Capítulo V: Adaga
O baú estava em um canto sujo do celeiro, onde se encontrava um amontoado de coisas velhas. Com minhas mãos sobre o baú, eu tentei abri-lo, era mais pesado do que eu pensava, o que me fez usar mais força que o normal, apenas para abrir uma simples coisa velha.
O baú continha roupas, eram simples demais, não pareciam ser de grande valor. As roupas exalavam um odor estranho, que lembravam algo que já estava vencido a tempos e poderia se notar manchas sobre as roupas, terra talvez? Um pequeno papel estava entre as roupas, eu o peguei e abri.
"Se o proditor não a tiver, ninguém saberá e se souberem, estamos ferrados"
O que aquele bilhete queria dizer com não a tiver? Talvez algo tinha sido tomado e a certeza de que aquele bilhete provavelmente se referia aos assassinatos do meu pai louco era grande, e talvez a maioria dos adultos da vila sabiam daquelas mortes e as deixavam no fundo de um baú empoeirado, e as guardando como um segredo precioso.
Guardei aquele bilhete do mesmo jeito que estava, no mesmo lugar e pude perceber que tinha mais coisas no baú. Estranho, eu pensei, o que era aquilo? Estava fazendo com que o fundo do baú parecesse sujo, era algo que já parecia ter secado. Afastei as roupas e senti algo gelado, então puxei aquilo para fora. Com o choque, cai para trás e fiquei imóvel no chão, uma língua, uma língua estava no fundo do baú, então o bilhete se referia a isso.
De quem quer que seja aquilo, eu só poderia rezar por aquela pessoa, então eu logo coloquei aquela coisa no fundo do baú. Com minhas mãos sobre meu rosto, eu chorava sem aviso de pausa, eu só queria gritar para por meu constate medo para fora, mas aquilo não serviria de nada.
Voltei para casa, ainda tremendo, com as pernas fracas, eu me esforçava para andar, eu não ficaria ali por mais tempo. O ar pesado da casa me sufocava, era como se me prendesse, meu pai ainda não se encontrava em casa, para a minha sorte. Quanto tempo eu passei chorando naquele celeiro?
No minúsculo canto a qual eu chamava de quarto existia as coisas que eu tinha trago comigo da antiga casa da minha mãe, coisas simples mas que significavam muito. Minha proteção seria uma capa preta e uma adaga, nunca soube porque minha mãe tinha aquelas coisas. Antes de ter morrido, ela tinha me dado aquela arma, era para minha própria proteção, ela dizia.
Aquela adaga sempre chamou minha atenção, como ela a tinha conseguido? Parecia algo caro, era bem feita e minha mãe não tinha tanta condição para se comprar algo caro.
Decidi tira-la da bainha, sua lâmina prateada brilhava, alguns detalhes peculiares faziam com que ela se tornasse chamativa, um desenho e algo que parecia ser uma pequena escrita estava na lâmina, era um idioma diferente? Eu não entendia o que poderia estar escrito. Uma águia levantando voo estava desenhada ao lado da pequena escrita, eu ficava admirada ao ver aqueles traços, mas poderia ser perigoso, a adaga era afiada, parecia que poderia cortar qualquer coisa, então a guardei de volta.
Estava anoitecendo e eu já tinha me preparado para fugir, mas o que eu levava não era o suficiente, eu iria levar apenas um odre com água e sementes comestíveis, mas apenas sementes não me alimentariam o suficiente, eu teria que caçar, e seria complicado. Uma pequena trouxa seria consideravel para levar as poucas coisas que eu possuía.
O lugar já estava amaldiçoado a muito tempo e fugir de lá era meu objetivo, e eu tinha que cumpri-lo de qualquer forma, mesmo com medo e sendo alguém fraco.
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