— Hum... tudo isso é saudade?

Com um sorriso brincando em seus lábios, Juliette interpela a esposa logo após o beijo delas terminar.

— Sim. Muita saudade!... Muita... Muita mesmo!

Sarah confirma depositando mais beijos curtos nos lábios de Juliette.

Seu coração está tão exultante e pulsante dentro do peito, ao tê-la ali de volta. Está feliz com seu retorno. Sua esposa fez falta a cada instante daqueles dias longe. Principalmente, ontem por conta do que houve com Noan. Sarah se sentiu tão perdida e desesperada sem Juliette ao seu lado naquela situação aterrorizante.

— Que horas você chegou? Seu voo não saía só hoje pela manhã?

— Saía. Mas após falar contigo ontem, eu liguei pra companhia aérea e consegui trocar o horário da minha passagem. Precisava vir pra casa o quanto antes. Aí, consegui um lugar no voo com horário para as onze e meia da noite. Cheguei aqui de madrugada. - relata Juliette acariciando o rosto da esposa. Quanta falta sentiu dela e dos filhos. Tão cedo não faria outro curso fora. Nem que fosse só por dois dias apenas. Seu chefe que não viesse outra vez com essa de simpósio, curso ou algo parecido, porque ela não iria.

— Você dormiu no quarto de hóspedes? Porque de madrugada, eu acordei rápido com Noan choramingando na cama e não te vi lá.

— Sim, dormi no quarto de hóspedes.

— E por que não deitou com a gente na cama? Ia ser bom acordar e ver você com a gente lá.

— Se eu fizesse isso, as crianças certamente iam acordar e não dormiriam mais. Então, eu resolvi dormir no quarto de hóspedes. Sem contar, que queria fazer uma surpresa pra vocês.

E Sarah adorou a surpresa. Não poderia ter sido melhor!

— Hum... Noan chamou por você algumas vezes pela madrugada.

Juliette sabe bem o quão loucos por Sarah os gêmeos são. Mas nas horas do sufoco e medo, os dois chamam pela morena. Eles não queriam saber de mais ninguém a não ser dela. Sarah nessas ocasiões fica geralmente, em segundo plano para os filhos.

— Que bom que você já tá aqui, sabia?! - a loira aperta a esposa em seus braços e mais uma vez a beija. Mas agora é um beijo delicado e não com a urgência de ainda pouco.

— Mamãe Ju!

O casal interrompe o beijo no mesmo instante em que ouvem a vozinha surpresa de Liah chamar pela morena.

— Ei, minha pitiquinha linda. Vem cá com a mamãe.

Não foi preciso um segundo chamado para a menina vir correndo e se atirar nos braços de Juliette, que havia se agachado para receber o abraço da filha. Tão logo Liah já está em seus braços, Juliette a enche de beijos.

É tão bom ter sua filhinha nos braços de novo. Aquela garotinha junto com Noan fizeram uma falta enorme nesses dias em que passou longe deles. Assim como sua esposa também lhe fez falta.

Toda noite quando botava a cabeça no travesseiro após falar com a família pelo celular, Juliette fazia uma conta mental. Sua cabeça lhe dizia: "menos um dia pra voltar pra casa e ver sua família!". E seu coração ficava na maior ansiedade para que chegasse logo esse dia em que estaria ali novamente em seu lar, e tendo seus filhotes em seus braços de novo. Naquele momento era só um.

Ela ganha inúmeros beijos de Liah pelo rosto todo e um abraço tão apertado, que chega até se emocionar com toda essa recepção calorosa de sua menininha.

Todos os dias agradecia aos céus por ter sido presenteada com aquelas coisinhas lindas que são seus filhos. Os amou desde que recebeu a confirmação da médica de que o procedimento que fez para engravidar deu certo. E a cada mês que sua barriga crescia, seu amor por eles também crescia mais e mais. Até hoje esse amor só faz sempre crescer. Ama seus gêmeos e a outra mãe deles, com toda a força do seu coração.

