmo dentro de sua bolça, que se encontra nas minhas mãos...
Alguns minutos de passam, até que a ambulância finalmente para e as paramédicas retiram a Josephine da ambulância.
Eu solto um suspiro profundo quando percebo que nós estamos no mesmo hospital que eu estava a pouco tempo atrás.
As paramédicas conduzem a maca para dentro do hospital, e assim que elas passam direto pela sala de espera, a mulher de cabelos pretos que está usando um rabo de cavalo diz para mim :



- É melhor o senhor esperar aqui. Os médicos vão ter que fazer alguns exames nela !



Eu concordo com a cabeça, e fico parado observando as paramédicas levarem Jo até um médico.



- Oi. Cadê a Jo?


Mercy pergunta, quando ela e Titan entram na sala de espera.



- Eles a levaram. Ela precisa fazer alguns exames, inalou muita fumaça; aparência quebrou o braço e teve algumas queimaduras leves.



Eu conto, ao mesmo tempo em que me sento em uma das cadeiras de plástico e aperto a alça da bolça de Jo com tanta força que os nós dos meus dedos ficam brancos.



- Ela vai ficar bem. Jo é uma das pessoas mais fortes que eu conheço.


Titan diz, mas eu não respondo, não quando a culpa consome todo o meu ser. Afinal, eu deixei que Jo fosse sozinha para o orfanato, e agora ela está correndo risco de vida.
Eu não posso perde-lá, nem agora nem nunca !



- Hero...


Minha mãe começa a dizer, no minuto em que ela e meu pai adentram o hospital.
Eu não olho para nenhum deles, apenas  me levanto e caminho em qualquer direção, só para ficar o mais distante possível.
Eu adentro o elevador, e aperto o botão que me levará para o lugar mais alto do hospital. Assim que as portas se abrem, eu me deparo com uma lanchonete, mas que também dá acesso a varanda.
Sem reparar em nada nem em ninguém, eu vou até as portas de vidro e uma vez que eu abro uma, eu caminho na direção da parte externa.
Eu me apoio na sacada de vidro, e quando me certifico de que não tem ninguém por perto, eu permito que as lágrimas molhem o meu rosto. Eu solto um suspiro profundo, em uma esperança tola de que esse gesto diminua o aperto do meu coração.
Não funciona. Eu abro a bolça de Jo, e retiro sua aliança de lá de dentro.
Eu adimiro o anel que eu escolhi para ela, ao mesmo tempo em que toco a aliança no meu dedo.



- Não me deixe. Por favor, por favor não me deixe!
Eu preciso de você, não vou aguentar se  você me deixar. Eu preciso de você, minha Rainha...

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