Após cessar a sessão de beijos de Liah, Juliette se afasta um pouco para ver como sua filha está.

— É impressão minha ou tu cresceu alguns centímetros enquanto a mamãe esteve fora, hein pitica linda?

Juliette faz cócegas na barriga de Liah. A garotinha ri e em meio ao riso gostoso pede para a mãe parar com as cócegas.

De repente, escutam a voz chorosa de Noan chamando alto por Sarah.

— Mamãe Sar!!

— Vou buscá-lo.

A loira anuncia para a esposa já se dirigindo a porta da cozinha. Ao cruzar a mesma Sarah encontra seu menino no topo das escadas com as mãozinhas cobrindo o rosto e chorando. Mais que de pressa sobe as escadas, pega Noan no colo e vem descendo com cuidado os degraus.

— Pronto! Não chore mais. A mamãe tá aqui. - Ela embala Noan nos braços enquanto o garotinho soluça com cabeça apoiada no ombro de Sarah.

O pequeno teve um pesadelo e ficou mais assustado ainda quando despertou do sonho ruim e se viu sozinho na cama enorme das mães.

— Eu quero... a... mamãe Ju.. - Noan pede em meio ao soluço do choro.

— Ela está aqui, filho. Olha! - Sarah chama a atenção do filho após entrarem na cozinha.

O garotinho levanta a cabeça e ao ver Juliette, na mesma hora, estica os braços para ela e cai no choro.

— Mamãe Ju! Mamãe Ju!

Ele, praticamente, se atira para Juliette quando a mesma chega perto dele e Sarah. Com o outro braço livre, a loira prontamente, pega Liah dos braços da esposa para que Juliette possa segurar Noan melhor. Depois, Sarah fica apenas observando a esposa embalar o filho delas, tentando fazê-lo se acalmar e parar de chorar.

— Pronto! A mamãe Ju já tá aqui, filho. Já tô aqui! - Juliette diz enquanto dá leves tapinhas nas costas do menino para acalmá-lo.

Ela sente os bracinhos dele seguros de maneira apertada em torno de seu pescoço enquanto o pequeno ainda chora.

— Eu sonhei... que caía e... me machucava de novo. - Ele revela choroso.

— Foi só um sonho ruim, filho.

— O meu dodói... Tá doendo, mamãe Ju!... A minha... cabeça também. - Ele diz entre os soluços.

— Vai passar, filho! Vai passar a dor!... Sarah por que ele está com a voz rouca desse jeito?

— Ele gritou muito ontem no hospital que deu nisso. - Explica a loira passando a mão pelos cabelos do filho.

— Hum... Filho olha aqui pra mamãe. - Ela pede e é atendida poucos segundos depois. - Vai ficar tudo bem. Logo esse dodói nem vai incomodar mais. Tá bem? - Ele assente enquanto Juliette enxuga as lágrimas de seu rostinho com cuidado para não bater no machucado dele. - Agora, a mamãe quer que você pare de chorar e me dê um beijo, porque ainda não ganhei nenhum beijinho do meu pequeno Superman.

Seu menino atende no ato aos dois pedidos que ela lhe faz. Depois, Juliette beija com cuidado seu rostinho miúdo, que está inchado e com escoriações em torno do curativo.

— Que tal, agora tomarmos café? A mamãe fez aquela tapioca de banana com mel que vocês adoram.

Eles sorriam, porque de fato adoram essa tapioca. Na verdade eles gostavam de outras variações dessa iguaria, mas esta em especial era a preferida. Juliette misturava junto com a goma um pouco de cacau e recheava com bananas cortadas em rodelas e mel.

— E pra mim também? - Sarah interpela a esposa.

— Pra você também, claro. Mas a sua é de ovos mexidos, queijo e tomates.

- A minha preferida!

Enquanto se acomodam a mesa, Juliette ainda conta para animar Noan, que depois do café, ela dará o presente que trouxe para ele e Liah.

A irmã de Noan faz a maior festa com a menção do presente, já o garotinho não compartilha nada dessa alegria toda da irmã, apenas dá um sorriso fraco.

Já acomodados a mesa e desfrutando do café, Sarah se sente mais aliviada e feliz por ver que sua família está completa de novo. A loira pode ver o quanto os filhos estão contentes com a presença da outra mãe em casa de novo. Inclusive, aquela altura do café, Noan havia parado com o choro por completo e até já esboçava alguns sorrisos enquanto falava com Juliette.

Apesar de ter sido deixada de lado pelos filhos por conta da atenção que eles davam à outra mãe, Sarah não se importa com isso. Está feliz por vê-los felizes com o retorno de Juliette. Inclusive, a loira está tão feliz quanto os filhos a esse respeito. Estava mais do que louca para que sua mulher voltasse para casa.

A família termina o café um bom tempo depois e antes de saírem da cozinha para ir a sala, os pequenos fazem questão de mostrar Cuscuz. Desconfiado, o cachorrinho estranha de início a presença de Juliette, mas logo já está abanando o rabinho enquanto deixa a morena passar a mão nele. Já Paçoca quando vê a dona, faz a maior festa e lambe seu rosto algumas vezes, fazendo Liah e Noan sorrirem.

— Vocês acham isso engraçado, né?

Os dois assentem positivamente.

*****

— Olha só mamãe Ju o nosso herói em ação com sua capa!

Sarah tem Noan seguro em seus braços e rodopia com ele pela sala, como se o menino estivesse voando com sua capa. Noan ri da brincadeira.

E Juliette aproveita para registrar com seu celular moderno aquela brincadeira e também a carinha alegre do filho.

— Eu também quero fazer isso, mamãe Sar. - Liah pede pulando no sofá.

— Mamãe vai fazer também com você. Noan, você empresta sua capa pra Liah um pouquinho pra mamãe fazer essa brincadeira com ela?

O menino concorda. Ele não era egoísta com ninguém, muito menos, com a irmã.

Momentos depois é a vez de Liah estar com a capa vermelha de Noan e nos braços de Sarah, na mesma brincadeira que a mãe havia feito com o irmão anteriormente.

Juliette também registra o momento de sua "super-heroína" com o celular. Tanto a foto de Liah quanto a de Noan ficam lindas e Juliette pretende imprimi-las e colocar ambas em um porta-retrato junto aos demais que ela tem dos gêmeos na estante de sala.

A brincadeira ainda dura um tempo ali e rende várias risadas das crianças.

O resto do dia segue na maior alegria dos gêmeos por ter a outra mãe de volta em casa. Tinha sido a primeira vez que eles haviam ficado tantos dias longe de Juliette, e durante aquele dia do retorno dela, eles não desgrudaram da mãe. De Sarah, eles pouquíssimas vezes queriam saber. O chamego todo era com Juliette. Só queriam saber dela e de estar no colo dela.

No fim da tarde, a família recebe a visita de Thaís, que resolve dá uma passada ali antes de ir trabalhar para saber como está o afilhado depois de ontem.

— Agora estão contentes, né? A mamãe Ju já tá em casa de novo.

Acomodados um em cada lado de Juliette no sofá, os pequenos sorriem das palavras da madrinha.

— Te deixaram de escanteio, não é Sarah?

— Pois é. Mas tudo bem, aceito numa boa isso. - Ela comenta com um sorriso para a amiga.

*****

De pé entre a cama dos gêmeos, Juliette reveza seu olhar entre seu menino e sua garotinha que dormem serenamente há alguns minutos.

Eles custaram um pouco mais além do normal para dormir naquela noite. Tanto que Juliette chegou ao fim da leitura de um dos livrinhos de histórias infantis deles, e os gêmeos ainda estavam acordados. Geralmente, nem bem ela chega a leitura da metade do livro e os gêmeos já tinham pego no sono.

Já nessa noite foi diferente. Talvez sua presença de novo em casa depois desses dias longe, tenha sido a responsável por essa demora deles em dormir.

Eles só foram pegar de fato no sono, quando ela começou a cantar as mesmas músicas que cantarolava para eles na época em que eram bebês e antes disso, quando se encontravam ainda dentro de sua barriga e ficavam agitados.

E assim como acontecia quando eles se aquietavam em sua barriga ao ouvir as canções que ela lhes cantava, e também, quando eram bebês, dessa vez, o efeito foi o mesmo: eles se aquietaram e dormiram pouco tempo depois feito dois anjinhos que são.

Seus dois anjinhos levados!

Ela sente os braços da esposa envolverem sua cintura e o queixo de Sarah repousar sobre seu ombro.

— Enfim dormiram? - a loira sussurra para a esposa.

— Aham!

— Demoraram hoje pra pegar no sono.

— Tive que cantar pra eles só assim dormirem.

— Eles já estavam sentindo sua falta demais. Antes de ontem mesmo me disseram isso antes de dormirmos lá no nosso quarto.

O coração da advogada se aperta de imaginar seus bebês sofrendo já com sua ausência em casa.

— E eu também já estava sentindo falta demais deles e sua. - Juliette admite, cobrindo os braços da esposa com os seus.

— E eu a sua. - sussurra Sarah apertando levemente os braços em torno da cintura da esposa e dando um beijo em seu rosto logo em seguida.

Juliette se vira nos braços da esposa e após enlaçar o pescoço da mais alta, lhe beija os lábios de maneira rápida.

— Vamos lá para o nosso quarto? É a minha vez de te ter só pra mim. Esses dois baixinhos já te monopolizaram pra eles o dia todo, agora a noite chegou a minha vez.

— Sou toda sua então pela noite toda.

Elas dão um beijo nos gêmeos e depois saem do quarto dos pequenos.

Chegam ao próprio quarto e Sarah trata de trancar a porta para evitar surpresa dos filhos entrando sem avisar ali.

— Alguém disse que tinha um presente pra mim. Acho que agora está na hora de eu ver esse presente. - Sarah comenta abraçando a esposa enquanto esconde o rosto em seu pescoço cheiroso.

— Está na hora é?

— Uhum...

Dez minutos depois, Juliette sai da suíte do quarto usando o conjunto de lingerie que comprou na viagem de presente para a esposa.

O conjunto bonito não passa mais do que poucos minutos no corpo dela sendo admirado por Sarah. Depois as peças já se encontram jogadas no chão junto com o pijama da loira, enquanto o casal mata a saudade de dias.

Algum tempo depois...

—Vou ligar para o Dílson e dizer para não inventar de tão cedo te mandar fazer outro curso longe. Ficar sem você em casa foi horrível. Sem contar, que a saudade foi enorme. - Sarah diz acariciando as costas nuas da esposa, que tem a cabeça repousando sobre seu peito após terem matado a saudade de fazer amor.

— Nem me fale. Eu também não quero viajar pra fazer outro curso tão cedo mesmo. Nem que seja um com duração de dois dias e na cidade vizinha.

Ambas riem juntas.

— Talvez quando os meninos estiverem maiores, sim. Mas enquanto eles forem pequenos, nem pensar. Não sei se aguento passar os mesmos apuros que passei nesses dias todos em que você passou longe de casa.

— Ah, mas não foi tu mesmo que disse que dava conta do recado sozinha, bonitona? - Juliette provoca a esposa em tom divertido.

— E eu dei conta. Só não quero repetir a dose. Foi adrenalina demais para uma só  mulher. Da próxima vez, eu irei concordar com você em chamar a Maria pra ajudar.

Juliette cai na risada disso.

— Ah, vai é?!

— Vou! Com certeza.

Repetir aquela experiência de cuidar sozinha de seus 'anjinhos' estava fora de cogitação enquanto eles fossem pequenos como são!

FIM

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E aqui se encerra mais um fic.

Agradeço a companhia de quem chegou até aqui. Um super beijo e até às próximas fics ❤️